segunda-feira, 11 de março de 2024

Desordem e destino.

 

                                                       Image by Sefan Keller from Pixabay.



 Desordem e destino.



E assim estamos, analisando e discutindo a fronteira da decadência e nos aproximando perigosamente do limiar dos conceitos mais caros para a civilização, entre espasmos aleatórios dos atributos reais que geram a concordância simétrica que permite a organização social plausível e sadia. Estamos num país onde o povo, não sei se por tradições indígenas ou por degeneração moral mesmo, tem uma preocupação absurda com o outro. Uma espécie de controle da vida alheia que está amarrada a sua, não sei bem por qual motivo, mas é assim. Lá no final dos anos sessenta, quando eu era bem novinho, já percebia isso até em casa, éramos muito pobres, não tínhamos praticamente nada em matéria de conforto, era um teto alugado, um fogão uma cama e olhe lá. Mas minha mãe me colocava uma figa, contra mau-olhado, e usava o crucifixo dela. Toda casa tinha um vaso de comigo-ninguém-pode, ou espada de são Jorge, a arruda também era muito usada para tirar olho grande. Minha mãe era católica de ir a missa todos os domingos, me batizou, fiz primeira comunhão e estudei o ginásio em escola católica. Mas ela, assim como todo mundo estava amarrada nessas tradições de defesa contra todo mundo em volta, porque qualquer futilidade era motivo de inveja e possível desgraça causada por inveja. Era uma época diferente, pobre, e comprar uma geladeira usada à prestação já evidenciava que sua família estava se destacando no meio daqueles muquifos. Quando alcancei mais idade perguntei a minha mãe qual o motivo de tudo aquilo, uma vez que todos éramos pobres, não havia motivo para ressentimentos na pobreza evidente de todos ali. Ela disse: “Para quem não tem nada até a felicidade alheia é motivo de inveja e de maus votos”. E assim tive conhecimento em tenra idade que uma bobagem poderia desencadear ódio entre as pessoas. Não era nada sofisticado como luta de classes, Marxismo, ou alguma outra filosofia de botequim, pois naquela época a luta pela sobrevivência não abria espaço para conversas elaboradas. Era algo natural, presente no tecido social, que coletivamente estimulava o controle da vida dos outros, e se por acaso, fosse notado alguma diferenciação na miséria, alguém conseguiu uma situação mais confortável, o grupo agia para eliminar aquela terrível anomalia. Naquela época terreiros e feiticeiros eram muito comuns na sociedade, todo bairro tinha um, e lá iam os miseráveis para pedir o mal para seu vizinho que teve uma semana agradável com sua família, sem brigas e sem confrontos. Hoje toda essa turma se converteu, estão todos na Universal. Então, nesse clima era necessário usar todo tipo de amuleto protetor, já que o imaginário popular garantia que sem eles não seria possível viver. Recentemente abordei esse tema em conversas na Internet, onde esbarrei com muitos que acham que isso é apenas esquerdismo, lamento informar, não é não. Essa coisa está no perfil psicológico do povo, o que com a chagada forte da ideologia apenas amplificou, pois o socialismo não passa do culto da inveja e do ressentimento. No nosso quintal essa doença pertence ao nosso perfil pessoal, em maioria e claro, sempre existirão as exceções. Ontem vi e repassei um trecho de uma gravação de Olavo de Carvalho, onde ele cita o famoso “caranguejo no balde”. É exatamente isso, o brasileiro puxa o outro para baixo, é ofensivo ter sucesso, e com a minha idade e tempo de trabalho em grandes corporações sei o que passei e vi outros passarem por causa desse espírito maligno de achar ofensivo o sucesso alheio. Quer ter sucesso no Brasil, se puder saia dele, se não puder seja discreto com seus resultados pessoais, e conte com a trapaça para lhe prejudicar sempre. Ser destaque como profissional, demonstrar uma inteligência mais capaz de resolver problemas, aqui, pode ser o problema. Eu progredi na carreira profissional indo para lugares onde ninguém queria ir, exigia sacrifício, e em determinado período a oportunidade que me ofereceram era aquela que todo os demais recusaram, por considerar uma furada sem tamanho. Ou seja, no desejo de me punir, me promoveram, porque como sempre fui muito bom em resolver problemas, fiz meu nome onde eles tinham medo de entrar por incapacidade pessoal. E claro, uma vez consagrado, gerei uma ciumeira danada.


