quinta-feira, 29 de setembro de 2022

As coisas individuais.

 


                                              Imagem de Saskia Plotz por Pixabay.




As coisas individuais.


Eu não estou nem aí por me imiscuir na realidade apesar que se eu estou aqui ela me diz respeito sim, ou seria eu apenas uma falha no sistema, uma anomalia aleatória acumulada no circuito e seus infinitos caminhos? O equívoco pertence ao corpo assim como a monotonia da platitude porque há quem se conforme com a trivialidade e não explora o infinito de possibilidades nessa textura áspera chamada supostamente de axioma numa demonstração fugaz de certeza. Pois se o simulacro se evidencia, o que exatamente ele é? Algum propósito norteia minhas vontades? A qual padrão assimétrico pertence essa minha discrepância que insiste em não se alinhar com o que é comum?


A regra, o padrão sempre me afetaram, claro, para viver se torna necessário seguir algumas, ou a realidade te expele sem piedade do contexto pasteurizado de uma paz monótona criada para ovelhas. Vista sua cobertura de lã e se comporte coletivamente, se alimente em grupo, receba todas as vacinas programadas, use a plaqueta de identificação e espere a tosa pacientemente. Aceite que alguém que não faz parte do conjunto ao qual você pertence decidiu que o melhor está em fazer parte do rebanho. Você, não ele. Seja simples como desejam, não ultrapasse limites, não questione e muito menos pergunte. A dúvida pertence a quem raciocina, não é o seu caso, o instinto lhe fornece apenas os comandos básicos para atividades banais e rotineiras do seu cotidiano.


A suposta realidade é banal e perigosa. Ela serve de abrigo para obscenidades sociais e comportamentais que untam a ocasião com sua abjeta gordura lubrificante subproduto de ocasiões vadias que ocupam o espaço fornecido pela hesitação e por temores aleatórios de uma existência vulgar. E uma pessoa banal não passa de uma forma, de um molde, que pode receber qualquer coisa para preenchimento do seu vazio intrínseco. Porque o nada é inerente ao arrebanhado, nenhuma hipótese lhe pertence além da conduta de grupo. Pensar por si exige uma conduta mental além das fronteiras do controle, e habilidade para se fazer de massa quando na realidade se é produto definido.


A habilidade primordial de quem ainda raciocina está em viver furtivamente entre os espaços do padrão, migrar de plataforma ocasionalmente quando o contexto se tornar insalubre para o exercício da inteligência, ser um idiota quando for preciso para se adaptar em determinado contexto, seja ladino sem ser vulgar pois o exagero denuncia a ação. Sua realidade será seu castelo, a edifique bem, porque o mundo lá fora está repleto de carneiros, e eles não gostam de diferenças, começam a balir para chamar a atenção do dono. Nada mais inconveniente para você do que despertar ressentimentos na população controlada. A arte de sobreviver com idiotas está na capacidade de conduzir o cotidiano adaptando-se a capacidade de quem o cerca. E cada vez está ficando mais raro encontrar companhia que pensa neste oceano de insanidade.


Não é por arrogância, mas por sobrevivência mental. Mesmo sabendo que indivíduos com autonomia mental acabem se repelindo por energia de seu campo energético pessoal, este atributo fundamental de preservação, o simples saber que nesse infinito de possibilidades existe alguém com suas características já fornece um alento a tantos momentos de solidão. Afinal, mais alguém também não se conforma com cabresto, com coleira e com agrupamento coletivo similar ao manejo de animais de corte. O irracional abana o rabo para quem o alimenta, o racional além de não ter rabo, luta, constrói e produz seu alimento, planeja seu futuro, e se vencer ou fracassar isso será produto unicamente de suas escolhas, e não da determinação de um dono. Pertencer a si mesmo é divino, e nenhum prazer poderá se equiparar a isso.



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20-91992.


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