terça-feira, 14 de outubro de 2025

E o abismo retribuiu o olhar.

 

                                                Image by Open Clipart-Vesctors from Pixabay. 






E o abismo retribuiu o olhar.




Dentro de tanta controvérsia momentânea e ocasional acredito que em maioria já foi percebido que estamos nos distanciando da sanidade mental a passos largos. Não apenas aqui, mas no mundo inteiro, a ausência de preocupação com o que tem real valor e a displicência com o correto, transformou o mundo em algo surreal. A mudança comportamental se faz sentir em sua densidade pesada, onde não há parcimônia com a aplicação ilusória de mais uma dose de abjeção criteriosa para degenerar ainda mais a estrutura social desse agora violado. Desejo esclarecer, foi percebido pelos quais se preservam fora dessa atmosfera desvirtuada e com poder de alucinação. A maioria está sob domínio do ambiente. O significado aplicado por Nietzsche é abrangente e revelador, ao nos entregarmos ao flerte com o mal, acabamos nos tornando o mal também. Demos a nós mesmos o atributo da displicência com toda e qualquer certeza acumulada pela experiência acumulada pelo tempo, e a substituímos pela incerteza ocasional de propostas comportamentais duvidosas e sem base de sustentação saudável para a vida civilizada. Isto está ocorrendo no mundo ocidental inteiro, por aplicação de políticas sociais destrutivas, encharcando a realidade com submissão e aceitação a qualquer coisa que antes era inaceitável. Nesse caldo perverso de conceitos degenerados e inadmissíveis se constrói uma fragilidade psicológica geral de sociedades que passam a aceitar tudo, e até sua própria sobrevivência com identidade própria passa a ser algo negociável com quem quer lhe destruir. Na ânsia de agradar e cumprir os novos procedimentos, populações se anulam psicologicamente acreditando ser um novo processo civilizatório, mas não é. Na verdade se trata de uma política inteiramente voltada para destruir a sociedade como a conhecemos, indivíduos importantes, ricos e influentes resolveram redesenhar o perfil social do ocidente e com isso, nesse joguinho de estratégia particular, amansou a população para aceitar facilmente sua própria extinção. E assim, completamente desconstruídos a população de países, principalmente europeus aceitam passivamente ser conduzidas por elementos de fora que não pertencem a sua terra, vieram de fora, com valores ultraconservadores e religiosos que não aceitam nenhuma flexibilização comportamental. Aqui no Brasil, este ramo da ocupação ainda não aconteceu de fato nesse nível, apesar de que o progressismo se aplica fartamente nas escolas e universidades, o brasileiro é peculiar, diferente, um tanto flexível demais para certas coisas, o europeu se amansou com excesso de civilização, aqui a coisa é mais complicada. Aqui, o abismo olha e se retrai. Temos traficantes evangélicos que desmontam templos de outras religiões, o que acham que vai acontecer com muçulmanos aqui? Não me perguntem como pode existir traficante, cheio de assassinatos nas costas e religioso, mas como disse, isto aqui é Brasil. Um lugar onde a surrealidade paira suavemente e se esconde eventualmente da insanidade. Nada aqui faz muito sentido, aquilo que parece nunca é. Mas na Europa, principalmente na Inglaterra ou Grã Bretanha como queiram, a coisa está muito mais avançada e aceita. As autoridades já impõem no seu povo um sistema opressor quanto ao modo de vida com imigrantes, onde quem vem de fora possui privilégios acima dos nativos. O médico e escritor Theodore Darymple trabalha muito esse tema, pois ele trabalha no sistema de saúde de lá e acompanha o caos implementado de forma geral: “Fundamentalmente a covardia moral das elites intelectuais e políticas é responsável pelo permanente desastre social que tomou conta da Grã Bretanha, um desastre cujas plenas consequências sociais e econômicas ainda serão conhecidas”. Ao impor políticas contra o bem estar do seu próprio povo, essa elite destrói o país e o entrega a estrangeiros que dele se servirão impondo seus costumes e religião. Estamos falando aqui da extinção de um modo de vida e de civilização, a obliteração completa de um povo através dos seus representantes. Ao emascularem-se, essa elite política condena sua gente ao pior destino possível, a perda de seu país. O que um dia foi o império onde o sol nunca se põe, será em breve tempo um lugar irreconhecível e inadequado para a vida ocidental. Voltando a Pindorama, nós os descendentes dos Tupinambás somos mais exóticos e inconvenientes, o povo daqui é sonso, se faz de morto para comer o rabo do coveiro, conforme um velho ditado popular, se faz de indigente para receber benefício financeiro do governo, mas na realidade não precisa, em maioria, alguns sim, mas são minoria. Tem gente morando em favela, ou comunidade que possui todos os eletrodomésticos de classe média alta, o esgoto passa na janela mas dentro de casa o conforto é garantido. O tráfico de drogas ou a milicia proporciona segurança relativa e acesso a televisão por assinatura, em alguns casos até sinal de telefonia. O governo fornece luz de graça, gás de graça, e dizem vão fornecer transporte gratuito também. E se o governo ameaçar cortar o benefício, recebe de volta a indignação desse grupo, como se fosse obrigação de parte da sociedade bancar a outra. Qualquer um que conhece um mínimo de economia básica sabe que gratuidade não existe, alguém paga, e como o governo não tem dinheiro, o que ele tem é arrecadado através de impostos, de tributação sobre bens e serviços, uma parte da sociedade paga por tudo isso.



