segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Contemporâneos 8.





Sexto sentido.

Gemido gutural, urbano;

Exaurido entre vias expressas.

Onde dispersas agonias

Lamentam na base deste retrato.


Cenário duro decorado

Com a rigidez dos olhares omissos,

Submissos a indiferença opaca

Dos transeuntes frios

Da cinza cidade.


Não se vê o que se olha.

Não se escuta os brados pardos,

Bardos já não existem mais?

Sobrevive apenas o colóquio

Insipiente da última hora.


O contemporâneo roto

E o depauperado pensar; pesam,

Importunando almas vazias.

Onde ideólogos cozinham demagogias,

O novo engabelo do povo.


Gerson F. Filho.



domingo, 30 de janeiro de 2011

Desatado.





Se nem do meu caminho eu sei,

Que dirá do teu.

Siga teu rumo deixa comigo

O perfil do prumo,

De instabilidades entendo eu.

Tantas vezes o horizonte

Engoliu-me.

E ainda assim vi o sol de um amanhã.

Não sou exatamente denso,

Muito menos etéreo,

Apenas emito o conceito

E trato a dor com intimidade.

Legítimo seria não me acompanhar,

Pois durmo com incertezas,

Acordo com dúvidas,

Ando com o destino.

Ele é o vento que me acaricia

Transportando-me as esquinas da paixão.


Gerson F. Filho.



Este e outros textos também no Recanto das Letras.


sábado, 29 de janeiro de 2011

Rumores.






Deixe a porta aberta,

Se a brisa me trouxer teu perfume,

Será mais um item da tua atitude.


Acompanhei teus devaneios,

Não há mais tempo para simulacros.

Meu coração se exauriu.


Obtiveste de tanto dispor

Vários passos além do limite.

Francamente fui teu até o fim.


O que vier a partir de agora

Somente teus desejos poderão dizer.

Fiquei na última estação.


Minha alma inquieta

Caminha sozinha novamente.

Brumas o meu aconchego.


Apego ao passado?

Tenha certeza; deixarei no caminho.

De ti lembrança só por fatalidade.


Não foi meu o derradeiro sorriso,

Porém o amor me encontrará um dia,

Bem longe do teu sarcasmo.


Gerson F. Filho.


sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Natural.






Amor é a dor que se gosta de sentir.

O momento que o choro é um sorrir,

Onde o ocaso rompe em acaso,

Se terminar faz sofrer,

Se prosseguir dói só por seguir.


Não dita limites aos impulsos.

Descarta escrúpulos na aurora,

Um agora se basta como o todo.

O ontem soa como perda inestimável,

Um amanhã dança na ansiedade.


E a verdade amou a mentira.

E a mentira fingiu ser verdade.

Só para que teu coração balance,

Só para que a alma alcance,

Com exatidão um amor com vontade.


Gerson F. Filho.