segunda-feira, 18 de abril de 2011

Hipotético.





Dormi com estrelas,

Acordei sem lua no meio da rua,

Onde transeuntes afoitos

Não me enxergam.

Não sou hoje quem eu fui ontem.

A cada despertar me reciclo,

Como se parido em um novo renascer.

Algum detalhe foi-me acrescentado,

Fugi um pouco da ilusão.

E de antemão sou um estranho

Na floresta de manequins.

O objeto real já não existe mais

Na selva urbana.

Humanas; serão apenas as dores

Entre dramas circunstanciais.

Preciso das tuas conjeturas nuas,

Dos teus desassossegos,

E de tantas entre outras

Das tuas loucuras,

Que me incitam a viver

Um pouco mais.


Gerson F. Filho.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Os oportunistas.






De maneira insidiosa, pérfida mesmo, um movimento, ou melhor, um agrupamento de elementos se utiliza e aproveita da morte de crianças e da dor de seus familiares para conseguir seus resultados, que tem a ver com sua carteira de dominação política. Qualquer pessoa com instrução relativa sabe que o projeto de desarmamento da população integra a carteira de projetos de esquerda desde a sua criação.


Não querendo, porém está se tornando extremamente difícil separar todas as peças (boas ou ruins) desta situação, pois ainda acredito ingenuamente que existem esquerdistas românticos. Aqueles que crêem de coração que o socialismo resolve alguma coisa (mesmo depois da derrocada do berço do comunismo leia-se; URSS). Fica então um cheiro de podridão no ar ao assistir a este descaramento acintoso que está em curso no nosso país no momento.


Utilizando-se desavergonhadamente de uma tragédia da qual ainda não se saiu do luto, movimentos e personalidades políticas tentam obter vantagem aproveitando o estado de choque da população que foi ferida barbaramente por um alienado mental. Isso é o fundo do poço ético. O povo já decidiu anteriormente sobre o assunto desarmamento. Na ocasião sabiamente escolheu não abrir mão de um direito. As partes expuseram seus argumentos com plenitude e a população decidiu não abrir mão do seu direito de possuir uma arma, mesmo que muitos; nunca venham possuí-la.


Estes segmentos da sociedade deveriam estar lutando para o aumento da segurança pública. Para o incremento da alfabetização, da profissionalização dos nossos jovens que certamente reduziria drasticamente os índices de violência. Poderiam estar trabalhando em causas nobres, e não se aproveitando de oportunidades, como micro organismos invasores que sempre aguardam na espreita uma oportunidade para se dar bem e então daí se proliferar.


Querem um país menos violento? Então cobrem com mesmo empenho o controle da entrada de armas ilegais através da nossa fronteira. Cobrem a alteração na lei, tornem a legislação mais rigorosa e eficiente acabando com todas estas reduções de pena para criminosos. Mostre aos infratores que o crime não compensa. Tornem-se orgulho da sociedade e não o monturo abjeto que incomoda a sociedade de bem. Quanto vai custar para os cofres públicos um novo plebiscito? Creio que este dinheiro seria melhor empregado se fosse direcionado para a saúde, outro item sofrível do nosso país.


Gerson F. Filho.


sábado, 9 de abril de 2011

Aquelas palavras que eu tentei lhe dizer.




Teria sido o cotidiano mais suave se tudo o que senti tivesse ao seu alcance? Por onde minha alma caminhou talvez não houvesse espaço para a tua. Sempre estivemos em patamares diferentes, caminhamos lado a lado, porém nunca nos encontramos verdadeiramente. Sorrimos, choramos, construímos, criamos e, no entanto não acontecemos. Vivemos na tênue borda, delimitamos o perímetro, porém no cerne não fizemos morada.


Meu refúgio minhas palavras, minhas letras. Entre tantas e tantos anos foram e ainda são a minha verdadeira morada. Aqui existe um pouco de mim. Nos versos, nas opiniões, nas rimas desconexas nos artigos controversos ou nos contos exóticos. Sempre fui possuidor de uma personalidade multifacetada. As coisas simples e comuns não me satisfazem. Geralmente nunca estou com a maioria, amo a polemica, gosto que todo argumento seja discutido e esgotado. Simples é a perdição encontrar-se é o grande problema.


Ainda estou no caminho. Certamente milhares de passos ainda me separam de alguma certeza. Por enquanto não me encontrei, mas deixo-te algumas opiniões, pois o melhor da existência é a capacidade intelectual. Aquela qualidade sutil que nos separa da poeira do chão. E nos aproxima um pouco mais das luzes que decoram o firmamento.



Gerson F. Filho.


sexta-feira, 8 de abril de 2011

Transeunte.




Procuro um lugar.

Um contexto que se aplique.

O vento no rosto,

Um amor que ame

E tão só se justifique por amar.

Não faça cobranças.

Não alimente esperanças,

Que se não correspondidas

Irão gerar somente dor.

Quero a falta de compromisso.

Aquele momentâneo sorriso,

Um beijo apaixonado

Mesmo que seja só por agora.

Desejo a alegria da surpresa.

O inesperado olhar da vontade.

Para que haja um após

Necessito de ti,

Meu sonho inconcebível.


Gerson F. Filho.