terça-feira, 14 de janeiro de 2025

A maiêutica que nos socorra.

 

                                                              Image by S K from Pixabay.




A maiêutica que nos socorra.



Como citei outro dia para amigos: “A realidade não se curva perante políticas imbecis que procuram satisfazer vontades de idiotas”. Então, precisamos voltar e mergulhar nas profundezas filosóficas da estrutura mental e realinhar no tempo a causa e o efeito, o ato e a resposta da ação, transformar o óbvio em realidade novamente e não mais viver na artificialidade de sonhos loucos que pairam no subconsciente de desajustados mentais, os quais produzem uma realidade paralela danosa e agressiva com o que é correto. Precisamos de um parto de um novo ser, de um novo cidadão consciente da realidade, dos seus reais deveres e de suas obrigações morais e éticas com a sociedade, e expurgar de dentro de si todo conteúdo vulgar e caótico que assim hoje nos governam como estilo de vida. O método dialógico socrático diz que ninguém é capaz de ensinar algo a outra pessoa, que a transformação deve vir de dentro, mas eu sou insistente em induzir, em tentar mostrar o caminho lógico para que direcionado o indivíduo entre dores internas consiga parir um novo ser que seja dessa vez consciente da realidade. A maiêutica faz parte desse método socrático de analise e de transformação social. Literalmente significa parto, parir um novo ser, agora esclarecido, evoluído e ciente da realidade que o cerca. Esse parto se dá, no meu entender, após a inseminação do elemento social e sociável por uma nova ideia de mundo, um novo conceito que se desenvolverá dentro dele e crescerá dominando o ambiente psicológico até que seja parido ritualmente um novo ser pronto para uma nova vida, como uma cigarra que troca sua estrutura para enfim, dar oportunidade a continuação do ciclo da espécie. O ser humano, como citou Sócrates só muda internamente, mas acredito na semeadura da ideia, o implante necessário para o desenvolvimento interno entre constantes questionamentos para gestação saudável de um novo ser. Apenas o conflito de ideias transforma o homem, sem esse conflito a estagnação e o apodrecimento mental se torna uma realidade. Inserir a semente na terra e aguardar a germinação até chegar o ponto de fruto, e o parto do novo ser como colheita. Por que se faz necessário tudo isso? Porque a realidade não se curva perante políticas e propósitos imbecis, e se você não quer habitar um lago podre de razões controversas e sem propósito precisa semear a verdade no inconsciente coletivo e de pessoas que o cercam. Pode parecer desperdício de tempo, perda de esforço em algo aparentemente irrecuperável, mas a natureza é versátil até no trato psicológico e na profundidade dos arquivos do subconsciente humano. Não perca a oportunidade de semear a dúvida, pois somente ela encaminha para o progresso. Duvidar gera o questionamento, a pergunta aparentemente inconveniente que surge internamente gera o conflito necessário para o dialogo entre vertentes e fluxos entre propósitos, o que dialeticamente produz a síntese da ocasião. Um novo produto no cenário provavelmente menos radical e sendo assim sem um textura corrosiva para a realidade. No fim, significa ensinar a raciocinar por conta própria, e não depender de discurso externos para justificar comportamento e tendências absurdas e conflitantes e disruptivas com o que é real. Giovanni Reale esclarece: “Sócrates nada escreveu. Para conhecer seu pensamento e avaliar sua importância e alcance, devemos recorrer aos testemunhos dos contemporâneos ou a testemunhos que derivam deles de maneira mediata”. E “A fonte mais antiga é Aristófanes”. A segunda é Platão mas Platão dá um teor muito pessoal ao que mostra de Sócrates, criando dúvida a respeito do que é de quem em obra intelectual. Mas isso fica para a episteme pessoal de vocês a respeito da situação. O que realmente importa não são os fatos genéricos mas a estrutura mental de uma época degenerada. Será necessário trabalhar o inconsciente de muita gente para tentar uma recuperação mental na sociedade que hoje foi corrompida de forma profissional por agentes do caos. Precisamos de um processo de parto e uma nova geração mentalmente sã, preparada para produzir um mundo realmente mais próximo da realidade, e que abandone toda platitude gerada por anos de doutrinação ideológica e de negação do que é ético e honesto. Restaurar a humanidade que cambaleia entre os escombros da normalidade ética tem de se tornar o proposito base de quem tem conteúdo para contribuir para os novos tempos. E apenas a origem filosófica pode lidar com esse desvio mental em curso. Será difícil? Sim! A estupidez veste uma capa de vaidade e costuma ser agressiva quando mexem no seu estoque de razões diversificadas em erros sistemáticos de validação. Lembrem-se o estúpido assim como o imbecil vêm abarrotados de certezas e com esse material ele, os estupido produz algo muito comum hoje, o idiota útil, aquele que se apega em quem lhe alisa a cabeça e promete um premio se for obediente. Este tipo de gente pode ser enganado diversas vezes, que mesmo assim sempre abana o rabo para o dono. Tem alma de cachorro, e geralmente se apega a políticos de qualquer vertente ideológica. A dependência muitas vezes tem origem psicológica alicerçada em carências afetivas familiares que induzem a busca por um pai político adotivo para chamar de seu.



Já perceberam que semear dúvida nesse terrento para ocasionar uma transformação será complicado? Mas a luta é assim mesmo, exige versatilidade e capacidade de convencimento e entrega da semente no inconsciente que em algum tempo de gestação nos dê uma maiêutica gratificante. Ideias são contagiantes, atrativas por possuírem o odor do desafio, Estimule o desejo por raciocinar e entregue a semente. Uma vez alojada ela progressivamente invadirá o labirinto metal do portador até preenchê-lo de dúvidas o suficiente para desalojar a certeza antiga que o portador tem da realidade. E a partir dai a dúvida fará o resto, vai proporcionar a dialética interna oferecendo o conflito saudável entre hipóteses e alternativas até purificar e filtrar um novo ser para surgir em um novo mundo psicológico, não mais escravizado por platitudes arrogantes e discriminatórias. Nós os lúcidos que restaram precisamos emprenhar psicologicamente essa turma toda com o bom propósito, eles resistirão mas agindo de forma dissimulada podemos realizar essa missão. E depois basta deixá-los a sós Carl G. Jung cita: “O paciente deve estar a sós para descobrir o que suporta quando ele não está mais em condições de suportar a si mesmo. Somente essa experiência dar-lhe-á um alicerce indestrutível” e “Algo neles se agarra muitas vezes com a força do desespero, como se eles ou algo neles estivessem na iminência de precipitar-se no nada, caso se soltassem. Procuram um chão firme em que se apoiar. Como nenhum apoio externo é adequado devem encontrá-lo em si mesmos”. Alguma similaridade com Sócrates? Então, mãos à obra, eu já estou fazendo a minha parte, converse, dialogue, entregue sutilmente a semente da dúvida e deixe-os a sós para uma gestação tranquila e que tenhamos êxito nessa missão de resgate.




