quarta-feira, 9 de abril de 2025

Contextos econômicos.

 


                                                        Image by Gerd Altmann from Pixabay.





Contextos econômicos.



Bom, como o assunto principal nessa nossa realidade hoje é a guerra econômica iniciada pelos americanos contra a China, principalmente; mas no fundo tem como objetivo cortar amarras impostas por outros países que vivem sugando a energia dos Estados Unidos com taxas e impostos indevidamente aplicados e severos de forma a minar a capacidade daquele país de continuar a se expandir e dominar o cenário, para americanos, com certeza válido e justo, porém o restante lá fora vai se complicar. Claro, como qualquer país hoje há lá dentro da América os que agem contra sua própria terra, não faltam traidores do seu próprio povo em qualquer lugar, a ideologia de esquerda está ai para diluir o sentimento de pertencer a um lugar e amar essa determinada terra. A política dessa gente submissa ao coletivismo progressista não reconhece fronteiras, trabalham pela desestruturação da sociedade como conhecemos para implementar uma aberração grupal que transforma globalização comercial em globalismo onde não existem fronteiras e por isso adota um política massificadora, pasteurizada, homogeneizada que não respeita tradições locais e religiões. Tudo tem de estar dentro de um padrão. Embora as alternativas válidas continuem existindo, apenas o padrão pode ser aceito, um nível de castração metal absurdo só possível de ser implementado onde a inteligência foi abandonada. E a Economia? Ah essa malvada que insiste em atropelar teses absurdas geradas para desmentir seus preceitos mas que sempre acabam no encurralamento intelectual precário de quem tenta desafiá-la. Thomas Sowell tem uma definição: “A economia não se trata apenas de lidar com o conjunto de bens e serviços existentes no mundo como consumidores, mas também, e mais fundamentalmente, sobre produzir esses bens e serviços a partir de recursos escassos em primeiro lugar – transformando insumos em produção”. As decisões que são criadas a respeito do uso da terra , trabalho e capital definem o padrão de vida de um pais, decisões nessa área tem consequências em concomitância com a sabedoria aplicada ou a insensatez assumida. Causa e efeito com aplicação implacável para toda decisão assumida as sensatas e as delirantes, cada um colherá o que plantou. Estamos agora assistindo talvez a primeira guerra econômica em larga escala, e entre economias fortes, supostamente. Aquela que tiver menos fragilidades e mais diversificação vencerá. Neste mesmo livro que citei o Thomas Sowell se refere a China com informações relevantes para o momento, embora possam estar desatualizadas mas ainda assim são um referencial de um dos protagonistas do embate: “Apesar da China possuir 1/5 da população mundial, tem somente 10% das terras agricultáveis, então, alimentar o povo poderia continuar a ser o problema crítico que já foi, trazendo de volta os dias em que a fome recorrente ceifou milhões de vidas chinesas. Hoje, os preços atraem para a China os alimentos vindos de outros países”. Então, fica claro que a China depende de forma vital do comércio com o exterior para poder alimentar toda sua enorme população, não é possível sustentar um conflito que restrinja o comércio por muito tempo. E o dinheiro em questão o dólar americano é a moeda mundial hoje. Com ele se vende e se adquire mercadorias inclusive alimentos. O Grande problema da China sempre foi ter uma população enorme excessiva, e como parte do cenário toda essa gente precisa comer, não se trata de apenas estrangular a compra de minérios para a indústria, isso pode esperar, ter impacto econômico, mas alimentação , bocas não esperam. Não adianta ter tecnologia, armas se não existe alimentação. Essa é uma fragilidade enorme que precisa ser trabalhada com sabedoria e contornada preferencialmente com acordos amigáveis e com a construção de parcerias saudáveis no comércio. Devemos lembrar que do outro lado tem um país com a economia dinâmica, multifacetada e forte pois se trata do emissor da moeda mundial. Onde estão os principais mercados financeiros e de negócios sem contar na tradição industrial que hoje está enfraquecida mas pode com certeza proporcionar uma virada inesperada nesse setor. Ou seja, não é um inimigo que se desejaria ter. Pode ser vencido? Pode, mas a qual custo? O dono do dinheiro que circula resolveu alterar as regras que não lhe eram favoráveis, está correto, se não lhe favoreciam. Se lhe davam prejuízo, tem de mudar mesmo. Óbvio, um governo que governa para seu próprio povo não vai ficar bancando privilégios para outros, isto é normal onde existem políticos que cumprem corretamente suas promessas eleitorais. Os governos anteriores espalhavam o dinheiro americano pelo mundo financiando aberrações políticas em nome de caridade falsa. Na verdade estavam fazendo uma engenharia social para destruir o mundo como conhecemos. Milton Friedman faz uma observação a respeito do Mercado: “A perfeição não é para esse mundo. Sempre haverá produtos de má qualidade, charlatões, vigaristas. Mas em geral, a concorrência do mercado, quando lhe é permitido funcionar, protege o consumidor melhor do que fazem os mecanismos alternativos do governo que foram sendo progressivamente impostos ao mercado”.




