Utopia.
Ilusão. A morada preferida. Onde
devaneios são consumidos para satisfação da nossa necessidade de remissão. O
perdão a pura fatalidade de existir. Mesmo que não haja crença em algo superior,
de fato, a fome existe, e este apetite tem de ser saciado de qualquer maneira.
Exatamente o que pode se encaixar nesta lacuna, neste vazio devorador?
Nada melhor do que uma utopia.
Dificilmente um ser humano escapa dessa necessidade, a não ser que alguma
patologia o fustigue. Uns adotam crenças religiosas, outros ficam com o sistema
político, que na verdade é proposto como uma religião. Uma fé onde o ser humano
pode ser bom, sem interferência divina.
E assim vivem, e se multiplicam
na necessidade programada de expansão ilimitada dos iguais. E aqui temos o
primeiro e grande problema: os iguais não são iguais. Desejos preferências,
escolhas não são padronizadas. E assim como existe a necessidade congênita de
remissão, também existe a necessidade primordial de liberdade, de poder
escolher o próprio destino.
E qualquer sistema que tenha regras que entre
em conflito com estas diretrizes naturais, sempre irá fracassar. Existir é uma
coisa muito intima muito pessoal, este âmago não permite controle externo sem
que se anule. E se anulando anula o indivíduo anula sua decisão, seu sentido, e
consequentemente sua produtividade e por fim o que o tonava significante neste
mundo, a existência.
Não faz sentido viver sem a possibilidade da
escolha. E uma escolha é um juízo, como definiu muito bem Sartre: Um
juízo é o ato transcendental de um ser livre. O
que nos leva ao dilema que não julgar se torna não existir. Dentro da mesma
explanação do referido autor: Sou escravo na medida em que sou dependente
em meu ser do âmago de uma liberdade que não é minha e que é a condição mesmo
do meu ser. Enquanto sou objeto de valores que vêm me qualificar sem que eu
possa agir sobre esta qualificação ou sequer conhece-la, estou em escravidão.
Ou seja, qualquer sistema que
venha invadir a privacidade, o direito de escolha estará fatalmente destinado
ao fracasso. A concepção do controle, da totalidade não se torna possível entre
diferentes. Sempre produzirá uma emulsão confusa e improdutiva de desejos
reprimidos e insatisfações, onde a criatividade, a produtividade e o amor se
tornarão impossíveis de serem alcançados. Não existe felicidade entre grilhões.
Mais vale a fé no que pode ser até considerado imponderável, mas proporciona
liberdade, do que a crença no vazio. Produzindo deste vazio, o horror da
escravidão.
Gerson Ferreira Filho.
ADM 20-91992.
Citações: Sartre, Jean-Paul,
1905-1980.
O ser e o nada- ensaio de
ontologia fenomenológica: Vozes, 2015.
Livros e formato E-book.👇
Atualidades e análise de politicas de controle de massas.
Livro Nacos de Mormaço.
Novela ambientada no centro do Rio de Janeiro nos anos 70 estruturada de forma bem simples para dar representatividade a uma região, uma comunidade e seus moradores. Incluso contos Contextos da usura do Norte Fluminense.
Ou em formato tradicional, o livro de papel na Editora Delicatta Ou no portal da livraria Loyola 👇
Nenhum comentário:
Postar um comentário