Numa extrapolação mental exótica e abrangente gostaria de num ensaio ver o sistema de controle chinês tão exato e complexo ser aplicado nesse povo, eu acredito que não demoraria para colapsar totalmente, o chinês, o povo, é dócil, obediente, manso por natureza e adepto a controle. Existem sutilezas incompreensíveis e em camadas ocultas no procedimento comportamental do brasileiro, aqui, se trabalha e obedece apenas por vantagem. Nesse rebanho, as ovelhas ocultam o lobo para se favorecer em certas ocasiões e o lobo aqui aceita ser arregimentado para bicos ocasionais. Quanto a metodologias Darlrymple tem algo a dizer: “No ocidente, movimentos como o Renascimento, a Reforma, o Iluminismo, ao agirem no espaço que sempre existira, ao menos potencialmente, no cristianismo entre igreja e Estado, libertaram os homens como indivíduos para que pudessem pensar por si mesmos e, assim, colocaram em movimento um avanço material sem precedentes, de fato, irrefreável. O Islã, sem a separação de uma esfera secular onde a investigação pudesse florescer livre das alegações religiosas, ainda que por objetivos técnicos, foi irremediavelmente deixado para trás, e, mesmo muitos séculos mais tarde assim continua”. Então, os “inteligentes” do momento estão misturando povos com uma visão de mundo completamente diferente, esse povo que chega está preso por motivos religiosos no ano 650, como conciliar isso? Certamente, por motivos de sua religião eles vão estabelecer como norma a cultura deles. Eliminando completamente a cultura local, pois isso é o que determina a crença deles. As realidades são distintas e incompatíveis. Não será convivência harmoniosa, pacífica e sim substituição. Este antagonismo criará conflito e destruição tanto para um lado como para outro. O terreno ideal para que o abismo se instale, vale avaliação de procedimento antes que o pior aconteça. Ou o abismo enfim vencerá. Eu fico com Nietzsche que diz: “Cheguei à minha verdade por caminhos diversos e de maneiras diversas: não subi até a altura de onde enxergo minhas distâncias por uma única escada”.




Gerson Ferreira Filho.




Citações:


Nossa cultura... Ou o que restou dela. Theodore Dalrymple. É Realizações Editora.


Assim falou Zaratustra. Friedrick Nietzsche. Martin Claret Editora.


