segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Opções.





Forneça-me um exagero.

Que eu o interprete como ilustre desconhecido.

Meu sarcasmo precisa de desafio,

Então, ameace com o oximoro,

Prometo traçar um perfil barroco

Tão tolo, quanto intenso.

Sem a possibilidade de um consenso

Minha calma irônica não acata anuência.

Posso até lhe conceder um eufemismo,

E se ainda assim faltares com a verdade

Te entregarei metáforas

Com ênfase no excesso.

Sim! Eu sei que sou complicado:

Por isso eu adoro os labirintos da alma.

Lá eu me perco e me encontro

Enquanto você sorri.

Gerson F. Filho.



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Livro Nacos de Mormaço.







Estórias do centro do Rio de Janeiro nos anos 70 e no interior do estado.

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domingo, 21 de outubro de 2018

Renovação.






Viver é se sentir fatalmente forçado a exercer a liberdade, a decidir o que vamos ser neste mundo”.

Jose Ortega Y Gasset.


       Tudo indica que passaremos por um período de renovação, de troca de comando político. Desta vez, sairão os socialistas, com seus sonhos obscuros com o coletivismo, suas preferências situadas no controle absoluto do governo, este que decide todos os rumos da vida do indivíduo. Uma mudança muito saudável porque o método utilizado atualmente, e com perspectiva de ser aplicado mais intensamente, já é comprovadamente um fracasso, em todas as nações que vieram a adotar tal prática.
Dias difíceis virão, um sistema destes não é desmantelado do dia para a noite, sacrifícios terão de assim ser suportados, ajustes estruturais intensos deverão ser aplicados, e acompanhados de perto no que diz respeito a sua real sobreposição – resistências existirão -, uma má vontade com o novo fatalmente surgirá na ordenação do meio. Mudanças causam desconforto.

 Quem quer mudança, e quer escapar do controle absoluto, deve cobrar coerência e se dispor ao sacrifício. Não se pode partir para a interpretação de uma realidade onde só se deseja vantagens, como se estas, fosse direitos natos. Ortega Y Gasset aborda apropriadamente como: “nos motins provocados pela escassez, às massas geralmente procuram pão, e o meio que geralmente empregam para consegui-lo é destruir as padarias”. Ou seja, destroem a fonte de saciedade.

Não se deve pensar que uma resistência feroz ao novo método será inexistente. O vício na tutela é muito forte, o amor por controle, e por ser controlado estará presente. O processo educacional que estabelecerá o novo comportamento não será bem recebido, são muitos anos de incentivo ao comportamento gregário, onde o coletivo vive em função de uma liderança.

 O incentivo a tolice durou décadas, e como também citou Ortega Y Gasset: “o tolo ao contrário não suspeita de si mesmo: parece muito discreto, e essa é a invejável tranquilidade com que o néscio se assenta e se instala em sua própria torpeza. Como esses insetos que não há como tirar do buraco em que habitam, não há como desalojar o tolo de sua tolice, leva-lo para passear um pouco além de sua cegueira e obriga-lo a contrastar sua visão torpe habitual com outros modos mais sutis de ver”.

 Vamos torcer para que exista um erro de interpretação da realidade no pensamento do filósofo, e que ao menos a grande maioria entenda e se adapte aos novos tempos. Uma minoria resiliente sempre existirá, mas que não seja suficiente grande para inviabilizar o processo. A unanimidade, embora desejável, retira o senso crítico. Será sempre necessário o contraditório, o tempero, o sal da terra. Até porque no autêntico regime democrático, as diferenças convivem em harmonia, e nele todos têm direito a palavra. Quem ama a censura, o controle, e a centralização absoluta de poder não somos nós. Se chegarem, os novos tempos, que possamos aproveitá-lo para afastar de vez o risco de algum dia estar subjugados pelo totalitarismo presente nos devaneios ideológicos de uma minoria.

Gerson F. Filho.


Citações retiradas do Livro: A rebelião das massas. José Ortega Y Gasset.
A Rebelião das massas/José Ortega Y Gasset; tradução de Felipe Denardi – Campinas, SP: VIDE  Editorial, 2016.

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quarta-feira, 17 de outubro de 2018

O beijo da eternidade.




“Sou o que Deus fez de mim! Como posso mudar minha natureza? O que quer que esteja destinado a acontecer acontecerá. Isso também está nas mãos de Deus”.

Mahabharata.


      Morar na eternidade, vivenciar a multiplicidade de temas, ocupar plenamente a diversidade de narrativas, e ainda assim ser um nada, ao se confrontar com todo este espaço contido no tempo. Estórias e história se acumulam como pergaminhos no fundo de uma biblioteca sem fim, para que um dia, talvez, venham a ser resgatadas e revividas pela curiosidade dos olhos de um alguém que o destino escolheu.