Gerson Ferreira Filho.


Citações:


Sofistas, Sócrates e socráticos menores. Giovanni Reale. Edições Loyola.


Espiritualidade e transcendência. C,G. Jung. Seleção e edição de Brigitte Dorst. Editora Vozes.



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quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

O fim do túnel.

 

                                                     Image by Pete Linforth from Pixabay. 





O fim do túnel.



Bom, eu a princípio nem queria escrever a respeito de política, mas algumas coisas precisam ficar registradas para o acervo da história. Finalmente o Estado essa instituição sem materialidade mas com um peso específico esmagador conseguiu finalmente elaborar algo que controle completamente toda e qualquer atividade econômica do seu povo. Através de um útil e descomplicado sistema de pagamentos vai ser possível acompanhar toda movimentação financeira do seu povo, e nesse ponto se estabelece um mínimo aceitável de despesas, de acordo com a renda básica declarada que foi estabelecida em valores irrisórios. Não adianta culpar apenas o atual governo, essa facilidade infame, que pode até ser uma delícia como facilitador de negócios foi criada no governo passado, assim como foi a obrigação pela picada infame que hoje mostra seu impacto na sociedade com jovens caindo mortos aleatoriamente onde se disfarça e se oculta a culpa estatal. Então, a medida passou a ser o assunto principal da população, digo do povo mesmo. Nos barbeiros, na vendinha de bairro, no boteco e até entre peões de obra. É uma resposta interessante pois nunca aconteceu isso anteriormente nesse país. Vivemos em um país peculiar, já devem ter notado que aqui para causar comoção tem de acontecer algo como um desastre colossal em ternos de impacto social. Por que? Quem presta atenção no Brasil sabe que aqui existe na realidade toda uma economia informal que sustenta o povo mesmo nas ocasiões mais complicadas. Vejam, mesmo em crises econômicas, essa e tantas outras do passado, sempre o povo enche as praias em fim de ano e férias. Alugam apartamentos para temporada, bebem e comem de tudo por semanas e claro, boa parte desses recursos vieram de atividades econômicas não catalogadas plenamente pelo fisco. Digamos como exemplo: o homem tem seu emprego, seja lá o que for, ganha razoavelmente bem, mas sua esposa também se vira, trabalha de cabeleireira, e ainda faz doces para vender no bairro, e assim podemos imaginar uma infinidade de atividades econômicas para incremento do orçamento doméstico que em algum momento serão utilizados para melhoria de vida e para um merecido período de férias no litoral, pode ser qualquer coisa, até dirigir Uber ou vender fotos ousadas na Internet nas horas desocupadas, uma fonte de renda adicional muito bem vinda. Vocês entenderam? Essa economia informal, de vender quentinhas, de ser manicure, de vender cachorro quente em fim de semana, de produzir algum artesanato interessante e com isso obter mais dinheiro para seu conforto será agora tributado, pois com a centralização de pagamentos, o controle dessa atividade é possível, e com um teto de lucratividade se estrangula o fluxo de dinheiro permitindo obter nessa atividade que alimenta informalmente o povo com mais tributo. Esqueça o empreendedorismo com opção de melhoria de vida, a atividade morreu. O que realmente acontece? Ora, foi a sociedade que conduziu um condenado por diversas ilegalidades de volta ao poder, o que poderia dar errado né? Como uma sociedade sadia pode prosperar onde o objetivo principal do governo é a vingança? Apoiados em conceitos bolorentos de economia, sustentados por mentiras e desfaçatez elaborada essa gente não tem nenhuma piedade do seu próprio povo. Vão usá-lo como uma laranja, extrair todo sumo e o bagaço vão jogar fora. Não há misericórdia ou empatia, apenas enxergam o povo como um enorme gramado de onde tiram o capim que irá sustentá-los. Colhem sistematicamente sem nunca plantarem para garantir uma nova safra de capim, assim os desertos são criados. A analogia do capim com o alimento deles é apropriada, pois como irracionais vivem cobertos de certezas onde a racionalidade exige avaliação de cenário para criar um futuro adequado ao povo. Mas irracionais não possuem conteúdo sofisticado dentro de si, apenas uma programação básica para que cumpram sua existência dentro de capacidades limitadas e específicas. Um ruminante nasce cresce come capim procria e morre, nada mais por milênios será alterado nessa programação. Serão objetos de uso por quem pensa realmente e terão seu fim determinado pelos seus limites, óbvio, vão virar churrasco. Assim se comportam pessoas sob efeito ideológico, não pensam, e se não pensam não são capazes de organizarem-se e de enfrentarem mudanças. Essa mudança politico econômica tem essa finalidade, transformar toda sociedade em gado, pois um espécie limitada intelectualmente sempre quer um mundo padrão onde qualquer diferença seja eliminada. A diferenciação, a presença de qualificação diversificada agride ao boi que governa. Ele é limitado e por isso todos tem de ser assim, quem é você para ousar ser melhor do que o sujeito que você, sim você escolheu para ser o comandante? Não reclame do nivelamento por baixo, foi opção de muitos, muita gente supostamente intelectualizada, com recursos e privilégios optou por isso, agora aguentem. A presunção de ser inteligente sem ser se denomina estupidez, e ela está completamente abastecida de certezas. E este perfil cria o idiota útil, aquele que lutará bravamente e de forma intransigente para ir para um curral e ainda se orgulhará disso.



