sábado, 31 de julho de 2010

Além e aquém do conceito.






Meu sim meu não.
Uma vez na profundidade
Do infinito.
Outra vez na superfície da razão.
Única certeza:
Não estar onde penso que estou.
Dormir convicto,
Acordar na dúvida da existência.
Sorrir por acaso,
Ou chorar por um ocaso.
Viver por um motivo,
Morrer nos braços da opinião.
Perdi meu tempo amando,
Encontrei meu destino na paixão.

Gerson F. Filho.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Transição.





Então foi bem assim:
Teu sorriso partiu,
O amor dobrou a esquina
E o céu em turmalina,
Definiu esse nosso momento.
Então tão indefinido.
Entretanto tão substantivo
Que nomeou o tempo abstrato,
Exato dessa intensa dor.
Nossas direções,
Não mais coincidiram.
Nossos rumos,
Não mais se tocaram.
E tudo mais se tornou vazio,
Cheio de frio;
A bruma indefinida.
O jardim seco sem flor.

Gerson F. Filho.

domingo, 25 de julho de 2010

Pedra no sapato.





Me fale dos teus negócios.
Mostre-me tua parceria.
Se o visgo da jaca incomoda,
Deveria ter se acautelado
Quanto a isso.
Não venha dizer que não sabia.
Compromissos geram vestígios,
Evidências ditam os traços,
Não adianta negar!
Para que exista o teu amanhã
Reconheça teu passado,
Vista então teus trapos.
Teus laços teus abraços,
Teu lastro de intimidade
Com o erro.
Tua perdição.
Maldição amar o inconcebível,
Inefável teu prazer
Ao conviver com o desvio.


Gerson F. Filho.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Critérios.





Não me peça isenção.
Sem saída somente a rua
Que ensandece antes da última casa.
Após o botão perder o viço,
Submisso aos critérios do tempo.
Onde outrora aurora era um significado
Entre os espasmos da noite.
Perante a poeira do meu texto
Que se mistura ao pó do contexto,
Esse meu placebo enigmático
Convencendo-me da cura curta,
E da necessidade insana da normalidade.
Casual pode ser esse momento.
Então; e depois de existir,
Alguma coisa ainda pode me motivar.
Porém não me brinde com alegorias,
É fato: sou desafeto da lógica.
Sou amante da contradição.

Gerson F. Filho.

sábado, 10 de julho de 2010

Não olhe para trás.






Vá!
Já vai tarde.
Vá para onde
Nem mesmo a memória
Possa alcançar.
Não deixe recado,
Leve todos teus projetos
Esvazie as gavetas,
Mantenha a porta abeta
Mas não pense e voltar.
Vá curtir teu ostracismo,
Teu tempo acabou.
Agora será a vez do amanhã,
O peso dos teus passos
Ficou na história.
Arroubos por momentos
De glória não inflam mais
Nenhuma canção.
Liberdade!
O objeto da opinião.



Gerson F. Filho.

sábado, 3 de julho de 2010

Contemporâneos 6.





Eu e meus momentos,
Encontrados e perdidos neste agora,
Lutamos bravamente na densidade
De um amanhecer
Contido na acrílica plasticidade
Da ocasião.
Meu coração aguarda uma resposta.
Talvez um sorriso um aceno,
Alguma coisa que tenha sobrado
Dos teus arroubos dos teus escopos,
Que possam peneirar essa ansiedade.
Que possam me dizer se esse dia
Vai ter um fim ou não.
Ele aconteceu: este hoje que me envolve.
Venci o ontem, quem sabe; talvez,
Por hipótese haja um amanhã.
Veremos, se este chão que me sustenta
Continuar firme, ocultarei de mim,
Toda essa saudade;
Desconstruirei a ocasião com critério,
Com gotas de sugestão no último
Quadrante da realidade,
Adoçarei meu futuro.


Gerson F. Filho.