quarta-feira, 2 de novembro de 2022

O rescaldo.

 

 

Imagem de HANSUAN FABREGAS por Pixabay.    



O rescaldo.




Então, aqui estamos nessa barafunda pós insanidade para tentar digerir coisas impossíveis em situação normal. Supostamente metade e mais um pouco da população do país se sente bem em ser presidida por alguém com um currículo com aspecto de ficha corrida policial, o exotismo e a excentricidade sempre acompanharam o brasileiro de perto, mas podemos considerar que dessa vez exageramos. Qualquer coisa que pareça bizarro ficou para trás, o dadaísmo do início do século passado não passa de amadorismo em termos de surrealidade que hoje vemos pairar no ar como o flato inconveniente de um ruminante. Se pessoas supostamente normais, com um bom nível cognitivo e de escolaridade se entregam gentilmente aos desejos da perversão, saia à francesa e se torne apenas um espectador da comédia bufa que se desenrolará a partir desse ponto.


Dentro das várias vertentes da interpretação do que pode ser o futuro, alguns dizem que tudo já está escrito, outros dirão que a construção se faz no momento, no intervalo do existir, com a suavidade áspera morando nos detalhes subjacentes da ocasião fortuita, para assim produzir um amanhã desejável de resultados esperados, seria como uma estatística, onde por amostragem com sutileza acadêmica fosse preparado o dia de amanhã. Na fronteira do reconhecer a si mesmo como participante da ação, o ator intuísse um possível protagonismo nessa trama subliminar de criação abaulada pelo desejo. Porque a vontade intrínseca está na alma e na natureza fundamental da realidade, uma questão metafísica. O horror também mora na origem.


Quando você para se livrar de algo muito inconveniente, se entrega a um disparate, tua noção de equilíbrio já pereceu, não é possível psicologicamente substituir um pesadelo por uma infâmia, na área da cognição humana existe um recurso da própria mente para sobreviver a toda pressão do cotidiano chamada sublimação, onde a ação inconveniente e muito desconfortável se transforma em algo assim, poderíamos dizer, digerível e até prazeroso. Para ser gentil com essa parte da população e usando um eufemismo reconfortante, essa parte do povo que elege o tipo surreal que elegeu está plenamente mergulhada nesse processo. Para se livrarem de algo que foram ensinados a odiar abraçaram algo muito pior, porque a monotonia da hesitação, e a falta de um teor de comando de um personagem frívolo e inapto para exercer efetivamente o comando ficou evidente com o passar do tempo. Nada melhor para deturpar o contexto do que a falta de um parâmetro sólido de liderança.


Assim, estamos aqui, nesse turbilhão de hipóteses. Seremos devorados pelas escolhas inconvenientes, ou teremos que atravessar o deserto inclemente até que o sol piedoso se esconda por detrás das montanhas de um horizonte de eventos gentis? Um borralho de rescaldo que ainda e apesar de tudo retenha alguma chama para renascer algum dia onde a insanidade tiver se diluído nas reentrâncias do tempo que nos abraça, tornando real essa dor de estar aqui nesse momento do existir sem poder escolher um propósito que seja significativo para uma alma que ousa pensar. Do instinto se sobrevive, do real raciocínio se produz poeticamente a razão.


Gerson Ferreira Filho.

ADM: 20-91992.


Livros em formato E-Book👇


Atualidades e análise de politicas de controle de massas.

https://www.amazon.com.br/Cr%C3%B4nica-B%C3%A1sica-do-%C3%A2mago-Subjetivo-ebook/dp/B08CS7L53N




Novela ambientada no centro do Rio de Janeiro nos anos 70 estruturada de forma bem simples para dar representatividade a uma região, uma comunidade e seus moradores. Incluso contos Contextos da usura do Norte Fluminense.


https://www.amazon.com.br/Nacos-Morma%C3%A7o-Gerson-Silva-Filho-ebook/dp/B087ND2F17


Ou em formato tradicional, o livro de papel na Editora Delicatta Ou no portal da livraria Loyola👇








Nenhum comentário:

Postar um comentário