quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Paixão.





Paixão, aluvião na alma.
Aquilo que sempre passa,
Aquela coisa que esgarça,
Isto que tira toda calma.

Faz perder o prumo.
Leva todos os conceitos,
Soterra os preceitos,
Tira o coração do rumo.

Queima até as cinzas.
Gera odor que não se sente,
Elimina o brio das vítimas.
Tem o traço inclemente.

Seria melhor amar ainda,
Mesmo que seja sem razão.

Gerson F. Filho.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Idas e vindas.






Eu disse tudo por tão pouco.
Obtive tão pouco por tudo.
Convicção um caminho oco,
Determinação pelo absurdo.

Ilusionismo perante a face.
Aquelas coisas que se esconde,
Bem debaixo do disfarce.
O que assovia atrás do monte.

Entre idas me aconcheguei.
Nas voltas talvez sorriso,
Na tal expectativa tropecei.
Será a espera mais que isso?

Por amor aguardei bem mais,
Mesmo colhendo somente os ais.

Gerson F. Filho.

sábado, 13 de novembro de 2010

Sentido único.






Emocione-me além do arrepio.
De sentido ao meu dia.
Entre a pausa e a alegoria,
Que seja da minha alma o alívio.

Então que esteja por amor.
Aquele teu impulso explicito,
Tão eficaz como específico.
Que irá me insuflar o calor.

Não use o comedimento.
Basta à queda como caminho.
Tenha meus braços como ninho,
Esse amor nosso condimento.

O ontem jamais será um amanhã.
Ainda que de lembranças se viva.

Gerson F. Filho.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Destino.






Não desisti de amar.
Minha alma inquieta voa,
Não desiste com o tranco oblíquo.
Fustigar-me é só tempero,
Atiçar-me é um engano.
Já inflamo e queimo a hora
Nos escaninhos da paixão.
Contesto o inexplicável.
Ouso por a idéia em questão.
Desafiar certezas meu prazer.
Não estou imerso em doutrinas,
Alimento-me com desafios no café da manhã.
Minha meta acossar o dogma,
Viver e morrer procurando sempre
O caminho da razão.

Gerson F. Filho.

domingo, 7 de novembro de 2010

Limites.






Reserve-me o amor primeiro.
Aquele impulso que enlouquece,
O desejo amplo e verdadeiro.

Não me diga a palavra,
Apenas olhe-me com calor.
Farei da semente a lavra.

Cuidarei ao tempo do coração.
Dar-te-ei um sorriso pleno,
A amplitude da emoção.

Meu vazio está insatisfeito.
Falta um pouco de você aqui,
Faça do meu corpo teu leito.

Torna-me por completo,
Entre teus seios a lembrança,
O sonho de prazer repleto.

Só por instante um momento,
Que fique de nós o infinito,
Selado guardado no beijo.

Já basta de solidão...



Gerson F. Filho.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Detalhes.






O processo eleitoral se encerrou. Muito se aprendeu neste ciclo, a sociedade certamente saiu muito mais informada e instruída a respeito deste importantíssimo ritual democrático. Novas tecnologias como a internet foram fundamentais para a circulação da informação. Nunca houve a tamanha necessidade do uso da máquina pública para vencer. E, diga-se de passagem, se não tivesse sido utilizada, a situação, que venceu mais uma vez, perderia a eleição.

Porém mesmo assim quarenta e quatro milhões de brasileiros disseram não ao projeto do atual governo. Isso foi muito bom, porque mantém o equilíbrio da entidade democrática. Não foi um cheque em branco, não há margem para implementar projetos turvos, que por acaso contenham pontos críticos e que venham a melindrar quase a metade do país. Qualquer movimento neste sentido será uma aventura no caminho da insanidade.

A participação política da população aumentou à busca a informação, as partes venderam suas idéias, e a situação venceu. Que governe com sabedoria, que eliminem de suas entranhas aqueles que por acaso sonhem com um estado totalitário, porque em qualquer estado totalitário; de direita ou esquerda, a verdade morre. Surgindo a oportunidade para o julgamento injusto de qualquer causa.

Que as discussões políticas continuem e façam o aperfeiçoamento da nossa sociedade. Que as alianças procurem sempre o bem estar da população, e que esse povo, eleitor dos dois lados, procure mais informação porque um povo bem informado é o melhor remédio contra os aventureiros. Não basta só trabalhar para ganhar o pão de cada dia, é preciso atenção com os representantes eleitos. O processo cívico não acaba com o voto.

O acompanhamento constante dos eleitos, a cobrança dos eleitores, deve ser estimulado. Que toda essa mobilização no período eleitoral não se perca. Viver, sorrir chorar trabalhar e policiar nossos representantes, que eles não se sintam sozinhos, para que se tiverem bons ou maus sonhos tenham um parâmetro para seguir, ou seja, o interesse do povo, e um povo livre é um povo feliz. De nada adianta prosperidade sem direito de expressão, sem direito de escolha, sem poder decidir a respeito da própria vida.


Gerson F. Filho.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Determinação.





Meu coração não teme
Treme se for fustigado por amor.

Minha alma não se turva.
Só se curva se for por paixão!

Meus passos não se perdem.
Caminho no entrelaço da exatidão.

E se ainda assim der tudo errado;
Endireito o torto para sorrir amanhã.

Sou aquela pedra no sapato,
Um espinho preso na garganta.

Um desafeto em todas as instâncias,
O amante de todas as lembranças.

Gerson F. Filho.