O que temos é uma guerra na área econômica onde praticas abusivas de taxação estavam favorecendo um setor e prejudicando outro, não só da China mas da Europa também digamos de forma mundial. Como uma infestação de parasitas, estavam sugando recursos através do mercado impondo impostos que poderiam ser mais amigáveis e menos destrutivos para a economia alheia. E governos anteriores pouco se importavam com isso num claro movimento contra seu próprio país. Como a perfeição não é desse mundo, houve a necessidade de um sacolejo econômico para que as peças se rearrumem no tabuleiro. Esperamos que a concorrência típica de um mercado livre encontre naturalmente uma solução sem emprego de força, mas nós sabemos que aproveitadores não gostam de se ver encurralados. De perderem suas vantagens comerciais consolidadas por anos de colaboracionismo por gente de dentro do país garantidor da moeda. E assim flui o contexto com características de conflito, quem sobreviver verá, cada lado que pondere suas fragilidades e escolha o diálogo ou o enfrentamento que certamente consumirá muito mais recursos, humanos técnicos e materiais, afinal, tudo isso custa dinheiro. Que é a origem da discórdia atual. Milton Friedman também deixou registrado: “A igualdade de resultados está em claro conflito com a liberdade”, e também: “A vida não é justa. É tentador acreditar que o governo possa corrigir o que a natureza gerou. Mas também é importante reconhecer o quanto nos beneficiamos da própria injustiça que deploramos”. Toda essa turma que grita contra as sobretaxas do governo americano deveriam estar satisfeitos pelo longo período onde se deram muito bem e correr para uma negociação amigável, mas o orgulho e a ganância estão falando mais alto. Estavam todos numa posição de vantagem indevida, portanto não há o que reclamar, apenas negocie o novo cenário econômico de comércio e bola para frente. Acabou a farra, o dono da casa mudou têm nova gerência e agora existem novas regras de funcionamento. Se ajustem ao novo preço e negociem melhores condições ou partam para a briga, mas lembrem-se o estrago pessoal pode ser insustentável se optarem por isso.



Gerson Ferreira Filho.




Citações:


Economia Básica. Thomas Sowell . Editora Alta Books.


Livre para escolher. Milton Friedman e Rose Friedman. Record Editora.


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domingo, 6 de abril de 2025

Passividade limitante.

 

                                                     Image by Septimu Balica from Pixabay.






Passividade limitante.



