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Os termos existenciais.
E assim, enquanto toda relatividade se exaspera, tudo do todo se curva na margem de uma hipótese sestrosa, que na sua manha dengosa apenas fala de propósito, e se não se vive apenas de objetivo, mas de toda circunstância aleatória que contenha emoção onde fica a paixão? Lamento, amigos, mas quem nunca sentiu o coração ferver por alguém, não viveu. Sem a razoabilidade de um beijo em quem se ama, o todo não se completa. O agora não passa de um planejamento sem meta, um ser sem sentido que o seja, uma parcela de nada para suprir um desassossego. Neste satisfatório pleonasmo de bem-querer seja o que o momento te oferece, um algo para o termo, uma ocasião que se estabeleça no tempo mesmo quanto tudo estiver passado. Entenda, o nada se trata apenas de uma abstração filosófica, o tudo teve origem nele e se tudo tem procedência no nada, aprenda a perceber-se dentro de tudo, embora para o contexto você não seja nada. Nos detalhes que escapam da percepção moram todos os argumentos e todas as respostas que ainda estão no âmbito do impossível. Você, apenas ainda não entrou nesse recanto onde todas as hipóteses se cumprem, na especulação está todo o sentido de ser. E é preciso ser para sentir, para amar, para se apaixonar, se entregar, nem que seja por apenas um momento fortuito à energia da conexão, onde se sincronizam ocasiões, para marcar eternamente o espaço tempo com um plissado de ocasião na periferia insegura dessa circunstância. Ao marcar com elegância o tempo, esse ambiente onde estamos inseridos e que nos arrasta inexoravelmente para um determinado fim. E se para o fim certo caminhamos, assim devemos então também não negligenciarmos a nossa alma. Como certa vez Sócrates definiu: “Que é o homem? A resposta socrática é inequívoca: o homem é a sua alma, uma vez que é o que distingue de todas as outras coisas”. Porque no fim tudo é filosofia, tudo é a abordagem do todo e de tudo, pormenorizado na questão do infinito, que não se permite sondar em sua total profundidade porém, dessa alma que constitui o homem há um quê de impertinência voraz que não se delimita a parâmetros e padrões, sempre procura a resposta que falta, e sendo assim, bem-vindo a filosofia. Nela se procura o todo. Não sinta sua condição de asceta da ciência violada, se privar de conteúdo pode lhe causar satisfação mas nossa missão está no questionamento eterno, Enfim, essa é a nossa finalidade, imiscuir-nos na proposta e dissecá-la até que fique explícita a origem de ser como é. Conforme Giovanni Reale cita: “Mas para que serve filosofar hoje, num mundo onde ciência, técnica e política parecem dividir entre si os poderes num mundo onde cientistas, técnicos, políticos, transformados em novos magos, movem todos os fios? O propósito a nosso ver , continua sendo o mesmo que a filosofia teve desde a origem: desmitizar. Os antigos mitos eram os da poesia, da fantasia, da imaginação: os novos mitos são os da ciência, da técnica e das ideologias, vale dizer, os mitos do poder”. Mitos científicos e políticos puderam ser sentidos de forma terrível na pandemia passada, aquelas coisas vendidas e distribuídas como uma certeza praticamente absoluta mas na verdade não se possuía certeza de nada. Tanto em produtos como em técnica de controle comportamental vivenciamos um verdadeiro festival de inconsequências que jamais foram discutidas com a seriedade necessária. Conhecer, aprender e usar a filosofia tem suas vantagens, afinal. Mas hoje, isso é considerado coisa de gente pedante, sofisticada e sem foco para análise de contexto. De certa forma a perda de capacidade cultural nas camadas de comando causam um estrago tremendo na estrutura da realidade. Sem análise profundamente verdadeira o que sobra é o mito, a crendice e a análise empobrecida do contexto. Sim, é possível se perder em suposições errôneas como no período da fantasia e da poesia mesmo estando em pleno período científico se faltar a análise profunda do tema. A arrogância científica pode causar desastres irreparáveis. E olhe, eu estou sendo gentil com essa gente. O Autor citado ainda adverte: “Ciência e técnica se apresenta como o triunfo da razão. Mas trata-se de uma razão que, uma vez perdido o sentido da totalidade, uma vez que se elevam as “partes” ao lugar do “todo”, periga fazer sucumbir o sentido de si mesma”. O homem se constitui de alma, e portanto, pensa, pensa e se atribui ser específico na natureza, onde reina em plenitude, submetendo todo esse restante da natureza. Não há rivalidade possível, apenas seu semelhante na luta eterna por protagonismo.
E entre iguais existe um antagonismo de fronteira, criado nos primórdios da existência, onde iguais se separaram por características de cor e de culto, provocando um divisionismo inadequado para a reunião dos povos. Um anacronismo como o termo sofista ontem e hoje, o que na antiguidade representava sábio, hoje representa um enganador embusteiro. Portanto, se faz necessário ter cuidado no uso do termo, poderíamos dizer que, de compartimentalização natural já temos problemas, não precisamos de mais um. Necessitamos de mais amor, de mais apego e atenção com aquelas coisas que realmente marcam, que fazem a diferença, aquilo que levaremos como crédito, para energizar-nos nos momentos de incerteza. O beijo de um amor, o abraço de um filho, um carinho de mãe uma orientação do pai. Muitas vezes, são tão efêmeros na sua esmagadora brevidade, que dão todo o significado para o resto da vida. Uma transitoriedade que especifica o que exatamente será de nós. Defina-se dentro do argumento da vida, se apodere da oportunidade de estar aqui, cumpra seus termos existenciais pois talvez não exista outra oportunidade. Mas mesmo assim, se não existir, acumule apaixonadamente cada momento, para criar um caminho, uma trilha confortável para sua descendência passar.
Gerson Ferreira Filho.
Citação:
Sofistas, Sócrates e Socráticos menores. Giovanni Reale. Edições Loyola.
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