sexta-feira, 25 de agosto de 2023

O estilo e a essência.

 

                                                    Imagem by Welcome to all! From Pixabay.
                                                                       São João Batista.



 O estilo e a essência.



Na nossa circunstancial paralaxe objetiva do contexto onde mora o subterfúgio da vida, esse ardil costumeiro que nos preserva das mudanças inesperadas, surgem questões. E estes episódios precisam ser escrutinados com a minúcia dos obsessivos, pois uma aparente boa ideia pode se transformar, nos aprisionar completamente, e liberdade não se negocia, nem se deve permitir perder. É um atributo fundamental da vida, cláusula pétrea existencial de qualquer ser humano. Condição essa sempre acossada pelos ditadores e pretensos ditadores de todos os tempos, que apesar de humanos como qualquer um, possuem ao atingir uma posição de poder ou riqueza imensa que lhes proporcione o sentimento de superioridade mesmo tendo de ir todo dia ao banheiro, como qualquer um, esvaziar sua particular bolsa de dejetos que carrega em si. Enfim, nada os diferencia além de posição social e poder, ninguém no alto círculo de comando peida cheiroso e caga colorido, essa circunstância inevitável de ser humano serve para nivelar-nos a um momento de intimidade aos excrementos que produzimos com fartura. Após o ato, olhem dentro do vazo sanitário e reconheçam, num tipo de ato de contrição, aquilo estava dentro de mim, é um bom e recomendável exercício de humildade para reconhecer nossa proximidade com o abjeto onde estão postas nossas raízes, embora nossas mais sublimes folhas alcancem o céu se forem bem cuidadas. Então, surgiu um assunto que podemos chamar de administração de cidades, quanto ao seu formato distributivo de atividades humanas genéricas, como trabalho, moradias e trânsito entre esses pontos. Este relativamente novo conceito, cidade de quinze minutos, implementado por Anne Hidalgo prefeita de Paris e inspirado pelo cientista franco-colombiano Carlos Moreno. Tudo inspirado pela escritora Jane Jacobs, onde espaços para serem vivos precisam aproximar diferentes funções e serem convidativos para as pessoas que utilizem as ruas. Com um pretexto de solidariedade, proximidade e participação parece realmente ser algo bom, um passo para frente na evolução organizacional da sociedade e em seu estilo de vida. Realmente, o fluxo gigantesco de automóveis se deslocando em congestionamentos intermináveis, onde se consome tempo de vida e se polui o ar é algo muito problemático, mas também proibir o cidadão como indivíduo de possuir seu automóvel particular não é uma coisa democrática, e até podemos considerar invasiva e limitante das escolhas pessoais. Em nenhum momento o aumento da mobilidade urbana pode atingir direitos pessoais, é ótimo, se for possível morar perto do trabalho, ou trabalhar em casa, que o colégio dos seus filhos esteja nas vizinhanças e que você possa levá-los a pé para lá, que qualquer necessidade de suprimentos pudesse ser alcançada em quinze minutos, que o hospital também ficasse nas imediações, assim como a delegacia para garantir a segurança da comunidade. Seria como morar numa cidade pequena do interior, de onde da praça central pode se ver a igreja, a delegacia, o tribunal de justiça e o cemitério. Vocês conhecem a expressão popular: de boas intenções o inferno está cheio? Pois é, o princípio é bom nas mãos de boas pessoas mas quando cai nas mãos dos empedernidos que defecam Lancaster começamos a ter problemas, problemas de controle.


Facilitar o deslocamento, tudo bem, mas construir casas germinadas e com área limitada para a população já tem fortíssimo odor de coletivização, arrebanhamento, e a boa ideia se perde no autoritarismo. E ao usar o termo galpões onde se abrigariam farmácias, comércio e demais facilidades, as palavras têm sentido, galpão é um lugar de armazenamento, inapropriada para ser utilizada para servir a seres humanos, ou não consideram a população mais pertencente a classe humana? Seríamos algo armazenável para algum fim específico? Algo como os galpões de Auschwitz? Estudos e ensaios a respeito da facilitação da mobilidade urbana são bem-vindos, agregam valor para a estrutura da civilização, mas em nenhuma hipótese pode fragilizar o conceito de liberdade, do direito de ir e vir, e de morar, ter uma casa do jeito que as posses de cada um possa adquirir. Atualmente temos uma tendência entre os acadêmicos a formar um gerenciamento animal irracional para pessoas, isto não é correto e inferioriza a humanidade como sociedade livre. Para ruminantes e quadrupedes em geral se constrói sistemas de manejo otimizados para reduzir custos e deslocamentos desnecessários, afinal, ali temos uma finalidade certa, o lucro com o rebanho. Que paisagistas e arquitetos tenham melhores influências quanto ao momento de transformação, a qualidade de vida do ser humano não pode ser afetada em nome de projetos que a princípio parecem ser uma evolução mas que não passam de retrocesso civilizacional de impacto psicológico devastador. Aos tarados por coletivização e confinamento, permitam que eu descreva o efeito disso no ser humano. Eu trabalhei em regime de confinamento por trinta anos, um confinamento graduado, em navios e plataformas de petróleo. Nem todo mundo se enquadra nesse sistema, porque

