sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Amanhã.




O amanhã chegará,

Tecido ao entardecer

No sonoro chiado das cigarras.

Se não for hoje,

Será outro dia.

Quando esta chuva

Desembrulhar o sol,

Permitindo assim

O passeio da luz

Sobre todas as almas

Que aguardam este abraço.

Não haverá temores.

Não haverá rancores.

Apenas uma esperança,

Dança agora nos nossos corações...

Gerson F. Filho.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sai dessa.





Melancolia vê se desvia,

Me erra! suma do cenário.

Vê se acha outra vitima,

Cansei de ser teu otário.


Ingratidão, meu prêmio.

Não vai ficar assim,

Mesmo no erro sistêmico,

Esqueço-te no botequim.


Não pense que acabei.

Meu fim não será teu riso,

Antes do sorriso já voltei.


Sou muito duro na queda.

Se a fórmula não se adéqua,

Peso? Não ajudo a carregar.


Gerson F. Filho.


Mais textos no Recanto das Letras.




segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Tempos.






Insensatez me permita dizer-te:

Conclui teu tempo agora.

Fui estrofe na aba do bilhete,

Saia com dignidade vá embora.


Não me acompanhe nestes dias.

Estes são tempos de espera,

O destino vaga por ruas vazias,

Não temo o que desespera.


Mato a tempestade com tempo.

Na hora certa ela vai parar,

O céu ainda há de ficar limpo.


Sou o rio sinuoso que abraça.

Este que engana o obstáculo,

Na curva o desejo a lembrança.


Gerson F. Filho.



domingo, 12 de dezembro de 2010

Lábios de infinito.





Não importa amor, abraços podem ser,

Um sinal de chegada ou um gesto de partida,

E se nele couber uma dor, ou momentos de alegria,

Só o vento incerto do destino nos dirá.


Não fui eu que escrevi o corpo desta peça.

Se começar, não sei bem como termina,

Apenas peço que sendo assim então haja coração.

Sejamos tudo e o tanto que faltar para o total.


Não faz mal se meu e teu enredo não combina,

Há coisas que dão certo ou errado por pura cisma,

Um contexto que favoreceu a fome da opinião.

Agora amor vê se me consome, sou tua vítima.


Enquanto meu interesse ainda lhe favoreça,

Porque sou cafajeste, mas este é o melhor detalhe.

Aquilo que te instiga mesmo que te maltrate,

Pois no intimo teu lado meigo gosta desta dor.


Vai acabar um dia e isso você sabe.

Mas o perfume e a sensação irão além do detalhe,

Trará ternura como a tez da recordação.

Beije-me agora então com estes lábios de infinito.


Gerson F. Filho.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Contemporâneos 7.






A insensatez sempre me seduz.

No rígido perfil da noite

Busco mentiras encontro quimeras.

O silêncio da madrugada

Forra meus sentidos com os odores

De tanto vazio.

Meu compromisso mora em frente,

Sempre após o próximo passo.

Inalcançável desejo.

Minha vontade já morreu de sede,

Minha paciência: sepultei ontem.

Bem atrás do horizonte,

Enquanto minha determinação

Ainda uivava como cão vadio.

Agora; meus passos me levam

Ao âmago do anonimato.

Somente aquele garçom

Colocando as cadeiras sobre a mesa,

Teve a impressão de me ver passar...


Gerson F. Filho.


Outros ensaios contemporâneos no Usina de letras.





sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Contemporâneos 6.





O ontem foi embora: nem sequer me sorriu.

Deixou-me largado aqui

Neste agora de cara para o amanhã.

Os acontecimentos zombam da minha inércia,

A ocasião me abraça sarcasticamente.

Seria eu tão débil

E meu coração tão indigente,

Que serviria apenas para escárnio da multidão.

Jamais venci derrotas nunca derrotei vitórias,

Vivi vivo e viverei

Desafiando as certezas submissas.

Inquietude a única que nunca me abandonou.

Não me mostre o caminho

Alije-me da lógica.

Adoto controvérsias

Apenas para me divertir.

