terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Cérbero que te controle.

 

                                            Image by Daniela Ramirez Manosalva from Pixabay. 



 Cérbero que te controle.



Alguma coisa deu errado, por comando ou displicência deixaram as portas das profundezas abertas e o guardião não viu a fuga. E assim sendo os cadáveres espirituais tomaram conta da realidade, impondo sua rotina do abismo para o desconforto da civilização. A indignidade ultrajante caminha entre nós e tem voz de comando, Não há temor de punição para quem veio das trevas, o habitat normal deles já é a ignomínia. Então, assim sendo não tem efeito juras de punição, pragas e maldições para quem veio de tal lugar. Eles não estão se importando com consequências, então, não percam tempo com isso, vão fazer conosco o que tiverem de fazer e fim. Não é possível que prospere tantos disparates, tanta injúria com a razão. Se ultrapassa qualquer limite estabelecido por vantagem, por interesse próprio porque as regras básicas já não existem mais, ou se existem, são apenas aplicadas contra os inimigos. As tensões do viés insano reverberam agora até no exterior, para nossa vergonha. Incensado por nossa intelectualidade de bordel, o “nosso guia” conforme um jornalista famoso o apelidou no passado, quem nos representa, com uma língua vadia nos envergonha ao extremo. Enfim, provamos para o mundo que somos selvagens, porque apenas selvagens e boçais elegeriam um representante assim. Para aqueles que acreditavam que fora do Rio de Janeiro, leões e girafas passeavam em tudo que era selva, agora descobriram que somos uma tribo de trogloditas. Eles ficaram estarrecidos porque não conhecem os nossos políticos, o nosso parlamento mais parece um mercado persa, onde tudo se negocia. Onde rabos presos e currículos infames se acariciam em troca de um bom negócio ou de apoio a alguma infâmia política, não se preocupem, o povo sempre perde, não há chance de que de lá saia algo positivo para a população. Aquele político que carregou criança no colo, que prometeu aquela obra que nunca fica pronta, que jurou diminuir o imposto, que comeu pastel de carne de cachorro na feira, mentiu. Mas você que está lendo isso provavelmente gosta disso né? Confesse! Você tem político de estimação, vota em toda eleição? Ah! Que pena, perdeu seu tempo. Neste ambiente chamado Brasil, as oligarquias mandam desde sempre, e não será agora que deixariam de mandar, em acordos obscuros na penumbra oculta de gabinetes eles negociam o seu futuro e decidem que você continuará pobre, não eles, você. No intervalo vão sambar na Avenida Marques de Sapucaí, entre personalidades com ficha criminal extensa porque a socialização é necessária para a saúde mental. Sem constrangimentos, um criminoso não passa de uma pessoa com passado difícil que o levou a delinquir, nada impede a autoridade de compartilhar civilizadamente espaço com gente assim. Chega até a ser um exemplo de “evolução” de civilidade, Estado e crime pulando carnaval juntos. Coisas de Pindorama. Bom, a nova geração hoje não se importa com isso, a meta é dançar um pancadão, trepar sem limite com muita erva e pó para lucro do empresariado do ramo. Os grandes negócios do momento para ter sucesso são sexo, drogas, e falar bobagem na internet com ares de intelectualidade afetada. Gente que não sabe fritar um ovo vende curso de estratégias da política. O Coach de futilidade excêntrica fica rico aqui. Uma banalidade em Pindorama dá tesão. Numa massa intelectual depauperada, rota e esfarrapada, não há o que fazer para uma reconstrução. A base necessária para iniciar essa obra praticamente não existe, nos andrajos cognitivos da atualidade o arbítrio faz seu ninho. E terá prosperidade a não ser que algo inusitado aconteça para reorganizar a realidade. Estamos nas mãos do imponderável onde a indeterminação do peso específico da ocasião pode ocasionalmente produzir algum trafego de situações nocivas ao organismo do que nos causa tribulação. Aqui a agonia não é divina mas tem ares de comédia.


As hipóteses flutuam como as almas atormentadas na obra de Dante Alighieri: “Da tormenta o furor, nunca abatido, perpetuamente as almas torce, agita, molesta, em seus embates recrescido. Quando à borda do abismo as precipita, ais, soluços, lamentos vão rompendo. Blasfema a Deus a multidão maldita. Ouvi que estão no padecer horrendo os que aos vícios da carne se entregavam, razão aos apetites submetendo. Quais estorninhos, que ao voar se travam em densos bandos na estação já fria, em rodopio do vento, que as trazia. De pausa não, de menos dor a esperança conforto lhes não dá essa agonia”. Alguma semelhança com o cenário atual? Assim parece que essas coisas escaparam para nos atormentar. Como vingança feroz por seus próprios erros e por sua desgraça, Cérbero, falhastes e na sua obrigação de manter essa turba no eterno destino que escolheram ter. Foi proposital? Deve ter sido, merecemos, essa tormenta louca não é gratuita, sem sentido, plantamos por sessenta anos essa tragédia, nossa culpa se evidencia no desleixo com as novas gerações, com a permissividade inaceitável com ideologia incompatível com a liberdade, por não ter defenestrado qualquer operário do socialismo no passado. Os tempos mansos e agradáveis produziram monstros. Ou teremos que voltar a Dante outra vez: “Alma inocente aqui jamais transita”. Não somos inocentes e talvez apenas depois de um mea-culpa para expiar nossos erros e todo o efeito deles enfim possamos ter paz. Inevitavelmente teremos que desfrutar do produto que plantamos. E nessa penitência aguardar um deslize do sistema e de seus comandantes. Parece, apenas parece que o líder cometeu um erro, encharcado na sua arrogância de ter certeza que possui todos os mamulengos que o sustentam, foi falar besteira no exterior. Uma região onde seu controle não tem relevância, deixou escapar seu viés preconceituoso, soberbo e ignorante. Foi desastroso; e isso, como frequentemente diz uma conhecida jornalista amiga dele, pode ser bom, para nós, não para ele. Foi indecoroso e vulgar com uma dolorosa lembrança e se mostrou possuir afinidade com um regime monstruoso do passado. Se tudo isso vai abalar e desestruturar o inferno onde estamos mergulhados, não se sabe, mas foi um tranco gigantesco, como o Titanic colidindo com o iceberg. O evento pode servir para duas coisas, uma boa e outra terrível. A boa será a queda desse sistema, a horrível demostrará que o sistema é forte o suficiente para sobreviver a qualquer coisa. E assim sendo, temos que torcer para que eles resolvam de forma impensada persistir no erro e até aumentar seu efeito. Como ofendeu profundamente uma comunidade e um país com destaque e poder e que possui aliados poderosos, pode receber retaliações terríveis. A contaminação ideológica causa comportamentos suicidas, vamos esperar que esse erro tenha sido fatal. Seria irônico, alguém que chegou ao poder praticamente absoluto na conversa fiada, cair por falar demais.


Alguns ditados populares acabam se confirmando: malandro demais se atrapalha. E a recomendação Bíblica de Provérbios 16:18-19: “A soberba precede à ruína e a altivez de espírito precede à queda”. E também Provérbios 18:21: “A morte e a vida estão a mercê da língua; os que com ela se deleitam sofrerão as consequências”. Há os que acreditam e os que não, mas algo parece assim estar em ação na estrutura sólida de uma agenda de poder, na parte frágil chamada vaidade. E por sorte nossa eles não acreditam nessas coisas. Ao se excluírem voluntariamente da transcendência, não possuem um apoio filosófico de sustentação o que os leva a imprudência com a palavra e o proceder. O materialismo dialético empobrece a alma do homem. Algo que está além dessa superestrutura imaginada é o que realmente comanda as ações do homem, não há ação sem reação. A imprevisibilidade metafísica desafia sempre raciocínios elaborados para um duelo onde ela sempre vence.



