domingo, 23 de maio de 2010

Horizonte.





Meu oceano,
Empresta-me
Um tanto de saudade,
Preciso ocupar essa monotonia.
Dá-me as lembranças minhas,
Para que a alma se aqueça
Com a silhueta do meu amor.
Essa que me ocupa apesar do vazio.
Não permita que ela
Se ausente; ao menos,
Das recordações.
Ela é o tudo do nada que me restou.
Seja tu ao menos complacência;
Aquela é o ponto que me adota,
E que através daqueles olhos
Livro-me do precipício
Onde o lume não alcança...
Não me guarde entre teus arroubos,
Pois vagar no teu infinito
Sem esperança,
Seria pior do que jamais
Saber o que é amar.
Sele meu destino outro dia,
No dia que eu desistir de
Voltar ao mar.


Gerson F. Filho.

No tempo certo.





Quando você voltar;
Meu amanhecer não será
Mais um sofrer.
Haverá o riso,
E a melancolia
Junto com toda essa agonia,
Terá sido apenas
Algo que deixe o resquício
No sorriso,
Alguma coisa que;
Não vai mais acontecer.
De todos os desacertos,
Em todas as mazelas
Talvez destas apenas seqüelas,
Para lembrar que para se feliz
A dor do caminho
Ficou na lousa,
No risco de giz.

Gerson F. Filho.

domingo, 16 de maio de 2010

Entre momentos.







De um amor não se foge eternamente!
Ou se ama naquele exato momento,
Ou este, o momento, vive simplesmente.
Pois tempo não constitui argumento.

Antes que me surja em fatias o fogo,
O desejo me cercaria em uma vontade.
Antes que a vontade perca o fôlego,
Minha alma suave queima em verdade.

Bem assim consumir-me no total em chama,
Crepitar quente, clamar; amar quem me ama,
Não terá sido em vão ir às cinzas por ti.

Porque bem doar-se a um amor o amor;
Bem desfaz o caminhar das horas e da dor.
Faz de ti um anjo no átimo do sorrir.

Gerson F. Filho.

sábado, 8 de maio de 2010

Encontro marcado.






Ultrapasse o conceito.
O que disseram não se sustenta.
Talvez seus heróis tenham sido facínoras,
Enquanto canções de ordem te convenciam
Do contrário.
O cenário não é o que parece.
Sórdidos desejos pavimentam
Este caminho.
Não se prenda a totalidade
Ardilosa dos argumentos passionais.
Nas ruas, no cotidiano mora a realidade.
Veja se quiser,
Basta ter vontade.
Olhe para ver,
Antes que o desastre te encontre.

Gerson F. Filho.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Pião.






Enrolei o cordão bem justo.
Olhei em volta com calma,
Emiti o assovio bem junto,
Lancei-o veloz como alma.

Ele zuniu no chão bem liso.
Bailou como sonho enorme,
Peguei-o antes do sorriso.
Quem gira veloz não dorme.

Cambaleou no último giro.
Será que emitiu suspiro?
Quer o abraço do cordão!

Não por isso! Gire de novo.
Barbante não é o estorvo,
Basta apertar com o coração.

Gerson F. Filho.