Não se preocupe

Eu sempre encontro a solidão.


Gerson F. Filho.



quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Contextos da usura. Parte oito.





Cuide do seu naco, não feche os olhos.


O cheiro de vinhoto pairava na noite quente. Cheiro morno que induzia e conduzia o pensamento às latrinas cheias. Jaconildo fazendo suas obscuras previsões trouxe seu filho Beraldo, aquele abandonado pela esposa que o sustentava, para morar na casa de Leogácia. A justificativa era prestar alguma ajuda, pois Leogácia já não podia ficar sem companhia. Mas como uma coisa chama outra a realidade era que ele esperava a morte dela, e com isso haveria uma reivindicação da família pela casa, e neste caso ele assim estaria com o filho lá para sustentar a posse do imóvel e rechaçar qualquer um que viesse tentar dizer que a casa não lhe pertencia.


Tão certo como a chuva de fuligem que caia diariamente, na temporada da colheita da safra de cana sobre a cidade, ele ficaria com aquele imóvel. Afinal de contas ele casou por causa disso, de olho nas posses de Leogácia. Este era o objetivo real, e como abutre vigiava sua futura refeição que ainda possuía um sopro de vida. Ele bem sabia que ela faria o mesmo se a situação fosse invertida, os olhos cobiçosos de Leogácia sempre pousaram naquelas barracas do mercado. Mas aparentemente nesta disputa o destino tomou partido de Jaconildo. Sempre que o galo esquálido do vizinho cantava pela manhã, ele sentia esperança de encontrar o fato consumado no quarto.


Não ainda não. Não foi desta vez ainda. Pacientemente pedia para que o filho Beraldo vigiasse enquanto ele iria ao mercado. Na brisa da manhã, aquela que daria sobrevida a vegetação quando o sol devastador estivesse a pino, Jaconildo foi com sua bicicleta para o mercado verificar os negócios. Enquanto isso Leogácia, mesmo no fundo da sua condição, tramava mais um evento de discórdia. Natureza essa força indomável! A morte espera na esquina, mas ainda há tempo para mais alguma travessura. Aquele ressentimento rançoso, aquela sensação de derrota na disputa com Jaconildo era o que mais incomodava.


Alguma coisa precisava ser planejada, ela não iria deixar seu amado patrimônio para um estranho. Se pudesse levava tudo junto para a cova, porém isso era impossível então a partilha entre os filhos precisava ser estabelecida, mas aí morava outro grande problema: os filhos preferidos eram os mais problemáticos, os que possuíam mais identificação com a personalidade de Leogácia. Desonestidade congênita aquilo que iria tocar fogo no relacionamento entre irmãos. Não seria um jogo limpo, então o produto de anos de artimanhas agora acabaria sendo tratado como butim. Aquilo que na verdade era.



Gerson F. Filho.


Contextos da Usura anteriores ver aqui no Usina de Letras.




domingo, 5 de dezembro de 2010

Contextos da usura parte sete.



Sorria e dance com o encardido no mormaço.


Sublima na hora o suor que cai a terra naqueles dias de verão. Telúricas ondas são vistas dançando sobre a paisagem, que parece evaporar sob o sol impiedoso. Seria seu efeito aquilo que concentra o doce da cana, aquilo que faz do homem tão fervoroso ser no controle das suas posses? Faltava ali o frescor do equilíbrio, aquela aragem a refrescar o raciocínio. Leogácia viveu ali a maior parte da sua vida. No chão ressecado e poeirento plantou e colheu. Chorou e sorriu, e também viu o tempo ser consumido entre trapaças astutas que lhe trouxeram dinheiro, mas tornou seu corpo inconsistente. Para ela o limite teria ficado a quilômetros para trás.