Então, aquela doce economia informal que dá sustentação e resistência ao brasileiro vai chegar ao fim. Sob controle legitimado por suas próprias escolhas políticas a jaula foi aberta e o atrativo colocado para conduzir o rebanho para a prisão. E assim caminhamos para o mundo controlado onde apenas uma nata social de privilegiados terão acesso as delícias do mundo. E essa elite não quer dizer elite intelectual não, apenas um grupo oportunista e versátil quanto ao caráter e a honra. Onde perversidades e deslealdades fazem morada perpétua. Dizem que transformações ocorrem nos momentos mais difíceis, onde a pressão social ultrapassa o limite da razoabilidade, assim caminhamos para esse momento. Quem sabe, esse povo que sempre deu um jeitinho para superar crises agora vendo seu jeitinho ser taxado e controlado acorde para uma nova situação que dependa de ação efetiva, ou talvez relaxem e desfrutem do novo ciclo, encabrestados e inutilizados para uma vida de esperanças de futuro melhor. A renda extra vai acabar, o orçamento paralelo não existirá mais, talvez a hora mais amarga crie a energia necessária para escapar. Com tudo bem mapeado para cobrança de impostos, até a pipoca que você vendia nos fins de semana para complemento de renda vai pagar imposto, não se engane, qualquer operação que envolva valores será acompanhada para tributação necessária. Afinal, aviões particulares, iates, vinhos premiados, lagostas, filé mignon e picanha maturada custam caro e a elite tem fome. Aprecie seu angu com taioba acompanhado de um pé de galinha e agradeça a si mesmo por estar com tanto privilégio, parabéns! O túnel finalmente acabou, e nesse fim tem um abismo. Lembre-se: seja feliz com o nada que você tem.




Gerson Ferreira Filho.


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sábado, 4 de janeiro de 2025

Do tempo e do espaço.

 

                                                        Image by Enes Koç from Pixabay. 





Do tempo e do espaço.



Aqui dentro dessa realidade sou tantas incertezas que não estou certo de estar mesmo aqui, mas selecionando cuidadosamente hipóteses, as exógenas e as intimistas, aquelas que trazemos no nosso perfil atual, sou obrigado a analisar essa estrutura que nos envolve e abriga como um texto produzido para ser nosso caminho, independente da nossa vontade onde a ilusão nos conforta com sugestões de autonomia particular. Assistimos o tempo passar, e o inconformismo com a brevidade da vida colocou-nos na busca da eternidade ou quase isso. Como não possuímos a informação completa, vivemos de suposições, de ensaios acadêmicos, onde caçamos oportunidades para transformar a realidade aparente que nos circunda se perpetue e prossiga conosco eternamente. Do mago que realiza seus sortilégios, ao vidente que busca o futuro e até ao cientista que aprimora um novo jeito de viver. Todos nós tentamos ir além das circunstâncias. Mas a ocasião é efêmera, o equilíbrio pode subitamente se desfazer aleatoriamente como um devaneio que na verdade ela é. Pois somos moldados em sonho para possuir a fluidez necessária para o processo. Aqui, todos nós somos o produto, já superamos ou deveríamos ter superado o básico, e há toda uma sequência de eventos pela frente. A arquitetura do tempo nos aprisiona e define o roteiro a ser seguido, Para entender o início e o fim teríamos de ter tamanho físico e mental para entender o real início e como tudo acaba. Somos insignificantes, mas não gostamos de ser, no emaranhado a estrutura que se move somos uma inteligência biológica que evoluiu dentro de sua bolha de água específica e sendo assim, o exterior nos é agressivo e não permite que rompamos a sua delicada pele para aventuras mais ousadas em tudo que existe lá fora. Entendam, se prosseguirmos dentro das mesmas regras seremos extintos com qualquer ocasionalidade assim como gerações de seres vivos foram extintos em sua determinada época, eles não raciocinavam e nem criavam tecnologia. Extinções em massa são comuns na estrutura infinita do tempo. Não há como existir para sempre, sempre vivendo dentro da frágil estrutura que nos protege do universo. O que exatamente nos diferencia de todo restante? Essa coisa chamada intelectualidade, raciocínio e capacidade de acumular conhecimento através de gerações, e com o somatório de tudo isso, criar a alternativa plausível que vai conseguir nos levar além da nossa bolha e ainda assim sobreviver. Estamos no início ainda insipiente de uma era de transformação, talvez tudo isso faça parte do salto evolutivo necessário para que prossigamos com relevância no universo. Provavelmente ainda vamos existir como estrutura biológica por muitas eras, mas a partir de um determinado ponto com a possibilidade de migração e incorporação por produtos artificiais de inteligência, estes que assim nos darão as qualidades necessárias para que possamos sobreviver e viajar fora da nossa bolha para qualquer ponto no espaço. A inteligência artificial está aí para isso, o novo salto evolutivo, o degrau que teremos que subir para alcançar níveis mais elevados de expansão, a colonização de Marte, hoje plausível, não eliminará totalmente os problemas de extinção, o planeta é menor, tem menos gravidade, corpos humanos nascidos lá tenderão a ser mais frágeis, e se torna até possível que dentro de algumas gerações, um humano nascido em marte não consiga viver na terra, sob o peso gravitacional do nosso planeta. Sem contar o impacto de toda vida microscópica que nos envolve aqui. Quando e se migrarmos para corpos, podemos chamá-los de sintéticos, teremos a capacidade ampliada pois não teremos mais as necessidades biológicas tradicionais, de alimentação, de descarte de resíduos, de sentir frio ou calor e imunes a radiação cósmica. Neste ponto estaremos prontos para a conquista do espaço exterior, prontos para o universo. Antes disso, permaneceremos no nosso aquário redondo, expostos a qualquer acidente natural que acabe com todos nós. Um vulcanismo incontrolável, um meteoro enorme, um cometa ou uma epidemia mortal. Entendem a nossa fragilidade? Somos tecnologia biológica que aproveitou uma janela de oportunidade no caos para viver e progredir, mas há limites evidentes insuperáveis para o prosseguimento da espécie. Claro, o tempo prendeu a todos nós em tradições e regras de conduta, não será fácil harmonizar tudo com a nova realidade, exigirá adaptação, política, religião, estilo de vida, capacidade constante de progresso e aprendizado, qualidade de compreensão da nova realidade que se instala para a transformação do velho mundo em novo. Estes períodos de mutação civilizacional costumam ser bastante conturbados, já sentimos esses efeitos mesmo ainda não conhecendo o objetivo final, estamos apenas absorvendo as sensações da mudança climática na textura da realidade, os espasmos dentro do casulo que era lagarta e em breve libertará a borboleta, um novo ser gerado a partir de um antigo e limitado. Mesmo sem o impacto de todo planejamento das elites preconceituosas, a população do planeta de forma geral está regredindo naturalmente, menos crianças nascem a cada ano. Um clássico sinal de esgotamento de ciclo de uma espécie. Junte isso a possíveis guerras e conflitos onde vidas se perdem, teremos um inventário bem menor de seres humanos no próximo século, e leve em conta também a redução da diversidade e de qualidade do próximo humano desse mundo. São muitos desafios neste período, mas a mudança se faz necessária para que escapemos da bolha, do destino traçado para vida inferior e frágil. A inteligência humana é preciosa demais para ficar a mercê da causalidade.