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ.


Citações: Dante Alighieri A divina comédia.


Bíblia Sagrada Provérbios.  


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sábado, 17 de fevereiro de 2024

Uma fatia de incoerência.

 

                                                 Image by Reinhold Silbermann from Pixabay. 



Uma fatia de incoerência.


Na Esquizolândia, entre as nervuras corrugadas das tripas de uma ocorrência tenaz, se apresenta o inusitado de ser correto mas inadequado para viver entre pares de sequazes operários da infâmia. Dentro desse psicodelismo fantástico de surrealidade afetada onde a aleatoriedade defeca consentimentos ao absurdo, a boca da usura não sorri por mérito e sim por desfaçatez. Talvez ela pressinta que você será mais uma vítima do ambiente que não permite ser distinto da sujeira das paredes, desse local que se acomoda na indulgência obsequiosa do desleixo com a higiene. Ora, a decrepitude inerente gera a atmosfera correta para a desfaçatez dessas propostas que se intumescem no desejo perverso por ocasiões onde o indecoroso possa ser negociado. Entenda, você foi transportado para uma outra realidade, e talvez o aqui seja o inferno, nunca parou para pensar nisso? Ou seria possível numa terra de virtudes e abençoada por Deus algo semelhante ao que hoje acontece sistematicamente na nossa realidade? Nesse contexto se dizem que a banana é azul e a jaca é rosa não se preocupem, assim terá de ser, mesmo que não seja porque o que vale é a vontade de quem governa e a coerência com a realidade é o que menos importa. Se tem sentido lógico ou não apenas aceite para sobreviver, as crenças dessa gente ideologizada se sustenta em absurdos, não são providas de coerência e assim sendo possuem um raciocínio completamente subjugado, que se submete aviltando o ser humano a uma coisificação útil ao sistema de governo. A possessão ideológica é abrangente e constrói essa realidade disfuncional e de aparência deformada que, se implementa no nosso agora. Torpe é a sobrevivência entre essas propostas abjetas de governabilidade. Sublimar um universo paralelo talvez seja necessário para suportar tal cenário. Numa dança performática de cunho psicológico faça seus neurônios se adaptarem ao espetáculo como uma abóboda louca que se sustenta em suposta garantia para não enlouquecer de verdade. Não se preocupe com a conformidade, a última coisa aqui nesse ambiente que poderia se esperar seria uma correta simetria com a realidade, não estamos inseridos em algo que se possa levar a sério. E se a normalidade está na loucura perceba-se maluco também, exerça um mimetismo confortável nessas circunstâncias. Se todo redondo se considera quadrado neste plano vulgarize-se nessa forma para não parecer preconceituoso. Uma anomalia ocasional não se distingue de outra, e entre tanta bestialidade mais uma aberração passará sem ser notada. A proposta é essa, não apareça sem disfarce, Seja mais um louco na paisagem, é por segurança pessoal. Um lugar onde a lei aprovada em parlamento não vale mais, deixou de ser democracia para virar um regime de força e assim sendo ninguém está seguro. A Esquizolândia não é para fracos, aqui jacaré nada de costas, e se encontra virgens em lupanar. Nesse paraíso tropical, de temperatura infernal, até saborear um despretensioso picolé pode ser fatal, por que? Ora, provavelmente com água mineral é que não foi feito, lembre-se estamos no país dos espertos onde se falsifica até cerveja vagabunda por algo pior, cada ida a rua é uma oportunidade para ser assaltado, trapaceado, ou sequestrado. Escolha qual modalidade de aventura que deseja nessa manhã escaldante de um dia qualquer, não tem diferença nesse quesito, sempre é quente. O calor aqui parece fazer parte da punição, onde os pecados são purgados pelos poros. No gotejar repugnante de corpos fedorentos existe alegria na letargia peculiar de toda gente que flui modorrenta no cotidiano da estrutura social sem futuro e sem prognóstico de mudança. Não pergunte por esperança, ela já morreu tem tempo, aqui Os passos são delimitados e o perímetro não tem alcance para sonhos, Os arquitetos da infâmia foram vitoriosos, o projeto deles venceu.


E o crime? Ora, o crime é incensado e cultuado como algo nobre, uma cultura de rebeldia, onde o infrator da lei é visto pela justiça com o herói incompreendido que assalta e estupra a sua vítima por que foi submetido a uma infância miserável e de abandono, e isso justifica sua atividade contra o restante dos cidadãos, que procuram levar sua vida de forma honesta. Azar o seu, não ter nascido em favela, ou em alguma família problemática e desestruturada, Em Esquizolândia, a justiça está preparada para atender apenas o criminoso, afinal, o juiz de hoje um dia já foi comprar seu baseado na comunidade. Paz e amor bicho! Alguém se lembra disso? Aqueles anos setenta produziram em grande parte a geração que nos governa, muito alucinógeno, LSD, chá de cogumelos, viagens astrais em festas nas praias que rompiam a madrugada. Estruturas sólidas derretiam a olhos vistos quando se estava encharcado de algum aditivo psicodélico. Essa geração, rebelde por incrível que pareça, produziu filhos e netos, Que foram criados nesse caldo cultural de permissividade e desleixo com os valores que sustentam a sociedade. Com um retoque socialista nas escolas e universidades, se chega a geração do desastre pronta, nada mais é preciso ser feito, basta apenas esperar o resultado. Qualquer ensaio acadêmico ou papo de botequim sabe que vai dar problema, mas o maior problema não é esse, o mais grave está em não reconhecer o problema como um problema de fato, e achar que aquilo que se decide é a solução ideal. Assim temos, aquelas moças de boa família que um dia estudavam em faculdade e eram apaixonadas por bandidões, em cargos que definem a realidade da lei hoje. Esqiozolândia é uma festa! Um amor residual pelo infrator sempre comove a autoridade, um apego com raízes antigas acaba definindo o cenário. O membro do judiciário hoje é neto daquele playboy que viva chapado de erva e andava loucamente em sua Yamaha RD 350 conhecida como tampa de caixão, mas de barulho contagiante. Ou até proveniente de alguma comunidade carente, onde foi preparado no caldo cultural socialista que exclui a sociedade livre de seus planos de futuro, onde ensinaram que algo como stalinismo é bom é inclusivo, só se for para incluir numa cova rasa. A determinação e o foco dos nossos algozes foi sublime, eles não se importaram com a monotonia do tempo, esperaram pacientemente que o que plantaram desse frutos, e eles estão agora no comando de tudo. A anomalia virou procedimento correto, você que deseja ter uma vida normal, não passa de uma ovelha em floresta infestada de lobos, e não há um super herói para lutar por você. Sirva-se de uma fatia de toda essa incoerência e saboreia toda essa obscenidade procedimental desse mundo, tudo indica que fomos sorteados contra nossa vontade a viver na sucursal do inferno, onde temos o papel de ser o entretenimento para os demônios. Não me pergunte o motivo e a razão, mas foi assim que aconteceu. Talvez seja melhor procurar um padre, um pastor, um sacerdote, este perfil comportamental moderno deve habitar o ramo que eles trabalham, a transcendência do ser, não sei se apenas a filosofia dará conta de tal tarefa. Até porque a filosofia depende de evolução cognitiva, de inteligência, algo que está se perdendo a passos largos. As sensações de orgasmos múltiplos se agigantam e tiram a atenção para a essência de algo mais nobre.