Certa vez, ela, Leogácia fez negócio com um rapaz. Ele possuía um terreno, e ela uma moenda de cana. Acreditem ou não, ela conseguiu trocar a moenda pelo terreno. Bem; não sabia ela que o terreno provavelmente valia menos do que a moenda. Quando soube ficou enfurecida. O tal terreno ficava lá nos lados de Deus me livre, sem nenhuma estrutura, seu preço poderia ser comparado talvez nos dias de hoje a quatro cestas básicas. Não pensem que ela iria ficar com o prejuízo. O tempo passaria, mas dívida para Leogácia não envelhecia.


Para ela trapo e prego são sempre amigos. Sua filha mais nova Ludimila, aquela que fazia o trabalho pesado, a mesma que era surrada constantemente sem nenhuma razão aparente - somente aparente - porque Leogácia sabia muito bem porque fazia isso. Foi presenteada com o dito terreno. Presentão! Não valia nada, mas servia para jogo de cena. Afinal aquela era a filha mais dedicada, à custa dela Leogácia tinha economizado muito dinheiro que pagaria a pedreiro, servente pintor etc. Por que não fazer uma média utilizando nada? Para ela filhos só tinham valor se representassem lucro ou vantagem, como Ludimila havia casado e se mudado bastava por momento o engodo.


Mais de uma década se passou e Deus se lembrou de Deus me livre aquele lugar remoto na beira do nunca vi. Aquele lugar que valia o mesmo que político passou a ter importância. Tornou-se finalmente alguma coisa possível de ser transformado em um bom dinheiro. Ludimila nunca passou o terreno para o seu nome, a escritura, o serviço de cartório e mais o custo do deslocamento valiam mais do que o objeto em questão. Adivinhem o que Fez Leogácia? Tomou o terreno da filha alegando ter que ajudar a um neto um tanto destrambelhado que não conseguia manter o prumo na vida. Não venha sorrir para o demônio porque ele vai devolver o sorriso e se interessar por você.


A desgraça procura quem clama por sua companhia. Ludimila sabia que tudo aquilo não passava de outro jogo sórdido de sua mãe, portanto não esquentou a cabeça, quer ajudar quem não merece, então que ajude, afinal de contas, como prêmio, Leogácia vivia cercada de aproveitadores, e mesmo sendo muito esperta ninguém vence sempre. Quanto mais armações ela fazia, mais apareciam problemas para comer o dinheiro amealhado de forma maldita. Uma vida infame ela já levava. O jeito era deixar o destino cumprir seu curso, se meter nisso só atrairia coisa ruim. Distância da escuridão seria o melhor a ser feito. Apenas prontidão nas proximidades em caso da mãe precisar de ajuda, e mesmo assim se ela aceitasse.



Gerson F. Filho.


Contextos da usura. Sexto episódio.










Salgue sua vida com o açúcar da planície.


As sarjetas ao redor do mercado exalavam o cheiro característico de final do dia no mercado de peixes. A fragrância do entardecer naquele dia de calor sufocante era cortada com rispidez pelo corpo suarento de Jaconildo. Andar elétrico voltava para casa após conferir o andamento dos negócios no mercado. Um momento de prazer quando as vendas iam bem, o momento de ranger os dentes quando o movimento era fraco.


Então lá ia ele na sua bicicleta velha costurando os obstáculos e as armadilhas das ruas que a prefeitura insistia em não resolver. Sabem como é: cidade sem recursos, petróleo não dá lucro. Tinha que ser rápido porque na sua casa Leogácia o aguardava. Depois de anos passando ao puro café ralo e pão para guardar dinheiro, ela já não possuía massa muscular e estrutura óssea para sustentar pequenos passeios pelo interior da casa. Isso era preocupante.


Não seria a primeira vez que encontraria a velha Leogácia esparramada no chão sem poder se levantar, entre o quarto e o banheiro, nadando nas necessidades que não podiam esperar para encontrar a saída. Poderiam pagar alguém para cuidar dela? Claro! Mas imagina se iam fazer isso, nem ele e muito menos ela desejariam isso. Desperdício de dinheiro. A água lava tudo pensavam. Mexer nas economias dói muito mais do que um tombo de vez em quando.