Temos vida fora da terra? Ora, quase certo que sim, tanto universo com trilhões de galáxias que contém bilhões de estrelas para um pingo de vida? Lamento, é muita arrogância pesar que somos únicos. Mas as distâncias colossais certamente criam condições intransponíveis para que um tipo de vida encontre outro. E qualquer outra civilização com tecnologia para vencer todo esse espaço ilimitado teria de ter passado por todos os obstáculos que passamos hoje. A verdade é que civilizações surgirão e desaparecerão sem nunca conseguirem superar algumas etapas, E as poucas que conseguirem dar o salto tecnológico serão com deuses, e não se sabe se terão interesse por nós, ainda um limo biológico brotando na superfície de um grão de areia. As questões metafísicas deste tipo de vida serão assim tão aprimoradas que provavelmente olharão para nós, se é que se darão o trabalho para isso, como formigas ou cupins construindo seu ambiente de sobrevivência. Talvez pensem: que interessante! Ovnis? Se forem reais e não um subterfúgio com fins de ilusão, são sondas de exploração, não há vida real dentro deles, apenas coletam informações, e olhem, nem abordamos a possibilidade de vida fora dessa dimensão que conhecemos. O que elevaria absurdamente o nível de evolução de alguma espécie vivente, saltar entre dimensões com fim exploratório. Então, seremos um desses povos evoluídos ou continuaremos aguardando a extinção? Estaremos entre os melhores e mais aprimorados ou pereceremos na textura da insignificância dessa imensidão cósmica que nos cerca? Devemos agradecer que nenhuma espécie predatória ainda não nos encontrou para tratar-nos como por exemplo, proteína para consumo, evolução tecnológica não caminha ao lado de evolução moral. Talvez alguém lá fora goste de comer formigas e cupins. A nossa sorte é que provavelmente se alimentem de energia como talvez vamos passar a fazer, um reator de fusão nuclear será a nossa mercearia, o nosso sustento. Entenderam os tantos riscos que corremos ao permanecer exatamente assim como ainda somos hoje? Frágeis ao extremo, presos na nossa gota de água e limitados eternamente por esse perímetro. Basta uma ocasionalidade fortuita e ninguém saberá que isto aqui existiu. Prossigamos na fé que Deus é muito maior do quer tudo isso, e que ele realmente nos programou para algo bem acima dos nosso desejos. E que a relevância humana seja exaltada na tecnologia que pode tirar a todos nós do ostracismo cósmico.



Gerson Ferreira Filho.



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domingo, 29 de dezembro de 2024

Viver para ter sentido.

 

                                               Image by Mia-Maria Wikstrom from Pixabay.



 Viver para ter sentido.



