segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Excentricidade temporal.

 

                                                    Image by Rogier Huekstra from Pixabay.




 Excentricidade temporal.


Assim, nessa monotonia eterna de uma metonímia impertinente e saltitante, que penetra a ocasionalidade onde a fidúcia do tempo está no passar das horas, que a tudo inexoravelmente consome, ousadamente insistimos em ser, e se assim somos seremos então, dentro das possibilidades, um atributo, e não apenas uma interferência fortuita disponível na aleatoriedade desse oceano de vontades. Onde todo querer se apresenta como essência, e como descuido com a textura, nos entregamos à paixão. Então, uma vez absortos que estamos, indiscutivelmente o equilíbrio sucumbe na intensidade opaca de um lamento, por uma desídia que abriga toda e qualquer mediocridade de um momento. Não há expectativa nem esperança, quando o absurdo passa a ser a base e modo de vida de um tempo. E neste efêmero contexto onde a circunstância se abriga com a timidez dos devassos, não há mais nada para prantear, o arcabouço da infâmia já está pronto, mesmo que assim não fosse, ainda seríamos reféns de um propósito indigno. Descrever uma época oblíqua, dissimulada entre razões absurdas requer exercício semântico em proporções fora das necessidades do perímetro cognitivo de uma sociedade. O hoje e o quando perderam sentido e a circunstância não se abriga mais na razoabilidade do momento, porque se tudo depende de desejo, toda hipótese passa a ser uma vontade particular e não fruto de raciocínio lógico que proporcione revestimento sólido para uma tese. E se as premissas são frágeis a composição interna que sustenta o argumento entrará em colapso no intervalo que se propõe existir. Portanto, transpassados que estamos na densidade da agonia, prosseguimos, enquanto pudermos, na virtude da razão, porque assim se faz necessário, e se como propósito temos a função de incorporar sentido a todo devaneio, assim faremos para desconforto cotidiano da alienação. Prosseguir é o destino, porque viver na margem não satisfaz, precisamos para evoluir e ganhar capacidade, participar da turbulência da insanidade mesmo que soframos o desgaste. Portanto, imiscuídos que estamos na infâmia de forma pertinaz bailamos em espírito na aleatoriedade desse momento histórico que nos envolve, onde o puro desatino dessas ocorrências se devoram entre contextos sem sustentação para ser de fato realidade. Se das raízes saímos, precisamos alcançar o frescor do ar puro e da luz redentora com sacrifício, e então, este é o caminho. Para que assim tenhamos uma última reação, aquela que fraciona tudo que entendemos como ser, em verdadeira vida, essa magia cósmica que permuta e mistura elementos para possibilitar infinitas auroras. Alimentem-se do caos, se fortaleçam onde todos achariam impossível, perseverança é o truque que confunde o mal. Porque ele não entende a efemeridade das suas questões, como uma força da natureza que é, chega, envolve, submete e colapsa simplesmente por não possuir resistência à luz. Mesmo tendo também se originado dela, dessa luz; ele se perdeu entre conceitos errôneos, rancores e submissões aos instintos.


Parece ser propósito e na verdade é. Pois a chama apenas se consolida se existirem condições de sustentação para seus atributos. No limiar do desastre acontecem às reações que desencadeiam a mudança. Não há monotonia na criação. O furor da realização não possui obstáculos plausíveis que sustentem resistência ao eterno. Então, nas cercanias das impossibilidades onde o impossível se transforma em mera impossibilidade, lá onde esse mesmo impossível não passa de uma trapaça semântica, guardaremos nossos corações, embrulhados em expectativas, e armazenados na certeza que temos origem nas estrofes poéticas que foram preferidas na conjunção do tempo que se deslocou no espaço para estarmos aqui. Não há solidão nessa profundidade, tangenciados que fomos pela esperança essa que recolheu de nós todo o conflito que nos fustigava. Então, nessa realidade profana, estimulada por contornos psicodélicos e surreais vamos entre tentativas e erros somando e subtraindo processos comportamentais como estímulo para a realidade. O trajeto é essencialmente longo, excêntrico e temporal. Por qualquer rota existirão os desafios, e neste labirinto o fim é o começo. E nesse trajeto encontraremos inúmeras almas em negação, ou simplesmente sublimando, no amplo termo da psicanálise, presos em suas particularidades construídas como abrigo para não vivenciarem as dores do mundo real. A construção de temporalidade paralela é mais comum do que se imagina, e prende muita gente nessa margem mental de suposições confortáveis com todo o peso de uma abstração circunstancial que permite viver alheio; mas e ainda assim, apesar de tudo, presente no mundo real. Algumas verdades são insuportáveis, estar absorto por quimeras, anestesia. Portanto, com sensações ludibriadas, para muitos permite o prosseguimento com um mínimo de sanidade, mesmo já ocupando um espaço dentro da insanidade. As astúcias da casualidade não permitem para muitos manter o prumo específico no cenário dinâmico e turbulento de existir. Ser razoavelmente são, integro nessa afetuosa e instigante conjunção infinita de detalhes requer capacidade adaptativa plena e não apenas uma circunstancial atitude evasiva em momentos vãos nessas lacunas de todo agora.


Contra essa gaiola mental, construída para alienação de indivíduos se faz necessário nossa luta. Ela foi construída minuciosamente por inimigos da humanidade. Com ideologia, procedimento comportamental, invasão na produção cultural, arquitetura do ignoto substancialmente incógnito na sua forma para iludir e formalizar a perversidade. A licenciosidade passou a ser bom atributo, algo até desejável para suprir o prazer de momentos abjetos. Se ao menos nós conseguirmos que os jovens passem a ter um parâmetro comparativo de boa conduta civilizatória, teremos assim salvado a civilização. Porque tudo indica que a camada social de adultos hoje parece já estar irreversivelmente perdida. A consolidação de atitudes e rotinas no arcabouço cognitivo dessa gente dá sinais de não permitir reparo eficiente de programação. A luta passa a ser pelos inocentes, pelo futuro, diluindo incongruências distributivas que moram no discurso acadêmico de hoje.



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ.



Este é o terceiro texto fora do meu mais recente projeto. Vestígios do cotidiano, que brevemente estará disponível para aquisição. Conterá 61 crônicas, desta vez maiores e mais encorpadas do que as do Fragmentos do momento, portanto o livro terá mais páginas. Este fica para o próximo livro se Deus quiser. 


Fragmentos do momento

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Outros Livros em formato E-Book👇




Atualidades e análise de politicas de controle de massas.


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Novela ambientada no centro do Rio de Janeiro nos anos 70 estruturada de forma bem simples para dar representatividade a uma região, uma comunidade e seus moradores. Incluso contos Contextos da usura do Norte Fluminense.


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