O legítimo sinal dos tempos.
Ontem virou escombros o principal museu
do Brasil. Lá estavam itens insubstituíveis da cultura, não só do Brasil, mas
de todo o mundo. Tive o privilégio de conhecer o museu ainda criança. Nasci e
morei no Rio de Janeiro muitos anos, por iniciativa dos meus pais, que me
levaram diversas vezes em visita a Quinta da Boa Vista, pude conhecer o acervo
maravilhoso. Acredito sem igual na América Latina.
Lá estavam papiros egípcios, sarcófagos, ídolos,
múmias, onde neste continente se poderia ter contato com isso, de forma tão bem
organizada, e com tantos itens? Acredito que viajando para os Estados Unidos
apenas. Lá também estavam centenas de ossos pré-históricos, montados na forma
dos animais que um dia caminharam sobre esta terra. Urnas indígenas funerárias
dos nossos antepassados, documentos históricos, enfim, milhares de coisas insubstituíveis
para a humanidade.
Tudo isso foi negligenciado, pois a
prioridade dos nossos tempos em se tratando de cultura, está no incentivo à
aberração, ao escândalo, ao inadequado, que os novos intelectuais insistem em
propagar, moldando o perfil da sociedade, embrutecendo as novas gerações. Hoje
uma exposição incentivando a pedofilia, recebe mais verbas do que um patrimônio
insubstituível para a humanidade.
Qualquer artista medíocre no Brasil
recebe recursos de uma lei chamada Rouanet, para produzir seu conteúdo, mas não
existia verba para garantir a integridade do principal museu do país. Frequentei
o museu Nacional, tive o privilégio de levar meus três filhos lá também algumas
vezes, mas meu neto foi privado de ver as maravilhas culturais que lá estavam.
Não existe um sinal mais legítimo da
decadência moral e cultural de uma época, do que aconteceu ontem. Espero
que ao menos sirva para orientar nosso povo, que não é mais possível conviver
com certo tipo de política, e certo tipo de ideologia sem que haja uma rápida
regressão ao tempo das cavernas.
Gerson F. Filho.
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Estórias do centro do Rio de Janeiro nos anos 70 e no interior do estado.
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