Essa coisa tão valiosa que nos maltrata, que significa existir mesmo na precariedade plausível do momento onde nos reunimos para dar cabo do tempo que nos abriga, vive fugindo, escapando do controle para adicionar um pouco mais de carga na ocasião já inusitada de submissão ao destino. Vida, o que fazes de nós? Qual seu propósito? Dar-nos o processo abrasivo e desgastante de tantos momentos que nos consomem ou realizar o polimento que irá assim agregar valor a nossa alma? Há o tormento da incerteza que conflita com o bom propósito nessa equação. Pendurados que estamos na eternidade apenas desejamos conhecer o amanhã. Não será muito que a nós seja oferecido uma cota de esperança para que atravessemos os dias sombrios onde nos submeteremos ao maligno para complemento da evolução. Atravessar o oceano de demônios será difícil. Mas então, basta um incentivo para que a determinação suplante o medo e haja prazer na agonia do caminho. Aquela circunstância que dará aos bardos os versos necessários para uma inesquecível saga poética que guardará o nosso sacrifício por um mundo melhor. O tempo transformará o hoje em poeira, mas os bravos viverão nas histórias e estórias e também no imaginário dos que virão. Adentraremos com bravura a escuridão, pois esse propósito foi dado a nós como missão, não há alternativa. Cada um pegue seu remo e enfie no flanco abusado do que nos envolve com impertinência, reme! Lute pelo destino que a vós foi oferecido. Sua cota de esforço lhe trará dignidade e honra ao atingir o limiar da exaustão. O ranger das tábuas do convés me incentiva, elas dizem que lá fora, no fim do mundo o mar é bruto, mas minha vontade e determinação não flexionam e não se intimidam com o lamento dessa circunstância. O futuro pertence a Deus e eu estou com ele a serviço dos seus desígnios. Não mais importa o tempo e a ocasião, mas apenas o objetivo, transportar a esperança para os que a perderam e sem ela sucumbem no desespero. Reme! Até a exaustão porque a diáspora dos sentidos se fará presente nessa água toda que nos circunda. Ela é valente como a natureza, cruel no seu contato físico com a determinação sutil de sua forma, mas ali no seu intimo também se abriga a vontade do Criador. Não será uma emoção de través que irá nos causar desconforto, abrigados em capuchanas prosseguimos com o vigor do comprometimento com a missão. Não se enganem com o revestimento literário que aplico ao tema, o próximo ano tem tudo para ser o maior desastre social que esse país já viu. Mas como de costume, as praias estão cheias, e parece que tudo vai bem. Famílias queimando reservas que farão falta no futuro. O governo finge que está tudo certo, que reservas financeiras não estão escoando pelo ralo, que empresas estatais não estão com gigantesco prejuízo e que um país que tem quarenta milhões de usuários de um magro bolsa família está bem socialmente. Com malucos desse nível no poder o desastre esmagador nos aguarda em breve para abraçar a todos carinhosamente. Este avassalador desmoronamento social é o que poeticamente uso na minha literatura como oceano a ser cruzado. Aquilo que vai tentar engolir a todos nós, preparados ou não, pois a certeza é a única coisa que paira no ar, o desastre virá. Não se trata de pessimismo ou desesperança, mas de realismo, de pragmatismo com todos os índices e sinais a disposição não podemos ignorar a aproximação do pior cenário. E com o corte de benefícios para os doentes e vulneráveis a tragédia será enorme com certeza. Não há piedade nessa gente, apena gula, ganância por recursos para alimentar seus privilégios. Você que é de esquerda, esqueça toda doutrinação proletária, de benefícios ao trabalhador e ao pobre. Sempre foi para criar e servir a uma seleta elite de políticos que dizem no discurso defender os mais pobres. A perversidade social sobrenada na alma dessa gente, se é que podemos classificá-los assim, como humanos. Misericórdia não existe para essa turma pedante e que julga possuir superioridade intelectual mesmo sendo um desastre nessa área. A maior tragédia cognitiva está em acreditar possuir superioridade intelectual sem ter na verdade nada nesse sentido, com o ignorante se pode argumentar, mas com o imbecil nunca. O Imbecil é completamente preenchido de certeza nos seus devaneios como a literatura da psicologia explica. Basta ver o desempenho da nossa justiça hoje, protege o criminoso e pune o cidadão de bem o expondo a violência criminosa do infrator da lei. Eu nas redes sociais até escrevi algo a respeito que traduz perfeitamente esse comportamento: “Se você solta tubarões eles seguirão sua natureza e seus instintos. O resultado disso é óbvio. Mas este tipo de raciocínio é sofisticado demais para nossa justiça entender”. Traduzindo: os prisioneiros soltos, por natureza são violentos, são os tubarões, os nossos juízes acham que não, e o que acontece? O óbvio, se você solta gente violenta e sem princípios morais e éticos na sociedade, você está expondo a risco grave o cidadão de bem o inocente. E assim sobram ocorrências brutais evidenciando que a ação de conceder liberdade a quem não merece estar livre é um erro grotesco. A lógica mais elementar diz que se estão presos então, são propagadores de violência, e nada no cárcere os purificou, ao contrário, alimentou nessa gente o espírito de vingança da sociedade. É uma evidência tão cristalina que esmaga qualquer argumentação em sentido contrário, os resultados estão aí para comprovar a realidade. Mas como eu citei, não existe sofisticação intelectual nessa turma para entender o óbvio, possuem apenas doutrinação ideológica.



E nós sabemos que a doutrinação ideológica leva ao abismo. Levará décadas de desastres sociais para que fique entendido que essas posições politicas apenas geram sofrimento, desespero e desesperança. Viver em paz e segurança, com a possibilidade de evoluir economicamente é o objetivo da civilização, mas o que vemos é uma sanha desmedida por um retrocesso da forma de viver. Dizem que a história não se repete, mas o odor de França em 1789 começa a ser sentido de forma sutil no ar. É bom lembrar que no fim todo morreram, quem teve a ideia e quem a implementou. Espero que esse cenário macabro não se repita, e quando a fome se apresentar para a população não nos mandem comer brioches. Então, fiquem de prontidão para o pior. Mas ainda assim que todos vivam e mantenham a esperança. Quando colocaram essa turma no poder novamente era previsível obter o resultado que temos hoje. Portanto, Reme! E sinta o gemido das tábuas do convés que te sustenta, lá fora a imensidão está querendo te engolir para que você seja apenas mais uma estatística de fracasso nesse agora aviltante que nos circunda com ferocidade. Como em Romanos 8:31: “Se Deus é por nós, quem será contra nós”. Feliz ano de 2025!




Gerson Ferreira Filho.



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quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

O momento que nos sustenta.

 

                                                          Image by Genty from Pixabay. 



O momento que nos sustenta.




