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Economia e suas circunstâncias.
Alguém disse por aí que a economia não aceita desaforos, uns dizem que é o dinheiro, mas são exatamente a mesma coisa. E trabalho está diretamente relacionado com ela, a economia, porque é dele que se constitui o mercado, os negócios e a movimentação de tudo o que tem valor para ser trocado e comercializado. Pequenas alterações arbitrárias realizadas nesse contexto por governos e legisladores, embora possam parecer a princípio um benefício, podem se transformar repentinamente numa tragédia se faltar análise de efeitos no cenário. Estão querendo reduzir a escala de trabalho de sete por um, que é um sacrifício para quem se encontra nela, mas essa escala já é antiga no mercado de trabalho e a redução dela vai impactar na economia. Essa escala é majoritariamente usada por quem tem baixa qualificação e portanto são os que possuem menor remuneração. Em um mundo perfeito, seria o trabalho de início de atividade, de novatos, de estudantes por remunerar mal e exigir muito. Pessoas com profissionalização definida, como eletricistas, mecânicos, serralheiros, etc. Normalmente não trabalham nesse período, tem suas próprias escalas de trabalho definidas em outras condições, algumas vezes até mais pesadas, porém com melhor remuneração devido a especialização. E mais uma vez temos que alertar que o mercado nem sempre procede assim, muita gente especializada se sujeita a trabalhar por um salário-mínimo mesmo tendo qualificação. Aqui no Brasil é comum, inclusive o acúmulo de funções, o empregador brasileiro não é amigável. O que pode ser utilizado como atenuante, o empregador paga pelo funcionário o dobro ou quase isso do que o empregado realmente recebe. E aqui estamos no gargalo, para que se reduza a carga horária para algo mais humano, o empresário terá menos mão de obra e dias para faturar e gerar recursos para pagar seu staff de trabalho, o que acontecerá? Vai demitir, pois reduz-se esses dias de geração de lucro e a folha de pagamento permanece. Entradas e saídas. Alguns cretinos acham que alguém que ganha salário-mínimo aproveitará mais a folga prolongada. Atenção! Quem ganha salário-mínimo miserável como o nosso nunca aproveita a vida. Acordem! O que se paga aqui como o mínimo serve para sobreviver e não viver. E por que não pagam mais? Porque a carga tributária é enorme, o governo impede com sua ganância a existência possível de um salário melhor. A aplicação de uma carga horária menor e um salário maior passa pela desoneração tributária, renúncia fiscal do governo. Uma coisa leva a outra e a economia não se sente ultrajada, com salário melhor e carga horária menor se pode até obter crescimento econômico, mais dinheiro permanecerá em circulação, bens de consumo serão adquiridos, até com entretenimento se pode faturar onde o trabalhador recebe mais e tem mais tempo e liberdade para gastar a suposta sobra orçamentária que tiver. Quer melhorar a condição do trabalhador brasileiro? Reduza o custo da mão de obra, sim, teremos os espertalhões de sempre, que irão manter o salário baixo e lucrar mais. Mas essa é a real função do governo, achar esses pilantras e dar um jeito neles, o ser humano é complicado, e no país dos espertos onde todo mundo que levar vantagem, mais complicado ainda. De tão espertos que somos, foi necessário implementar a CLT consolidação das leis do trabalho, um texto fascista de inspiração em Mussolini para haver equilíbrio na relação. Uma vez, lá no passado profundo, me lembro de perguntar ao meu pai o motivo de termos essas regras: ele me disse que antes era pura exploração, não havia limite de horário de jornada de trabalho era do amanhecer ao anoitecer, e por um salário miserável, pior do que o salário mínimo. Se você não entende o motivo de um ditador como Getúlio Vargas ser tão amado pelo povo, aí está. Ele regulamentou e acabou com a exploração. Querem acabar com a CLT? Eu acho que ela hoje é um entrave para a atividade, mas alguma regulamentação trabalhista terá de existir, ou vamos virar uma China comunista, onde funcionários até dormem e se alimentam no trabalho por melhor produtividade e lucro do Estado e de suas empresas fantoches. A sociedade brasileira ainda possui um resíduo de Casa grande senzala, volte uns 50 anos no tempo e teremos apartamento com quartos minúsculos e desumanos para empregadas domésticas, elevador de serviço, pois a criadagem não pode usar o elevador dos supostos “nobres”. Aqui, alguém atinge a classe média e já se sente especial, diferenciado, o criado doméstico uniformizado até hoje provavelmente trabalha em residências um pouco mais abastadas. Tem de existir alguma diferenciação da nobreza de terceiro mundo, ou a sofisticação blasé ficaria prejudicada.
E assim a economia deve ser gerenciada por quem entende dela, ou teremos um desastre certo. Não é algo com que se deve brincar ou fazer experiências heterodoxas, ela é vingativa, vai cobrar um alto preço por qualquer ousadia. As tomadas de decisões nessa área devem ser livres o máximo que puderem Não se preocupem ela, a economia se organiza não há caos se apenas deixar acontecer. Como explica Thomas Sowell no seu livro Economia Básica: “Cada consumidor, produtor, varejista, senhorio ou trabalhador realiza suas transações individuais em termos mutuamente acordados. Os preços são representativos desses termos, não somente para os indivíduos particularmente envolvidos, mas por todo o sistema econômico – e, com certeza, pelo mundo. Caso alguém mais, em qualquer outro lugar, tenha um produto melhor, ou um preço menor para o mesmo produto ou serviço, o fato é transmitido e repercute nos preços, sem que políticos eleitos ou uma comissão de planejamento determine o procedimento de consumidores ou produtores”. Entenderam? O mercado se regula sem a participação de políticos ou profissionais de economia do governo. E mão de obra também é uma mercadoria comercializada, existe negociação e barganha por ela, se o governo não estrangular a atividade com impostos e regulamentações, quem vai cuidar disso são os envolvidos nessa troca de interesses, o que o governo deve acompanhar é apenas se existe algum abuso nessa atividade comercial. Receita de bolo para ajustar o mercado: reduza a carga tributária, desonere o empresário contratante de mão de obra, e acompanhe se não vai existir má fé nas novas contratações, e que nesse caso após redução de impostos deve oferecer mais folga e melhores salários ao contratado. E assim aumentar a arrecadação reduzindo impostos em apenas um setor, pois o aumento de renda do trabalhador propicia mais consumo, e como os produtos estão com sua carga tributária especificadas, haverá aumento de arrecadação em setores periféricos dependentes de consumo, a economia, com já citei em crônica anterior, é uma moça seria, recatada e independente, se você passar a mão na bunda dela como os socialistas gostam, vai levar um soco na cara e perder alguns dentes, óbvio. Então, deixe-a em paz, seguir seu rumo, apenas acompanhe de longe o desempenho e lucre com uma boa relação. Uma economia livre enriquece nações, excesso de controle e tributos matam países e seus povos. Portanto, as dicas estão colocadas na mesa, aproveitem a oportunidade.
Gerson Ferreira Filho.
Citação:
Economia Básica. Um guia de economia voltado ao senso comum. Thomas Sowell. Alta Books Editora.
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