Bom amigos que me acompanham, já tem um tempinho que não falo diretamente de política e estabeleço correlações com a situação onde estamos mergulhados, cheios de boçalidades institucionais, comportamentais, ideológicas e de assimilação pacífica do inaceitável. Alguns se questionam: onde vamos parar? Ora, no desastre certo e inevitável e ele chagará do tamanho da ignorância coletiva que possuímos. Neste Domingo de início de Abril de 2025, temos apenas brumas forrando a interpretação dos fatos que chegam a nós. E por isso a referência a data, precisamos de um registro histórico para a posteridade de todo descalabro que possuímos nessa realidade corrompida. Não se trata de capricho ou esmero mas necessidade. Estamos numa sociedade empobrecida culturalmente de forma proposital, e de acordo com testemunhos de nobres professores que na sua abnegação particular prosseguem tentando ensinar nos apresentam um cenário desalentador para o futuro. Aqueles que serão o futuro conseguem ser piores do que os que hoje carregam o país. A coisa só piora, e se não há exercício cognitivo da massa, essa desaprende e regride no seu grau de percepção e inteligência. O que me leva a tentar criar alternativas, opções de caminhos diversificados escrevendo e publicando livros onde há cultura de qualidade em doses regulares e diferenciadas de temas para os que lerem meu trabalho aprendam um pouco de verdadeira cultura e de autores realmente qualificados. E não o angu encaroçado ideologicamente servido de forma regular para os poucos que ainda possuem a capacidade de ler. Porque ler, e entender está ficando muito raro hoje, e isso inclui gente com formação, que estudou, hipoteticamente. Com um coeficiente de inteligência regredindo através do tempo por ociosidade intelectual, cérebros se atrofiam e estabelecem um padrão básico operacional de sobrevivência, não há mais refinamento e estilo no cotidiano, vive-se por alimento e prazer apenas. Nossa sociedade hoje está pronta para ser completamente dominada sem questionamentos e manipulada conforme os interesses de uma elite não necessariamente inteligente, mas poderosa no que conseguiu alcançar em termos de controle, principalmente dos órgãos de segurança. Não há ditadura sem fidelidade de quem possui armas, ou seria deposto imediatamente, no fim, tudo depende desse segmento social, dos que possuem armas. E como a cognição geral está seriamente comprometida, não falta mão de obra para essas instituições, onde a ordem tem de ser cumprida, não interessa o quanto absurda ela possa ser. E o povo? Bom, esse povo prejudicado cognitivamente está quase e apenas possuindo instintos. Musica degradante e sem criatividade estrutural poética, sexualização exacerbada, álcool e drogas para aliviar o estresse do dia a dia e procurar um político espertalhão e salafrário para prestar culto. Pois alguém tem de comandar a boiada, inevitável! E embriagados por discursos e prepostas falsas assumem um perfil político que interessa apenas ao condutor do grupo, que eventualmente sacrificará parte desse grupo por favorecimento a interesses particulares, afinal, a organização precisa se nutrir de idiotas sempre, e se você se apresenta ao serviço deles, estará marcado como propriedade política de algum espertalhão sem nenhuma ética ou piedade. E se você pertence a ele, dane-se suas prioridades individuais. Este perfil humano com o qual convivo por décadas desde a juventude é abrangente, nas empresas, sindicatos sob controle ideológico doutrinam a força de trabalho ensinando o erro sistemático por décadas, não se trata apenas de doutrinação nas escolas e universidades, mas também no trabalho, se trata de um planejamento criterioso de semeadura da ignorância, criando assim pessoas vazias e que acreditam e utopias geradas por estúpidos. Isto cria raízes e limita muito o percentual de QI coletivo de uma sociedade. O interessante é que a massa não percebe isso, e leva a vida normalmente dentro de parâmetros completamente distorcidos onde absurdos são implementados sem que haja nenhuma reação da sociedade e até alguns setores apoiem abominações políticas e comportamentais de bom grado com se fosse uma evolução positiva, um avanço social quando na realidade é um retrocesso civilizacional sem tamanho, brutal. Se não me engano Olavo de carvalho citou certa vez que a inteligência quando se perde não se nota essa perda, óbvio. Os atributos de qualidade real da sociedade foram quase que totalmente banidos para a instalação de valores deformados criados e alimentados por “ungidos” na atmosfera decrépita de seus sonhos pessoais de perversão social estabelecidos também por anos de mergulho no erro de conceitos equivocados. Entendam, o erro impregnado gera a sistematização da produção do erro futuro, temos assim a perpetuação e o aprimoramento da infâmia em substituição à qualidade humana. O nível de domínio é tal que mesmo os que pertencem e trabalham com segurança do sistema, e estão, lógico, dentro do caldeirão com todo o restante da sociedade serão atingidos por essa degeneração de valores. A filha querida de um deles ou o filho fatalmente se entregará a comportamentos sociais inconvenientes graças ao suporte de segurança proporcionado pelos pais que garantem a segurança e o conforto de quem implementa a loucura. Temos aqui o Ouroboros que se perpetua eternamente, a serpente que morde a própria cauda. Uma monotonia existencial submissa sempre aos mesmos valores e fatores que se alimenta de si mesmo para que nada mude. Se não há novidade e nem liberdade estamos presos no ciclo inevitável das propostas inconcebíveis que soterram a possibilidade de evolução do conhecimento humano, e assim obtemos o retrocesso civilizacional até que estejamos nas cavernas ou nas arvores novamente, possuindo um arremedo de dialeto e fugindo de feras para sobreviver.