A maioria dessas crônicas estão em áudio no meu canal do Telegram. Que se chama também Entretanto e pode ser acessado no link abaixo. Uma abordagem mais personalizada do texto na voz do autor.

https://t.me/gersonsilvafilho


A seguir os livros e os links para comprá-los  na Editora Delicatta.

https://editoradelicatta.my.canva.site


Lançamento já disponível para compra na Editora Delicatta. Trezentas páginas das crônicas mais recentes com os mais variados temas como sempre.











terça-feira, 7 de outubro de 2025

O visitante.

 

                                                      Image by Adam Krypel from Pixabay.



O visitante.



Caros amigos, não poderia deixar de registrar tal evento. Então, vamos conversar de astronomia agora, assunto desse momento curioso na nossa existência, onde possibilidades nesses tempos de redes sociais se criam especulações lucrativas para diversas páginas que se colocam na órbita desse interesse. Eu costumo criar registros de momentos para os meus livros, quem os lê sabe disso, de certa forma são um verdadeiro almanaque de acontecimentos com recheio cultural de qualidade, embora a maioria não se importe com isso. Nada mais entediante para nosso povo do que cultura de qualidade quando se tem acesso fácil a pornografia e que possibilita o festival de masturbação possível na realidade. A coisa, o tal de 3i Atlas, algo vindo das profundezas siderais chaga aqui no fim desse mês de Outubro. Como uma semente vadia levada pelo vento cósmico, chega na primavera para ser inicio ou fim de algo. Carl Sagan afirmou certa vez que se apenas aqui existir vida em todo esse universo seria um enorme desperdício de espaço, concordo com ele. Porém, considero mediante as distâncias colossais que separam possíveis planetas com vida uns dos outros, não será possível contato entre elas. Não dentro de um período de vida humana ou semelhante. Já escrevi a respeito, para uma civilização alcançar algum nível ultra sofisticado de tecnologia, essa civilização terá de passar por todos os riscos gerados por ela mesma para si, como acontece conosco e os riscos que pairam no universo. Meteoritos, cometas, explosões de supernovas, raios gama, buracos negros, etc. Afirmei em texto mais antigo: civilizações vão surgir, crescer, se expandir e desaparecer sem nunca conseguirem contato com qualquer outra civilização, o universo parece ter sido construído para isso mesmo, evitar e impossibilitar contatos entre grupos de vida. Então crianças assustadas e condicionadas por filmes de ficção científica, deve ser apenas uma enorme pedra viajando pelo universo, e passará bem perto de nós. Não tendo nosso planta como alvo é o mais importante, ou teremos o mesmo fim dos dinossauros. Na verdade, até merecemos tal fim, um lugar que se degenerou a tal ponto que vidas não possuem importância, indivíduos não conseguem mais aceitar o sexo no qual nasceram, e a individualidade não vale mais nada, criando uma atmosfera de fim de mundo, talvez mereça ser apagado da realidade. Quem sabe, talvez o visitante seja a solução de nossos problemas. Stephen W. Hawking disse a respeito do universo: “Para falar da natureza do universo e discutir questões tais como se ele tem um começo ou fim, é preciso ter clareza do que é uma teoria científica. Numa visão mais simplista, a teoria é apenas um modelo do universo, ou uma parte restrita de seu todo; um conjunto de regras que referem quantidades ao modelo de observação que se tenha escolhido”. Este tal universo, pode ser algo totalmente diferente do que nossa percepção humana vê. Somos insignificantes dentro de tudo isso, o pálido ponto azul capturado de uma sonda espacial , a terra vista, se não me engano de Saturno, traduz muito bem o que somos, nada. Minhas desculpas a você que vive banhado de arrogância e se considera especial, você é um nada no contexto. Nossa insignificância é tamanha que o nada já é muita referência para nós. Contudo, nós temos uma imaginação saliente e ela garante a construção de cenários diversos dentro da realidade arquitetônica como alternativa ao conteúdo regrado por afirmações lógicas. E dentro desse mundo alternativo mora a invasão alienígena, a chegada de algo superior, pois apenas uma civilização extremamente evoluída poderia chegar aqui atravessando o infinito que nos cerca. Chega a ser poético, despertamos interesse de algo ou alguém, e dentro de hipóteses diversas moram alternativas onde a sugestão se abriga sem nenhum comedimento, claro, tudo isso gera dinheiro, produções cinematográficas, livros, programas de entretenimento diversos, e uma boa dose de sublimação psicológica como terreno seguro, livre da realidade agressiva. O ser humano, quando sob pressão foge da realidade para mundos alternativos onde costuma produzir subterfúgios e evasivas que o livrem do que é real. A cultura, os produtores dessa área fornecem material constantemente para essa versões de fim de mundo. Umas inteligentes, outras tacanhas e filosoficamente equivocadas, e claro, enfim, entretenimento. Um cenário onde cabe qualquer devaneio. Haja pipoca e refrigerante para acompanhar tudo isso. E assim prosseguimos nas nossa fantasias que ajudam de certa forma no entorpecimento geral. Tem o extraterrestre bonzinho, o canibal e o que simplesmente quer passar creolina geral na terra e livrá-la desse limo podre que somos nós.



