Uma história pessoal em homenagem ao dia dos pais.
Um breve passeio na história.
É quase certo que vocês não
saibam, não tive a oportunidade de contar essas coisas para vocês, mas sempre
surge uma chance. Meu avô paterno, Antônio Artur, um potiguar casou-se com a
amazonense Leonilia, eles geraram três filhos, Gerson, Arlete e Ruth, lá na
cidade de Porto Velho. Anos depois foram para Manaus. Quando completou a maior
idade Gerson, o avô de vocês, de espírito inquieto, trabalhando na marinha mercante
(não sei se foi bem assim), veio desembarcar no Rio de Janeiro para de lá nunca
mais sair.
Não tinha muita escolaridade,
então teve que trabalhar duro, encontrou o trabalho que sua capacidade atendia:
garçom. Como era branco (naquela época isso era muito importante), conseguiu
bons empregos para a especialidade que trabalhava. Era a época dos grandes
cassinos (o jogo era liberado no Brasil), trabalhou em casas importantes da
época como o Cassino da Urca, o Café Nice, Sírio Libanês etc. Sempre fazendo o
possível para ser o melhor no que fazia.
Claro, dinheiro não nasce em
árvores, e para ganhar o pão de cada dia, garantir o pagamento do aluguel da
residência e tudo mais, viveu grande parte da sua vida no trabalho. Não teve
muito tempo para mim, que fui fruto da sua união matrimonial com Alayde, uma
operária carioca de Madureira. Essa que teve que parar de trabalhar para cuidar
de mim.
Cresci vendo meu pai vir para
casa, deixar dinheiro para minha mãe, pegar o uniforme de garçom já engomado, e
sair novamente para trabalhar. Aos nove anos de idade, ele me levou pela
primeira vez ao Maracanã para ver um jogo, era Flamengo e América. Deste dia em
diante, quando tinha tempo esse passou a ser o nosso encontro, ir ao estádio
ver futebol. Às vezes alguns amigos de trabalho dele apareciam para um bate
papo, e eu via que ele era respeitado no meio, devido à qualidade e forma
correta com que trabalhava.
Mesmo não tendo tempo para mim,
esse foi o exemplo que me deixou e que sempre procurei seguir. Se quiser
melhorar de vida; trabalhe, estude, seja o melhor naquilo que faz. Encontre
respeito entre seus pares, seja honesto. Isso não o levou a fortuna a riqueza,
mas teve uma vida digna, dentro das expectativas dele. Eu fui pobre, mas ele
sempre me ofereceu um teto para me abrigar, e no mínimo três refeições por dia.
E graças a isso pude estudar trabalhar evoluir e chegar onde estou certamente
muito além do que ele tenha sonhado para mim.
A história de certa forma se
repetiu, eu também não tive tempo, e força para ser aquele paizão (aquela
imagem que vendem por aí), será que ela é real? Entreguei-me ao trabalho, como
meu pai; procurei ser o melhor no que fiz e no que faço. Mas assim como ele
deixo o exemplo, aquele que ele me passou, eu passo para vocês. A vida não é um
parque de diversões, embora momentaneamente pareça, e nenhum esforço ficará em vão. Alguém lá em cima
cuida dos justos, então seja um deles.
Abraços,
Seu pai,
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