Ser passivo, aceitar tudo como uma oferta do destino incapacita elementarmente a possibilidade de evolução da espécie. Prenderam-nos, todos nós e os alienados num mundo falso, uma pantomima de circo mambembe. Onde lutas são apelidadas de uma coisa; mas no fundo, defendem outras. Um processo de ilusionismo coletivo apenas perceptível por quem está acimada da média de QI. O restante viaja e se entrega ao truque e ainda se sente feliz. Hoje caminhamos naquela ingenuidade faceira das ovelhas que pastam no campo, passivas, limitadas guardadas pelo cão pastor para que não nos desviemos do objetivo e assim tenhamos a presunção de uma segurança falsa. Aqui, o cão é amigo do lobo. Mas enfim, entre os vazios da ignorância e as certezas da estupidez vivemos para ter utilidade para esse segundo grupo. Como citou Georges Picard no livro A psicologia da estupidez: “O que dizem os estúpidos? Nem eles mesmo sabem, e essa é sua salvaguarda. A fala do estúpido, mesmo que tenha algum sentido, não se limita à exatidão. Grasnando com ênfase, a sua meta é repelir o silêncio por todos os cantos. O Estúpido se agarra aos lugares-comuns como um trapezista bêbado se agarra à sua corda. Fica grudado no corrimão de banalidades e não larga delas nunca mais”. E aqui temos a descrição perfeita de nossas autoridades hoje. Um grupo que dança bêbado numa corda gritando para eliminar o silêncio constrangedor da plateia que mesmo sendo ignorante não deixa de notar que algo está muito errado na estrutura da governabilidade. E por isso insisto em propagar conhecimento, cultura através das minhas cônicas, porque mesmo de forma simples isso colabora com o enriquecimento cultural de quem por acaso vier a comprar os meus livros, minha contribuição para um futuro melhor e mais culto, onde as pessoas terão a possibilidade de análise mais qualificada. E com um estilo literário, com um texto diferenciado quanto a informação entrego aquilo que ele desconhece, os verdadeiros construtores do melhor do ocidente.



Gerson Ferreira Filho.



Citação:


A psicologia da estupidez. Jean-François Marmion Editora Avis Rara.


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quinta-feira, 3 de abril de 2025

Memórias de uma saudade.

 

                                                         Image by John Hain from Pixabay.



Memórias de uma saudade.