Oculta está a face da razão em estereótipos que rotulam o bom proceder como algo preconceituoso e infame. Assim padronizando a infâmia comportamental como regra de viver. Não há previsibilidade de reorganização social, coisas assim costumam apenas ser corrigidas por processos dolorosos de cura, infelizmente. Dentro desse distúrbio, onde a maioria não se enxerga como deveria, vivendo em projeções mentais afetadas, quem ainda for normal, se reserve ao discreto proceder, chamar a atenção de loucos pode não ser uma boa atitude. A Esquizolândia tropical e linda por natureza, ainda pode abrigar algum vestígio de lucidez, uma vez que a adaptabilidade humana é fantástica. Partiremos assim do pressuposto que no hospício vivemos, das artimanhas da casa nos fartaremos, até que algo aconteça na estrutura extravagante do destino para reorganizar a realidade como ela realmente deveria ser.



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ.


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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Um problema entre conceitos.

 

                                                         Image by Chil Vera from Pixabay. 



Um problema entre conceitos.



Assim, em meio as cinzas de uma democracia incinerada na fúria ideológica e da metodologia implementada que se tornou abrangente a ponto de paralisar o pensamento lúcido da sociedade, convivemos no conflito do rescaldo vulgar das ocasiões que se consumiram nesse intervalo de ruína. Não sobrou muita coisa, um destroço de ética aqui, uma honra esturricada e contorcida lá, um pouco de vergonha na cara deformada mais adiante, misturada entre os escombros da estrutura que um dia foi uma sociedade com relativa ordem. Nessa desordem defumada, começam a surgir protótipos de organização, de agrupamentos aleatórios enrijecidos pelo calor do desastre. E claro, se tornam um ambiente propício para o surgimento da intolerância. E na luta pela sobrevivência, uma vez que se encontram em estado frágil de existência, após um período de domínio e poder, o velho sentimento tribal estimulado se faz presente ao atacar qualquer desvio de foco no objetivo traçado, mesmo que este desvio seja apenas um alerta de rumo errado quanto a ação planejada. O tempo da atitude já passou, quando existia representatividade popular e poder, se deu prioridade ao abraço com inimigos, com pessoas de procedência duvidosa quanto a honra e a honestidade. Mas já naquele período o “inteligente” núcleo duro de estratégia desse grupo já hostilizava quem aconselhava por prudência. O desempenho delineou o desastre, e ele se consumou, apesar de todo aviso descartado como palavras de traição. Hoje, todo ponderado que reconhece que o momento já passou, o regime político mudou, garantias da lei não existem mais para todos, mas apenas para alguns que se aliam inteiramente ao corpo da nova política, são chamados de traidores e perseguidos por opinião. O que é um claro sinal de degeneração moral por desespero. Afinal, essa gente que hoje faz isso, até bem pouco tempo defendia a democracia, e na real democracia não se persegue ninguém por opinião. O direito de possuir sua interpretação da realidade e viver por ela é livre e não deve ser tolhida em hipótese nenhuma, então, se lutam por cancelamento e perseguição a quem pensa diferente, não lutam por democracia, e não diferem de quem está comandando o país hoje. A intolerância não é admitida em regime de plena liberdade. Sacrifique-se por uma causa, pelo país, pela honra, pela família, pela democracia, mas nunca por um político, ainda mais quando este político fracassou em cumprir sua missão, acordada em compromissos eleitorais de campanha e de início de governo. Aqueles mesmos compromissos que foram descartados, sabe-se lá por quais motivos. O momento já passou, o pior aconteceu e o que precisamos é de organização e não de propagação de ódio e ressentimentos entre os poucos que ainda pensam neste país. Se o político não teve habilidade de gestão em seu período, que pague por isso, a consequência é a resposta produto da ação, Se existiu coerência e competência não há o que temer, mas como deixou espaço para que o poder fosse alcançado por gente sem princípios, azar o dele e nosso também, que sofremos também com a nova situação. Formamos uma sociedade complexa e diversificada, muitos países dentro de um só, realidades completamente distintas de hábitos, tradições e forma de vida, quem já viajou por este país sabe disso. Unidos por uma única língua, que varia tanto em pronúncia e palavras locais que muitas vezes fica difícil entender o que se fala. Sendo assim, o que soa bem em matéria de discurso para uma região, pode até ser ofensivo em outra, ou no mínimo uma idiotice. Hoje, nas redes sociais, a comunicação ficou mais efetiva, pois letras não têm sotaque, e os termos regionais não são tão presentes na parte social mais culta que frequenta esses ambientes de conversação. Do meu chiado carioca, ao melodioso sotaque sergipano do interior até ao paulista que fala com a boca cheia, e ainda o gaúcho áspero e ritmado.


São tantas realidades que precisam ser atendidas, e não compreender isso pode ser fatal. Não é apenas língua a convivência com o idioma cria vínculos locais e necessidades específicas, tradições são passadas verbalmente, e apesar da massificação da comunicação moderna, características psicológicas subliminares são transportadas por conversação através do tempo. A palavra é vida e a língua portuguesa com suas características melodiosas de estruturação poética proporcionam um peso significativo na construção da realidade e da personalidade regional. O candidato a governar tudo isso tem de entender essa complexidade, tanto regional e social, porque temos também um desnivelamento social absurdo na nossa sociedade, que criam mundos completamente diferentes. Até dentro de cidades existem núcleos sociais tão distintos como se trocássemos um bairro na Dinamarca por outro em Mumbai, ou Colombo em Sri Lanka. Se o candidato apenas discursar e trabalhar pela Dinamarca o restante o derrotará, de qualquer forma. Eu citei aqui em crônicas passadas, muito antes da eleição, estão apenas atendendo uma parte da sociedade, a menor parte. Enquanto isso a esquerda está dentro das comunidades prestando assistência social e conquistando colaboradores fiéis e que irão assim votar e garimpar votos para a causa deles. Em país de predominante pele parda, apenas se vê brancos nas recepções ao ex presidente, antes de ser eleito durante e depois. O que indica para qualquer observador atento e com inteligência relativa, que algo está errado. Me sinto repetitivo, mas eu já escrevi a respeito disso, e não foi apenas uma vez. Existiu um governo que representou apenas uma camada social, e durante o percurso da governança, sempre esteve apenas conectado a essa parcela social. Pobre mesmo, só conhece aeroporto se trabalhar na administração da unidade, pobre de verdade não tem moto para motociata e muito menos tempo para queimar combustível andando atrás de político populista. Pobre quando pode ter uma moto, trabalha com ela fazendo entregas. Claro, os arquitetos do regime que nos governa hoje perceberam tudo isso, a incapacidade intelectual de um governo soberbo por natureza e burro por origem. Colocaram um mestre para gerir a economia e uma parelha de asnos no restante dos ministérios e secretarias. Subestimam a esquerda, mas em toda aquela loucura ideológica existe sim, preparo intelectual, e a estrutura deles já está instalada tem muitos anos em qualquer lugar. Mas o centro estratégico do governo passado se concentrou em culto à personalidade e memes de internet, para parecer moderno. Foram jantados politicamente com farofa. E assim como na época que as coisas já mostravam um descompasso com a boa gestão e agora quando os precavidos tentam avisar de procedimentos errados, é acionada a patrulha pessoal para perseguir quem critica chamando de traição mostrar erros que se evidenciam na condução da realidade. Ou seja, não aprenderam nada! Amadorismo concentrado e falta de respeito com gente que seria importante na condução de situações de risco, a soberba é fatal. Gerido por playboys em sua área de propaganda, marketing e informação, não perceberam o tamanho do que assumiram ao vencer as eleições. Não vou nem me prolongar muito em comentário ao setor militar, porque é um desperdício de argumento perder tempo com essa turma, acomodados, vivendo de vantagens num mundo exclusivo onde se consideram superiores ao paisano comum. Se transformaram em alegoria, muito frágeis em armas e equipamentos, mal treinados em ação de fato, em maioria mal remunerada, não o topo de comando. Este, principalmente no governo passado deitou e rolou em regalias, cargos muito bem remunerados, além do soldo tradicional, influência etc. A decadência cabe apenas a eles. Como imagem positiva, não existem mais.


