sexta-feira, 20 de julho de 2018

Utopia.





Utopia.

Ilusão. A morada preferida. Onde devaneios são consumidos para satisfação da nossa necessidade de remissão. O perdão a pura fatalidade de existir. Mesmo que não haja crença em algo superior, de fato, a fome existe, e este apetite tem de ser saciado de qualquer maneira. Exatamente o que pode se encaixar nesta lacuna, neste vazio devorador?

Nada melhor do que uma utopia. Dificilmente um ser humano escapa dessa necessidade, a não ser que alguma patologia o fustigue. Uns adotam crenças religiosas, outros ficam com o sistema político, que na verdade é proposto como uma religião. Uma fé onde o ser humano pode ser bom, sem interferência divina.

E assim vivem, e se multiplicam na necessidade programada de expansão ilimitada dos iguais. E aqui temos o primeiro e grande problema: os iguais não são iguais. Desejos preferências, escolhas não são padronizadas. E assim como existe a necessidade congênita de remissão, também existe a necessidade primordial de liberdade, de poder escolher o próprio destino.

 E qualquer sistema que tenha regras que entre em conflito com estas diretrizes naturais, sempre irá fracassar. Existir é uma coisa muito intima muito pessoal, este âmago não permite controle externo sem que se anule. E se anulando anula o indivíduo anula sua decisão, seu sentido, e consequentemente sua produtividade e por fim o que o tonava significante neste mundo, a existência.

 Não faz sentido viver sem a possibilidade da escolha. E uma escolha é um juízo, como definiu muito bem Sartre: Um juízo é o ato transcendental de um ser livre. O que nos leva ao dilema que não julgar se torna não existir. Dentro da mesma explanação do referido autor: Sou escravo na medida em que sou dependente em meu ser do âmago de uma liberdade que não é minha e que é a condição mesmo do meu ser. Enquanto sou objeto de valores que vêm me qualificar sem que eu possa agir sobre esta qualificação ou sequer conhece-la, estou em escravidão.

Ou seja, qualquer sistema que venha invadir a privacidade, o direito de escolha estará fatalmente destinado ao fracasso. A concepção do controle, da totalidade não se torna possível entre diferentes. Sempre produzirá uma emulsão confusa e improdutiva de desejos reprimidos e insatisfações, onde a criatividade, a produtividade e o amor se tornarão impossíveis de serem alcançados. Não existe felicidade entre grilhões. Mais vale a fé no que pode ser até considerado imponderável, mas proporciona liberdade, do que a crença no vazio. Produzindo deste vazio, o horror da escravidão.

Gerson Ferreira Filho.
ADM 20-91992.


Citações: Sartre, Jean-Paul, 1905-1980.
O ser e o nada- ensaio de ontologia fenomenológica: Vozes, 2015.


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