De tanto fazer corpo mole e, vistas grossas, Jaconildo conseguiu que o filho mais novo de Leogácia iniciasse uma ajuda. Ela já estava se tornando muito cara para seus parâmetros, tinha que dividir essa carga com alguém. Olivário era o nome do caçula, aquele que segurou o rojão. Não pensem que era má vontade da família, se dessem dinheiro eles juntavam, se contratassem alguém para ajudar eles dispensavam porque consideravam desperdício. Qualquer moeda que caísse do bolso naquele lugar não chegava ao chão.


No final Olivário apenas colhia alguns frutos plantados no passado. Afinal ele tinha o sangue de Leogácia, não ia ficar sem passar a perna na própria mãe algumas vezes. Retorno agridoce, um pouco de sal no melaço grudento daquela relação. Negócios são negócios a mãe a parte. Na relação custo benefício talvez até estivesse ainda levando vantagem. Vida errática gostos exóticos preços corrosivos. Naquele calor insano da região, misericórdia seria a morte antes da ação.


Gerson F. Filho.


Ver também: Contextos da Usura / Contextos da Usura Parte 2 / Contextos da usura O peso do suor. / Contextos da Usura O ágio da Maldição / Contextos da Usura Parte 5.




sábado, 4 de dezembro de 2010

O espectador.






Reconheço sou estranho;
Não comungo com unanimidades,
Diferenças somam não subtraem.

Bisonho agora é o raciocínio.
Ser pasteurizado o objetivo da hora,
Não discorde somente aceite.

Então se a concordância for ríspida,
Passe azeite alienado de torniquete.
Sinta-se preso e ao tempo leve e desatado.

Pense: seja sozinho na solidão ética.
Ou se torne mais um membro da manada.
Decida agora antes de qualquer coisa.

Fingir fugir não é opção,
Fustigar o frêmito dos favores, falácia!
Grite! Se o sobressalto for vertigem.

Brinque na fuligem do impoluto.
Brinde ao passado galhofeiro,
Seria melhor ser inerte.

Um paquiderme no caminho.
Será que notariam o detalhe?
Manobras manipulam as massas.

Sou o espectador.
O cenário se deteriora veloz.
Está na hora de partir...


Gerson F. Filho.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Paixão.





Paixão, aluvião na alma.
Aquilo que sempre passa,
Aquela coisa que esgarça,
Isto que tira toda calma.

Faz perder o prumo.
Leva todos os conceitos,
Soterra os preceitos,
Tira o coração do rumo.

Queima até as cinzas.
Gera odor que não se sente,
Elimina o brio das vítimas.
Tem o traço inclemente.

Seria melhor amar ainda,
Mesmo que seja sem razão.

Gerson F. Filho.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Idas e vindas.






Eu disse tudo por tão pouco.
Obtive tão pouco por tudo.
Convicção um caminho oco,
Determinação pelo absurdo.

Ilusionismo perante a face.
Aquelas coisas que se esconde,
Bem debaixo do disfarce.
O que assovia atrás do monte.

Entre idas me aconcheguei.
Nas voltas talvez sorriso,
Na tal expectativa tropecei.
Será a espera mais que isso?

Por amor aguardei bem mais,
Mesmo colhendo somente os ais.

Gerson F. Filho.

sábado, 13 de novembro de 2010

Sentido único.






Emocione-me além do arrepio.
De sentido ao meu dia.
Entre a pausa e a alegoria,
Que seja da minha alma o alívio.

Então que esteja por amor.
Aquele teu impulso explicito,
Tão eficaz como específico.
Que irá me insuflar o calor.

Não use o comedimento.
Basta à queda como caminho.
Tenha meus braços como ninho,
Esse amor nosso condimento.

O ontem jamais será um amanhã.
Ainda que de lembranças se viva.

Gerson F. Filho.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Destino.






Não desisti de amar.
Minha alma inquieta voa,
Não desiste com o tranco oblíquo.
Fustigar-me é só tempero,
Atiçar-me é um engano.
Já inflamo e queimo a hora
Nos escaninhos da paixão.
Contesto o inexplicável.
Ouso por a idéia em questão.
Desafiar certezas meu prazer.
Não estou imerso em doutrinas,
Alimento-me com desafios no café da manhã.
Minha meta acossar o dogma,
Viver e morrer procurando sempre
O caminho da razão.