Na nossa brasilidade cabocla em maioria cantada em prosa e verso como mulato inzoneiro somos uma distribuição complexa de vontades e necessidades. E espertezas ancestrais também, aqui não é um lugar de anjos. Essa característica vem de longe como explica Darcy Ribeiro: “Fala-se muito, também da preguiça brasileira, atribuída tanto ao índio indolente, como ao negro fujão e até as classes dominantes viciosas. Tudo isto é duvidoso demais, frente ao fato do que aqui se fez. E se fez muito, como a construção de toda uma civilização urbana nos séculos de vida colonial, incomparavelmente mais pujante e mais brilhante do que aquilo que se verificou na América do Norte, por exemplo. A questão que se põe é entender por que eles, tão pobres e atrasados, rezando em suas igrejas de tábuas, sem destaque em qualquer área de criatividade cultural, ascenderam plenamente à civilização industrial enquanto nós mergulhávamos no atraso. As causas desse descompasso devem ser buscadas em outras áreas. O ruim aqui, e efetivo fator causal do atraso, é o modo de ordenação da sociedade, estruturada contra os interesses da população, desde sempre sangrada para servir a desígnios alheios e opostos aos seus. Não há, nunca houve aqui um povo livre, regendo seu destino na busca de sua própria prosperidade. O que houve e o que há é uma massa de trabalhadores explorada, humilhada e ofendida por uma minoria dominante, espantosamente eficaz na formulação e manutenção de seu próprio projeto de prosperidade, sempre pronta a esmagar qualquer ameaça de reforma da ordem social vigente”. Essa elite hoje se travestiu de esquerda e nos governa novamente, vejam, as alianças, estão junto com os mesmos oligarcas de sempre, os mesmos políticos que possuem curral eleitoral e se elegem eternamente para um congresso viciado, sem povo, possui apenas, principalmente em cargo de comando, fazendeiros, usineiros, milionários de famílias tradicionais em manter no cabresto seu povo. Essa elite a qual a esquerda se aliou convenientemente e usufrui de todas as delícias da fortuna, prossegue ditando a miséria que o povo em maioria vive, melhor seria dizer sobrevive. Não se enganem, aqui em Pindorama, a esquerda, principalmente seus líderes e comandantes já jogaram no lixo tem muito tempo a ideologia para abraçar a oligarquia e passar a fazer parte dela. Ser rico é muito bom. A análise de Darcy Ribeiro é precisa em diagnosticar nosso problema, e foi contra tudo isso que o governo passado trombou, ousou ameaçar toda essa estrutura mais do que centenária, ela vem desde o período de colônia. Algo tão poderoso e complexo precisa de alguém muito especial e inteligente para ser demolido, não seria um bando de idiotas vaidosos que conseguiria. Prossigamos então sob o domínio da oligarquia, hoje com alguns proletários incorporados por necessidade e política, afinal de vez em quando no passar do tempo é preciso sujar as mãos de esterco para adequar a rotina dos novos tempos. Não se preocupem com os efeitos da Nova Ordem Mundial, eles, os oligarcas estão completamente comprometidos com as metas estabelecidas, eles não perdem nunca!




Gerson Ferreira Filho

ADM 20 – 91002 CRA – RJ.



Citação: Darcy Ribeiro O povo brasileiro A formação e o sentido do Brasil. Companhia da Letras.


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domingo, 11 de fevereiro de 2024

O exotismo da performance.

 

                                                        Image by Karen Bond from Pixabay.



O exotismo da performance.



Assim, bailando no fio translúcido da luminosidade psicodélica de um momento insano, organizamos em nós o arcabouço da demência, para tentar sobreviver ao assédio performático da ignorância plena. Relaxem, é carnaval, ninguém notará seu comportamento esquizoide. A dança do absurdo está em total plenitude como um onanista infame ao se satisfazer no abrigo do silêncio. Não se atormente, nós que supostamente estamos escriturados no pergaminho do destino, se reconhecemos e identificamos a anomalia, podemos crer que essa parte cabe a nós, assistir a derrocada da civilização. Bem melhor do que ser registrado como um ignorante, peça chave do colapso. O que deve nos levar a algumas conclusões: não devemos desperdiçar tempo com convencimento de quem está cristalizado na infâmia, não se joga pérolas aos porcos, já ouviram isso? Nessa dança frenética das ocasionalidades, o tempo do resgate já passou, falta apenas a consumação do fato. Façamos o registro, uma vez que ocupamos esse mezanino da razão, onde foi permitido testemunhar a loucura dançar e espalhar suas miçangas na textura vulgar do cotidiano. Pois inconsolado será o momento do acerto de contas, onde o delito será cobrado e nenhuma urgência se tornará preferencial na tabela de obrigações definidas. Não há extravagância quando a verdadeira justiça se faz conhecer e cobra da realidade o seu compromisso. Valores! No fim, tudo se resume a isso. Quando se começa a flexibilizar estes termos em nome de uma suposta aceitação mais civilizada, se abre mão da civilização. Onde o paradoxal e o ambíguo começam a se encorpar a verdade perde espaço para o desejo e a vontade pessoal de segmentos de influência, prejudicando todo o conjunto. Solapando a estrutura, se obtém o colapso, evidentemente. Porém, enquanto a música toca, nos abraços, nos sorrisos e nos compromissos com o momento a amplitude se torna escassa para assim conter mais de si na hora que se define como um todo de prazer. Porque nos espaços onde todas as distâncias se comprimem fica mais fácil delinquir sem objeções, como se o infinito pudesse se alojar entre limites definidos por simples objetos de ocasiões do tempo. O produto não escolhe o insumo que o produziu. E se são possivelmente construtos não possuem plausibilidade concreta, vivem em paralelismo idealizado corrompido de um empirismo tardio das circunstâncias que os criaram. Inferindo metáforas na área subjacente à razoabilidade específica do ser. Então, temos uma dedução sem rigor, um arcabouço danificado de uma época que se desalinha com a realidade. O que nos leva aos raciocínio: são responsáveis por seus atos, ou apenas bailam na fronteira da irracionalidade, sem controle sobre seus instintos, apenas para satisfação da carne? Como premissa temos que são humanos, mas se comportam como antítese de sua origem. Mergulhados em sensações permitem o domínio das paixões com Aristóteles já definiu: “Ora, as paixões são as causas que introduzem mudanças em nossos juízos, e que são seguidas de pena e de prazer; tais são a cólera, a compaixão, o temor e todas as outras emoções semelhantes, bem como seus contrários”. Absortos nessa sinfonia onde todo acorde é conhecimento prosseguimos com outro grande pensador, Buda: “O dom da verdade ultrapassa todos os dons. O sabor da verdade excede todos os sabores. O encanto da verdade supera todos os encantos. A destruição do apego supera todo sofrimento”. E também: “Aquele que chegou ao fim, que não tem medo, desejo ou paixão, Que cortou com o sofrimento da vida, este é seu último corpo”. Portanto, incompletos quanto a trajetória existencial, ainda bailam na natureza da carne e suas solicitações específicas, entre suas urgências destrutivas, envoltos e untados de matéria faminta por satisfação alegórica de suas fraquezas.


