sexta-feira, 22 de junho de 2012

Contextos da usura parte 10.





Antes do fim jogos e dissimulação.

            Lembram-se do butim? A coisa não seria fácil. Olivário sabe-se lá se em acordo com leogácia ou apenas utilizando manipulação conseguiu um testamento no qual recebia a casa da mãe como herança. Soube-se que Leogácia ficara desgostosa com sua filha preferida, a Levilha Pois essa só a procurava para pedir dinheiro alegando sempre alguma dificuldade. Isso em tempos atrás não causaria desconforto, afinal de contas ela era a preferida, e por diversas vezes já havia recebido ajuda por qualquer motivo. Existiram motivos de suspeita, sim, mas foi registrado.

          Aparentemente aos olhos de quem acompanhava de longe Olivário que detinha a procuração de Leogácia supria todas as necessidades dela. Internações, remédios, médicos. Ela já não andava, vivia na cama e morava com seu filho mais novo, que arcava com a terrível condição de cuidar da mãe doente sozinho e ter de escuta-la, sim! Ela apesar do estado completamente degradado ainda estava lúcida. E isso não era fácil, Leogácia nunca foi uma pessoa fácil.

          Foram anos de sofrimento, esgotamento de recursos e aparente dedicação, digo aparente porque de certa forma era isso que aparecia na superfície conturbada da situação. Olivário ainda tinha que escutar mais um pouco, a mãe mesmo naquela situação ainda pedia que ele reaproveitasse as fraldas descartáveis para poupar dinheiro, lembram-se? Ela prosseguiu “econômica” até o fim. Naquele corpo totalmente comprometido ainda morava aquela velha e conhecida essência, desperdício jamais!

          O silêncio imperava entre os demais filhos, Avenildo o filho mais velho dentre os filhos homens, conhecido como outro ávido por dinheiro simplesmente não se manifestou. Termínio que morou grande parte da vida em outra cidade e nunca incomodou também não se pronunciou. Com destreza e ajuda jurídica Olivário conseguiu com que Jaconildo, apesar de viver maritalmente com Leogácia a mais de dez anos saísse da casa da mãe. Foi uma surpresa não existir disputa, pois Jaconildo poderia complicar o quadro, afinal de contas ele era o marido de Leogácia. O jogo estava em curso.

         Debaixo das sombras almas sequazes cozinhavam desditas sórdidas em fogo brando. Levilha que não concordou com o testamento contratou um advogado para contestar o que a mãe havia colocado no tal testamento. Conquistou como aliado o seu irmão Termínio. Pelo menos essa luta ficou em espera até Leogácia de fato morrer. Ninguém ousaria contestar Leogácia em vida, receberia em troca uma enxurrada de pragas e maldições.

           Como diz o ditado popular: praga de mãe é coisa séria. Maior azar seria ser um amaldiçoado debaixo daquele maldito calor da região, nenhum dinheiro valeria esta condição. Mas pensando bem uma comichão insistente incomodava aquelas almas, a semente de Leogácia estava plantada naqueles corpos. Mergulhados na espessa atmosfera dos seus instintos aguardavam na esquina o desenlace do destino.

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