A humanidade se controla e vive por códigos, na maioria de origem religiosa ou assim estabelecidos. Hamurábi, Maat, cristãos e tantos outros processos de controle. Nessa nossa fase tecnológica, algumas dessas regras entram em conflito existencial com tanta novidade e manipulação. Esses padrões conforme descrito por Carl Sagan se dividem em cinco, aqui vou apresentar uma delas: “O padrão mais admirado de comportamento, pelo menos no ocidente, é a Regra de Ouro, atribuída a Jesus de Nazaré. Todo mundo conhece a sua formulação no Evangelho de São Mateus do primeiro século: “faz aos outros o que desejas que te façam”, quase ninguém a segue”. Mas ainda assim é um parâmetro como muitos, uma referência comportamental que mesmo na maioria das vezes ignorada como alertou o cientista, mesmo assim é um referencial de controle. Mas o ser humano é rebelde e não se ajusta com facilidade dentro de conceitos civilizados de ser, trazemos um nós uma animalidade conturbada, distante, mas frequentemente capaz de ousadias cotidianas no comportamento. E assim, o custo e resultado do comportamento é aferido e a partir dai se conduz uma narrativa, se plausível ou não se torna irrelevante ao gerar lucro. Mergulhados nessa ilusão como definiu o Buda, não significa que vivemos numa fraude mas numa malha de conexões onde estamos conectados substancialmente em essência no mesmo tecido da realidade. Todos nós somos energia que baila freneticamente se consolidando momentaneamente em matéria e uma realidade plausível para que a chamemos de nossa. O momento pode parecer frívolo mas na superficialidade dos eventos existe substância e padrão. Nosso intervalo se consiste de aparências mas há nele capítulos a se considerar com citou Buda: “Vê esse corpo ilusório, resplandecente e enfermo, uma estrutura de ossos, sujeito a doença constante, cheio de incontáveis desejos, no qual nada há de permanente ou estável”. E sendo assim não há com o que se preocupar crianças, uma pedra cósmica irá passar por aqui, aproveite o espetáculo nos céus, e se for outra coisa, também não precisamos nos preocupar com o que foi decidido a nossa revelia. Toda e qualquer circunstância acontece por um plano, e o portador do cronograma pode ter decidido que a situação exige correção, reformule e aprimore sua capacitância, energize-se para o próximo ciclo que talvez venha, e se não vier, esteja pronto para a continuidade, pode ter ainda um bom pedaço de ilusão para ser consumida, não perca essa oportunidade.



