segunda-feira, 25 de novembro de 2024

O Estado das coisas.

 

                                                   Image by Robson Machado from Pixabay. 





O Estado das coisas.



Então, vamos conversar hoje a respeito dessa entidade que nos oprime, nos controla e exerce poder em quase todos aspectos da nossa vida. Essa coisa predominante e abrangente onde o poder se situa para interferir e regulamentar nossos caminhos, umas vezes de forma mais suave outras vezes com brutalidade, mas desde os primórdios, quando a vida passou a ser mais complexa e em agrupamentos de convivência, assim como a economia que surge naturalmente do escambo, da criação da moeda e do comércio, ele surge da necessidade de organização. Existe grande divergência entre diversos intelectuais muitos deles explicam a seu modo a estrutura que entendem como o que deve ou deveria ser, de Platão a Rousseau até as Marx possuem sua própria visão desse corpo de poder. Franz Oppenheimer, o filósofo e não o físico também possui sua versão sociológica da estrutura. Eu na minha insignificância fico com a seleção natural agindo mais uma vez na organização dos seres vivos, e nós estamos entre eles, sujeitos as mesmas forças de seleção que a natureza impõe a qualquer ser vivo. Lembram-se do conceito: o mais apto sobrevive? Assim se diferencia a sociedade também, os mais capacitados de inteligência e força se sobressaem na estrutura e de alguma forma acabam criando liderança grupal, por predomínio dessas duas condições criam em torno de si o embrião do que se chamará Estado, claro, tudo isso se tronará mais complexo, com a agregação de outros atores indispensáveis ao funcionamento do que se torna cada vez mais diversificado. E assim temos as camadas assessórias da estrutura, como uma religiosidade agregada ao corpo principal que se chama Estado, com sacerdotes que controlam os impulsos naturais do grupo, funcionários públicos que cuidam do necessário procedimento burocrático que dá organização a qualquer atividade e os militares, o braço de força desse complexo de poder, porque ele sempre será necessário em períodos de risco e instabilidade. Sabem aquela estrutura colossal construída a quase cinco mil anos atrás chamada de pirâmide, ali o verdadeiro Estado se estabeleceu como conhecemos hoje. Para construir aquilo foi necessário estrutura burocrática e logística em escala industrial, controle e registro de mão de obra, produção e suprimento de alimentação de uma força de trabalho gigantesca, atendimento médico, corte e suprimento de uma quantidade absurda de pedras e o deslocamento delas, e até hoje nas famílias reais europeias o conceito de direito divino de governar existe, não preciso mencionar de onde isso veio, né? Na fervura dos sentidos, homens se destacam se tornam líderes, criam estruturas de liderança e com isso como passar do tempo a seleção natural conduz os mais aptos ao comando e ao controle de todo esse restante, claro a expertise desse grupo determinará o sucesso ou o fracasso do grupo, pois outros grupos sociais existem e tentarão subjugar uns aos outros, está na nossa natureza, procurar mais terras ou mais um povo para torná-los vassalos e para serem colocados a serviço do seu povo, o vencedor se torna predominante. Até hoje em pleno século vinte e um é assim, impérios procuram vítimas para exercer seu controle e enriquecer seu próprio povo. A estrutura como entendo é essa, mas claro que exporei outras interpretações do tema, porque se faz necessário para o trato intelectual apresentar todas as hipóteses possíveis do cenário. Com numa citação de um romance insinuante de José Lins do Rego, Água-mãe: “Com as coisas do diabo não se devia mexer, Deixassem para um canto, pois o diabo sabia com quem mexia”. Porém, nós na nossa natureza inquisitiva e irresponsável gostamos de enfrentar feitiços e maldições para ver o que está atrás das cortinas do destino, embora o capiroto espreite por detrás da fina cortina de seda do amanhã. Não seriamos humanos sem ousadia. E assim temos Hans-Hermann Hope no seu livro, Democracia o Deus que falhou: “Em última instância, o curso da história é determinado pelas ideias, sejam elas verdadeiras ou falsas. Assim como reis não podiam exercer o seu domínio a menos que a maioria da opinião pública aceitasse domínio como legítimo, os governantes democráticos não podem manter-se no poder sem o apoio ideológico da opinião pública”. Apenas aqui temos diversas camadas para invadir e expor seu conteúdo. O poder do rei ou do governante depende para se manter e ter sucesso da opinião pública, do povo, e para manter esse poder se faz necessário doutrinar a população, se uma grande maioria se tornar submissa ideologicamente, o poder está garantido. E assim se exerce o controle social do grupo, do país de uma nação. Domestica-se o povo com uma cartilha ideológica onde os padrões induzem a submissão intelectual e não proporcione margem para raciocínios periféricos divergentes, e assim se tem uma estrutura base sólida que permita qualquer descalabro, ou sobrevivência em tempo de dificuldades. Valores pecuniários, favores e distribuição de prestigiados cargos fazem o resto. Alguma semelhança como que temos hoje? Pois é, o tempo passa mas a metodologia permanece. O Estado possui uma diversificação grande de métodos de controle, lembrem-se; seleção natural. Lá estão supostamente os mais aptos da espécie, por inteligência, força ou falta de caráter, e não, honestidade, correção, compaixão e amor nesse campo humano são fraquezas, deixam o indivíduo vulnerável e exposto a trapaças organizadas para fazê-lo sempre perder. Lembrem-se: “com as coisas do diabo não se deve mexer”. A abordagem do bem deve ser sempre furtiva, indeterminada e sem rasteio possível. Oppenheimer, o filósofo e não o físico citou: “Rousseau deriva o Estado de um contrato social, enquanto Carey (1793-1879) atribui sua origem a um bando de ladrões. Platão e os seguidores de Karl Marx dotam o Estado de onipotência, tornando-o senhor absoluto do cidadão. Em todas as questões política e econômicas; Platão vai ainda mais longe, chegando ao ponto de desejar que o Estado regule inclusive as relações sexuais”.



