segunda-feira, 18 de abril de 2011

Hipotético.





Dormi com estrelas,

Acordei sem lua no meio da rua,

Onde transeuntes afoitos

Não me enxergam.

Não sou hoje quem eu fui ontem.

A cada despertar me reciclo,

Como se parido em um novo renascer.

Algum detalhe foi-me acrescentado,

Fugi um pouco da ilusão.

E de antemão sou um estranho

Na floresta de manequins.

O objeto real já não existe mais

Na selva urbana.

Humanas; serão apenas as dores

Entre dramas circunstanciais.

Preciso das tuas conjeturas nuas,

Dos teus desassossegos,

E de tantas entre outras

Das tuas loucuras,

Que me incitam a viver

Um pouco mais.


Gerson F. Filho.

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