O que exatamente seria a realidade além do momento que nos envolve? Um contexto definido por condições específicas onde habitamos e chamamos de hoje ou de tudo aquilo que nos construiu no trânsito do tempo? As condições e contradições surgiram e foram assimiladas, geraram convicções e lembranças, houve especificação de atributos conceituais e específicos em relação a textura temporal daquele momento, ou no mínimo ocorreu a impressão harmoniosa dos sentimentos e sensações que vieram a construir seu acervo de experiências que hoje se traduzem em você. As agonias, o medo, a dor, as alegrias e o júbilo se apresentaram para essa obra arquitetonicamente estruturada em desafios, medo e ousadia entregue ao diapasão do destino para assim adquirir a qualidade necessária ao impossível. Há quem consiga se abrigar na dor, outros na ousadia, e tantos no pressentimento. A alma tem objetivos e metas interessantes, e a ela são entregues os desafios e as oportunidades para adentrar a vida e nela se realizar ou se perder. Escolha com sabedoria seu propósito, na verdade, sempre tenha um objetivo. Seu alcance, a profundidade que atingirá seu mergulho dependerá muito disso, dessa bussola que lhe guiará entre os termos contraditórios de existir. E isto começa muito cedo, caso tenha sorte de nascer onde bons parâmetros são ensinados tudo fica mais fácil, mas nem sempre isso acontece. Há ocasiões onde se faz necessário usar o conteúdo que vem conosco, um guia pessoal de sanidade para sobreviver se possível dentro de situações de desequilíbrio situacional na estrutura do ambiente onde surgimos. Pois cá estamos imersos nessa surrealidade brutal, que faz brotar o desejo de retroceder no tempo, onde o mundo era mais amigável com o correto, e não abrigava de bom grado a insanidade. Vontade de brincar novamente com o barro da pracinha em obras e criar estruturas aleatórias obtidas através da memória dos quadrinhos que lia na ocasião. Escutar novamente a água da chuva bater e escorrer pela telha de zinco e sentir o cheiro de terra molhada que sempre precedia a chuva. Tempos difíceis, tempos adoráveis, numa mistura de sensações onde a diversificação de proposições corriam e se misturavam na multiplicidade das mais variadas circunstâncias eventuais. Onde hoje percebo que o homem não precisa de quase nada para ser feliz. Um teto para se abrigar, comida para se saciar, saúde e um leito para dormir, a sutil complexidade desses atributos oferecem tudo o que precisamos, Nas ruas, o bonde passando e triturando o vidro para o cerol das pipas, na igreja, aquele bolo gostoso nas quermesses costumeiras em datas especiais das igrejas. Não possuir nada e ter tudo ao mesmo tempo. Conflitos situacionais? Pois é, em tudo há problemas se resolvermos procurá-los. Está na natureza humana com sua característica curiosidade procurar com afinco uma tribulação para chamar de sua. Sem isso, a vida parece não ter graça, ser monótona e vazia de sentido. Para nós o contratempo sempre impulsiona o desejo, a vontade de ser e querer mais. Graças a isso evoluímos, da inocência escapamos e na turbulência comportamental buscamos o sucesso. Depois de um certo nível não tem mais como retroceder, você já se transformou em algo diferente, se incorporou a estrutura da insanidade, e por este perfil lutará sem arrependimentos até que vença ou seja derrotado. Você agora é apenas mais um no teatro de operações, cuide-se e respire essa atmosfera carregada de sentidos oblíquos e enganadores. Você terá de se alimentar disso e conseguir não a ela pertencer. A angústia proporcionará desassossego, mas procure transformar em placidez o medo que se oculta nos detalhes. O mais importante é pertencer a si mesmo, continuar no controle de sua vida, e se muitas vezes tiver de se vestir de palhaço para se adequar ao ambiente não se ressignifique apenas por isso, se a ocasião pede então ofereça o que você tem também de ilusão. A proposta está em se confundir com o ambiente, ser momentaneamente mais um deles para não ser como eles. Os imbecis gostam da liturgia padronizada da querência onde o gado sempre volta para pastar. Atribua-se nesse momento um volume de nostalgia para reviver naturalmente aquele cheiro de terra molhada onde uma inocência produziu memórias para toda uma vida. Ortega y Gasset afirma: “Ao nos percebermos e nos sentirmos, tomamos posse de nós mesmos, e esse estar sempre em posse de si mesmo, este assistir perpétuo e radical a tudo que fazemos e somos, diferencia o viver de tudo o mais”.


Porque tudo mais seria loucura, desequilíbrio e decrepitude situacional da própria existência. Não se perca na fantasia da artificialidade concreta da ocasião, a ilusão é um truque perspicaz do mal para capturar os incautos e desprevenidos. Deixe a sagacidade da perversão para quem a aprecia, Ortega y Gasset conclui: “O louco ao não se saber a si mesmo, não se pertence, foi expropriado; e expropriação; passar a posse alheia, é o que significam os velhos nomes da loucura: alienação, alienado; dizemos “está fora de si”, “já foi”, entende-se, de si mesmo; é um possuído, entende-se, possuído por outro”. Hoje temos muitos expropriados de si, pertencem ao outro ou outros, por política, religião ou afinidade de propósitos. Ao renunciar a si mesmo, a se coletivizar, o homem se transforma em massa e perde sua identidade original. A partir desse ponto passa a ser um objeto de manipulação para vários propósitos e é incapaz de oferecer um raciocínio plausível de contestação ao que se cria a partir dele. A mente coletiva está subjugada ao seu manipulador, ao administrador da massa, não há espaço e nem é aceitável o contraditório, a argumentação dialética. O feitor do grupo determina o destino de todos e como irão agir e se conduzir dentro da circunstância que parecer favorável e boa para o capataz, e não necessariamente para o grupo. O grupo pode ocasionalmente ser sacrificado por alguma causa interessante para o dono do rebanho humano. E apenas isso já indica que essa condição não é boa para o indivíduo. É realmente isso que você quer? Perder sua capacidade de decidir seu destino? Resgate suas memórias e tenha realmente saudade delas, de um tempo que você era livre, mesmo sendo tão dependente. Qual o motivo de se submeter a um cacique político e a ele prestar culto? Está devendo dinheiro a ele ou pertente lucrar com isso? A submissão cobra seu preço não se permita assumir esse papel aviltante.




Gerson Ferreira Filho.




Citação:


Lições de metafísica. José Ortega y Gasset, Vide Editorial.



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