E assim aqui estamos, nesse mínimo espaço no qual o tempo se divide e onde está nossa morada, o agora, ou de acordo com a engenharia de estabilidade o momento de uma força é o produto da força pela distância entre o polo e o ponto de aplicação da força, a intensidade do momento é proporcional à intensidade da força à distância perpendicular. Calma turma, não desenvolverei essa área para tormento de vocês, mas todo momento se constitui de força e intensidade para fluir e ele é criado exatamente de acordo com um ângulo reto de 90 graus na sua origem. Nessa intercessão de vontades supostamente na aleatoriedade do ser. Estamos no momento da incerteza, da ocorrência de coisas que entram em conflito direto como o que percebemos e que guardamos como correto no nosso baú particular de valores. Afinal, ser contemporâneo da insanidade requer um absoluto desprendimento e versatilidade para trafegar por vias corrompidas e ainda assim manter lucidez suficiente para não fazer parte desse todo abjeto. Eu nesse momento procuro não aderir a modismos, ao apelo do recrutamento político por tendências e ao descalabro moral de uma época. Pertencer somente a mim tem um preço, e aceito essa cobrança, não faço parte de grupos de interesse, se tiver de criticar pesadamente qualquer um deles porque notei hipocrisia e falsidade assim será. Não há negociação, por enquanto consigo me sustentar sem auxílio político, talvez um dia possa mudar, mas por enquanto prossigo na independência absoluta de pensamento. Não tenho bola de cristal para prever o amanhã. Por que coloco essa abordagem? Porque noto uma entrega pessoal por gente capacitada intelectualmente ao misticismo idólatra a políticos de ambas vertentes. Existe uma malícia imperceptível no ar, ela age como acobertamento de responsabilidades, e a falta aparente de opções leva a pessoa a se amarrar no tronco podre para manter flutuação. Na verdade acaba sendo um recurso de sobrevivência intelectual se abrigar no engano, mas com isso, quem se preserva na verdade é o trapaceiro. Depois que me aposentei, me separei, mergulhei na leitura nos estudos e vi que seria possível dividir esse conhecimento com mais gente. Passei a escrever e produzir livros. Não fazem sucesso e nem chamam a atenção de gente importante para possuir uma abrangência e circulação maior. Afinal, é cultura, e pouquíssima gente se importa realmente com isso no Brasil. Claro, um seleto grupo de pessoas, todas qualificadas e inteligentes me acompanham nas redes sociais, distribuem minhas mensagens e colaboram com a divulgação, tenho imenso orgulho desses amigos que não conheço pessoalmente mas já construí um nível de afinidade extraordinário. São gente do bem, pessoas interessadas em assuntos realmente relevantes, em cultura e estão em um nível superior de entendimento. Meu muito obrigado! Este fenômeno de comunicação chamado rede social, que atormenta governantes inescrupulosos é um paraíso da comunicação verdadeira, sem papas na língua e muitas vezes inconveniente, pois isto varia muito de acordo com a educação pessoal do emissor da mensagem, ela, a rede social está cheia de “especialistas” em coisa nenhuma, com um disfarce fugaz para criar polêmica e não para agregar valor. Serve também para avaliar a quantidade de gente com sérios problemas mentais, cognitivos e ideológicos no país. O que mostra o motivo de estarmos nesse nível de degradação social. Neste circo exótico de criaturas bizarras chutar o pau da barraca passa a ser até uma opção saudável. Então, nesse oceano de possibilidades já bloqueei e fui bloqueado por muita gente. Normalmente eu apenas bloqueio alguém por falta de educação básica ou ofensas, convivo muito bem com posições políticas que considero equivocadas mas que se apresentem de maneira respeitosa. E isso não inclui fanáticos. O fanático não aceita crítica pois sua crença já migrou para a religiosidade plena, completa. Possui um ídolo que jamais pode ser criticado ou sequer que se aponte seus erros evidentes. Gente assim, age por comando específico, o chamado popularmente hoje de apito de cachorro. O dono manda eles atacam, a tendência dessa turma de ambos os espectros políticos é o isolamento, se excluem da diversidade de pensamento pois consideram a diferença agressiva e desconfortável. Lembro mais uma vez, não é caso unicamente da esquerda, hoje há um Dom Corleone na suposta direita construindo seu nicho de colaboradores, essa gente também em alguns casos se torna intolerante. Excluem quem pensa diferente e que procura alertar do erro onde se colocam.


Eu prossigo crítico a todo erro, a toda tentativa de ludibriar o povo, não tenho alcance praticamente nenhum, pois devo ser perigoso até para quem supostamente é conservador. O que já me leva a desenvolver o raciocino de que essa gente possa não ser realmente conservadora, pois se há espaço na mídia para eles e não são perseguidos com ferocidade, há algum subliminar comprometimento nas sombras. Estamos numa realidade muito particular nesse momento, o que parece muitas vezes não é. Vale lembrar que estamos operacionalmente numa ditadura. O arcabouço jurídico e constitucional não se faz valer em sua letra base. Inúmeros são os desvios convenientes de acordo com a situação abordada, jurisprudências são estupradas a todo momento, fantasias aleatórias são consideradas verdade e motivo de prisão dos “escolhidos” para o sacrifício. Sustentados por um iluminismo de botequim, prosseguem aviltando o momento que nos pertence e nos sustenta. E assim vou deixar para vocês que me acompanham um fragmento de Jung a respeito de iluminismo: “A natureza da psique mergulha em obscuridades, para além dos limites de nossas categorias intelectuais. A alma encerra tantos mistérios quanto o mundo com seus sistemas de galáxias diante de cujas majestosas configurações só um espírito desprovido de imaginação é capaz de negar suas próprias insuficiências. Esta extrema incerteza da compreensão humana nos mostra que o estardalhaço iluminista é não somente ridículo, como também lamentavelmente estúpido”. Bom amigos que me acompanham, um ótimo natal cheio de saúde paz e prosperidade e um ano novo que mesmo com péssimos prognósticos políticos de todos os lados possa se constituir numa estrada para algo melhor e com bons resultados. Eu continuarei aqui com meus textos inconvenientes e ignorados pela maioria, aos que me bloquearam tenham sucesso também, vocês apenas ainda não se deram conta de que estão sendo usados, mas eu entendo, tem gente que sente prazer com isso. Abraços e até breve se Deus quiser.



Gerson Ferreira Filho.



Citação:


Espiritualidade e transcendência. C.G Jung Seleção e edição de Brigitte Dorst. Editora Vozes.


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sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Quando o ontem não sustenta o amanhã.

 

                                                 Image by Ivana TomásKová from Pixabay.





Quando o ontem não sustenta o amanhã.