Gerson Ferreira Filho.



Citações:



Uma breve história do tempo. Stephen W. Hawking. Editora Circulo do livro.


Bilhões e bilhões. Carl Sagan, Editora Companhia das Letras.


Dhammapada, os ensinamentos de Buda. Editora Mantra.




A maioria dessas crônicas estão em áudio no meu canal do Telegram. Que se chama também Entretanto e pode ser acessado no link abaixo. Uma abordagem mais personalizada do texto na voz do autor.

https://t.me/gersonsilvafilho


A seguir os livros e os links para comprá-los  na Editora Delicatta.

https://editoradelicatta.my.canva.site


Lançamento já disponível para compra na Editora Delicatta. Trezentas páginas das crônicas mais recentes com os mais variados temas como sempre.






domingo, 5 de outubro de 2025

Suscetibilidade esgarçada.

 

                                                              Image by Chris from Pixabay.




Suscetibilidade esgarçada.




Os tempos mudaram, os termos trafegam volumosamente entre redes sociais e a informação prontamente invade nossa intimidade, estresse, caos, estamos vivos dentro de uma aleatória poesia de Bukowski. O sentido não precisa ser exato, o significado fugiu para ser paradigma do álcool, no nosso caso, virtual, indefinido, e também embriagante e mortal. Neste ambiente que desliza entre mutações quânticas, a certeza muda de sentido e a alegria de um momento possui a arrogância fugaz de uma nova mensagem. Aqui malandros modernos enriquecem criando expectativas, fornecendo mais uma dose de estresse no balcão de oportunidades, dentro dos seus terninhos estilizados e seus vestidos parametrizados oferecem amostras de um sonho irrealizável. Ao menos momentaneamente, mas aqui a taxa de sucesso sempre é negativa, Não reclame, entorpeça-se na anilina que da colorido ao nada, sorria para o subterfúgio ousado, aqui o pretexto sempre será o ardil que envolve uma trapaça. Eu sei, a ocasião oferece uma náusea companheira, um desconforto suscetível ao aconchego com a alma desprevenida, aquela que ainda crê na verdade. Aqui, nesse ambiente, fomos escolhidos apenas para fazer número, fazer lastro, uma carga relativa e em determinados momentos dispensável, quando outros bens mais valiosos ocuparem seus espaços. Tudo que era apenas peso, será descartado, sem serventia, uma inutilidade que foi útil, porém no presente atual , não tem mais serventia, e você até poderá ser simplesmente ignorado por quem idolatrou e defendeu. Nesse mundo relativo, seja o menos idiota possível, é fácil, nesse mundo de estúpidos e imbecis. Seja canalha, não dê oportunidade a escumalha, que sentencia seus passos como uma infâmia, uma poesia sem ética de Bucowski: “Mulheres são caras coleiras são caras vou começar a vender ar dentro de sacolas laranja escuras grafadas: lume-lunar”. Apareça sem deixar rastro, suma sem marcar presença, pois a sentença da ocasião será a evasiva da sucumbência que terá de arcar. No fim, tudo dará errado, mas o culpado será você, seu papel no contexto é esse, não percebeu? Ou você acredita mesmo que seu político de estimação fará algo em seu benefício? Esqueça porque para ele, você nem sequer existiu. Essa chuva de informações a qual você se submete, vai desestruturá-lo, sem perceber. Procure um abrigo, permaneça no ambiente sem prestar atenção na anarquia continuada e proposital gerada para obter lucro, hoje interação social, acesso continuado a mensagens geram renda e muita gente quer sua atenção, sua curtida, seu repasse de mensagens. Filtre como for possível e não entre no olho do furacão. Faça quando for possível uma rede de amigos, com valores semelhantes aos seus, e de preferência aos não fanatizados. Um fanático, seja no que for não é boa companhia, o mundo de gente assim é restrito e concentrado, e eles consideram que todo restante está errado. Em toda diversidade possível do mundo, uma pessoa que alega ser portadora da única verdade é muito perigosa. O ser humano é contraditório, desorganizado, aleatório e a incoerência costuma ser sua parceira. O mundo, psicologicamente falando não é um lugar fácil, nem um paraíso. Isto aqui é um lugar de enfrentamento, de superação e confronto diário com uma enxurrada de desafios. Aqui a indignidade caminha com um sorriso nos lábios, ela sabe, sempre tem alguém distraído com o ambiente para ser sua vítima. Embora lindo, possuindo belezas extraordinárias, não estamos num lugar bom, num suposto paraíso. São raras as boas presenças nesse plano, elas existem sim, porém viva sempre com cautela. Por que citei Bukowski? Justamente por ele descrever esse mundo como ele é, sem filtros, injusto, cruel, sujo, perverso e grosseiro. Sua poesia fere sensíveis, seus textos são cáusticos e corroem a hipocrisia de uma sociedade que vive de aparências. Alguns diriam que ele era um degenerado, mas ele apenas relatava a realidade, bruta, sem evasivas politicamente corretas, o homem certo para esse nosso momento, onde uma cruel monotonia de vulgaridade paira no ar como uma bruma sufocante e invasiva para nossos valores.