Gerson F. Filho.

domingo, 7 de novembro de 2010

Limites.






Reserve-me o amor primeiro.
Aquele impulso que enlouquece,
O desejo amplo e verdadeiro.

Não me diga a palavra,
Apenas olhe-me com calor.
Farei da semente a lavra.

Cuidarei ao tempo do coração.
Dar-te-ei um sorriso pleno,
A amplitude da emoção.

Meu vazio está insatisfeito.
Falta um pouco de você aqui,
Faça do meu corpo teu leito.

Torna-me por completo,
Entre teus seios a lembrança,
O sonho de prazer repleto.

Só por instante um momento,
Que fique de nós o infinito,
Selado guardado no beijo.

Já basta de solidão...



Gerson F. Filho.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Detalhes.






O processo eleitoral se encerrou. Muito se aprendeu neste ciclo, a sociedade certamente saiu muito mais informada e instruída a respeito deste importantíssimo ritual democrático. Novas tecnologias como a internet foram fundamentais para a circulação da informação. Nunca houve a tamanha necessidade do uso da máquina pública para vencer. E, diga-se de passagem, se não tivesse sido utilizada, a situação, que venceu mais uma vez, perderia a eleição.

Porém mesmo assim quarenta e quatro milhões de brasileiros disseram não ao projeto do atual governo. Isso foi muito bom, porque mantém o equilíbrio da entidade democrática. Não foi um cheque em branco, não há margem para implementar projetos turvos, que por acaso contenham pontos críticos e que venham a melindrar quase a metade do país. Qualquer movimento neste sentido será uma aventura no caminho da insanidade.

A participação política da população aumentou à busca a informação, as partes venderam suas idéias, e a situação venceu. Que governe com sabedoria, que eliminem de suas entranhas aqueles que por acaso sonhem com um estado totalitário, porque em qualquer estado totalitário; de direita ou esquerda, a verdade morre. Surgindo a oportunidade para o julgamento injusto de qualquer causa.

Que as discussões políticas continuem e façam o aperfeiçoamento da nossa sociedade. Que as alianças procurem sempre o bem estar da população, e que esse povo, eleitor dos dois lados, procure mais informação porque um povo bem informado é o melhor remédio contra os aventureiros. Não basta só trabalhar para ganhar o pão de cada dia, é preciso atenção com os representantes eleitos. O processo cívico não acaba com o voto.

O acompanhamento constante dos eleitos, a cobrança dos eleitores, deve ser estimulado. Que toda essa mobilização no período eleitoral não se perca. Viver, sorrir chorar trabalhar e policiar nossos representantes, que eles não se sintam sozinhos, para que se tiverem bons ou maus sonhos tenham um parâmetro para seguir, ou seja, o interesse do povo, e um povo livre é um povo feliz. De nada adianta prosperidade sem direito de expressão, sem direito de escolha, sem poder decidir a respeito da própria vida.


Gerson F. Filho.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Determinação.





Meu coração não teme
Treme se for fustigado por amor.

Minha alma não se turva.
Só se curva se for por paixão!

Meus passos não se perdem.
Caminho no entrelaço da exatidão.

E se ainda assim der tudo errado;
Endireito o torto para sorrir amanhã.

Sou aquela pedra no sapato,
Um espinho preso na garganta.

Um desafeto em todas as instâncias,
O amante de todas as lembranças.

Gerson F. Filho.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Inevitável.





Meu propósito é aquele passo adiante.
Onde quer que este sol se ponha,
Onde quer que este sol se levante.

Sendo assim se houver dúvida relevante;
Despirei minhas memórias eu teu favor.
Não ocultarei de ti nenhum impulso.

Porque ainda teus abraços me aquecem.
Porque todos os beijos ainda clamam,
Entre meus lábios que nunca esquecem.

