segunda-feira, 25 de setembro de 2023

A metodologia do vácuo.

 

                                                        Image by Jeff Jacobs from Pixabay.




A metodologia do vácuo.



Existem tempos transversais à razão. Essa deformidade lógica à margem da circunstância que oprime o contexto. Numa repetição sistemática procedimental da infâmia, seria uma benção se apenas e supostamente morressem aqueles que existiram na hipótese tardia de qualquer texto vadio publicado por uma mídia venal entre balas perdidas conjecturais. Entretanto, nesse intervalo histórico se adquire personalidade científica, de certo modo, mas a estrutura moral prossegue se debatendo entre infâmias ecléticas em eclésias constipadas por areópagos corrompidos, revestidas com a multifuncionalidade do contrassenso. Não é uma oportunidade, mas sim um desvio de conduta, um cacoete maligno que sempre se apresenta como um passageiro supostamente indesejado. Um clandestino permitido, que se refugia nas entranhas das almas soberbas, que se nutrem do específico odor da indignidade de se achar superior. Se você se sente além da maioria, com atributos acima da média, e por isso pode sistematicamente eliminar o que considera inferior, não há novidade no que você pensa, outros homens já pensaram assim e anteriormente criaram desastres monumentais com esse peculiar desejo de purificação. Nem uma novidade reveladora chega a ser esse seu desejo reprimido que agora ousa assanhadamente se expor. Entendemos; a limitação dos que não possuem perspectiva dentro da sua própria cognição, inventam recursos para apaziguar a discrepância evidente que os condenaria ao frustrante anonimato. Mesmo entre os néscios há a necessidade de obter destaque, ainda que se prendam a padrões de sistematização obnubilada por puro congelamento de ações rudimentares ao fim específico para qual foi criada. A escritora Hannah Arendt já definiu muito bem como essa gente comum pode ser banal em relação ao mal aplicado ao próximo. O medíocre cumpre ordens sem questionar, sem avaliar as consequências dos seus atos, se é uma abominação catastrófica e insana ou apenas um bolo que se põe no forno parra assar. Se são ordens que se cumpra. No livro de Nádia Souki, psicóloga e filósofa, a respeito de Arendt tem a análise: “O Homem Eichmann era o perfeito instrumento para levar a cabo a “solução final”: organizado, regular e eficiente tal qual uma empreitada de que ele estava encarregado. Na sua função de encarregado de transporte, ele era normal e medíocre e, no entanto, perfeitamente adaptado a seu trabalho que consistia em fazer as rodas “deslizarem suavemente”, no sentido literal e no figurativo. Sua função era tornar a “solução final” , normal”. Estamos repletos de Eichmanns no nosso cotidiano, a recente pandemia evidenciou isso. Onde determinações são cumpridas sem ao menos se oferecer particularmente uma análise de cenário; isto é certo?


Esta falta de ousadia cognitiva, de análise do contexto, da saudável desconfiança com um pacote de procedimentos oferecido repentinamente com insistência voraz não diferencia em nenhum momento essa gente, similar ao previsível alemão que conduzia seres humanos para as fornalhas de Auchvitz. A aceitação como inevitável e insuperável de ordens e o zelo por sua obrigação matou milhares sem ao menos lhe tirar o sono reparador após o expediente. Afinal a máxima: “estava cumprindo ordens”. A Autora Hannah Arendt delimitou essa gente no contexto da ralé. Um grupo onde estão representados elementos de todas as classes, como ela cita, é fácil confundir ralé com o povo, mas não é a mesma coisa. Ela define: “a relé brada sempre pelo “homem forte”, pelo “grande líder”. Porque a ralé odeia a sociedade da qual é excluída, e odeia o parlamento onde não é representada”. Então, essa ralé se tornou predominante, alguns imensamente ricos e outros, presos nas suas limitações, de apenas serviçais obedientes da sistematização. Uns tentam suprir suas angustias como poder, outros com idolatria a seus líderes, e outros simplesmente descontam suas frustrações nas costas de inocentes, porque assim lhes é permitido por força da função que ocupam. Neste vazio sistematizado do absolutamente nada Victor E. Frankl delimitou: “O vazio existencial manifesta-se principalmente num estado de tédio. Agora podemos entender porque Shopenhauer disse que, aparentemente, a humanidade estava fadada a oscilar eternamente entre os dois extremos de angústia e tédio”. Entre estas sensações estamos nós, os que não se incluem nessas limitações, e assim destinados ao uso angustiado ou entediante, sempre somos triturados por tudo aquilo que não fizemos mas por ousadia talvez possamos fazer, e isso é um risco intolerável para a ralé. Alguém com autonomia intelectual, que pense e avalie as circunstâncias com preciosidade é tudo o que gente limitada não quer. Aprioristicamente entendemos que provavelmente ainda não é o momento da aceitação, porque o processo se repete por eras e épocas, o momento de transformar chumbo em ouro ainda não é esse, as individualidades ainda precisam de refino antes que ouvidos estejam prontos para escutar. Entendam crianças, o chumbo é a ignorância, pesada densa em sua forma, o ouro? A luz do conhecimento verdadeiro, resplandecente em sua transcendência divina que submete toda alma à verdade. E a pedra filosofal? Ora, é o mestre, é ele que transforma a essência do ser. Nunca foi um objeto que tantos cobiçavam, mas um processo espiritual, onde a luz invade as trevas para a evolução de todos nós. Assim, neste nível tentaremos aqui e ali pescar almas como adequadamente nos ensinaram, mas o Criador estabelecerá o prazo, e direcionará o aluno pois assim estabelece o Caibalion: “Quando os ouvidos do aluno estiverem prontos para ouvir, então virão os lábios para preenchê-los com sabedoria”. Não há necessidade da expectativa ansiosa, o que está estipulado será, apesar de todas as obscuras artimanhas do mal.


Apenas se estabeleça como personalidade desse momento louco, a ocasião é insana e não você. O tempo vai se encarrar de dizimar devaneios e contradições, costumes vão passar, modismos e tendências desaparecerão e ocasionalmente até voltarão, todas essa gente volúvel em sua base, continuará existindo, e apesar de todo ideal revolucionário, a rebeldia humana não passa de um momento no vácuo que dança eletricamente no filamento que o sustenta. É efêmero, e o episódio é curto para dar ao âmbito da hora o peso específico necessário para o momento. Valores, mantenha-os a mão, são eles que definem o ser, e para encerrar deixo a reflexão de Ayn Rand: “O amor é uma resposta aos valores. É pelo senso de vida de uma pessoa que alguém se apaixona – por essa soma essencial, essa posição fundamental ou maneira de encarar a existência, que é a essência de uma personalidade”. Até o próximo encontro.



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ.



Citações:


Nádia Souki, Hannah Arendt e a banalidade do mal. Editora UFMG.


Hannah Arendt Origens do totalitarismo. Companhia das Letras.


Victor E. Frankl Em busca de sentido. Editora Vozes.


Hermes Trismegisto O Caibalion. Camelot Editora.


Ayn Rand Manifesto romântico. Avis Rara Editora.



Este é o quinto texto fora do meu mais recente projeto. Vestígios do cotidiano, que brevemente estará disponível para aquisição. Conterá 61 crônicas, desta vez maiores e mais encorpadas do que as do Fragmentos do momento, portanto o livro terá mais páginas. Este fica para o próximo livro se Deus quiser. 




Enfim pronto!






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