Afinal, precisamos como catarse um pouco de desequilíbrio, Num baile que pede fantasias, dispa-se do bom senso e vá como o ambiente pede. Não se preocupe com a escassez de sentido e propósito, ofereça a si mesmo um intervalo útil dentro desse cenário. Ser aleatório nesse palco ajuda a suportar o clima. Apenas não seja injusto caso encontre pelo caminho alguém que realmente mereça crédito. Difícil, mas não impossível. Mimetize-se nessa circunstância para superar as ousadias da estupidez, pois afinal, adaptação significa sobrevivência. Não vou poupar vocês do caos de Bucovski título castanho claro: “Um olhar castanho claro aquele vazio imbecil e encantador de um olhar castanho claro darei um jeito nele. Você não precisa me enrolar mais com seus truques de Cleópatra cinematográfica você já se deu conta se eu fosse uma calculadora teria colapsado tabulando as infinitas vezes que você usou esse olhar castanho claro? Não que você não seja melhor com seu olhar castanho claro. Algum dia algum filho da puta vai te matar e você gritará meu nome e finalmente vai entender o que já deveria ter entendido há muito tempo”. Para os dias de hoje recomendo a leitura das poesias e textos diversos dele, pessoas sensíveis e politicamente corretas não recomendo, Essa que coloquei aqui é uma das mais leves, tem coisa mais pesada. Uma realidade bruta para preencher espaços ociosos e sem testosterona.




Gerson Ferreira Filho.



Citação:


O amor é um cão dos infernos, poesia. Charles Bukowski. Harper Collins Editora.


A maioria dessas crônicas estão em áudio no meu canal do Telegram. Que se chama também Entretanto e pode ser acessado no link abaixo. Uma abordagem mais personalizada do texto na voz do autor.

https://t.me/gersonsilvafilho


A seguir os livros e os links para comprá-los  na Editora Delicatta.

https://editoradelicatta.my.canva.site


Lançamento já disponível para compra na Editora Delicatta. Trezentas páginas das crônicas mais recentes com os mais variados temas como sempre.







sábado, 4 de outubro de 2025

O significado e o sentido.

 

                                                         Image by Isi Dixon from Pixabay. 




O significado e o sentido.



