segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Poema da margem.


Não há o que reclamar:

Entre tantas horas fúteis

Meu coração se apequena.


O espaço não se sustenta.

O desafio seria sobreviver

Ao abraço da inutilidade.


Queixar-me? Para que?

Os acontecimentos

São paridos aleatoriamente.


Se a solidão então

For o destino afinal,

Que seja meu direito esquecer-me.


Que eu me esqueça:

Seria um prêmio final.

Oculto na mediocridade do dia.


Lembranças,

São apenas obstáculos

Que machucam no vazio.


Esperança?

Tenho comigo a sensação:

Perdi este trem.



Gerson F. Filho.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Até o fim.





Sim! O delírio? Até o fim!

Nos momentos vazios,

Nos intervalos esguios,

Nas horas onde não é o sim.


Sim eu vejo através e além.

Isso me dói porque sei,

Bem antes da letra da lei,

Que me têm como ninguém.


Sim! Eu me faço indigente.

Guardo um riso inconseqüente,

Para fazer troça de alguém.


Porque entre perdas e danos,

Continuo todos estes anos,

Rindo da dor com todo desdém.



Gerson F. Filho.



Recanto das Letras.


Todavia.




Não espere que eu seja exato.

Fugi a muito das certezas,

Fui banido da lógica e cercanias,

Com o absurdo tenho contrato.


Então não me mostre metas.

Para sua surpresa posso ruir,

Ou edificar a frase que vai vir,

Com palavras bem concretas.


Não sou um asceta celerado.

Curto o aroma do verso,

Meu prêmio! A falta de recato.


Não me apresentem rubras faces.

O que posso fazer com elas?

Sugerir que usem disfarces.



Gerson F. Filho.


Recanto das Letras.


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Contemporâneos 10.




Um comprimido me basta,

Para esvaziar os intervalos,

Estes vassalos da agonia.


Todavia meu olhar aziago

Dita ainda agouros moucos,

Ao entardecer na via.


Poderia ser do copo o êxtase,

E se ainda fumasse

Este seria meu álibi a morte.


Onde conceituado concreto

Torna-se um azougue,

Que me envolve no cruzamento.


Qual o caminho?

Talvez o desalinho em si.

E o passo a frente no escuro.


E o cântico rumoroso das sarjetas?

Que façam a alegria dos exegetas!

Sou apenas um visitante aqui.


Por favor! Outro clonazepam...



Gerson F. Filho.


Recanto das Letras.




Alíquota.






Quando o alcaide tem sede,

Atiça-se no ímpeto o tributo.

Vergonha não é uma parede,

A maior taxa veste o triunfo.


Sem vigiar some o verbete.

Venderam-no, o preço injusto.

Quando o alcaide tem sede,

Atiça-se no ímpeto o tributo.


Arrecadam como estilete.

Usurpam todo ganho justo.

Tiram até o tom do falsete,

Impedem o grito robusto.

Quando o alcaide tem sede...



Gerson F. Filho.


terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Azimute.





Não desisti de um horizonte.

Ainda que não o alcance,

Mesmo furtivo e distante,

Lá ficam; meu eu e instante.


Aquele momento ali e além.

Mesmo na inércia do sentido,

Içado no limite de um, porém...

Onde meu agora é medido.


Não há tempo! Nem elemento!

Só a força de um pensamento.

Que impele como uma canção.


Nos paços e espasmos contidos,

No meio e bem escondido,

Sou tormenta e turbilhão!



Gerson F. Filho.


Recanto das letras.


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Saltimbanco.






Amei sem amarras.

Dediquei-me sem juras,

E de todo amor que empreguei;

Recebi de volta,

Indiferença e amargura.


Não pense que meu amanhã

Será feito como um esboço.

Ainda sou apesar da tormenta,

O compromisso obstinado

Com o final feliz.


Fiz um acordo com a vida.

Mesmo não creditando a crença

O rumo desta sentença,

Morro dramaticamente na avenida.

Para enganar a dor e viver feliz.



Gerson F. Filho.


sábado, 19 de fevereiro de 2011

Contemporâneos 9.







Estou onde os atalhos não existem.

É preciso seguir em frente,

Adiante apesar das circunstâncias.


Assumindo o trabalho tratei dos riscos,

O amor passou a ser hipótese,

Será a esperança apenas uma miragem?


Assim tratam-me as brumas.

Como espumas a margem de um limite,

Entregam-me ao abandono.


Meu coração impertinente reclama!

Não aceitará fácil o descaso.

A oportunidade será seu alvo no contexto.


Então no cruzamento quando o sinal abrir;

O fruto da ocasião pode ser um sorriso,

Alguém também sem rumo pode ter me encontrado.

Gerson F. Filho.