Image by Pete Linforth from Pixabay.
A ambiguidade circunstancial.
Aqui estamos nós imersos em aflição desse momento onde a imbecilidade domina e se agiganta continuamente com a força de um evento natural catastrófico que apenas entregará escombros materiais e psicológicos da pujante civilização que um dia conhecemos e atribuímos a ela o ápice da humanidade. O nosso período existencial parece ter sido condenado ao triunfo da estupidez conforme citou o neuropsicólogo Sebastian Dieguez. A época das bobagens potencializadas para que pareçam cultura relevante mas na verdade são pura decomposição acelerada de reais conceitos que se fragmentaram nas ocasiões mais insanas da gestão humana dos melhores atributos do homem. Portanto temos a bulshit, bobagem institucionalizada com regalia ao aziago momento para distribuir o atraso no ambiente discursivo programático para destruir o pragmatismo intrínseco natural dos sensatos. E assim, todo nós que ainda resistimos, estamos alojados no receio e no temor, pois insalubre se faz o receptáculo existencial que nos ofereceram em circunstância para existirmos. O Dr Sebastian Dieguez acrescenta: “Poderíamos considerar como amplamente equivalentes os ternos tolice, burrice, babaquice, imbecilidade e estupidez, mas com já dissemos, vamos nos preocupar em discerni-los da simples ausência de inteligência. Diga-se de passagem, parece que um determinado nível de inteligência é necessário para produzir o tipo de estupidez que caracteriza a pós verdade: inventar, defender e propagar coisas estúpidas demandam, na verdade, recursos cognitivos consideráveis, e até dispositivos mentais que exigem bastante energia cerebral”. Essa turma que vemos hoje com poder, não são apenas um nabo, ou uma berinjela, eles pensam também. Para azar nosso, essa gente consegue se estruturar em torno e alguma imbecilidade e a tornam verdade, a verdade deles, e a partir desse ponto, obrigam a todos viverem essa construção metal doentia. Na lógica do idiota, se eu não acredito em algo, este algo é falso, argumentação tautológica do contexto. Redundância continuada de disparates que se retroalimentam eternamente conclusão de Alain Roger, filósofo francês aqui adaptados por mim. O filósofo também acrescenta: “Eis a estupidez desnudada, no seu grotesco conceito de identidade A = A. que não diz nada além do que já tenha sido dito e pensado. Em resumo, a suficiência no seu mais puro estado: eu digo o que penso e penso o que digo, pelo simples motivo de que eu digo e penso essas coisas. E se eu não estiver de acordo com algo é prova de que esse algo é falso, ou ele me é indiferente”. Este tipo de gente está presa num circulo de certezas interminável e repetitivo em sua natureza limitada e pobre. Não há desafio cognitivo, confronto com o contraditório que enriqueça o raciocínio, o que temos são apenas certezas consolidadas no total desconhecimento do que existe além desses limites estabelecidos. Essa turma que organiza seu raciocínio assim está no comando, eles detém o poder, sobre nossas vidas e nossos costumes consolidados na experiência humana através dos séculos. Então, aqui e assim ficamos, banhados em despautério que se mistura com a sensação de pele suarenta em um intenso e cruel verão, aqueles do tipo muito comum nessa nossa região miserável, onde o clima não oferece piedade a ninguém. Apenas te invade e cozinha suas tripas sem a mínima cerimônia e sem pedir permissão. Tem gente que gosta, que aprecia o inferno, o gotejamento do suor sem cessar no chão que nos sustenta. Um lugar forrado de idiotas teria de ser assim, inclemente e fedorento, cheio de odores estupidamente agressivos, apenas para despertar o nojo e náusea de quem e qualquer um e até aqui sem aparentemente ser necessário. O suplicio pertence a nós, o prazer, apenas para a elite, elite não por capacidade, mas por força numérica pois são muitos, são tantos , a ponto de ocuparem todos os postos de liderança e comando. Mas em tudo isso, os poucos que se situam fora desse sistema, fazem por merecer o descaso e a perseguição. Nesse meio não há