Tudo começou com uma palavra dita circunstancialmente ao vento, um balbuciar de alguma coisa na poeira do tempo, a princípio algo sem sentido, sem propósito aparentemente. No calor das pradarias, entre exames de moscas oportunistas e também pode ter sido no abrigo das cavernas, terá sido antes da descoberta e controle do fogo? Para que proporcionasse conforto e poesia ao clima? Ou apenas surgiu de grunhidos indecifráveis e grotescos nas ocasiões de risco e ou terror ao encontrar o perigo esfomeado das feras nas savanas? Existe muita controvérsia quanto ao momento, mas a necessidade sempre faz o momento, surgindo de forma impertinente entre essas necessidades prementes das circunstâncias. Com o aumento lógico da capacidade cognitiva de um cérebro em expansão nutrido com proteína animal, as coisas começaram a ficar mais complexas e o outro ao seu lado passou a ser algo além de um objeto que o acompanhava, havia um conexão ainda não produzida na comunidade, gestos apenas não bastavam para distribuir a informação. Nomear coisas pode ter sido o início, coisas simples de uso diário, coisas ainda sem conexão mas com significado para a comunidade. A semântica estava engatinhando em coisas extremamente simples, nenhuma sofisticação, mas já um início promissor. O pensamento confinado em cérebros iniciava sua migração, seu salto de qualidade para outra cabeças, outra moradia que não fosse a de origem. Entre armas para caça e defesa, e a necessidade de ser manter vivo, a comunicação tem papel extremamente relevante no grupo. Essa urgência requisitou algo além de gestos, houve a necessidade de dar oralidade a simbologia inicial gesticular para o aprimoramento da circunstância. Palavras passaram a se combinar em associação natural e conveniência ocasional, o sentido, o traçado partiu da origem esfarrapada para usar agora um traje mais compreensível e até em algumas circunstâncias com abstrações aleatórias se compondo na oportunidade e nas evasivas da compreensão. De forma progressiva o pensamento começou a ser transmitido de forma mais complexa, de palavras soltas a construção de frases conectadas a ação de falar, dentro de um dialeto as ideias já fluíam com um mínimo sentido, porém ainda sem a riqueza gramatical que ainda sofrível e modesta dentro de um contexto de evolução. Já podíamos conversar ao redor da fogueira dentro das cavernas, e até quem sabe, planejar as ações do dia seguinte, da caça, da pesca, etc. Passaria muito tempo até que alguém pensasse em registrar esses pensamentos, enfim, escrever. A escrita foi outro grande salto organizacional na humanidade. Mas casais já poderiam discutir a relação em palavras, sem registros de tudo isso. Apenas desenhos artísticos nas cavernas. Pode ter sido o ponto de partida para elaborar uma codificação específica das palavras, do que era falado, coisa que ainda não existia. Se touros, búfalos, gazelas e até humanos podiam ser representados como imagens nas paredes da cavernas, por que não palavras? Mas até esse insight surgir levariam milênios. Civilizações bem organizadas não tiveram língua escrita. Tudo isso que apresentei para vocês é um cenário hipotético, não existe certeza absoluta de como aconteceu, mas procurei empregar um sentido lógico na coisa toda. Porém apoiado nos especialistas, que levaram uma vida inteira estudando isso como Noam Chomsky que diz: “A investigação sobre o design da linguagem nos dá boas razões para levar a sério uma concepção tradicional da linguagem como sendo essencialmente um instrumento do pensamento”. A linguagem é o transbordamento do raciocínio que já não pode ser contido pela barreira física do corpo e portanto, extravasa até o indivíduo mais próximo como forma de comunicação. Se torna uma ponte necessária para acessar o próximo e dele também receber o retorno devido a ideia oferecida, enfim, comunicação. Em outro momento Noam Chomsky menciona: “Se essa linha de raciocínio estiver essencialmente correta, então há uma boa razão para retornarmos à concepção tradicional de linguagem como um “instrumento do pensamento” e para revisarmos o dictum aristotélico: a linguagem não é o som com pensamento, mas o pensamento com som”.




