Singularidade.
Bom amigos, a nossa realidade política está uma tragédia neste início de século, então, vamos conversar a respeito de outro problema ou solução que se apresenta para a humanidade, interligada a questão política ou não necessariamente, pois ela pode ser usada contra a humanidade, ou até em algum momento, toda tecnologia possa se tornar agressiva no relacionamento com seus criadores. Em grupos de interação social, eu já havia mencionado essa questão, antes dessas redes sociais mais sofisticadas, alguns devem lembrar que existia o Yahoo grupos. Eu participava de vários grupos ligados a poesia, prosa, política, e assuntos gerais, e me lembro que certa vez mencionei que a inteligência artificial iria nos substituir ou nós simplesmente nos integraríamos a ela de forma que não mais haveria diferenciação do que seria humano ou máquina. Isto tem mais de 20 anos, fui execrado na época. Considerado imaginativo demais e que isso seria uma aberração, pois bem, cá estamos no limiar de tudo isso acontecer. Eu tenho formação técnica em diversas áreas com afinidade a alta tecnologia: eletrônica, química, eletricidade, mecânica, automação, estabilidade em embarcações além da formação superior em administração. Então, essa área me interessa e procuro acompanhar a literatura e as informações a respeito dela. E também para quem acompanha a programação dos canais de ciência em TV por assinatura, tem um panorama bom do que acontece, mas geralmente, quando uma tecnologia é apresentada em algum programa desses, o fato já ocorreu tem tempo, em média uns oito anos atrás. Ou seja, aquilo que parece novidade, não é. O estágio tecnológico está bem mais avençado, o que pode surpreender, já está bem além da surpresa. A construção dessa realidade tecnológica é inevitável, o ser humano busca o aprimoramento e também sempre procura romper limites, sem contar com o que eu considero a evolução. A vida começou entre reações químicas, passou para a biológica, com milhares de anos de aprimoramento, e agora dará o próximo salto, para a tecnológica. Onde em algum determinado momento seremos substituídos ou absorvidos por um novo modo de vida mais resistente longevo e capaz de realmente deixar nosso casulo biológico chamado por nós de terra. Estamos e somos completamente adaptados para viver aqui dentro, na nossa atmosfera, porém não temos nenhum preparo para apenas viver na órbita terrestre. Somos frágeis, sensíveis a raios cósmicos, temperatura, ausência de gravidade e outras tantas coisas hostis que estão lá fora.
Nada mais conveniente que passarmos a ter ou habitar corpos que possam viver fora da nossa bolha biológica sem temer ser torrado por alguma radiação vadia vinda se sabe lá de onde. Hoje, ainda somos escravos do nosso ambiente de origem, se algo trágico acontecer, e pode sim acontecer repentinamente, podemos simplesmente deixar de existir de um momento para outro. Imagine um vulcanismo inesperado e descontrolado? Um impacto com asteroide ou cometa? Ou uma epidemia mortal e fulminante, pois do jeito que manipulamos vírus mortais, nada impede uma destruição total nessa área. O ser humano tem uma vocação também para se destruir. E se formos levar em consideração o retrocesso de inteligência na humanidade nas últimas décadas, talvez a inteligência artificial nem tenha o trabalho de fazer este serviço, nos exterminar, já teremos feito isso espontaneamente sem o auxílio dela, apenas apoiados na nossa peculiar ignorância expandida por ideias idiotas de comportamento. Somos muitos, somos frágeis e suscetíveis a extinção repentina por qualquer ocasionalidade fortuita. Seria desejável e até fundamental que evoluíssemos para algo mais resistente até mesmo a qualquer mudança ambiental repentina aqui no nosso espaço vital. Claro, isto tudo leva a outras discussões periféricas também muito importantes, em relação a politica de controle populacional. Um avanço tecnológico agressivo vai tirar a utilidade existencial de milhões de pessoas. Com o avanço da automação, trabalhos, atividades que gerem salário e renda desaparecerão, teremos um gigantesco contingente de inúteis. Isto mesmo, sem eufemismo para amenizar o impacto psicológico da situação. Inúteis, pois não terão mais serventia para qualquer atividade no mundo real. Esta é a parte cruel do avanço tecnológico.
Na relação custo-benefício teremos que avaliar entre permanecer frágeis dentro da nossa redoma de proteção, que também é frágil, ou migrar para algo mais resistente e capaz de viver fora do nosso mundo. E se conseguirmos viver fora do nosso mundo a possibilidade de extinção da espécie fica muito mais difícil. Se é que nesse nosso pós humano poderemos ainda considerarmo-nos humanos, ou apenas vida inteligente derivada de algo biológico nos primórdios da existência, um passo a mais no processo evolutivo porém não mais humano. Algo que pensa, cria, raciocina, evolui, se reproduz porém existirá sentimento? Amaremos? Filosoficamente teremos capacidade de gerar uma sublime metafísica cultural para se possível dar mais um salto na evolução para algo ainda inalcançável até para a imaginação? Poderemos nessa nova forma possuir afeto e laços familiares? Até que ponto evoluirá a inteligência artificial? Será capaz não apenas de pensamento lógico mas também abstrato, que possa sincronizar com nosso oceano de sensações emaranhadas no âmbito psicológico da nossa estrutura mental? Ser singular deverá necessariamente coincidir com a singularidade, nossa complexa diversidade tem características especiais que habitam as regiões profundas do inconsciente. Não será fácil o mapeamento de toda essa estrutura mental para que se tenha uma real e duradoura integração do homem com a máquina. Qualquer esquecimento fortuito de algum detalhe banal no perfil psicológico de alguém, e teremos algo diferente, e não mais um ser humano.
Gerson Ferreira Filho.
ADM 20 – 91992 CRA – RJ.
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