Antes do fim jogos e dissimulação.
Lembram-se do butim? A coisa não
seria fácil. Olivário sabe-se lá se em acordo com leogácia ou apenas utilizando
manipulação conseguiu um testamento no qual recebia a casa da mãe como herança.
Soube-se que Leogácia ficara desgostosa com sua filha preferida, a Levilha Pois
essa só a procurava para pedir dinheiro alegando sempre alguma dificuldade.
Isso em tempos atrás não causaria desconforto, afinal de contas ela era a
preferida, e por diversas vezes já havia recebido ajuda por qualquer motivo. Existiram
motivos de suspeita, sim, mas foi registrado.
Aparentemente aos olhos de quem
acompanhava de longe Olivário que detinha a procuração de Leogácia supria todas
as necessidades dela. Internações, remédios, médicos. Ela já não andava, vivia
na cama e morava com seu filho mais novo, que arcava com a terrível condição de
cuidar da mãe doente sozinho e ter de escuta-la, sim! Ela apesar do estado
completamente degradado ainda estava lúcida. E isso não era fácil, Leogácia
nunca foi uma pessoa fácil.
Foram anos de sofrimento, esgotamento de
recursos e aparente dedicação, digo aparente porque de certa forma era isso que
aparecia na superfície conturbada da situação. Olivário ainda tinha que escutar
mais um pouco, a mãe mesmo naquela situação ainda pedia que ele reaproveitasse
as fraldas descartáveis para poupar dinheiro, lembram-se? Ela prosseguiu “econômica”
até o fim. Naquele corpo totalmente comprometido ainda morava aquela velha e
conhecida essência, desperdício jamais!
O silêncio imperava entre os demais filhos,
Avenildo o filho mais velho dentre os filhos homens, conhecido como outro ávido
por dinheiro simplesmente não se manifestou. Termínio que morou grande parte da
vida em outra cidade e nunca incomodou também não se pronunciou. Com destreza e
ajuda jurídica Olivário conseguiu com que Jaconildo, apesar de viver
maritalmente com Leogácia a mais de dez anos saísse da casa da mãe. Foi uma
surpresa não existir disputa, pois Jaconildo poderia complicar o quadro, afinal
de contas ele era o marido de Leogácia. O jogo estava em curso.
Debaixo
das sombras almas sequazes cozinhavam desditas sórdidas em fogo brando. Levilha
que não concordou com o testamento contratou um advogado para contestar o que a
mãe havia colocado no tal testamento. Conquistou como aliado o seu irmão
Termínio. Pelo menos essa luta ficou em espera até Leogácia de fato morrer.
Ninguém ousaria contestar Leogácia em vida, receberia em troca uma enxurrada de
pragas e maldições.
Como
diz o ditado popular: praga de mãe é coisa séria. Maior azar seria ser um amaldiçoado
debaixo daquele maldito calor da região, nenhum dinheiro valeria esta condição.
Mas pensando bem uma comichão insistente incomodava aquelas almas, a semente de
Leogácia estava plantada naqueles corpos. Mergulhados na espessa atmosfera dos
seus instintos aguardavam na esquina o desenlace do destino.
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