Então segui procurando na tua ausência
As medidas das distâncias do amanhã.
Ainda que tudo seja apenas simples sonho.

Pois criando a expectativa imponderável;
Há de se tentar sempre uma alternativa.
Mesmo sendo o destino certo e inevitável.

Gerson F. Filho.

sábado, 23 de outubro de 2010

Sempre.





Ainda que viaje, vento:
Vá ventando e carregando
Essa esperança.

Ainda que e apesar
De tanto pesar penso.
Tenso no momento insano.

E se mesmo assim
Ainda sonhar sozinho.
Serei o elo que resistiu.

O suor derradeiro.
Aquele que sorriu feliz
Quando o portão ruiu.

Porque fui o último.
Porque serei o primeiro.
A ver o inimigo sob o medo.

Da luz que cega,
Da verdade que liberta,
Deste amor que me ungiu.


Gerson F. Filho.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Por estes dias.





Por estes dias.



Eu preciso,
Que tu me notes.
Que o sol surja
Só para mim.

Por estes dias,

Eu gostaria,
De sair da sombra,
De ser o objeto
Da tua compra,
Ser isso assim.


Sim! Nestes dias,

Não gostaria,
De ser tanta solidão.
Ou ser esse tanto
De silêncio.


Atenção um pouco
Enfim.
Poeira suspensa no ar,
Sombras
Que bordam o jardim
Teus lábios
E o fim.


Gerson F. Filho.

sábado, 9 de outubro de 2010

Em tese.




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Em tese.

Desvencilhe-se do cabresto.
Existe vida fora da trilha,
Vive lá fora outro conceito.
Livre-se dessa armadilha.

Teus ídolos são somente isso.
Filósofos da completa asneira,
Cabeças sem compromisso.
No tempo, eles viraram poeira.

Não existe perfil sem boa luta.
Nada se consegue sem disputa,
Natureza a plena competição.

E ainda se o nada existisse,
O ninguém não seria fetiche.
Haveria a tese como emoção.

Gerson F. Filho.

domingo, 26 de setembro de 2010

Saneamento básico.




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Vala negra e promessas.
Ainda não bastou uma década?
Solicitam mais sob o sol.

Será potável o que todos têm?
Ou só propaganda que convém?
Brigam as bactérias cínicas!

Clínicas transbordam gente.

Perene, a pobreza do povo.


Gerson F. Filho.

Época venenosa.



Publicodomainpictures.




Desonestos são meus instintos.
Que insistem que eu seja correto!
Embora eu só veja corrupção.

Soa a flauta triste em seu silvo,
Mas eu não ouvi bem aquilo.
Terá sido o riso do escorpião?

Tempos dissimulados estes.

Termos mentirosos aqueles.

Gerson F. Filho.

domingo, 19 de setembro de 2010

Além do limite.





Atiça-me com teus desejos.
Faça desse olhar o convite.
Abriga-me entre teus joelhos,
Creia que nada mais existe.

Não será o tempo um limite.
Das estrelas virão lampejos,
Atiça-me com teus desejos.
Faça desse olhar o convite.

Ousadia não será um palpite,
Entre tantos tensos beijos
Nosso clamor não desiste.
Amemo-nos como eleitos,
Atiça-me com teus desejos.


Gerson F. Filho.

domingo, 12 de setembro de 2010

Dessas coisas.





Amar demais me consumiu.
Dediquei-me a inquietude,
Desnudei o que me vestiu.
No limite tornei-me atitude.

Amei intenso e desarvorado.
Vivi o momento inteiro,
Sonhei vertigem ao regalo.
O devaneio veio primeiro.

Onde estará este beijo?
Que pusestes na minha boca.
Perdeu-se em hora pouca?

Ainda assim continuo amando.
Aguardo-te no caminho,
Meu coração não é leviano.

Gerson F. Filho.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Cenário 2010.