A dor da humanidade se fundamenta no seu apego ao que é transitório, onde o valor se concentra no agora, no imediato, do prazer instantâneo e sem transcendência. O recado que dão ao se entregar a todo tipo de atividade por resultados rotineiros revela uma falta de fé no amanhã, vivamos agora, torturemos o próximo por vantagens, façamos do vilipendio ao nosso corpo a razão de viver, porque somos o agora, nada mais existe além desse momento. Não há nada com o que se preocupar além do horizonte, o próprio horizonte é uma farsa. Para o equilíbrio químico dessa paixão que nos abrasa que se sacie o desejo que nos atormenta. Sedimentados assim, em espesso depósito de injúrias não aplicam à prudência ou à cautela com o amanhã. Teriam culpa? Enfim, se vivem por instinto embora de natureza humana, algo tem de ser considerado em seu favor. Na tessitura do universo há uma frequência que ecoa para para casos supostamente perdidos, o amor. Ele transforma se houver receptividade. Existe a necessidade de anuência explícita para conseguir este tesouro. Ele é raro, ele é exótico mas sempre esteve ao alcance de quem o procurou. Apenas, diversas vezes não o reconhecemos ou o negligenciamos devido a espessa camada de matéria que transportamos. Mas não se esqueçam, há o debito a ser quitado. O mal infligido a seu semelhante ou semelhantes não ficará sem ser cobrado, no fim se trata apenas da colheita, se plantou flores, terá flores, estejam cientes de que o que vai, volta. Então, dentro de toda essa abordagem filosófica, temos o seguinte cenário, estamos juntos com toda essa gente. Hoje eles mandam, e tentam impor a sua visão deturpada de mundo, onde a individualidade, o respeito a opinião alheia o direito de viver sem intromissão externa na própria vida fica cada vez mais difícil. Nessa politica invasiva de privacidade alheia, tentam obrigar todo mundo a ter uma vida coletiva, onde devassam conceitos, costumes e tradições, transformado a pessoa em um nada, apenas em objeto. E o pior, aplicando um coitadismo desestruturante transformam minorias em privilegiados com vantagens no convívio social e no acesso a determinadas vantagens através de políticas de governo. Um contradição com o planejamento deles, mas é assim. Mas pedir coerência para essa gente é no mínimo um contrassenso, como o ditado popular “bater palmas para maluco dançar”. Sem padrões estabelecidos pela melhor cultura adquirida nos últimos séculos no ocidente, trafegam por obséquios incoerentes e de cunho abjeto. Libertinagem é só um adereço da concupiscência generalizada que se torna muito abrangente no trato com o próximo que não seja um aliado de ocasião. Descartar a ética não se torna problema se alguma vantagem está em jogo, valores financeiros, acesso a cargos com projeção política e influência, a boa vida, bem além do merecimento profissional justifica qualquer coisa, a deslealdade é ardilosa entre os sem caráter. Nada que cause constrangimento no nosso país, aqui um comportamento assim passa por esperteza, jogo de cintura versatilidade. O portfólio de injurias e incoerências sociais aqui é vasto, tem de tudo, e não poupa quase ninguém. O ágio da imoralidade deveria ser a desmoralização, mas aqui isto se torna apenas em um detalhe fortuito a se resolver em tribunais amigos.


Em tudo isso vale o registro desse tempo onde um povo se desestrutura de forma determinada para perder a já tênue identidade de nação soberana para mergulhar futuramente na vassalagem a algum poder externo que não tenha preocupação de fato com o povo originário. Sempre fomos uma sopa de culturas onde a maioria, com as exceções de praxe vivia em relativa harmonia. Porém a importação de ressentimentos tem moldado uma nova realidade, com um nível de intolerância entre grupos mais acentuada. E sendo assim, se você tiver disposição, vá para as ruas, hoje enquanto este texto é produzido estamos no Domingo de carnaval de 2024, é Fevereiro, sabem, é bem capaz do governo mudar, que algum estrangeiro assuma o comando da nação e ninguém note. Porque o importante hoje é ir para a avenida roçar em milhares de pessoas suadas, com banho vencido e chão umedecido com urina ou até outra coisa. Sem falar muito das brigas coletivas onde os sopapos aleatórios farão a festa dos dentistas após a festividade. Coisa fina gente! Sangue, drogas, bebida, sexo, suor e porrada, está bom para você? Não se acanhe.



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ.



Citação:


Aristóteles. Arte retórica e Arte poética. Ediouro.


Buda. Dhammapada. Editora Mantra.



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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Entre a folia e as circunstâncias.

 

                                                           Image by Sabine from Pixabay.



Entre a folia e as circunstâncias.


E assim aqui estamos, em mais um intervalo de folia, onde pessoas com condições de vida sofríveis se esbaldarão em frenesi intenso, para satisfazer instintos reprimidos e animalescos. Deve ser algo realmente parte do nosso programa estrutural de existência pois já no antigo Egito existia um festival da beberagem, onde todos se entregavam a orgia regada a muito álcool e a sexo sem comedimento. E assim os problemas da vida se diluem em alguns dias de completa irresponsabilidade para catarse das almas repletas de ocasiões atormentadas. Há motivos por qual festejar? Absolutamente não! Mas carnaval não é plenamente sobre isso, mas com a necessidade de desligamento emocional com a realidade. Temos expectativas desastrosas para o futuro, o cenário não indica um viés de prosperidade, e sim de queda acentuada de qualidade de vida e perda de liberdades fundamentais. A suposta oposição conservadora que tínhamos continua a ser gerida por idiotas e débeis mentais, mesmo sem poder, provoca a reação de algo que criou com atitudes pusilânimes do passado. Ou seja, a metodologia que fortaleceu o mal, prossegue ditando as regras comportamentais do que sobrou. E sendo assim, o provocado se agiganta e mostra quem realmente manda e tem a força. A economia está evidentemente desacelerando, os preços dos produtos subindo, investidores saem do país levando todo seu capital, o que de alguma forma, direta ou indiretamente afetará o mercado de trabalho. Regras, as velhas regras da economia, elas não aceitam desaforo. Ou você joga o jogo delas, ou será massacrado pelas consequências. Mas vamos para o bloco, para o trio elétrico, calor, muito suor, o cheiro fétido de necessidades humanas no percurso, uma saliência ocasional aqui e ali, e o som ensurdecedor de música de péssima qualidade. Nada mais prazeroso do que virar um animal irracional por alguns dias. Afinal, ninguém nos ameaça, ninguém tenta tirar nossa liberdade, transformar-nos em rebanho acéfalo, não é mesmo? Para prazer coletivo talvez degustemos até uma epidemia ocasional depois da festa, além claro do incremento das doenças sexualmente transmissíveis, tão rotineiras em fim de festa como essa, filhos de pais não identificados e muitas dívidas insolúveis para tormenta do restante do ano, só coisa boa! Porque viver é preciso, como um ditado popular e dane-se o mundo porque não me chamo Raimundo, complementaria outro. Enfim, em maioria o brasileiro é assim, ruim de planejamento, pior ainda de relações com a realidade, esse povo costumas rir de martelada no dedão do pé, hoje sabemos, o nível de inteligência da massa não é favorável, na massa e em grande parte da dita elite também. Porque ter sucesso relativo aqui, financeiro e profissional apenas indica que você foi um pouco menos burro que a maioria. Pindorama é um espetáculo! Lugar bonito, quente, até demais, povo mestiçado, de linda pele morena, eu não, tenho a cor de uma barra de sabão de coco, por isso sou incompatível com esse lugar, praias, montanhas paradisíacas e uma gente abestalhada, perfeito! Onde seria possível criar um feudo com um único suserano capitaneando tudo e a todos? Uma antiga canção já citava que “não existe pecado do lado debaixo do equador”. Poético! Um vale tudo por natureza! “Mas que beleza! Fevereiro tem carnaval!”. E assim sendo, porque se preocupar com quem manda, com quem governa, se ainda sobra um resíduo, que vivamos nessa cota de espaço vital que nos sobrou, e enquanto isso, alguém que tentou fazer algo diferente poderá ir em cana. Digamos, fez por merecer, mas não por atitude mas por falta dela, no país do rebolado, ele não teve jogo de cintura para dançar a melodia, uns dirão que as circunstâncias não o favoreceram, mas vejam bem; para certo tipo de empreitada é preciso de competência mínima para a construção de uma nova realidade.