       A escolha é evidente, o momento planejado, não se acanhe se foi você o protagonista selecionado deste cenário. Tenha em mente que algo será construído, e você por algum critério, interpretará o papel. Será o agente da mudança. Lembre-se do infinito no qual está inserido, abrace com paixão a prosa. Faça do verso tua alma, transmute-se em sonoridade cósmica, e participe desta lacuna que existe na sinfonia do universo. Tenha sempre em mente, que neste todo, você nunca estará só.

Gerson F. Filho.


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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

O legítimo sinal dos tempos.





O legítimo sinal dos tempos.


      Ontem virou escombros o principal museu do Brasil. Lá estavam itens insubstituíveis da cultura, não só do Brasil, mas de todo o mundo. Tive o privilégio de conhecer o museu ainda criança. Nasci e morei no Rio de Janeiro muitos anos, por iniciativa dos meus pais, que me levaram diversas vezes em visita a Quinta da Boa Vista, pude conhecer o acervo maravilhoso. Acredito sem igual na América Latina.

      Lá estavam papiros egípcios, sarcófagos, ídolos, múmias, onde neste continente se poderia ter contato com isso, de forma tão bem organizada, e com tantos itens? Acredito que viajando para os Estados Unidos apenas. Lá também estavam centenas de ossos pré-históricos, montados na forma dos animais que um dia caminharam sobre esta terra. Urnas indígenas funerárias dos nossos antepassados, documentos históricos, enfim, milhares de coisas insubstituíveis para a humanidade.

      Tudo isso foi negligenciado, pois a prioridade dos nossos tempos em se tratando de cultura, está no incentivo à aberração, ao escândalo, ao inadequado, que os novos intelectuais insistem em propagar, moldando o perfil da sociedade, embrutecendo as novas gerações. Hoje uma exposição incentivando a pedofilia, recebe mais verbas do que um patrimônio insubstituível para a humanidade.

      Qualquer artista medíocre no Brasil recebe recursos de uma lei chamada Rouanet, para produzir seu conteúdo, mas não existia verba para garantir a integridade do principal museu do país. Frequentei o museu Nacional, tive o privilégio de levar meus três filhos lá também algumas vezes, mas meu neto foi privado de ver as maravilhas culturais que lá estavam.

      Não existe um sinal mais legítimo da decadência moral e cultural de uma época, do que aconteceu ontem. Espero que ao menos sirva para orientar nosso povo, que não é mais possível conviver com certo tipo de política, e certo tipo de ideologia sem que haja uma rápida regressão ao tempo das cavernas.

Gerson F. Filho.
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sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Pleno.





Pleno.

Me oculta com prudência estes desejos.

Não deixe o rastro nem a assinatura da vontade.

Cabal é o meu ímpeto quanto às possibilidades.

Se esta, de forma descuidada for uma insinuação.

Um olhar de promessa pode ser fatal,

Ao dizer o que o instinto deseja, mas o recato oculta.

Porque nós sabemos em nossos corpos,

Que o desejo quer morrer em pura chama,

E sucumbir ao prazer além do limite.

Onde o perfume do sonho deixa sua marca.

Gerson F. Filho.


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sexta-feira, 20 de julho de 2018

Utopia.





Utopia.

Ilusão. A morada preferida. Onde devaneios são consumidos para satisfação da nossa necessidade de remissão. O perdão a pura fatalidade de existir. Mesmo que não haja crença em algo superior, de fato, a fome existe, e este apetite tem de ser saciado de qualquer maneira. Exatamente o que pode se encaixar nesta lacuna, neste vazio devorador?

Nada melhor do que uma utopia. Dificilmente um ser humano escapa dessa necessidade, a não ser que alguma patologia o fustigue. Uns adotam crenças religiosas, outros ficam com o sistema político, que na verdade é proposto como uma religião. Uma fé onde o ser humano pode ser bom, sem interferência divina.

E assim vivem, e se multiplicam na necessidade programada de expansão ilimitada dos iguais. E aqui temos o primeiro e grande problema: os iguais não são iguais. Desejos preferências, escolhas não são padronizadas. E assim como existe a necessidade congênita de remissão, também existe a necessidade primordial de liberdade, de poder escolher o próprio destino.

 E qualquer sistema que tenha regras que entre em conflito com estas diretrizes naturais, sempre irá fracassar. Existir é uma coisa muito intima muito pessoal, este âmago não permite controle externo sem que se anule. E se anulando anula o indivíduo anula sua decisão, seu sentido, e consequentemente sua produtividade e por fim o que o tonava significante neste mundo, a existência.

 Não faz sentido viver sem a possibilidade da escolha. E uma escolha é um juízo, como definiu muito bem Sartre: Um juízo é o ato transcendental de um ser livre. O que nos leva ao dilema que não julgar se torna não existir. Dentro da mesma explanação do referido autor: Sou escravo na medida em que sou dependente em meu ser do âmago de uma liberdade que não é minha e que é a condição mesmo do meu ser. Enquanto sou objeto de valores que vêm me qualificar sem que eu possa agir sobre esta qualificação ou sequer conhece-la, estou em escravidão.