Então foi assim:
Violaram o recinto.
Entre teclas e monitores
Encontrava-se o helminto rubro,
Quase em estase;
Esfregando-se
Na minha declaração.
Quanto destas tuas entranhas
Expeli através das minhas artimanhas.
Teria eu ao acaso
Sonegado o teu fortuito desejo?
Exulte com teus nódulos!
Beije a nódoa e deite com a ignomínia.
A infâmia se tornou teu leito.
Claquete!
Fim de cena.


Gerson F. Filho.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Frisson.





Diante de um inexorável destino
Você me notou na passagem,
Vida! Onde sou um clandestino.
Apesar do peso da bagagem.

Bobagem de um momento.
Déjàvu entre defeitos e efeitos,
Oxidação no sentimento,
Instintos ainda que satisfeitos.

Venha me dizer alguma coisa!
Traga-me teus lábios não a escusa.
Minha alma não tergiversa.

Dê tua boca para um encontro.
Aguardo-te no frisson do antro,
Embora tenha amor no coração.


Gerson F. Filho.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Verniz.





Você investiu insistiu,
Fugaz teu plano.
Sagaz teu olhar.
Mas não bastou;
Estou ainda assim
Um tanto aqui
Um tanto ali.
Só para ver você desistir.
Só para ver você partir.
Cuidado!
Essa lágrima pode borrar
O verniz da tua face.
Não sou bom em reformas eu sei.
Meu coração estóico
Não carregará essa cicatriz.


Gerson F. Filho.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A quem interessa.





A quem interessa,
O rescaldo da miséria.
A quem o quanto e quando!
Semear ignorância
Tornou-se o lucro dos insanos.
A quem aquém da esquina
Pertencerá toda esta fuligem,
Untando cicatrizes.
Revestido vertigens
Que surgem nas lembranças.
O que restará!
Como caminhar
No ruidoso silêncio do equívoco.
E ainda assim sorrir
Para não ser descoberto.
Porque pensar diferente
Será muito perigoso.
Sugerir uma diferença
Será a garantia de uma sentença.
Respire com cuidado;
E se puder finja-se de coitado,
Para poder viver.

Gerson F. Filho.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Sotavento.





Destino que passou,
Instinto que vivi.
Nunca tanto amei.
Somente por momento,
Notei estar aqui.

Jamais senti dor maior,
Do que aquela que dói.
Sentença subalterna,
Aborda-me e destrói.

Senti ser sentido,
Sentindo sutil álibi.
Que me sucedeu;
Antes que estivesse ali.

Vivo vivendo agora.
Embora ame o conteúdo,
Submeto-me ao tempo.
Para contrariar a hora.

Venha comigo!
Crime e o hálito do castigo.
Sorria para o que ignora,
Entre pelo próprio umbigo.

Se não me entender,
Pegue a fuga e vá embora.
Embrulhe o contratempo,
Expurgue o que apavora!

Sou destro e canhoto.
Lados são escuros,
O centro caiu concêntrico,
Sou o calo teimoso.

Um absurdo que aconteceu.
Uma fatalidade que surgiu,
Essa idéia que ocorreu,
O extremo que se consumiu.


Gerson F. Filho.

sábado, 31 de julho de 2010

Além e aquém do conceito.






Meu sim meu não.
Uma vez na profundidade
Do infinito.
Outra vez na superfície da razão.
Única certeza:
Não estar onde penso que estou.
Dormir convicto,
Acordar na dúvida da existência.
Sorrir por acaso,
Ou chorar por um ocaso.
Viver por um motivo,
Morrer nos braços da opinião.
Perdi meu tempo amando,
Encontrei meu destino na paixão.

Gerson F. Filho.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Transição.





Então foi bem assim:
Teu sorriso partiu,
O amor dobrou a esquina
E o céu em turmalina,
Definiu esse nosso momento.
Então tão indefinido.
Entretanto tão substantivo
Que nomeou o tempo abstrato,
Exato dessa intensa dor.
Nossas direções,
Não mais coincidiram.
Nossos rumos,
Não mais se tocaram.
E tudo mais se tornou vazio,
Cheio de frio;
A bruma indefinida.
O jardim seco sem flor.

Gerson F. Filho.

domingo, 25 de julho de 2010

Pedra no sapato.





