quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Verniz.





Você investiu insistiu,
Fugaz teu plano.
Sagaz teu olhar.
Mas não bastou;
Estou ainda assim
Um tanto aqui
Um tanto ali.
Só para ver você desistir.
Só para ver você partir.
Cuidado!
Essa lágrima pode borrar
O verniz da tua face.
Não sou bom em reformas eu sei.
Meu coração estóico
Não carregará essa cicatriz.


Gerson F. Filho.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A quem interessa.





A quem interessa,
O rescaldo da miséria.
A quem o quanto e quando!
Semear ignorância
Tornou-se o lucro dos insanos.
A quem aquém da esquina
Pertencerá toda esta fuligem,
Untando cicatrizes.
Revestido vertigens
Que surgem nas lembranças.
O que restará!
Como caminhar
No ruidoso silêncio do equívoco.
E ainda assim sorrir
Para não ser descoberto.
Porque pensar diferente
Será muito perigoso.
Sugerir uma diferença
Será a garantia de uma sentença.
Respire com cuidado;
E se puder finja-se de coitado,
Para poder viver.

Gerson F. Filho.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Sotavento.





Destino que passou,
Instinto que vivi.
Nunca tanto amei.
Somente por momento,
Notei estar aqui.

Jamais senti dor maior,
Do que aquela que dói.
Sentença subalterna,
Aborda-me e destrói.

Senti ser sentido,
Sentindo sutil álibi.
Que me sucedeu;
Antes que estivesse ali.

Vivo vivendo agora.
Embora ame o conteúdo,
Submeto-me ao tempo.
Para contrariar a hora.

Venha comigo!
Crime e o hálito do castigo.
Sorria para o que ignora,
Entre pelo próprio umbigo.

Se não me entender,
Pegue a fuga e vá embora.
Embrulhe o contratempo,
Expurgue o que apavora!

Sou destro e canhoto.
Lados são escuros,
O centro caiu concêntrico,
Sou o calo teimoso.

Um absurdo que aconteceu.
Uma fatalidade que surgiu,
Essa idéia que ocorreu,
O extremo que se consumiu.


Gerson F. Filho.