Ou seja, qualquer sistema que venha invadir a privacidade, o direito de escolha estará fatalmente destinado ao fracasso. A concepção do controle, da totalidade não se torna possível entre diferentes. Sempre produzirá uma emulsão confusa e improdutiva de desejos reprimidos e insatisfações, onde a criatividade, a produtividade e o amor se tornarão impossíveis de serem alcançados. Não existe felicidade entre grilhões. Mais vale a fé no que pode ser até considerado imponderável, mas proporciona liberdade, do que a crença no vazio. Produzindo deste vazio, o horror da escravidão.

Gerson Ferreira Filho.
ADM 20-91992.


Citações: Sartre, Jean-Paul, 1905-1980.
O ser e o nada- ensaio de ontologia fenomenológica: Vozes, 2015.


Livros e  formato E-book.👇




Atualidades e análise de politicas de controle de massas.





Livro Nacos de Mormaço.





Novela ambientada no centro do Rio de Janeiro nos anos 70 estruturada de forma bem simples para dar representatividade a uma região, uma comunidade e seus moradores. Incluso contos Contextos da usura do Norte Fluminense.


Ou em formato tradicional, o livro de papel na Editora Delicatta Ou no portal da livraria Loyola 👇











quinta-feira, 19 de julho de 2018

Vínculo.






Vínculo.

Foi uma promessa dos teus olhos?
Ou a assinatura do perfume?
Onde a viagem virou lume,
Que unem em luz nossos retalhos.

Esperança há entre mergulhos?
Pois o desejo assim se queime.
Que no exíguo momento oprime,
Neste jogo de luzes e espelhos.

Aí a vontade paira em frangalhos,
A partir da expectativa infame.
Só com impressão e não rastilhos.

Gerson F. Filho.


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domingo, 15 de julho de 2018

Vida.




Vida.

Minhas distâncias são infinitas. Não tenho fronteiras e tudo mais que sou, sou por não existir limite óbvio para o cálculo deste horizonte. E o que seria limite se o nada depende do ser? Um abraço intenso nesta dualidade, um beijo do zero no um, um afago do Yin no Yang, a carga do negativo e do positivo.

O macho e a fêmea que dançam para a o acasalamento esperando o grande final com anseio e prazer. O outro oculto me define, e se definido estou, moro na sentença estabelecida de alguém ou alguma coisa que foi espaço e ainda será tempo apesar de dogmas e de regras que acorrentam e limitam o conceito estabelecido.

Uma coisa infinita está ao nosso alcance, e nada pode restringi-la, a imaginação. Dentro dela mora o sonho, este que rompe limites, trafegando no passado distante ou no futuro que se supõe não esteja pronto. A dispersão e a retração do imponderável mora aqui. Onde a realidade não é tátil, mas a sensação tem densidade absoluta.

Ou você nunca teve um sonho tão intenso que ao acordar sobrou aquele resíduo de ter realmente estado lá? Existem aqueles que estão presos no momento, e aqueles que estão soltos entre as estrelas.

Lembre-se a explosão primordial aconteceu, e dela tudo surgiu, mas ela aconteceu em algum lugar, dentro de alguma coisa, e assim voltamos ao conceito de ser e do nada. Um depende do outro, nesta relação cósmica que ao se acumular em clímax, explodiu num orgasmo de luzes e descargas energéticas que tudo criou.

Gerson F. Filho.


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sexta-feira, 6 de julho de 2018

Trapaças.






Trapaças.

Ofereça-me uma única taça de ilusão,
Antes que tua boca entregue a mentira.
Sobrevivo ao anacronismo da quimera,
Faço abrigo na utopia com imaginação.

Sim! Dedique-se ao disfarce com paixão.
Aparências! Não esqueça a impostura.
Dou-lhe direito ao pretexto de quem erra,
Usufruo da fantasia, aqui faço meu chão.

Lembre-se: ao usar se é também usado.
Não pense que me será peso a artimanha,
Quando este presente se tornar passado.

A vida me ensinou a retribuir os sorrisos.
A sentir prazer com os beijos fingidos,
A viver naufrágios com o coração calado.

Gerson F. Filho.


terça-feira, 12 de junho de 2018

Antes do nada.







Antes do nada.

Eu poderia estar assim:

Como um sutil arremedo de vontade.

Na curva dos segredos,

Antecipando-me ao desejo,

Ainda que ele me apresente à posteridade.

Porque colhi volúpia,

Sem comedimento foi só insanidade.

E assim estas ruas formaram caminhos

Onde sinais e o odor de vinho,

Trouxeram-me teus cabelos em desalinho,

E no trânsito pressenti a verdade.

Entre luzes e a lacuna da noite

Veio de forma vadia o devaneio

Para me dizer:

O desassossego é um amor

Sem a ousadia de nascer.


Gerson F. Filho.

terça-feira, 15 de maio de 2018

Nacos de Mormaço.



O livro aborda de forma dramatizada e romanceada estórias de gente simples nos anos 70 no centro do Rio de Janeiro e no interior do estado. A rotina e o modo de vida de uma época no seu cotidiano. Uma região pouco comentada e representada na literatura.

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