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A elasticidade da circunstância.
E assim amigos, vamos conversar agora a respeito dessa flexibilidade moral dos nossos dias, dessa sutil colaboração mental onde mora todo desvio e onde temos o catalisador do equívoco comportamental atual. Elasticidade hoje também ligada a preços e demandas em forma econômica para os iniciados nessa área mas que possui abrangência no perfil humano de ser e se comportar. E assim cria lacunas de possibilidades deletérias e oportunistas que no fim acabam dominando o ambiente de forma geral. Nessa insalubridade mental vive o desvio e a incorreção que espreita de forma oportunista o ensejo oferecido pelo empobrecimento cultural majoritário da atualidade. Eu vou fazendo o que está ao meu alcance para distribuir um pouco de cultura através dos meus livros, eu poderia estar produzindo literatura cheia daquelas estrovengas literárias como: “Então, com violência a chuva caiu, se precipitou banhando telhados e sutilmente naquela manhã de turmalina com a diversidade de cores complexas onde de forma assanhada em teores exóticos escorria pelos vãos de telhas corrompidas pela idade e assim gotejava na face rígida de uma calçada pobre”. Não! Meu propósito não está em criar literatura, mas em propagar conhecimento. Já existe muitos autores disponíveis para esse ramo, eu procuro informar, discutir a realidade e ensinar, mostrar aquilo que propositalmente foi negligenciado no ensino. Se vou obter êxito e reconhecimento? Não sei, mas sinto que tem de ser assim. Então introjete-se com meu texto, internalize-o como literatura mesmo que assim não seja, meu objetivo é complexo e multifacetado para que um dia você que lê saiba quem foi Mario Ferreira dos Santos. Não sabe quem é? Não me espanta essa ausência no cenário cultural. Estamos na era da cretinice, e o que é um cretino? Segundo Aaron James professor de filosofia na Universidade da Califórnia: “Trata-se de um homem, ou muito raramente uma mulher, que se permite a si mesmo vantagens particulares na vida social e se sente imunizado contra críticas”. Conhecem alguém assim? No mundo político e jurídico principalmente? A cretinice abrangente se alicerça no efeito Dunnig-Kruger onde uma formação fraca e a superficialidade de conhecimento alimentam uma peculiar arrogância do saber, sem necessariamente saber o que se faz. E se se sentem especiais mesmo não sendo, acreditam solidamente estarem imunes a qualquer crítica mesmo quando se encontram em erro absoluto. A vida no saber requer modéstia e reverência ao conhecimento que se torna distante da rispidez dos estúpidos que assim se abrigam em propostas incompletas e deficientes de conteúdo para lastrear pois quem sabe, sabe que nunca sabe o suficiente para se considerar completo, em plenitude final onde não resta mais nada a saber.
Porém essa é uma premissa impossível e denota a incapacidade redundante de raciocínio lógico dos nossos ásperos tempos, porque existe uma infinidade de gente assim, se achando sem perceber que na realidade está perdido entre jactâncias que não significam altivez real. Hoje existe a figura do “especialista” aquele sujeito que geralmente exibe orgulhosamente doutorados e mestrados como se fosse o ápice do conhecimento e portanto, lhe dá o direito de finalizar controvérsias apresentadas em balcão público de discussões. Quando existe a necessidade de percorrer uma longa estrada de pesquisa e estudo para ao menos entender a realidade. Aqui chegamos em outra categoria de estupidez, o narcisista. Este é especial como determina o Dr Jean Cotteaux: “É o canalha que se satisfaz com a submissão e o sofrimento alheios, e que faz carreira saciando a sua paixão por humilhação. É um transtorno de personalidade narcisista malicioso e pode vir a apresentar a tríade obscura, associando narcisismo, maquiavelismo e psicopatia”. E assim temos um mundo essencialmente comandado por gente assim, pode dar certo? Pode, mas a possibilidade de dar errado é enorme. Não é uma questão de premonição mas apenas raciocínio lógico aplicado nas decisões e nos apoios tanto dos líderes como do povo, em qualquer lugar. Junte nessa mistura abjeta um tanto de submissão ideológica com ignorância congênita, ínsita de origem natural ao ser que a transporta em si e não faz ideia que é assim. E assim nessa tragédia cognitiva temos o Self Junguiano, a totalidade da psique, consciente e inconsciente, a nossa personalidade, ou nas palavras de Jung: “Não sou eu que crio a mim mesmo, mas eu aconteço para mim”, colocam o self como algo que existe a priori, quer seja conhecido ou desconhecido, é o ordenador dos eventos da vida”. Com toda essa profundidade e essa elasticidade e capacidade de ajustes inesperados na circunstância temos um leque de possibilidades e nem todas são boas. Vestidos que estamos de insolência abrangente supomos sermos deuses, mas estamos bem longe disso. Nossos exageros podem ser fatais de forma coletiva embora hoje apenas consigamos perceber só algum desconforto pessoal dependendo de onde nos situamos nesse cenário desvirtuado.
Bom, em tudo isso toda essa argumentação não poderíamos deixar de citar também Mário Ferreira dos Santos, aquele que a maioria de vocês desconhece. Um pouco da filosofia dele que espero ser um incentivo: “Ora, tudo quanto há, tudo quanto é, foi e será, tem sua origem no Ser Infinito. Consequentemente, tudo quanto acontece, acontece ou acontecerá foi providenciado por Ele, pois do contrário teria vindo do nada, o que é absurdo”. Sendo assim o que acontecer acontecerá com o consentimento Dele, e sendo assim o destino que tivermos teremos por decisão e projeto do criador. Deve ter algum propósito tudo isso , essa ignorância abrangente que nos envolve e pretende nos controlar totalmente. Mas de qualquer forma aqui vai algumas sementes de alternativas, de conhecimento para pesquisa e enriquecimento cultural. Quem entende o mecanismo do cenário se desenvolve melhor nesse labirinto. Nesse momento histórico onde guerras podem eclodir e internamente somos controlados por celerados devemos esperar atrocidades mas quem sabe, alternativas podem aparecer inesperadamente rasgando essa bruma espessa de obscenidades comportamentais.
Gerson Ferreira Filho.
Citações:
Filosofia concreta, Mário Ferreira dos Santos. Editora Filocália.
A psicologia da estupidez. Jean-François Marmion Editora Avis Rara.
O mito do significado na obra de Carl G. Jung. Aniela Jaffé. Editora Cultrix.
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