Image by Jacqueline Macou from Pixabay.
Hipótese catatônica.
Em algum lugar da nossa superfície real se abriga um país interessante, onde coisas fora da curva são consideradas normais, um algo de surrealidade, um detalhe agridoce no cheiro peculiar de ser e de pensar de seu povo. Este lugar, de população formada por uma mistura entre antropófagos e a escória europeia surgiu com grande abrangência uma forma de ser que dança entre a insanidade e a completa ignorância. Um valhacouto de espertalhões com abundância de idiotas de toda espécie. Uma gente altaneira que se orgulha de ser o que exatamente é, nada. Pindorama, estamos aqui! E nesse aqui seu passado comprometedor pode ser lavado e enxaguado na frente do povo que ninguém percebe o que se passou, uma penumbra escolástica de conteúdo escatológico de profunda abrangência se impõe e domina todo o cenário que se especifica como um campanário insinuante para ser notado sem ser visto, uma aberração lógica apenas possível por essas bandas. Aqui, até a fome causa riso, o que seria uma aberração em todos os sentidos se considera viável de aplicação na estrutura da realidade. Vejam bem, vou procurar narrar para a posteridade um evento insólito proporcionado por unidades militares de elite, bom, se é possível chamar de elite algo que elabora uma coisa dessa magnitude na boçalidade profunda dos seus termos, mas acreditem, tem gente que leva fé. Temos que levar em conta que esse planejamento que será descrito nos seus detalhes supostamente partiu da estrutura mais preparada profissionalmente do exercito desse país utópico. Um núcleo de excelência no que se considera inteligência de ação e de resolução de problemas relativos a atividade de estratégia militar, não foi de alguma unidade qualquer. Supõe-se que uma unidade assim se constitui de profissionais de altíssimo nível de informação, espionagem, e de neutralização de alvos de interesse. A ponta da lança, aquela unidade que não dá oportunidade ao adversário, ou ao menos deveria ser assim. Mas Pindorama tem suas particularidades exotéricas, o que deveria ser costuma não condizer com a realidade. As hipóteses aqui são tão lúcidas com um jovem do final dos anos 60 início dos anos 70, psicodelismo puro, paz e amor bicho. Reitero, o que supostamente aconteceu partiu de uma unidade de elite, entendam, se faz necessário reforçar isso. Em algum momento histórico houve um descontentamento com personagem do governo nesse grupo, e sendo assim eles elaboraram um planejamento inusitado de resolução do problema que os incomodava. Entendam, sou formado em Administração, tenho experiência na construção de cronogramas normais, e portanto, entendo da estrutura que se deve criar para qualquer tarefa a se realizar. Mesmo as reconhecidamente ilegais. E se é ilegal e representa risco para os envolvidos, qualquer um que tenha o mínimo de inteligência aplicará sigilo absoluto no escalonamento das ações. Mas segundo veio ao conhecimento público, essa unidade de elite usou um aplicativo de conversação social muito utilizado e de possível rastreio. Não é brincadeira! É a versão que circula. Fizeram reuniões em endereço conhecido e possivelmente monitorado com autoridades do governo anterior, produziram minuta com ações diversas e alvos específicos, só faltou reconhecerem firma das assinaturas dos participantes no cartório. Eu procuro crer que seja piada tudo isso, Dedé. Didi, Muçum, Zacarias e o Sargento Pincel não produziriam tal trapalhada, vocês se lembram deles no programa de humor né? A coisa está mais ou menos nesse nível, e se for real temos a maior desmoralização de uma organização militar no mundo. Sendo verdade, essa turma não serve para nada! Mas Pindorama tolera qualquer coisa, qualquer injúria à logica pode ser assimilada de bom grado aqui. E não fica apenas nisso não, após uma reunião preliminar na casa de um general um dos conspiradores foi com um míssil portátil nas costas ou também conhecido popularmente como “bazooka” buscou pegar um táxi, mas como não conseguiu o golpe foi abortado. Olhem, eu prefiro sinceramente que tudo isso não passe de um devaneio de um drogado. Uma esquete de humor não seria tão surreal. Mas para escritores e produtores cinematográficos pode gerar uma comédia e tanto. Mas o que complementa a comédia é que as demais autoridades e mídia do país acreditam e botam fé nessa narrativa, procuram dar-lhe sustentação verossímil para que o povo acredite nisso, não sei se consideram o povo extremamente burro, ou são eles que possuem algum sério problema de interpretação da realidade. Afinal, Pindorama tem suas dificuldades na área da educação, mas a ponto de uma pantomima dessas passar como crível já é pedir demais.
Sabemos que o povo dessa terra possui um sério embotamento cognitivo, e isto também está nas autoridades mas mesmo dentro de toda essa dissonância há um limite aceitável para o que é ridículo em relação a suposta normalidade onde vivem. A discrepância atuarial das expectativas aqui ultrapassou a textura de qualquer comédia. Afinal, até para o ridículo se deve ter algum limite, e Pindorama vai acabar assim com seu prestígio de um lugar onde um sorriso brejeiro explica qualquer coisa com uma malícia oportunista porém quase sincera para se fazer crer dentro da mais sofisticada trapaça. Isto comprometeria a tradição da velha e cultuada malandragem local. A engenhosidade malandra do povo dessa terra não pode ser comprometida desse jeito, seria uma ofensa aos princípios tortos desse lugar que Deus esqueceu. Um bando de patetas, que se dizem tropa de elite proporcionaram a maior comédia dos últimos tempos e tentam tonar crível a patuscada institucional para fins políticos e para uma possível assepsia de discordantes do cenário. Porque em regimes de força tudo é possível, mas deveriam procurar um produtor de realidades alternativas mais competente, para criar um cenário verossímil e aceitável para vender ao povo, sejam mais criativos, a criação de narrativas exige competência e versatilidade, e olhem o adversário de vocês é um idiota, imagine se não fosse. Mas afinal, o que seria de Pindorama sem uma controvérsia para mastigar no fim de semana. O bom de morar no hospício é o certo reconhecimento da loucura assim que se vê. Então, abra uma cerveja gelada e aprecie o circo, o momento é importante porque a certeza de outra loucura semana que vem é total. E lembre-se: essa gente condescendente com o absurdo supostamente cuida dos nossos interesses e segurança.
Gerson Ferreira Filho.
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