Vejam bem, certa vez, em um papo de quinta série no colégio no qual estudava, um colega me perguntou porque o “Ó” corre. Tive de explicar para ele que ele o “O”, era parte da ação e sem ele não teríamos a ocorrência, e sem a ocorrência o tempo em sua unidade de medida não seria cumprido satisfatoriamente na estrutura semântica para compreensão do que realmente acontecia. Ele deve estar lá, pensando nisso até hoje, cinquenta e oito anos depois. Não fui cruel, apenas sempre fui desde novo, um cara complicado. E assim sendo, me causa repulsa a falta de poder de análise de cenário de algumas personalidades que, adquirem protagonismo e não conseguem se firmar e ter sucesso, uma vez que foram premiados com um esplêndido resultado eleitoral, e colocado no cargo mais importante do país. A limitação cognitiva é um adversário insuperável, porque ele está no âmago do ser. Sem diversidade e capacidade de profundidade dos fatos, tragédias acontecem, elas já acontecem entre os melhores, não há ninguém infalível, mas sem poder de interpretação da realidade como ela é, fica muito difícil. E assim transcorreu um período de esperanças desperdiçadas até que se atingisse a profundidade escura de um regime de exceção. A maioria ainda não percebe o odor de claustrofobia que ocupa vagarosamente o ar. Um país sem liberdade é algo semelhante a estar dentro de um cilindro, de um tubo interminável, sem espaço para se locomover, tolhido por todos os lados, e sem margem para ter conforto existencial. Isto nos restou como cenário depois da falta de habilidade política e de capacidade cognitiva de um período supostamente de esperanças. Se você não possui as qualidades necessárias para a gestão, ninguém tem todas, procure se cercar de competência nas áreas mais necessárias e fundamentais para seu período. Áreas como estratégia e propaganda exigem gente muito qualificada, e não se apoiar em débeis mentais e amadorismo bananeiro proporcionado por bajuladores profissionais, um detalhe: todo bajulador é um incompetente. Quem possui qualidade não vive implorando atenção e alisando superior hierárquico, ele conquista espaço mostrando qualidade de ação e não em joguinhos sórdidos de marcar presença com amabilidades dispensáveis. Mas infelizmente tem chefe que adora isso, e na maioria das vezes quem gosta disso, fracassa com seus pupilos lambedores de virilhas. O fracasso persegue quem não tem determinação e foco, funciona como fezes e moscas, onde tem um tem outro. E como o personagem em questão adora ser bajulado, cultuado, admirado, por uma qualidade subterfugiada nas ancas da abominação, temos o pretexto para o enxame de nulidades se aconchegarem no “astro” do momento, como as moscas. Vejam, ao adversário resta apenas esperar, as oportunidades que irão surgir aos montes dessa administração de vaidades. No fim, fortaleceu quem tanto o odeia, claro, adicionando aditivo para maior rendimento odioso na máquina que futuramente iria triturá-lo. Com performances teatrais e midiáticas, provocou até esgarçar a paciência da oposição. Não sei se por ignorar ou simplesmente não possuir inteligência para avaliar o cenário, não viu em que se transformaram as Forças Armadas, uma nulidade completa. Em última instância, são elas que garantem a ordem e o poder. Ou assim deveria ser, em qualquer pais normal.


Enfim, depois de ser derrotado, e de deixar alguns rastros desabonadores, se verídicos ou não, não importa mais, se não o são serão por força da vontade política vigente. Quem vence escreve a história, sempre foi assim, e não seria desta vez que algo mudaria essa rotina. Mas ainda assim, depois de derrotado não dispensou sua velha assessoria e planejamento de estratégias, a mesma que o levou ao fracasso, talvez algum parentesco o impeça de reconhecer a incapacidade, prosseguiu com a mesma metodologia , a mesma abordagem política quanto a arrastar multidões para mostrar popularidade. Ou seja, prossegue com a estratégia do fracasso, e com isso provoca o inimigo que o vê ainda como uma ameaça, um exagero. Muita gente já enxergou o que ele é na verdade. Podem não estar com a situação, mas na oposição não aceitarão mais o mesmo bonecão do posto. Cercado de população e fã clube, ele tem orgasmos, necessita infinitamente de bajulação. Até toma banho de farofa em churrasquinho de origem duvidosa em botequim pé sujo. Relógio de camelô, refresco de padaria, é um asceta! Todavia, será assim fora das câmeras? Com situação política frágil resolveu se tornar valente mais uma vez, então, o sistema o engoliu de novo. Assim está no momento, no limiar de uma temporada guardado, deveria ir junto com sua esplêndida assessoria, porque eu sou uma pessoa que relevo o erro, mas repetir a dose não dá. E assim conhecerá o “Ó” que corre sem ter pernas e o “A” que abraça sem ter braços porque a ocorrência irá abraçá-lo como uma fatalidade romântica produzida por suas próprias decisões, enquadrado na lei que ele próprio assinou para evitar dissidências politicas. É um gênio! Não? Lamento, quer que eu faça o quê?



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ.


Citações: trechos de canções de Chico Buarque e Jorge Benjor.



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terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Um peso para cada decisão.

 

                                                  Image by WOKANDAPIX from Pixabay.


Um peso para cada decisão.



No arrojo da hora, entre momentos, onde frequentemente o ultraje se torna explícito, se faz necessário medir os cantos do contexto, para que assim possamos nos situar distante da margem dos perigos da inconsequência enigmática com seus içamentos sedutores objetivando tentar arregimentar súditos para sua perversidade natural. Nada é o que parece, nunca é ocasional na furtividade específica do mal. Não acredite em coincidências, nada acontece sem um planejamento prévio dos espaços delimitados entre o frenesi e a razão. E se astuto é o adversário, precisamos possuir discernimento aguçado, para evitar a sutileza de toda e qualquer armadilha oculta na textura desse agora. Estamos mergulhados em tempos perigosos, onde a compreensão da realidade já não é mais tão diversificada e abrangente, o que faz muitas vezes provocar um efeito de flutuação surgente nos detalhes da estrutura humana de civilização. Detalhes antes consolidados evaporam e se dispersam entre abominações perversas de relacionamento, provocando um retrocesso subliminar no entendimento da realidade que constitui nossa base de sustentação. Este é o objetivo de quem nos odeia, retirar-nos da segurança estável para inserir-nos na balburdia da controvérsia, e assim, triturar-nos no leito polêmico de seus objetivos malignos. Não sejamos neste momento, mansos, há necessidade de resistência sarcástica na curva de uma surrealidade holística e abrangente que possa abrigar uma ironia meticulosa para desequilibrar o planejamento de quem quer nos destruir. Se o sentido não tem sentido, sentiremos e emitiremos sensações metaforicamente análogas ao contexto, produzindo ambiguidade proposital para desespero do adversário. A construção de um paralelismo de realidade se faz necessário para sobreviver filosoficamente nessa ocasião implacável. Construa conceitos onde a incapacidade de análise do antagonista não consiga penetrar. Lembrem-se, os estultos não trafegam bem na via da imprecisão linguística da sintaxe. O jogo tem de migrar para o campo onde eles são frágeis, a inteligência. E a maior armadilha para o que é suposto é a suposição e o convencimento de ser o que realmente não é. Dê corda e eles se enforcam com ela. O subterfúgio do conceito reveste a ação para iludir quem pensa ser capaz de ter lastro para manter a estabilidade, e se neste momento tiver um surto de arrogância, melhor ainda, o desequilíbrio emocional se torna perfeito para delinear a derrota. Enfim, se trada de uma operação psicológica, como costumam dizer hoje. Não é natural ser dominado por quem é inferior, a qualidade sempre se sobrepõe com um desempenho de qualidade quanto ao cenário. Devemos lembrar que boa parte dessa gente que nos domina hoje não tem profundidade nem nos conhecimentos básicos de língua portuguesa, matemática básica, geografia e história. Coisas que no passado eram de abordagem de escola primária. Por qual motivo devemos temer tanto essa gente? A abrangência intelectual da maioria que pretende nos escravizar é curta. Não conseguem manter um breve diálogo sem ofensas ou sem impor sua autoridade conferida por seus pares, tão néscios quanto o agente do conflito verbal. Não ousaria tentar explicar o conceito Ad hominem para essa turma.