Nesse universo de hipóteses e análises diferenciadas Oppenheimer tem a sua versão do tema, A ideia sociológica do Estado. Como ele mesmo emprega temos de ter uma alavanca verbal nova para o tema; ou seja, uma cidadania de homens livres. Eu considerei uma nova abordagem da mesma coisa, no fim se chaga a mesma conclusão, mas coloco para conhecimento de vocês, quem quiser mais conteúdo recomendo que leia o livro dele. Aqui vai: “A ideia sociológica do Estado. A ideia originária, puramente sociológica, do Estado, eu acrescentei a fase econômica e a formulei do seguinte modo: o que é, então, o Estado como conceito sociológico? O Estado inteiramente na sua gênese, na sua essência, e quase completamente nas primeiras fases de sua existência, é uma instituição social, imposta por um grupo de homens vitoriosos sobre um grupo derrotado, com a única finalidade de regular o domínio do grupo vitorioso sobre os vencidos e proteger-se contras revoltas internas e de ataque externos. Teleologicamente, esse domínio não tinha outra finalidade senão a exploração econômica dos vencidos pelos vencedores”. Bom, nada diferente da velha seleção natural onde o mais apto se sobrepõe sobre o menos apto, criando o convívio social regulado pelos mais fortes e supostamente inteligentes não há novidade nesse ajuste natural da organização, submetidos que estamos apesar de que ousemos não perceber, aos ditames da natureza, ainda assim, mesmo com outras palavras somos escravos da metodologia natural que impõe suas regras, A força na natureza é algo predominante e decisivo, a debilidade e a baixa capacidade cognitiva leva populações a vassalagem para quem tem determinação de conquistar seu espaço específico no território da vida. Assim, impérios surgiram e ruíram, sempre que apareceu uma civilização com alguma vantagem tecnológica para o emprego da inteligência e da força. Não há como escapar desse círculo existencial onde estamos inseridos. Ao ser vivente cabe apenas cumprir sua rotina cotidiana e se esforçar sempre para estar como predominante apto para enfrentar os desafios do contexto, se não for assim desaparecerá e será substituído no cenário. Lembrem-se a natureza sempre se reinventa, mesmo através de nós. Não estamos no controle.



Gerson Ferreira Filho.


Citações:

Água-mãe, José Lins do Rego, Global Editora.


Democracia, o Deus que falhou. Hans-Hermann Hope. Mises Brasil Editora.


O Estado. Sua história e desenvolvimento. Franz Oppenheimer. Ludovico Editora.



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