sábado, 14 de maio de 2011

Conteúdo.




Amar submisso a loucura.

Ir até o fundo do infinito,

Tatear realidade e o mito,

Achar o que se procura.


Sentir o viés do delírio.

Entre um beijo e o abraço.

Enquanto lua e mormaço,

Trazem orvalho e colírio.


Diga o não em uma súplica.

Para que seja sim e única,

Ocasião eterna e momento.


Algo que não acaba assim.

Prossegue além do tempo,

Paixão perfume elemento.



Gerson F. Filho.



sexta-feira, 13 de maio de 2011

Réquiem.




Trôpega pétala,

Com seu instar decadente,

Oscila sem ver

O seu fim tão iminente.


Persiste com o ato falho,

Faz da carícia do eco

A sede única,

A ser saciada pelo orvalho.


A brisa já lhe maltrata.

O sol come sua face,

E ainda assim não sabe

Que o tempo é um cálice.


Onde todos os abismos moram

E transbordam.

Transformando a alegoria,

Nas certezas plácidas.


Não haverá amanhã

Para tua textura tênue.

À hora está no passado,

Existis-te não haverá depois.


Gerson F. Filho.


quarta-feira, 11 de maio de 2011

Quem?





Quem se oculta em mim?

O que se passa oculto?

Atrás do sorriso solto,

Há sempre caos no fim.


Como dar o certo passo?

Se o parâmetro vazio,

Olha-me no pio do assovio,

Tão certo e escasso.


O que se hospeda aqui?

O palhaço do dedo em riste,

Ou o arlequim tão triste?


Sou hipótese, a incerteza.

Sou feliz quando choro,

Se sorrir tudo é tristeza.



Gerson F. Filho.


terça-feira, 10 de maio de 2011

E se os anjos desistirem?




Entre a alvorada e o entardecer cada vez mais se sustentam loucuras. No decorrer do tempo nossa sociedade evoluiu. Tecnologicamente avançamos e continuamos neste rumo, porém no critério; ética, não caminhamos muito, estamos mantendo e em alguns casos até regredindo aos piores momentos da existência humana.Corrupção desenfreada, individualismo exacerbado, desamor, agressividade, fanatismos diversos contrastando com o pleno vazio de muitos corações.


Claro que ainda e apesar de tudo existem almas abnegadas, que trabalham sob o manto do anonimato, os nossos anjos ocultos, que com muito esforço vão dando sentido a este mundo. Fugir nunca foi opção para eles. Estes são o diferencial, o candeeiro no caminho escuro, a palavra amiga e de conforto no momento de desespero ou incerteza. Aquele que oferece a resposta quando tudo parece perdido. Muitos de nós já tivemos no caminho alguém que surgiu assim. Sim eles são pessoas comuns, podem ser qualquer um, o momento faz o servidor.


Talvez por intermédio de nós naquela hora; surgiu a resposta e o conforto para alguém. Quem sabe um dia, por uma ligeira fração de tempo; tornamos-nos anjos. Mas eles estão cada vez sob mais pressão. Políticos que usam o povo para beneficio próprio, filhos que matam pais e mães, estupros, consumo desenfreado de alucinógenos, mães que abandonam filhos, assassinatos consumados com a naturalidade de um bocejo. O cotidiano cada vez mais fere o bom senso. Existir se transformou em risco quase absoluto de degeneração e não um processo de evolução. Até quando os anjos resistirão? Haverá saída para este momento? E se os anjos desistirem?



Gerson F. Filho.


segunda-feira, 9 de maio de 2011

Avenida.







Quando eu não tenho o que escrever

Escrevo com o que não tenho.

Mantenho-me mórbido para não sorrir.

Circunspecto para não fugir

Dessa vida que tanto desdenho.


Não me culpo pela desdita.

Apenas a utilizo como cor de um amor,

Sim! Engano a dor com palavra suada,

Transpirada em papel e tinta.


Pareço incógnita, porém me resolvo

Sempre inadequadamente com o verso.

Torno-me o estorvo na forma escrita,

Sou ácido com a norma e básico com a rima

De qualquer forma corrosivo, um estigma.



Gerson F. Filho.




terça-feira, 3 de maio de 2011

Meu tempo.




Não minta.

Use o eufemismo clássico

De um sorriso, por favor:

Meu amor está sem rumo.

Portanto não venha

Com argumentos toscos,

Desembarquei da parceria.

Não queira que eu venha

A me unir a este

Teu coração mambembe.

Talvez eu tenha enlouquecido,

E só por isso ainda sobrevivo

A tantos falsos amanhãs.

Eu quero viver;

Um pouco para mim.


Gerson F. Filho.