sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Quando o ontem não sustenta o amanhã.

 

                                                 Image by Ivana TomásKová from Pixabay.





Quando o ontem não sustenta o amanhã.



E assim estamos na proximidade de mais um natal de mais um ano novo, mais um salto no ciclo e em torno do sol mais um prego no caixão ou mais um punhado de passos na estrutura do tempo com papel definido. Eu sobrevivi o suficiente para ver um mundo que não faz sentido nenhum em várias áreas. Toda cultura relevante se perde, toda sanidade mental escorre pelo ralo dessa circunstância exótica que remete a uma lembrança até gratificante das músicas de um compositor que tive o prazer de assistir ao vivo, Belchior, quando eu ainda possuía um coração selvagem sem tempo para viver. Ele nos seus versos rústicos dizia muito da alma de um momento que deveria ter produzido algo melhor no futuro, mas não, hoje temos apenas lixo cognitivo e delírios que se contorcem em espasmos na superfície desse agora, desse hoje doente e febril. Fica a pergunta que se reproduz em ecos inconvenientes: onde erramos tanto? Como uma sociedade se permitiu dominar tão facilmente por conceitos que possuem uma estrutura fragilizada na sua origem? Mas aqui, e claro, em alguns cantos de mundo prosperou. Basta acompanhar a miséria e a fome que esses conceitos tão alimentados aqui também estarão presentes na estrutura cultural desse lugar. Não deveríamos ter intimidade com o obscuro, com as trevas, mas mesmo assim elas se instalaram. E agora temos um mundo exótico, onde qualquer aberração lógica de procedimento tem lugar garantido na estrutura da realidade. Meu coração conspurcado com tanta ignominia não se dá muito bem nesse ofertório de platitudes e inconveniências semânticas dessa época de tolos. Porque aqui a ignorância não se dá conta que vive numa garrafa e dentro dos seus claros limites ainda possui arrogância sem saber da sua miserável condição. Bom, tem de ser assim, quem construiu o caminho onde coloco meus passos não tem satisfações para me dar. Cumprir a jornada e aprender tudo o que for apresentado, a única coisa a se levar daqui é o que se acumula de conhecimento. Em algum lugar e em algum momento tudo isso deverá ser útil, Pois como ensina o Caibalion: “Em algum momento a causa e o efeito em seu momento da lei da atração reunirá lábios e ouvidos”. Sendo ouvidos em algum intervalo de tempo e em alguma parte do universo serei os lábios, espero estar pronto para o trabalho. Afinal, alguém tem de separar a ilusão da realidade somos diferentes dos irracionais, possuímos a capacidade de transformação e portanto, nosso destino se abriga em propósito superior. Schelling tem uma observação a respeito do tema: “Esta transformação em luz do centro mais profundo não acontece em nenhuma das criaturas que conhecemos, senão o homem. Encontra-se no homem todo o poder do princípio mais obscuro e também, ao mesmo tempo, toda a força da luz. Nele encontra-se o abismo mais profundo e o céu mais elevado, ou seja, ambos os centros. A vontade do homem é o gérmen escondido na nostalgia eterna do Deus que ainda está somente presente no fundo; o raio de vida divina fechado nas profundezas, que Deus contemplou quando concebeu a vontade que quer a natureza”. A possibilidade de desorientação nesse nosso labirinto particular é imensa, há de se ter cuidado com facilidades e convites inadequados. Faz parte da avaliação, do procedimento de purificação, onde se perde a ingenuidade primordial para fluir corretamente em sentidos na estrutura  existencial desse agora, porque se o ontem não tiver sustentação nada há no horizonte que garanta um amanhã. Nessa situação de desequilíbrio mental toda sociedade e seus controles de qualidade ficam comprometidos, não há uma única previsão de acerto na estrutura, sempre a opção errada é escolhida porque a afinidade com o erro puxa sempre para si a falha de interpretação, populações geralmente dependem de comércio para enriquecer, é a atividade básica de qualquer sociedade, gera riqueza, incentiva a indústria para gerar mais bens de consumo e venda, enfim, veio do escambo de mercadorias e com a criação da moeda foi impulsionada para o evidente lucro e saudável acúmulo de bens produto da atividade. Tudo isso está muito bem esclarecido pela escola Austríaca de economia e pelo conservadorismo com toques do liberalismo original, e não esse que hoje temos. Afinal, o objetivo de todo mundo, exceto os socialistas é o bem estar, o enriquecimento social que oferece conforto, saúde e paz. Contudo, o socialista acredita em Estado forte, rico, dominante e que forneça tudo para sua população, causando um enorme desarranjo na ordem natural da atividade econômica, e como eles fazem isso? Impondo uma carga tributária desumana e que tira o incentivo para a produção e o trabalho, porque, afinal, o lucro tão maltratado e escorraçado por socialistas é o que incentiva e azeita as relações comercias.



Efeito imediato, praticamente se elimina o lucro de ontem e sendo assim não se tem riqueza para produzir um amanhã de qualidade, todos os recursos estão centralizados com uma minoria que mal entende as tradicionais condições de mercado. E ainda por cima gasta muito com os próprios desejos da minoria que comanda, se concedendo benefícios injustos com a coletividade, criando assim algo que contraria o discurso original de um governo para o povo, pois na verdade produzem uma oligarquia estatal onde privilégios são a normalidade governamental. No fundo é uma trapaça politica ideológica para que uma minoria viva muito bem à custa de todos. Frédéric Bastiat aborda o tema lá nos primórdios da atividade econômica comercial: “Quando se trata de impostos, senhores, procurem provar que são necessários e úteis com razões substanciais e não com o a seguinte afirmação, tão descabida: “As despesas públicas fazem a classe operária viver”. Tal afirmação é equivoca, pois dissimula um fato essencial, a saber, que as despesas públicas são sempre substituídas por despesas privadas. E que, por conseguinte, elas fazem um operário viver em vez do outro, mas não acrescentam nada à classe operária, considerada em sua totalidade”. Vejam estamos falando bem antes de tantos estudos econômicos entrarem na pauta internacional, Bastiat viveu entre1801 e 1850. Aqui ele fala de carga tributária, essa coisa tão amada pela esquerda. Onde a arrecadação em certo momento começa a ser desviada por membros do governo para assuntos privados dos governantes, causando a necessidade de contínuo aumento de arrecadação para suprir as imensas necessidades, agora não só do Estado mas também dos privilegiados. E claro, uma fatia diminuta de operariado mais próxima dos governares viverá e o restante não. E assim temos o sistema injusto dos que teoricamente se preocupam com o proletariado. O truque é bem velho, não há novidade nenhuma no que acontece hoje em pleno século XXI, essa gente não muda, não aprende nunca. Essa gente não possui algo dito por Schelling: “O vínculo que unifica a nossa personalidade é o amor e se somente a ligação produtiva de ambos os princípios pode ser criadora e produtora, então, é o entusiasmo no sentido próprio do termo que é o princípio ativo daquela arte ou ciência que cria e produz”. O princípio ativo, o entusiasmo é o lucro individual que estimula a ação, o trabalho, que dá força para o indivíduo criar e ultrapassar metas na individualidade e assim atingir um patrimônio próprio que lhe dê bem-estar a ele e sua família. Sem esse pequenino detalhe odiado pelos coletivistas não teremos o ontem e muito menos o amanhã.




Gerson Ferreira Filho.


Citação:

O Caibalion Hermes Trismegisto. Editora Camelot.


Investigações filosóficas. F.W.J Schelling. Edições 70.


Oque se vê e o que não se vê. Frédéric Bastiat, Instituto Mises Brasil.


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