Para compreensão do próximo se faz necessário a estrutura da linguagem, sem ela provavelmente estaríamos ainda nas cavernas ou nem isso, talvez fossemos extintos por falta de habilidade para sobrevier. E assim, em algum momento fortuito alguém pensou em transformar os sons das palavras em símbolos, com uma ordenação específica que registrasse o sentido e o significado das palavras. Escritos mesopotâmicos cuneiformes, hieroglifos egípcios, ideogramas orientais, e rabiscos com significados padronizados, até chegarmos ao alfabeto utilizado hoje no ocidente o qual usamos. Isto possibilitou facilidades, primeiro as comerciais, junto com números podia-se agora organizar estoques de viveres e mantimentos. Perfeitamente vistoriados e conferidos quanto a valores e quantidade e qual tipo de mercadoria, foi um salto gigantesco de qualidade. E a partir desse uso profissional surgiu o registro de fatos, ações diplomáticas, e por fim, literatura e poesia. Estamos aqui hoje conversando através desse texto dentro de todo esse processo evolutivo da capacidade humana de comunicação, claro, hoje já se vê uma decadência clara de qualidade nesse campo. A população está regredindo, perdendo a capacidade de leituras mais complexas, e isso provoca uma redução na capacidade intelectual de forma geral. Estamos assistindo hoje a um retrocesso claro no nível de civilização que alcançamos até aqui. Noam Chomsky também menciona: “como boa parte da moderna linguística e da moderna filosofia da linguagem, a psicologia behaviorista aceitou muito conscientemente restrições metodológicas que não permitem o estudo de sistemas com complexidade e abstração necessárias”. Aceitou-se um empobrecimento na capacidade de entendimento da população, viver sem capacidade de abstração causa uma sobrecarga no armazenamento de informações e administração da realidade sem focar nos aspectos essenciais da vida, temos algo que margeia a insanidade mental. Já devem ter percebido como este mundo hoje está completamente sem equilíbrio mental. Não há mais especulação da circunstância para adotar uma resposta plausível, tudo gira em torno do imediatismo e da certeza pessoal que a sua opinião é a correta e não se torna possível viver com a divergência sem ser violento. E dentro desse universo de situações Noam Chomsky tem mais algo a dizer: “A linguagem humana pode ser usada para informar ou enganar, para esclarecer nossos próprios pensamentos ou exibir nossa esperteza ou simplesmente por diversão”. Não precisa mencionar como uma população sem capacidade de abstração usará essa ferramenta conhecida como linguagem, usarão da pior maneira possível.




Os termos já foram escolhidos ideologicamente: o pior será o melhor, o feio será bonito, a esperteza e a malandragem qualidades essenciais para a vida. Ser honesto e cumpridor de seus deveres uma falha moral grave, e deve ser eliminada. O conceito moral foi invertido, não há simulação para o indecoroso e sim uma firme adoção de seus critérios infames. Tudo isso apenas adulterando as percepções através da linguagem, hoje corrompida e vilipendiada, para dar espaço a uma cultura de exageros e de permissividade garantida por autoridades já inclusas em todo esse processo. Atingiram com sistematização a profundidade necessária para o fim desejado, destruição social em larga escala. Se os poucos que sobraram com lucidez serão capazes de reverter essa tragédia? Não sei, mas quando não há quem resolva algo o próprio processo colapsa, só demora mais a se decompor. Eles não sabem, mas a eternidade não entra nessa equação.




Gerson Ferreira Filho.


Citações:


Linguagem e mente. Noam Chomsky. Editora UNESP.


Que tipo de criaturas somos nós? Noam Chomsky Editora Vozes.


A maioria dessas crônicas estão em áudio no meu canal do Telegram. Que se chama também Entretanto e pode ser acessado no link abaixo. Uma abordagem mais personalizada do texto na voz do autor.

https://t.me/gersonsilvafilho


A seguir os livros e os links para comprá-los  na Editora Delicatta.

https://editoradelicatta.my.canva.site


Lançamento já disponível para compra na Editora Delicatta. Trezentas páginas das crônicas mais recentes com os mais variados temas como sempre.