E assim estamos na proximidade de mais um natal de mais um ano novo, mais um salto no ciclo e em torno do sol mais um prego no caixão ou mais um punhado de passos na estrutura do tempo com papel definido. Eu sobrevivi o suficiente para ver um mundo que não faz sentido nenhum em várias áreas. Toda cultura relevante se perde, toda sanidade mental escorre pelo ralo dessa circunstância exótica que remete a uma lembrança até gratificante das músicas de um compositor que tive o prazer de assistir ao vivo, Belchior, quando eu ainda possuía um coração selvagem sem tempo para viver. Ele nos seus versos rústicos dizia muito da alma de um momento que deveria ter produzido algo melhor no futuro, mas não, hoje temos apenas lixo cognitivo e delírios que se contorcem em espasmos na superfície desse agora, desse hoje doente e febril. Fica a pergunta que se reproduz em ecos inconvenientes: onde erramos tanto? Como uma sociedade se permitiu dominar tão facilmente por conceitos que possuem uma estrutura fragilizada na sua origem? Mas aqui, e claro, em alguns cantos de mundo prosperou. Basta acompanhar a miséria e a fome que esses conceitos tão alimentados aqui também estarão presentes na estrutura cultural desse lugar. Não deveríamos ter intimidade com o obscuro, com as trevas, mas mesmo assim elas se instalaram. E agora temos um mundo exótico, onde qualquer aberração lógica de procedimento tem lugar garantido na estrutura da realidade. Meu coração conspurcado com tanta ignominia não se dá muito bem nesse ofertório de platitudes e inconveniências semânticas dessa época de tolos. Porque aqui a ignorância não se dá conta que vive numa garrafa e dentro dos seus claros limites ainda possui arrogância sem saber da sua miserável condição. Bom, tem de ser assim, quem construiu o caminho onde coloco meus passos não tem satisfações para me dar. Cumprir a jornada e aprender tudo o que for apresentado, a única coisa a se levar daqui é o que se acumula de conhecimento. Em algum lugar e em algum momento tudo isso deverá ser útil, Pois como ensina o Caibalion: “Em algum momento a causa e o efeito em seu momento da lei da atração reunirá lábios e ouvidos”. Sendo ouvidos em algum intervalo de tempo e em alguma parte do universo serei os lábios, espero estar pronto para o trabalho. Afinal, alguém tem de separar a ilusão da realidade somos diferentes dos irracionais, possuímos a capacidade de transformação e portanto, nosso destino se abriga em propósito superior. Schelling tem uma observação a respeito do tema: “Esta transformação em luz do centro mais profundo não acontece em nenhuma das criaturas que conhecemos, senão o homem. Encontra-se no homem todo o poder do princípio mais obscuro e também, ao mesmo tempo, toda a força da luz. Nele encontra-se o abismo mais profundo e o céu mais elevado, ou seja, ambos os centros. A vontade do homem é o gérmen escondido na nostalgia eterna do Deus que ainda está somente presente no fundo; o raio de vida divina fechado nas profundezas, que Deus contemplou quando concebeu a vontade que quer a natureza”. A possibilidade de desorientação nesse nosso labirinto particular é imensa, há de se ter cuidado com facilidades e convites inadequados. Faz parte da avaliação, do procedimento de purificação, onde se perde a ingenuidade primordial para fluir corretamente em sentidos na estrutura  existencial desse agora, porque se o ontem não tiver sustentação nada há no horizonte que garanta um amanhã. Nessa situação de desequilíbrio mental toda sociedade e seus controles de qualidade ficam comprometidos, não há uma única previsão de acerto na estrutura, sempre a opção errada é escolhida porque a afinidade com o erro puxa sempre para si a falha de interpretação, populações geralmente dependem de comércio para enriquecer, é a atividade básica de qualquer sociedade, gera riqueza, incentiva a indústria para gerar mais bens de consumo e venda, enfim, veio do escambo de mercadorias e com a criação da moeda foi impulsionada para o evidente lucro e saudável acúmulo de bens produto da atividade. Tudo isso está muito bem esclarecido pela escola Austríaca de economia e pelo conservadorismo com toques do liberalismo original, e não esse que hoje temos. Afinal, o objetivo de todo mundo, exceto os socialistas é o bem estar, o enriquecimento social que oferece conforto, saúde e paz. Contudo, o socialista acredita em Estado forte, rico, dominante e que forneça tudo para sua população, causando um enorme desarranjo na ordem natural da atividade econômica, e como eles fazem isso? Impondo uma carga tributária desumana e que tira o incentivo para a produção e o trabalho, porque, afinal, o lucro tão maltratado e escorraçado por socialistas é o que incentiva e azeita as relações comercias.



Efeito imediato, praticamente se elimina o lucro de ontem e sendo assim não se tem riqueza para produzir um amanhã de qualidade, todos os recursos estão centralizados com uma minoria que mal entende as tradicionais condições de mercado. E ainda por cima gasta muito com os próprios desejos da minoria que comanda, se concedendo benefícios injustos com a coletividade, criando assim algo que contraria o discurso original de um governo para o povo, pois na verdade produzem uma oligarquia estatal onde privilégios são a normalidade governamental. No fundo é uma trapaça politica ideológica para que uma minoria viva muito bem à custa de todos. Frédéric Bastiat aborda o tema lá nos primórdios da atividade econômica comercial: “Quando se trata de impostos, senhores, procurem provar que são necessários e úteis com razões substanciais e não com o a seguinte afirmação, tão descabida: “As despesas públicas fazem a classe operária viver”. Tal afirmação é equivoca, pois dissimula um fato essencial, a saber, que as despesas públicas são sempre substituídas por despesas privadas. E que, por conseguinte, elas fazem um operário viver em vez do outro, mas não acrescentam nada à classe operária, considerada em sua totalidade”. Vejam estamos falando bem antes de tantos estudos econômicos entrarem na pauta internacional, Bastiat viveu entre1801 e 1850. Aqui ele fala de carga tributária, essa coisa tão amada pela esquerda. Onde a arrecadação em certo momento começa a ser desviada por membros do governo para assuntos privados dos governantes, causando a necessidade de contínuo aumento de arrecadação para suprir as imensas necessidades, agora não só do Estado mas também dos privilegiados. E claro, uma fatia diminuta de operariado mais próxima dos governares viverá e o restante não. E assim temos o sistema injusto dos que teoricamente se preocupam com o proletariado. O truque é bem velho, não há novidade nenhuma no que acontece hoje em pleno século XXI, essa gente não muda, não aprende nunca. Essa gente não possui algo dito por Schelling: “O vínculo que unifica a nossa personalidade é o amor e se somente a ligação produtiva de ambos os princípios pode ser criadora e produtora, então, é o entusiasmo no sentido próprio do termo que é o princípio ativo daquela arte ou ciência que cria e produz”. O princípio ativo, o entusiasmo é o lucro individual que estimula a ação, o trabalho, que dá força para o indivíduo criar e ultrapassar metas na individualidade e assim atingir um patrimônio próprio que lhe dê bem-estar a ele e sua família. Sem esse pequenino detalhe odiado pelos coletivistas não teremos o ontem e muito menos o amanhã.




Gerson Ferreira Filho.


Citação:

O Caibalion Hermes Trismegisto. Editora Camelot.


Investigações filosóficas. F.W.J Schelling. Edições 70.


Oque se vê e o que não se vê. Frédéric Bastiat, Instituto Mises Brasil.


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sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Nosso labirinto pessoal.

 

                                                Image by OpenClipart-Vectors from Pixabay.




 Nosso labirinto pessoal.



