sábado, 4 de junho de 2022

O princípio inexato da realidade.

 

                                                   Imagem de Gerd Altmann por Pix Bay.


O princípio inexato da realidade.




A verdade deveria ser aquilo que é mas estamos em tempos que realmente ela seja aquilo que eu, ou melhor, esse indeterminado personagem do agora quer. Não é mais uma questão de estar entrelaçada na obviedade das evidências mas sim de estar abraçada no desejo particular de alguém ou de algum grupo. As cercanias da razão foram revestidas de hipocrisia e o gênero passou a ser mais importante que um corretíssimo, preponderante, palpável da fatalidade real em si. Colocaram devaneios em formas e deram forma ao abstrato, uma ousadia delirante digna de uma surrealidade poética que margeia o psicodelismo doidivanas dos efeitos de drogas alucinógenas.


Hoje se você quiser saber o que realmente é verdade, terá de praticar uma atividade arqueológica, e resgatar alguma informação de um período onde o que era, seria de fato, e o que nunca foi se bastaria na sua nulidade. Porque da vontade se projeta o desejo e desejos nem sempre podem ser palpáveis pois habitam a inconsistência onírica da margem louca da razão. E sendo assim então, a construção da realidade perde protagonismo e se torna apenas um acessório inadequado a essa suposta modernidade delirante que não permite mais a existência do que realmente é, e por substituição, onde um dia se considerou a realidade, hoje se institui o capricho como letra de um arrebatamento excêntrico.


Se quiser permanecer existindo nesse mundo, entenda-o com um avesso do sentido delineado e aprumado da razão. Uma realidade que se deslocou do seu eixo original e passou a flutuar entre conexões improváveis e incongruentes de uma verdade produzida para atender sensibilidades particulares onde o equilíbrio não necessariamente se obtém pela lógica. Não seja você, se é que me entende, seja o que querem que você seja, mesmo que momentaneamente isso cause desconforto. É por sobrevivência, e não mais por rotina de um cotidiano lógico. Concordar com disparates virou uma operação de contingência onde você vai tentar continuar existindo em modo mínimo de atividade cognitiva para não entrar em colapso.


Pois, agora nos adaptarmos será preciso, e sabe-se lá por que a realidade perdeu o seu sincronismo ideal, talvez alguma onda gravitacional, poderiam dizer os astrônomos, estudiosos das peculiaridades do cosmos. Por fim, a verdade não é mais certeza, os antagonismos se casaram e nós estamos no meio do caminho tentando encontrar um rumo na inexata certeza que o caminho a princípio pode nem existir para abrigar nossos passos. Cuidado! O que é, pode não ser.



Gerson Ferreira Filho.



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