Você que lê isso e tem uma capacidade diferenciada de inteligência, esteja preparado para adquirir inimigos, e a maioria desses inimigos será dissimulada, traiçoeira, venal. Seu coeficiente de inteligência superior é inaceitável para o populacho padronizado no famoso QI 83. Eu nasci muito pobre, mas fui bem alimentado e tratado com higiene na primeira idade, tive poucas doenças infantis, sarampo pelo que me lembre, mas já tinha dez anos de idade. Nunca fiz um teste de QI, mas aprendi a ler muito cedo, e a resolver alguns problemas impossíveis para a idade que eu tinha. Uma curiosidade para vocês: quando eu tinha cinco anos, ganhei um frango de estimação, comecei a alimentá-lo no bico e o bicho engordou demais, não conseguia mais ficar em pé. Abriu as patas, cada uma para um lado. Minha mãe pensou em sacrificá-lo pois não andava. Eu pensei e resolvi o problema. Amarrei um barbante entre as patas dele para estabilizá-lo e assim ele conseguiu andar novamente. Resolvi o problema que fez meus pais pensarem que eu era maluco. E o frango mais tarde foi doado para minha tia Arlete que disse que ele só tinha gordura. Mararam meu frango. Quando minha mãe conseguiu com as economias que fazia do dinheiro que meu pai trazia comprar uma televisão, pedi para comprar um bloco de anotações e comecei a escrever novelinhas criadas a partir dos filmes que via na televisão. Bom, o irmão dela mais velho me deu de presente uma máquina de escrever portátil. Então, entre topadas e tropeços através do tempo estou aqui escrevendo para vocês. O sucesso neste nosso país ofende ao padrão médio de inteligência, e não se deixe iludir por cursos superiores, doutorados, mestrados, ou qualquer especialização. Conheci asnos doutores, perfeitos idiotas graduados nas melhores faculdades. Uma inteligência mediana garante ao sujeito, se tiver nascido em família com recursos, a se especializar e conseguir títulos, mas tudo isso não o fará diferenciado em inteligência. Inteligência real faz você ver o mundo de uma forma completamente diferente. O desvelamento do enigma é proporcionado por aquele que tem a real capacidade de encontrar soluções, ou fazer com que, quem tenha essa capacidade seja capaz de mostrar o resultado positivo onde jamais se esperaria. Até a bem pouco tempo se achava que foguetes não davam ré. Pois é, a inteligência superior, quando ela mesmo não resolve, ela cria condições para que o desafio seja suplantado. E assim dentro dessa imensa hostilidade tupiniquim com a inteligência, o melhor que se deve fazer é se preservar da ira dos incapazes, da inveja e das certas retaliações que virão como resposta ao da sua diferenciação intelectual. Não preciso recomendar que por favor, não se exiba, não seja um pavão. Se fizer, vai fazer da sua vida um inferno, embora em algumas situações muito específicas seja necessário ou até inevitável. Eu tive algumas situações onde me chamaram de bruxo porque previ o que aconteceria com o procedimento que foi adotado. Mas era só raciocínio lógico, e o único que não era formado em engenharia na situação era eu. Como eu avisei, três dias depois tivemos de subir mil e quinhentos metros de Riser rígido e uma bomba de vinte e dois estágios, porque um detalhe não foi cumprido como deveria. Como eu disse, tem coisas que são inevitáveis. Mas evitem ao máximo este tipo de situação, gera ódio extremo, todos a sua volta vão detestá-lo. Se você percebe que está em relação aos outros acima da média, comporte-se com comedimento, eu sei, é difícil, mas evite atiçar a matilha, e saiba, poucos vão lhe dar o valor devido a sua capacidade. No Brasil, estamos no balde com os outros caranguejos, como você acha que um político populista semianalfabeto vira ídolo da população? Identificação. A maioria se identifica na personalidade do nosso Macunaíma. Espertalhão, traiçoeiro como os demais, preguiçoso, oportunista como os vermes. Você acha mesmo que uma população que tivesse em maioria um QI de 110 ao menos, escolheria alguém assim para liderar? Nossa desordem está escrita no nosso destino, uma coisa puxa a outra, como uma maldição ancestral, que se perde na poeira do tempo. A desonestidade é um recurso da incapacidade cognitiva de populações inteiras, e neste terreno fértil para o desvio de conduta entra a ideologia. Para dar um acabamento mais sofisticado ao demérito. De inveja e burrice se tem uma capa de preocupação coletiva inclusiva, onde o incapaz se abriga da exposição ao que verdadeiramente ele é, um incompetente. Os resultados de governança mais uma vez estão aí para evidenciar que de incapacidade eles estão repletos até o gargalo.



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ.



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