Então, vamos nos manter nessa “ausência de presença”, oferecendo-nos ao arbítrio supostamente intelectual da ocasião, ou divergiremos conceitualmente dessa realidade artificial montada por idiotas? A filosofia surgiu na Grécia de acordo com Ortega y Gasset quando esses povos, segundo ele, alcançaram a “época da liberdade”. A democracia surgiu lá também, Essa coisa vilipendiada por tanta gente que usa seu conceito como biscoito canino. Ele, o filósofo aborda muito bem o erro de associar liberdade ao direito e à política. Foi um erro, que ao se decompor o conceito e monstruosidades foram criadas a partir da base da ideia. Assim vamos com o filósofo: “A liberdade é o caráter que a vida inteira do homem toma quando seus diversos componentes chegam a um certo ponto em seu desenvolvimento, produzindo-se aí entre eles uma determinada equação dinâmica. Ter uma ideia clara do que seja “liberdade” pressupõe ter definido ou encontrado, com algum rigor, a fórmula dessa equação. Provavelmente toda civilização ou curriculum vitae dum conjunto de povos afins passa por essa forma de vida que é a liberdade. É uma etapa luminosa e breve que se abre como um sol de meio-dia entre a manhã do arcaísmo e o declínio vespertino, a petrificação e a necrose de sua velhice. As etapas decisivas duma civilização se determinam e se discernem evidentemente, como modificações da relação fundamental entre os dois grandes componentes da vida que são, de um lado, as necessidades do homem, e, de outro, suas possibilidades”. Quando abandonamos nossas necessidades e nossas possibilidades? Em qual momento jogamos fora o desejo de ser livre e nos sujeitamos placidamente à anomalia política que submete a todos nós ao desejo de poucos? Assim, permitimos a violência conceitual de raciocínios inconsistentes tomar posse da realidade como se fosse uma obrigação dar espaço ao que existe de pior. O que pregam e o que implementam é uma fraude, e a evidência pode ser vista nos resultados, tanto na economia quanto no impacto social que causam. Essa balança supostamente democrática está usando pesos fraudulentos, e a equação não se equilibra. Então, destino fechado, nos entregamos ao suserano moderno, ao qual devemos honra e ao qual suplicaremos alimento como bons vassalos e nos manteremos em alguma gleba concedida para que possamos existir. Este é o desenho social que se avizinha, cevado nos conceitos coletivistas considerados uma evolução social. Está bom para você jovem? Eu sou um velho no epílogo da vida, mas você passará seus melhores anos nessa situação horrível. Compete apenas a você salvar seu futuro, ou aceitar a cota de ração que vão lhe fornecer para sobrevivência, entende? Sobreviver e não viver de verdade, apenas quem é livre vive. Veja bem, um pequeno país sul-americano conseguiu resolver sua segurança, virar um país seguro. Provavelmente atrairá investimentos, empresas, industrias e certamente turismo, porque todos vão para onde há segurança. Expurgou qualquer tipo de garantismo, de condescendência com o crime, praticamente eliminou o amor bandido que uma parcela da sociedade hoje cultiva por criminosos, e assim se transformou em um lugar onde a ordem prevalece. Alguns intelectuais de almanaque aqui estão chocados, que absurdo! Essa gente prefere a nossa violência brasuca descontrolada, com bandidos cheios de direitos e garantias, ao pacífico cotidiano onde todos os vagabundos estão enjaulados.


Este cacoete de amor de cadeia da esquerda vem de longe, quando algumas personalidades do passado cumpriram pena, e alguns morreram na defesa de uma ideia de jerico, estimulada por agentes de fora do país. Esse sentimento foi cultivado nas novas gerações, embora nenhum deles tenha cumprido nem apenas um dia de cana dura. Mas o perfil foi delineado para sentir o criminoso como um injustiçado social, eventualmente, um ou outro pode ser, vivi em áreas carentes, e vi injustiças por parte dos representantes da lei, mas a verdade é que o s governos sistematicamente, ano após ano negligencia o trato ideal com a população, não há escolas profissionalizantes, não há bons colégios, não há saúde e para complementar o desastre, tornaram proibido o menor de idade trabalhar, claro, que o trafico de drogas não segue essas regras. Então, ao jovem de comunidades, apenas sobra trabalhar para traficante. Não pode arrumar um emprego de verdade no comercio, numa oficina, onde iria aprender um ofício. O traficante agradece a colaboração governamental e expande seus negócios, ele, o traficante passa a ser o único agente social de socorro para a comunidade, onde aquelas políticas “deliciosas” progressistas nunca chegam. Um progressista se comporta como o totó atrás do portão fechado, late muito, faz uma algazarra mas não abra o portão viu? Ele foge. Não resolve nada. No discurso político de palanque e de assembleia sindical é feroz, enquanto os políticos que ele apoia roubam a empresa na qual ele trabalha. No fim deve receber um agrado, para permanecer firme na luta, um pedaço de osso para roer, ou até algo mais sofisticado. Parece incompreensível, mas essa gente apoia quem rouba até seu próprio plano de aposentadoria, e prossegue apoiando o ladrão com todo amor e dedicação possível. O que mais posso dizer de gente assim? Pagar por mais de quarenta anos um plano de previdência social particular caro, e no final, na aposentadoria não receber o valor que lhe é devido por contrato porque o político que você sempre apoiou, roubou ou investiu mal em administração temerária os fundos garantidores e o volume financeiro pertencente ao plano. A ideologia afeta a alma corroendo qualquer parâmetro de avaliação da realidade. E assim se passa a trabalhar com pesos viciados e com uma balança preparada para fazer você sempre perder. Dê um jeito nisso, eu não tenho muito tempo aqui para abrir seus olhos.



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CEA – RJ.



Citação: Origem e epílogo da filosofia. José Ortega y Gasset. Vide Editorial.


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domingo, 4 de fevereiro de 2024

O comércio das ocasiões.

 

                                                            Image by Anja from Pixabay.


O comércio das ocasiões.