enfim, um navio é uma cidade de quinze minutos, se não sabiam, é. A bordo temos tudo nas proximidades: lugar do trabalho, pode ser o passadiço, o convés, a praça de máquinas ou o escritório, o refeitório também está muito perto, a sala de jogos, a academia, o cinema, a biblioteca, enfermaria e as acomodações para o fim do dia. Também dormimos, e os camarotes possuem TV, telefone e ar-condicionado. Neste sistema, vi inúmeros desembarques por problemas psicológicos, presenciei pedidos de demissão, e olhe, o salário era bem acima da média no Brasil. Já tive de providenciar desembarque urgente de funcionário por motim, vi amigos de grupo pararem numa instituição psiquiátrica que existia no bairro de Botafogo no RJ, e vi também outro descer sedado e na camisa de força em helicóptero ambulância. Vi também, no Sul do país a Polícia Federal, que solicitei para desembarcar um cadáver da plataforma morto no rebocador de apoio por esfaqueamento. Descrevi essa ocorrência em um dos meus livros. Amigos, eu considero os marítimos como sacerdotes, fazem votos de abstinência da vida, tudo isso que citei aconteceu no ramo offshore, tem uma escala de trabalho mais amigável de confinamento. O marítimo pode passar quatro meses a bordo. Mas uma coisa posso afirmar, quer ganhar melhor do que nesse escritório no qual trabalha de segunda a sexta? Se especialize e vá para o mar, mas apenas se suportar o confinamento viu? Entre tantos detalhes prejudiciais que o confinamento humano pode proporcionar está o aumento de peso, certa vez um funcionário teve que desembarcar com seu macacão de trabalho, pois a roupa com a qual embarcou não lhe cabia mais depois de quatorze dias a bordo. O confinamento cria um processo psicológico de ansiedade e depressão, a comida passa a ser o refúgio e o aumento de peso se torna uma realidade brutal. Além de tantos distúrbios comportamentais que levam a destruição de muitos casamentos entre esse tipo de mão de obra, poucos conseguem se manter dentro da normalidade comportamental sadia para convivência a dois. Agora imagine toda uma cidade com milhares de pessoas, restritas a um espaço limitado de ações? Vai dar certo? Evidente que não! O ser humano é um animal racional e nasceu para ser livre, conquistar seu espaço, ter, dentro do grupo seu castelo particular de necessidades e sonhos, que mesmo que sejam impossíveis servem de combustível para o que chamamos de esperança. Algo sem substância mas que alimenta a alma no oceano de possibilidades psíquicas que cada ser humano possui. As garras do confinamento tiram algo fundamental de algumas pessoas, o propósito, e ninguém absolutamente ninguém que seja racional vive sem propósito. Então, vamos entrar no assunto que gerou o argumento principal para essa crônica, o impacto econômico na sociedade desse projeto Cidade de quinze minutos. Muitos dos bilionários que criam essas ideias exóticas de administração de gente fizeram suas fortunas com o consumo enorme de seus produtos. Parabéns! São ótimos vendedores! Mas preciso lhes contar algo desagradável, vocês vão matar o processo que os tornou milionários. Consumidores, clientes confinados tendem a ficar deprimidos, ansiosos, voltados mais para sua miséria psicológica, e portanto, não consomem. Não compram, por que exatamente alguém que não vai a lugar nenhum além de quinze minutos compraria uma roupa nova? Um sapato novo, um relógio, ou qualquer outro acessório produzido para ser exibido e curtido em um contexto de liberdade? O livre mercado que fez suas fortunas depende de consumidores sadios, felizes, para consumir vossos produtos. Consumidores assim costumam ter um bom padrão de vida e uma boa renda pessoal que lhes permita consumir de tudo, de produtos a qualquer serviço, quem continuará abastecendo vossas fortunas com crédito através do consumo? A inteligência artificial sairá para namorar e para isso comprará um Rolex para tirar uma onda com a namorada?


Um confinado, em maioria não será feliz, e isso afetará imensamente a economia. Ah, os planos são redução populacional forçada, entendi, que todos morram, dentro dessa filosofia oblíqua, existem os que merecem e os que não merecem viver. Confinados, comendo insetos e com suicídio assistido disponível, que bacana! Cuidado com insanidades gente, elas costumam ser extremamente instáveis quanto a polarização original, um descuido, um olhar de soslaio e o cientista louco se torna vítima. A loucura não é administrável por essência, não é do seu estilo promover a estabilidade e sim a destruição total. Não partam de uma ideia interessante para um fracasso retumbante que ecoará como têmpora de um rito litúrgico sem a necessidade de jejum. Essa substância os consumirá mais cedo ou mais tarde, na alienação vocês já vivem, flertando com a demência encharcados de dinheiro, sonham com uma superioridade que na verdade não possuem, Já olharam para o vaso sanitário de manhã após se aliviar?



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA -RJ.


Referências: somoscidade.com.br



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