Me fale dos teus negócios.
Mostre-me tua parceria.
Se o visgo da jaca incomoda,
Deveria ter se acautelado
Quanto a isso.
Não venha dizer que não sabia.
Compromissos geram vestígios,
Evidências ditam os traços,
Não adianta negar!
Para que exista o teu amanhã
Reconheça teu passado,
Vista então teus trapos.
Teus laços teus abraços,
Teu lastro de intimidade
Com o erro.
Tua perdição.
Maldição amar o inconcebível,
Inefável teu prazer
Ao conviver com o desvio.


Gerson F. Filho.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Critérios.





Não me peça isenção.
Sem saída somente a rua
Que ensandece antes da última casa.
Após o botão perder o viço,
Submisso aos critérios do tempo.
Onde outrora aurora era um significado
Entre os espasmos da noite.
Perante a poeira do meu texto
Que se mistura ao pó do contexto,
Esse meu placebo enigmático
Convencendo-me da cura curta,
E da necessidade insana da normalidade.
Casual pode ser esse momento.
Então; e depois de existir,
Alguma coisa ainda pode me motivar.
Porém não me brinde com alegorias,
É fato: sou desafeto da lógica.
Sou amante da contradição.

Gerson F. Filho.

sábado, 10 de julho de 2010

Não olhe para trás.






Vá!
Já vai tarde.
Vá para onde
Nem mesmo a memória
Possa alcançar.
Não deixe recado,
Leve todos teus projetos
Esvazie as gavetas,
Mantenha a porta abeta
Mas não pense e voltar.
Vá curtir teu ostracismo,
Teu tempo acabou.
Agora será a vez do amanhã,
O peso dos teus passos
Ficou na história.
Arroubos por momentos
De glória não inflam mais
Nenhuma canção.
Liberdade!
O objeto da opinião.



Gerson F. Filho.

sábado, 3 de julho de 2010

Contemporâneos 6.





Eu e meus momentos,
Encontrados e perdidos neste agora,
Lutamos bravamente na densidade
De um amanhecer
Contido na acrílica plasticidade
Da ocasião.
Meu coração aguarda uma resposta.
Talvez um sorriso um aceno,
Alguma coisa que tenha sobrado
Dos teus arroubos dos teus escopos,
Que possam peneirar essa ansiedade.
Que possam me dizer se esse dia
Vai ter um fim ou não.
Ele aconteceu: este hoje que me envolve.
Venci o ontem, quem sabe; talvez,
Por hipótese haja um amanhã.
Veremos, se este chão que me sustenta
Continuar firme, ocultarei de mim,
Toda essa saudade;
Desconstruirei a ocasião com critério,
Com gotas de sugestão no último
Quadrante da realidade,
Adoçarei meu futuro.


Gerson F. Filho.

sábado, 26 de junho de 2010

Certeza transitória.






Esse mar não é sossego,
Quebra como trovão na praia.
Tem peso na minha vontade,
Oprime como solidão.

Esse mar também é;
Tua calma tua alma
Espelho do infinito,
Restrito ao meu coração.

Esse mar tem tanto de ti.
Um dia me faz partir,
Um dia me faz voltar,
Tanto faz chorar como sorrir.

Nesse mar um dia
Não é outro.
Muito menos outro
Será hoje nem o amanhã.

Nele não há como viver
O mesmo dia,
Nele a saudade de hoje,
Há de te iludir e ser tua anfitriã.


Gerson F. Filho.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Termo enviesado.






Vivi mil vezes a vida
Que está em mim.
Por ser única,
Até o tempo que perdi
Foi-me útil por ser assim.
Momentos de perder.
Momentos de ganhar.
No final;
Tudo que existe é o agora!
Da hora,
Costela do tempo,
Sou estrutura
Sou a nervura
O complemento.
Aquilo que foi,
Que é
E o que será.
Será?
Penso;
E ainda assim sobrevivo.
Mil vezes!
Dentro da vida
Que está em mim.

Gerson F. Filho.