A arte de negociar está presente no homem desde praticamente sua origem. O escambo, a troca para satisfazer suas necessidades, alguém tinha o que eu queria e eu tenho o que o outro desejava, vamos trocar? Então, assim se desenvolveu a atividade comercial. Com o tempo uma unidade monetária que agregasse valor relativo foi desenvolvida, um padrão, para facilitar a atividade e assim temos até hoje o dinheiro a moeda. Dentro desse universo de possibilidades, também se desenvolveu a astúcia e um procedimento essencial para o sucesso desse ramo, a contabilidade, no princípio partidas dobradas, registro de entrada e saída de valores, e com o tempo mais sofisticações para controle e distribuição de recursos e obrigações. Assim satisfazemos e organizamos nossos desejos no mundo moderno e diversificado onde em ocasiões oportunas se permite negociar qualquer coisa, de uma compra em supermercado até a uma vaga em cargo político como executivo de uma grande cidade, basta que haja interesse e disposição para se vender em acordos submissos a devassidão política do momento. No fim, o que importa são os valores e favores que surgirão do negócio. Não há escrúpulos, muito menos constrangimento, faz parte da natureza de muitos homens estar aberto a qualquer tipo de negócio que abasteça contas numeradas em algum paraíso fiscal. Estes paraísos existem justamente para isso, para abrigar valores que fugiram da luz e possuem procedência controversa quanto a moralidade e a honestidade. Aqui em Pindorama se troca tudo, e a honra, a moralidade estão no balcão também, talvez seja um resquício genético adquirido da população indígena que existia aqui, que em alguns casos negociava até suas mulheres com o visitante por um bom acordo. Bom, em alguns casos eles comiam também o agraciado com o favor, depois de um período de engorda e maturação da carne. Negócios são negócios. E assim, tangenciando os bons costumes, prosseguimos sistematicamente nessa geleia de conceitos e atitudes saltitantes na margem mais obscura de qualquer conceito tangível da realidade objetiva. Hoje na política, temos condutores de rebanhos estabelecidos e definidos para regozijo pessoal de novos senhores feudais da opinião, essa que deveria ser pública mas foi condicionada em estábulos específicos para manipulação e manejo de acordo com o interesse do dono dos quadrúpedes. Andar em duas pernas virou uma alegoria quando o comportamento mental é de um boi. Dentro desse contexto animalesco e desprezível, não há espaço para opções, alternativas e oportunidades. O que entristece nesse cotidiano é que muita gente boa, qualificada, com inteligência acima da média, ainda se prenda nessas falácias proporcionando um desperdício de qualidade se aliando a um jogo manjado e viciado para arregimentar público que se sujeite a ser enganado sistematicamente. A ilusão encanta! Dança na magnitude dos desejos inconfessos da alma para aliciar o espírito desprevenido e incauto. A armadilha populista e despretensiosa sempre oculta a tragédia no seu íntimo para apenas a deixar escapar com o fato consumado. Afinal, o mundo é dos espertos, e todos gostam de levar vantagem. Da letargia gelatinosa ao abraço definitivo dominante que se aplica ao desprevenido para assim o consumir lentamente em seus recursos específicos para no fim descartar o resto imprestável em alguma viela imunda ou quem sabe, reciclagem para fazer adubo. Política é isso, uma organização com fins lucrativos onde o insumo básico é você eleitor. Repulsivo, não? Mas a maioria escolhe um lado nessa pantomima e o defende com a paixão dos celerados, com a determinação da insânia abrangente, porque migalhas são arremessadas ao chão, e a disputa por esse ato de misericórdia é grande.


Dentro dessa realidade inconcebível, não há espaço para diferenciação. Qualquer um que não tenha o perfil viscoso para o agrado do público, viciado em platitudes não serve, não sobrevive. Em nenhuma hipótese o dependente do açucarado discurso padronizado e coberto de falsidades aceitará algo muito diferente disso, e assim sendo, o futuro vai sendo produzido dentro dos padrões que temos hoje. O que arruína o momento é a sensibilidade, é a tendência de querer ser angelical sem ter a mínima possibilidade disso, o discurso populista e inclusivo se vale muito disso. Desse cacoete de anjo, onde ser “bom” é uma meta a ser perseguida. Seja apenas justo e isso basta. Se aliar a objetivos aparentemente nobres, mas que já se provaram um verdadeiro fracasso no bem estar da coletividade vai lhe aproximar mais do demônio do que dos anjos do céu. Ao se achar e se considerar anjo, a maioria trilha uma rota certa para o inferno. O bem do teu próximo está em você deixá-lo em paz, para que ele prossiga com sua vida e seu destino dentro das suas capacidades e assim aproveite as oportunidades que a vida lhe dará sem interferência de qualquer política castrante de ocasião que venha a ser do seu agrado e atenda aos seus desejos particulares. Porém, todavia o político tem origem no povo, e se a moral da população é quase nenhuma, não poderemos ter bons políticos. Aqui, no país dos espertos, todos querem se dar bem, e qual ambiente mais propício para o sucesso de quem tem mora duvidosa? A política. Presos neste caldo cultural que contém de alucinados pretendendo construir uma carreira de anjos, ao malandro malemolente que quer empregar toda sua família na folha de pagamento do governo, estamos assim submissos e dominados pela desordem total. Onde a favelização é vista como progresso e inclusão social, eu pensava que o objetivo deveria ser aumentar o nível cultural, aumentar a escolaridade e a profissionalização, elevar a qualidade cultural e de vida, e não perpetuar populações carentes presas em ritos tribais sexualizados e animalescos pela eternidade, e vender isso como solução. Deve ser a adaptação do pão e circo. Mantenha o entretenimento de baixa qualidade mas que manipule a libido do rebanho, gaste pouco com o restante e tenha a fidelidade do grupo. E afinal, a favela é o parque de diversões do jovem de classe média, cheio de culpa por ter nascido com posses, e manipulado por socialismo que quer redenção angelical ao supostamente se entregar a causa de proporcionar uma vida melhor a toda aquela gente comprando o produto do principal empresário dessas áreas carentes, o entorpecente. Então, temos o cenário da catástrofe, o jovem bem nascido que irá se tornar um promotor, juiz ou advogado e portanto, com poder de moldar a sociedade, e o pobre; bom , esse no final vira estatística para ser mostrada por estes mesmos jovens futuros líderes e alimentar o futuro do sistema, da máquina de moer carne humana, solução mesmo, nunca vem. Neste cenário desolador, o palco está preparado para o duelo entre os rufiões políticos e seus grupos, semeando desavenças, estimulando ressentimentos e apalpando uma nádega aqui e ali de alguma autoridade conivente e conveniente, se caminha portanto, para o de sempre, ou um ou outro, nada diferente. O velho jogo político eternizado no procedimento.


Um venceu apesar do seu currículo e de suas atitudes passadas, ele tem uma afinidade insuperável com o povo, malandro toda vida, mentiroso, venal, imoral, incorreto, preconceituoso, o cidadão brasileiro em maioria se vê nele, se sente como ele, um trapaceiro nato que chegou no topo da montanha graças a sua astúcia insuperável e sua capacidade de envolver sentimentos com política. Em terra onde a maioria se identifica com malandragem, ele, é o personagem perfeito. Do outro lado temos a antítese supostamente, de tudo isso, alguém que deveria ser certinho, cordial, honesto , abrangente quanto aos bons propósitos, mas se revelou com o tempo não ser nada disso. O bom moço justificou seu desempenho no congresso durante duas décadas, uma nulidade, um deputado de baixo clero, representando interesses de seus antigos companheiros de farda, fazendo um acordo aqui e ali do interesse dessa área. Limitado, foi engolido pela máquina política que nunca teve capacidade de enfrentar. Apenas estimulou ódios e fortaleceu a pauta que dizia combater, se livrou dos melhores que começaram com ele, e se entregou aos velhos políticos de sempre, que o ignoravam como um irrelevante nos tempos de deputado. No fim acossado pelas ocasiões desgastantes que criou, não se recolheu ao raciocínio e adotou uma postura de conciliação. Ele era governo, tinha a máquina do Estado na mão. Prosseguiu incentivando e açodando o povo, e com uma popularidade colossal não agiu, entendo, não poderia. As bases para agir nunca existiram era tudo fanfarronice, mas prosseguiu mesmo assim. Foi humilhado, teve de se fazer de desentendido e pediu cartinha de reconciliação para político influente. Quem age assim já é um nada político, lamento por vocês que o adoram, é a realidade dolorosa. Investiram numa furada, num pangaré. Ruim de negociação, péssimo comerciante de vantagens e oportunidades, hoje se vê acossado pelo poder que fortaleceu. Neste jogo ele é apenas um amador, o adversário deve rir todo dia da cara dele. E assim amedrontado, hoje participa de eventos para mostrar uma popularidade ineficaz, contraproducente, que não gera poder de fato. Aguardando apenas quando, provavelmente, será preso por qualquer deslize irrelevante, apenas por justiçamento político.

Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ.


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