segunda-feira, 15 de julho de 2019

Alquimia.





Por onde eu ia iria um pouco de mim,

Se minha morada fosse ainda assim

Um resquício de folhetim.

Uma brincadeira com o absurdo,

Um jeito mal ajeitado, incomodado,

O desajeitado mal estar de ser assim.

Um ousado ato que não se encaixa,

Uma questão que se desdobra

E não aceita a textura do dogma,

Que insiste em ser razão.

Comigo não!

Desconfio de certezas,

Questiono a natureza dos puros,

Dos injustos sinto o odor áspero

Das infâmias abjetas dos seus atos,

Destes já visualizo o destino vil

Sob o som que brota da ranhura do vinil.

Apenas um toque antigo no artigo,

Não sou de urgências não faço diagnóstico

Das aparências, apenas avalio o abraço

Que a natureza dá em cada um segundo

O papel atribuído na narrativa.

Não se preocupe: seu fim chegará.

Será uma surpresa, um presente.

Um peso a menos no contexto.


Gerson F. Filho.

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Livro Nacos de Mormaço.


Uma novela do início dos anos 70 no centro do Rio de janeiro.


Estórias do centro do Rio de Janeiro nos anos 70 e no interior do estado.

Disponível para compra no portal da Editora Delicatta.

http://editoradelicatta.com.br/produto/nacos-de-mormaco/

domingo, 14 de julho de 2019

Estação terra.





Conhecer-me sempre foi meu objetivo. No inicio apenas uma exploração de sensações, uma jornada no desconhecido que estava em torno de mim. Com alguns imprevistos, e também com certa dose de consequências adversas vai-se caminhando e adquirindo experiência. Desde a própria constituição orgânica até ao oceano de sensações provocadas pelo simples ato de estar aqui. E onde será este aqui? Este lugar curioso ao qual eu torno subjetivo.

 Teria eu me abraçado ao solipsismo?  Tudo que me circunda é só isso mesmo? Um contexto frívolo, efêmero, onde a beleza e tantas outras maravilhas não são suficientes para aplacar o desejo de tantos que ocupam o mesmo plano? Confesso que tudo o que vivi e experimentei até agora, ainda não me fez compreender o que o outro deseja.

Porque meu desejo sempre foi conhecimento, aprender mais sobre o ambiente, trazer para mim, a novidade, e com ela enriquecer meu acervo de capacidades. E claro, ter prazer com isso porque a satisfação faz parte do jogo, o que, claro, não pude deixar de notar, ser uma tarefa impossível para determinadas pessoas.

E que aqui se coloque a outra pessoa como o antagonista, aquele que confronta que se opõe ao seu ângulo de visão da realidade. Aprendi que a luta pela sobrevivência digna é cruel, e que o aleivoso elemento sempre espreita nas sombras, com um sorriso sínico nos lábios. O que vier de agora em diante será encarado como o final do roteiro.

Pode ser emocionante, pode ser enfadonho, o que tive de produzir nesta narrativa já produzi. Não pude aplacar a insatisfação congênita de terceiros, mas tentei, e como tentei. Não considero uma derrota, tudo é aprendizado. Até investir tempo onde mora o impossível. Resta a mim, aguardar a próxima preamar, que me leve a outros caminhos, novas lições, enriquecer o acervo até que o universo se esgote em sua profundidade inatingível. Circundar o paradoxo e sorrir para o absurdo. Porque eu tenho um parentesco com ele, embora ele não saiba.

Gerson F. Filho.

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Livro Nacos de Mormaço.


Uma novela do início dos anos 70 no centro do Rio de janeiro.


Estórias do centro do Rio de Janeiro nos anos 70 e no interior do estado.

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