Caminhos, opções e escolhas de tudo isso se faz a realidade aproveite bem a oportunidade e não fracasse, não há certeza de nova chance. Lembre-se: do excesso ou da falta surge o colapso, uma refeição boa não pode estar insossa e muito menos salgada. O que atribui qualidade é o equilíbrio e este critério vale para tudo. Dentro de nós construirmos nosso agora, entre silhuetas românticas e banhadas de imaginação profunda para agir como o sortilégio que nos seduz na sua performance acurada com o poder que demos a ele. Sim, somos de certa forma o criador da nossa realidade interna. Nós construímos o cenário que nos abriga, não reclame se ele for claustrofóbico e não oferecer espaço para o contraditório. Carl Jung se referiu a isso no seu Livro Vermelho: “Profundeza e superfície devem misturar-se para que surja nova vida, mas a nova vida não nasce fora de nós, e sim dentro de nós”. Entenda de vez o equilíbrio existencial, apenas ele lhe trará o conforto de ser pleno e de entender esse agora onde você está. Se maldições e azares lhe cercam, não transfira responsabilidades , a resposta está em você. Nosso mundo interno é infinito, tão grande que todas as galáxias conhecidas caberiam nele e um pouco mais. Não subestime a profundidade da alma humana, não a substitua por invencionices passageiras e sem sustentabilidade lógica na realidade, essas coisas não passam de subterfúgios criados para desencaminhar a criação. O erro tenta se multiplicar e se estabelecer na dúvida e na falta de conhecimento. Ele é ardiloso e sagaz, e se você der espaço, se verá no universo errado da compreensão. E o maior obstáculo dele é a disciplina, o apego ao real valor, o poder de análise e questionamento, o desempenho da avaliação do contexto que se oferece para seguir. Mas para tudo isso você terá que se construir internamente forte, adquirir lastro intelectual para afrontar a ilusão e a desmanchar em seus falsos argumentos apresentados. Em algum outro texto meu eu coloquei essa citação do Jung mas ela é pertinente para o momento: “ Assim como tendes parte na natureza multiforme do mundo através do vosso corpo, assim tendes parte na natureza multiforme do mundo interior através de vossa alma. Este mundo interior é realmente infinito e em nada mais pobre do que o exterior. O ser humano vive em dois mundos. Um demente vive aqui ou lá, mas nunca aqui e lá”. O que nos leva a crer que hoje estamos cercados e sendo comandados por dementes, pois eles vivem apenas aqui, não há reconhecimento por parte dessa gente pedante de algo que ultrapasse aquilo que podem ver. E se assim são, assim estão limitados ao perecível mundo material que nos cerca que inevitavelmente virará pó. Sem tráfego através desses dois mundos, sem abrangência intelectual para existir de forma sadia e determinante para a evolução social. O imponderável delimita o real alcance cognitivo da matéria. Mesmo sem peso específico sua latência se cumpre em sibilância entre os estreitos caminhos da razão. São as sutilezas que constroem a realidade e não adianta ignorá-las, elas sempre encontram um jeito de dominar o ambiente. Na teoria junguiana o metabolismo da alma está numa mandala onde ocorre a luta pela unidade do ser. Este nosso labirinto infinito de particularidades excêntricas nos fornece as opções detalhadas em emanação exotérmica para moldar a realidade que desejamos possuir. Então, escolha com cuidado os ingredientes para o caldeirão de subjetividades que você possui, o que parece ser não é exatamente o que é. Seja livre, e se ainda não possuir lastro intelectual para decidir, primeiro o adquira, e assim depois comece a cozinhar os ingredientes que escolheu para sua refeição de momentos plausíveis na estrutura da realidade. Tenha sempre como propósito básico o aprimoramento, e para isso você não pode estar preso em fantasias e despautérios materialistas, estenda de uma vez por todas, a vida não se constitui apenas de matéria palpável. Na volátil e intangível estrutura desse sentimento a matéria não passa de acessório para execução de tarefas onde se precisa de consistência para agregar conteúdo no que realmente possui importância, o equilíbrio da alma. Jamais pense que esse mundo no qual seu tato e demais sentidos se materializam para você a percepção da real presença corresponde realmente a realidade. Você está apenas num ensaio, numa seleção criteriosa de atores onde o espetáculo principal ainda está longe de começar, não seja arrogante, entenda, nenhum subterfúgio passará sem avaliação, o pretexto não funciona aqui nesse nível, mas se você quiser se enganar ainda assim pode, afinal quem colherá o resultado da trapaça será você.


Escolhas e consequências, afinal, dizem que existe livre arbítrio, então mergulhe de cabeça nessa ilusão confortável, e acredite ser dono do seu destino. Aquelas coisas como: a vida é curta, devemos aproveitar, fazer acontecer todos os sentidos e sensações, viver como se não houvesse um amanhã. Transforme o universo em seu parque de diversão pessoal, nada mais importa além de ser feliz. Faça da materialidade tangível seu abrigo, e quando ela enfim, perecer, despareça com ela realmente, pois seus sonhos vão virar pó. Não perceber que há algo além de estar vivo pode ser até considerado irracional, porque estes, não têm capacidade de raciocínio para expandir a análise da sua própria existência, Nesse complexo caminho cheio de opções, certas e erradas, o homem se dispõe a ser infinito, superando trapaças, cumprido evasivas, tergiversando o argumento para não ser e mesmo assim sendo o protagonista de si mesmo. Jung citou: “Deves ser o guarda diante da prisão de tua alma. Tu és o eunuco de tua alma, que a protege dos deuses e dos homens, ou que protege os deuses e os homens dela. Ao homem fraco é dado o poder, um veneno que paralisa até mesmo os deuses, assim como à pequena abelha, muito inferior a ti em força, é dado um ferrão venenoso e doloroso”. Detalhe subliminar: abelhas quando picam, morrem. Este é o destino do homem que abusa do seu poder deixando de ser o guardião da própria alma para se entregar ao prazer descontrolado do comando e da vaidade. Se envenena com um recurso que possui. No fim, nós somos o labirinto, tudo é pessoal, do início ao fim todo objeto ou proposta está em nós, cabe escolher com prudência e sabedoria. Tenham um ótimo natal com paz amor e prosperidade!



Gerson Ferreira Filho.



Citação:


O livro vermelho, Liber Novus. Carl G. Jung. Editora Vozes.  


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