coesão, colaboração, algo como um cooperativismo intelectual que ajude a criar um protótipo de ambiente onde ideias realmente relevantes para o conservadorismo sejam protegidas e divulgadas. O que há é uma disputa feroz por protagonismo, e quando alguém alcança espaço visual junto ao público, esquece o restante, não há ajuda, indicação alguma que fortaleça o trabalho. A causa não existe quando se alcança evidência, o caminho passa a ser solitário, o restante que se vire com o que tem. Afinal, nestes casos o dinheiro começa a fluir, entendo. Apenas temos a cada baforada de vento quente um tênue alívio que logo termina em mais um rastro de abandono por aqueles que poderiam ajudar. Afinal, devem pensar esses que se destacaram: perderei meu tempo com insignificância exatamente para quê? O primeiro efeito do reconhecimento público se apresenta no efeito halo. Em um efeito cascata de avaliações das circunstâncias pode-se chegar a conclusões distorcidas da realidade. Faltando assim uma ponderação objetiva do momento e ou de alguém que mereça atenção. A criação de uma falsa expectativa, leva ao receio e a imposição de um juízo de valor equivocado com base em critérios consolidados em situações completamente diferentes. Com a projeção de um julgamento futuro pautado por uma decisão anterior, não se possui espaço de raciocínio de avaliação, criando assim ambiguidade e dúvida. Todo o processo pode levar a um estado de limitação da colaboração devida entre possíveis companheiros de propósito evidenciados por pauta semelhante. Sem análise objetiva, jamais teremos coesão. E este é o erro mais grave de quem se situa no espectro supostamente conservador.
Os socialistas que nos governam agora não agem assim, se comportam como gregários, como colmeia, não há abandono de iguais quando os problemas surgem, ou se identificam alguém com a mesma agenda. O isolacionismo do conservador dificulta um trabalho conjunto e eficiente para propagar suas ideias e seu projeto. Não há colaboração, apenas, em muitos casos uma vaidade extremada que impede o agrupamento e a parceria. E assim sendo caminhamos para um domínio completo do cenário pela esquerda, hoje já identificável com quase irreversível. Alguns um reduzido grupo tem esperança em alguma ação externa que traga um novo desenho político, eu tenho dúvidas. Os interesses econômicos são enormes e tendem a prevalecer, com um mínimo de traquejo diplomático e ofertas de vantagens de impacto financeiro a política se ajusta. Entra aquela conhecida frase cunhada pelo diabo: “a política é a arte do possível”. Dentro desse espectro infame, cabe tolerância para um comunismo tupiniquim, pois, ele estará confinado aqui dentro e o povo? Ora, o povo que se dane, o que interessa é o que o nosso governo vai entregar para ter garantias de permanecer, e a esquerda é boa em entreguismo. Aqui temos a nossa conhecida ambiguidade, aquela característica onde inimigos se unem para obter lucro, vantagem, e de vantagem o brasileiro de forma geral entende muito. Estamos no local onde o escrúpulo não tem espaço para existir. E sendo assim, lamento por todos nós, os que ainda preservam um viés conservador e acreditam num mundo melhor, os ensaios políticos, não nos favorecem. Os estúpidos nos governam, e eles tem um residual de inteligência capaz de entender o risco e avaliar estrategicamente a situação e o cenário. Se ao menos tivéssemos uma oposição mais responsável e verdadeira, sem idolatrias e clubismos talvez fosse possível um futuro melhor.
Gerson Ferreira Filho.
ADM: 20 – 91992.
Citação:
A psicologia da estupidez. Jean-François Marmion. Editora Avis rara.
A maioria dessas crônicas estão em áudio no meu canal do Telegram. Que se chama também Entretanto e pode ser acessado no link abaixo. Uma abordagem mais personalizada do texto na voz do autor.
A seguir os livros e os links para comprá-los na Editora Delicatta.
https://editoradelicatta.my.canva.site
Lançamento já disponível para compra na Editora Delicatta. Trezentas páginas das crônicas mais recentes com os mais variados temas como sempre.
























