quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Economia básica para néscios.

 

                                                       Image by Areck Socha from Pixabay. 



 Economia básica para néscios.



Primeiro mandamento que escutei dos meus avós e pais: “mais ou menos é o caminho do inferno” . Desse ponto em diante como a cadência melancólica de um bom blues pode se produzir algo que preste e que traga retorno positivo em termos de reserva de pecúnia. Tem de ficar bem claro que carga tributária elevada e comportamento perdulário desenfreado possuem a gula de um elefante ou camelo. Não há saciedade possível sem comedimento e controle. Entendam definitivamente, sem recato com o dinheiro ele vai se vingar de você, seja no nível doméstico da administração financeira das famílias ou de governos, a relação é exatamente a mesma. Sem guardar, mesmo que seja o mínimo, sem lastro financeiro considere-se sem vestuário adequado para participar da festa. Mais um aviso: a arte do possível é um truque maligno para que você seja tentado a superar limites inaceitáveis, no fim, você sempre perde, financeiramente ou politicamente. O insidioso aprecia ocupar espaços na realidade e assim, aos poucos consegue o que ele quer, tua alma. Poupar é um habito que se adquire com o tempo e proporciona vitórias no nível que o poupador se encontra. Minha primeira professora de economia foi minha mãe, muito antes de conhecer e estudar Mises, Friedman, Sowell etc. Nasci pobre, muito pobre, e minha mãe fazia suas economias do dinheiro o que meu pai trazida diariamente, Interessante, ela guardava numa meia, quando juntava uma quantia maior, íamos na Caixa Econômica onde ela abriu uma caderneta de poupança e colocava lá o valor conseguido no período. Lá no Largo da Carioca, próximo de uma estação de bondes chamada Tabuleiro da Baiana. A caderneta era de papelão onde o funcionário do banco do atendimento citado anotava o valor recebido e carimbava confirmando o depósito, eu deveria ter um cinco anos de idade, mas observava e aprendia tudo, minha característica até hoje. Não importava se em algum mês não existiu a possibilidade de poupar, mas sempre que ela surgia, a sobra orçamentária o procedimento era repetido, acumular um valor específico com finalidades variadas. Segurança para imprevistos, e um saldo para se possível adquirir um bem para aumentar o conforto na penúria que vivíamos. Meu pai era garçom, ganhava por dia de trabalho e para complemento trabalhava em serviço extra, em festas e eventos sociais onde conseguia um qualquer a mais. Então, nesse processo conseguimos comprar nossa primeira geladeira, uma Climax usada, de segunda mão, porque pobre não pode se dar ao luxo de comprar algo novo na loja, não tem nem renda para comprovar um possível crédito. Crediário é coisa de classe média, que tem emprego em carteira assinada e salário definido. E assim, com essa política de austeridade dentro de limites claustrofóbicos com relação as finanças domésticas que também conseguimos comprar uma televisão usada da marca Emerson. Essa marca não existe mais. Mais tarde um ventilador, um fogão também de segunda mão e assim com austeridade se vai evoluindo. Se governos agissem assim, com essa responsabilidade doméstica não conseguiria apenas uma geladeira nova, mas um país com a economia muito mais forte e dinâmica, não estamos falando aqui de economizar migalhas, mas da economia de milhões. E estes milhões seriam revertidos em benefícios e bem estar da população, é simples não há mistério. Se minha mãe com baixa escolaridade conseguia, o que se dirá de economistas supostamente qualificados e representantes governamentais dessa área do governo. Mas a gente sabe que além de qualidade intelectual duvidosa, falta vergonha na cara. A minha mãe apenas sabia ler fazer as quatro operações básicas da matemática e escrever um pouco, nem me ensinar os deveres de casa do colégio quando eu precisava ela conseguia, mas conseguia gerenciar com extraordinária eficácia a economia doméstica e não há muita diferenciação filosófica entre essa singular economia e a de Estado, tudo se baseia em austeridade e compromisso. Muita gente, pequenos comerciantes enriqueceram e construíram impérios comerciais assim. Com responsabilidade, cautela e aproveitando a oportunidade quando ela aparece. Trabalho duro, honestidade, e nenhum compromisso com o desperdício. É o tipo de aprendizado que falta para nossas crianças hoje, economia básica, dar valor ao que se tem, mesmo sendo pouco e fazer com isso algo representativo na realidade. Sem entender esse simples mecanismo que custodia o orçamento familiar e de países não há chance de vitória nesse ramo. Hoje, por perfil ideológico, dinheiro público não tem dono, não oferecem respeito a ele e sendo assim, maltratado ele se vinga, oferecendo o que ele tem, a ausência nos cofres para honrar compromissos. Até que apareça um idiota para resolver imprimir mais dinheiro, esquecendo-se que ao multiplicar sua representatividade no mercado o dinheiro reduz seu valor de face. Se você tem um número limitado de alguma coisa, ela vale muito, se você multiplica essa coisa, ela perde valor, pode ser encontrada com facilidade vulgarizando seu preço.



Tem de ficar entendido que no mundo real, fora das platitudes extremas da ideologia como citou Mises: “No mundo real, o agente homem defronta-se com o fato de que seu semelhante age por conta própria”. E também: “No curso da vida humana não há estabilidade e, consequentemente, não há segurança”. A ideologia predominante hoje pertence ao conceito do Mises de desutilidade, algo que apenas produz coisas indesejáveis. Aborrecimentos, desconforto, irritação dor e sofrimento. Quem quiser se aprofundar no tema recomendo que leia o livro Ação Humana de Ludwig von Mises. Não se preocupem, são apenas mil páginas de puro conhecimento. O mundo real não é pasteurizado e homogeneizado, onde a consistência de um elemento é exatamente igual à de outro, o ser humano não é assim, e se sente imensamente desconfortável nessa posição de padronização imposta por conceitos errôneos de burgueses afetados por falsa misericórdia com o povo. Dê ao homem o básico de ensino em economia e largue-o no mundo que ele se vira muito bem, uns vão fracassar, outros não, é da vida. Não só Mises tem seus estudos e conclusões, Milton Friedman cita: “Entre toda a defasagem entre ricos e pobres, em nenhum lugar os ricos são mais ricos e os pobres mais pobres do que naquelas sociedades que não permitem o funcionamento da economia de mercado”. Economia não é um parque de diversões para idiotas, e onde existe mais intervenção estatal nela, poucos enriquecem muito e a maioria vai para a miséria. O intervencionismo socialista leva a um resultado óbvio, a pobreza do seu povo. Economia de mercado livre é a receita da prosperidade, o governo apenas acompanha com poucas intervenções, até a China entendeu isso, mas o socialismo ocidental patina ainda nas conclusões originais de seus criadores. Basta tirar as patas da economia e qualificar profissionalmente seu povo, e olhem, muitas vezes nem de qualificação precisa, pois o ser humano é adaptável e versátil. Em se tratando de comércio ele sempre arruma um jeito de empreender e prosperar. Um picolé vendido artesanalmente vira uma fábrica de sorvete, um açougue vira um frigorífico, uma pessoa fazendo fretes com uma caminhonete vira uma transportadora, mas para isso acontecer e se multiplicar o governo tem de deixar o povo em paz. Com pouca tributação e sem excessos de regulamentações absurdas que dificultam o empreendedorismo. Ao querer abraçar tudo o governo fica sem nada. Quando será que sairemos do domínio dos néscios?





Gerson Ferreira Filho.


Citações:



Ação humana. Ludwig von Mises. Instituto Mises Brasil Editora.


Livre para escolher. Milton Friedman. Record Editora.



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