domingo, 24 de julho de 2011

Em algum lugar deste momento.





Por um instante obedecendo ao acaso me encontrei aqui. Bem no intervalo do passado que se agita e se sobrepõe a razão do hoje ajuntado em qualquer canto do que se chama de memória, de um futuro que me debita de antemão a esperança mesmo sendo somente e ainda aquele apenas, um esboço opaco dançando aflito para acontecer. Brindei a ocasião com um sorriso sarcástico, existir não é opção.


Minha presença no espaço tempo me obriga caminhar furtivamente entre as dissimulações obliquas do pensamento. Agora apesar do quesito real, já pode ser tarde e a trapaça o brinde deixado ao amanhã. Não venha me dizer que a realidade é boa, tudo o que acontece repercute com dor e a alegria não passa de uma brisa intrigante que cheia de caprichos surge apenas quando quer.


Amei muitas vezes para frear o passar das horas, e me vi após tudo isso abandonado bem depois do prazer. A atenção é egoísta está individualizada muito bem compartimentada na saciedade dos corpos. O Ápice está à beira do abismo, vertiginoso é o caminho, armadilhas sedutoras me acompanham; aqui vontade não é desejo. Na boca mora apenas um suspiro seco de ansiedade.


Por isso estou aqui. Bem aqui escondido no canto do momento, vendo o desenrolar do enredo, não procure me encontrar, sou súbito verso aleijado que se insurge contra as normas e os sistemas. Sou aleatório quando quero e intenso quando amo, mas antes aguado o amor passar e peço uma carona neste sonho.


Gerson F. Filho.



quinta-feira, 21 de julho de 2011

Nematóides da estrada.





Põe este esculacho aí!

Os vermes estão indignados com o meio.

Não há matéria para todos,

As bocas infames não descansam.

Verbas orçamentos diretrizes

Dançam açodadas em agonias

No bolso dos infelizes.

Então o buraco permanece lá!

Na estrada,

Esperando-te ansioso

Com a foice na mão.

O culpado?

É você!

Eleitor;

Faça-me um favor:

Olhe-se no espelho.

Veja como os políticos

Parecem contigo.

Custo Brasil também é

O teu preço.

Tua herança tóxica

Ainda vai te matar...


Gerson F. Filho.


Também no Recanto Das Letras.


Ainda é tarde.




De um olhar se insinua um desejo.

Com palavras traça-se a intenção.

Com vontade visto o ímpeto e vejo,

Que meu amor não é contradição.


Cedo seria um precipitar das coisas.

Estas tantas que rugem como trovão.

Basta o sorriso a atiçar as premissas,

Para que o desejo não seja em vão.


E ainda; ah esse ainda que não finda.

Este passo dado que nunca termina,

Que não se faz essência em aluvião.


Então ainda é tarde apesar de tudo.

E este sentimento sedimento verdugo,

É o amor que ocupa o meu coração.



Gerson F. Filho.







segunda-feira, 18 de julho de 2011

Parênteses.





Não há como saber

O que o vento traz.


Não há o que dizer

Quando a palavra falta.


Não há o que sentir

Com o sentido no fim.


E apesar do ontem

Ainda existo conceitualmente.


Mesmo intuindo um amanhã

Sou um produto da razão.


Amo apesar da dor

Então amando Fujo da dor.


Neste ponto não sou abstrato

Suporto o peso do mundo real.


Digo sim as ignomínias

Abraço a sinuosidade do álibi.


Estou aqui entre parênteses

Para explicar ou deturpar.


Depende muito do ângulo

E da maneira como me enxergam.


Nunca subestime quem viu

O colapso da ilusão.



Gerson F. Filho.