quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

O exercício da hipótese.

 

                                                     Image by Niki Dinov from Pixabay.




O exercício da hipótese.



Bom, nesses tempos controversos onde a insanidade se envergonha de ser hoje plausível e aceita como normal, caminhamos para mergulhar profundamente em circunstâncias abjetas com se fosse um paradisíaca praia tropical. Não há mais sentido jurídico e tradição, apenas ações políticas de interesse de grupos de poder. Nesse intervalo de tempo exótico você pode ser condenado apenas por pensar, exercer sua capacidade mental de criação de cenários. Se o fizer, fique com esse raciocínio apenas para si, ou corre um sério risco de acabar na cadeia por subversão. A distopia vai se consolidando aceleradamente, e com a ajuda dos colaboradores ocasionais conforme rotina. O Status dos poderosos segue preservado com o empenho dos que se dizem oposição, com sutilezas distribuídas nas bandejas classudas no Senado e se preserva o modo operacional do comando da casa, trocando seis por meia dúzia, para conseguir essa facilidade se promete migalhas que em tempo justo serão neutralizadas se ousarem ser impertinentes, mas comissões devem render alguma coisa para políticos e partidos, no trato financeiro, se é que me entendem, e tudo se ajusta com sempre, o povo que se dane. Esse mesmo povo se submete prazerosamente ao jogo, ao trâmite da imoralidade porque essa é a sua natureza, ser povo, ser idiota. Se a liderança ordenou que se cumpra, não importa o tamanho do disparate porque de submissão e idolatria se compõe a massa. Eu sei, minhas palavras causam desconforto evidente no populacho principalmente mas fico nesse caso com Santo Tomás de Aquino citado por Chesterton: “Não é bom dizer a um ateu que ele é ateu; ou acusar a quem nega a imortalidade com a infâmia de negá-la; ou imaginar que alguém pode forçar um oponente a admitir que esteja errado, provando que ele está errado com base em princípios alheios, que não são os seus próprios”. Mais adiante ele esclarece também que esse diálogo tem de ser feito nos argumentos deles, usar o que ele tem dentro de si contra sua própria estrutura e desestabilizá-lo. A argumentação tem de usar o padrão estabelecido dentro da alma de quem não se ajusta para ter chance de semear a dúvida. O confronto simples de mundos pode ser muito contraproducente nesses termos agressivos. Utilize a técnica da água a infiltração, e alcance o interior corrompido e lá coloque a semente de um novo termo, de uma nova realidade para que se estabeleça a verdade. O universo na sua estrutura ontológica foi plissado na sua margem mais extrema para evitar sobressaltos inesperados, acredite, a flutuação de parâmetros é esperada e consentida para que tenhamos evolução sempre, nada permanece, tudo muda, se completa, se rearranja em novos padrões e prossegue sua infinita jornada no cosmos numa viagem sem fim. E se a mudança é o propósito como certa vez esclareceu Heráclito, nessa mudança estabeleceremos a certeza da frutificação da semeadura. No fim nossa tarefa está em preencher vazios existenciais, ocupar o vácuo que ainda está presente na inconsciência de muitos, para que assim despertem para uma nova realidade positiva, produtiva e que não mais se disponibilize de forma fácil para os trapaceiros. Enxerguem e ocupem espaços na mente baldia onde interesses escusos se fortalecem como erva daninha abrangente na plena ociosidade do intelecto popular. Não há descaso do Criador e Chesterton cita mais uma vez Santo Tomás: “Santo Tomás considera que as almas de todas as pessoas trabalhadoras e simples são tão importantes quanto almas dos pensadores e buscadores da verdade; e ele pergunta como todas essas pessoas teriam a possibilidade de encontrar tempo para a extensão do raciocínio que seria necessário para encontrar a verdade”. Nossa jornada infinita se compõe de adquirir experiência e repassá-la. Exercite hipóteses, faça o reprocesso do ensaio, provoque as mais diversas combinações aleatórias até que o padrão exato aconteça para uma realidade correta. Por que eu escrevo? Exatamente por isso, quem me acompanha sabe os meus termos, eu distribuo o que eu tenho para que ocasionalmente essas palavras encontrem terra fértil para gerar dúvida e frutificar. Mesmo na hostilidade de um mundo completamente corrompido por materialidade improdutiva e já na sua origem com prazo de validade vencida. Esse texto deve ser o primeiro do sétimo livro - se estiver vivo até lá - pois estou para lançar o sexto agora, com a mesma abordagem, dar espaço para cultura e uma forma diferente de pensar, uma forma que foi sonegada pelos intelectuais de botequim da nossa época, existe hoje uma perceptível arrogância no ar expelida por uma sociedade onde os prazeres e a irresponsabilidade são preponderantes. Os arautos do materialismo vulgar foram muito efetivos em semear a loucura e o despropósito na sociedade, e com isso produziu o que vemos hoje, um lugar onde as pessoas não conseguem mais se definir se são machos ou fêmeas, que abrem mão de direitos naturais por políticas coletivistas, profissionais que aplicam tempo de vida em academias para no final, depois de formados, desrespeitarem as normas básicas de sua profissão, ou seja, virou bagunça. E mesmo assim, não há constrangimentos, ou ao menos um leve rubor na face por ser criativo, mesmo que essa criatividade ofenda o sentido correto da ação.



Eu aqui na minha particular insignificância vou apresentando minha contribuição cultural. Se algum dia terei reconhecimento ou serei premiado pela ação cultural literária não sei, talvez alguma homenagem póstuma apareça fortuitamente no futuro incentivada pelos poucos amigos de existência, ou não. Meu modo de escrever meio desconfortável e exótico talvez incomode, ainda mais em tempos onde grassa, se alastra o perfil ideológico de uma vertente exclusivista que assola as academias literárias e de cultura. Não há espaço para diversificação. Portanto, não alimento esperanças nessa área, digamos que, o que escrevo seja extremamente desconfortável para essa turma dos flatos coloridos. Mas a persistência é uma característica pessoal, então amigos e inimigos, estarei com vocês enquanto Deus permitir e esse mundo não colapsar completamente em meio a tanta insanidade e perversão. Em breve o livro Detalhes do dia, o sexto da espécie, aproveite e viaje nessas abordagens diferenciadas da realidade. Cada um, cada crônica com sua textura própria e densidade, dentro de seus específicos temas e propósitos, neles procuro propiciar uma viagem diferenciada no universo do conhecimento ao expor autores que jamais entraram na grade de ensino atual.



Gerson Ferreira Filho.



Citação:


Santo Tomás de Aquino. G.K. Chesterton. Ecclesiae Editora.



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