segunda-feira, 17 de junho de 2024

O colapso das sinapses.

 

                                                       Image by Gerd Altmann from Pixabay. 




O colapso das sinapses.




Olá! Em tantos intervalos de realidades possíveis, cá estamos, entre lacunas cognitivas e desajustes sincrônicos de uma etapa perdida, entre drinques e petiscos, flutuamos performaticamente na margem conflituosa dos parâmetros para ser exatamente tudo aquilo que não deveríamos ser. Aqui, no nosso plano atual, a contradição se oferece abusadamente sedutora com um desempenho digno em apelo construtivo de hipóteses alucinógenas de um contexto que abraça a razão como se fosse custodiado por essencialmente loucura das fazes de um eclipse. Um manuseio, se fosse possível, de sombras e luz para distração no espaço delimitado das certezas. E se este exórdio psicodélico não te satisfaz, não se preocupe, sua relevância perante o todo não lhe confere autoridade para desconsiderá-lo, apenas pode ser constrangedor para você que não possui conteúdo intelectual para filtrá-lo dialeticamente e assim entender que aqui a premissa não é o ponto de partida, mas algo após o silogismo estrutural de uma dedução pós anárquica da estrutura do tempo. Tenha uma cosmovisão versátil e qualificada para entender a realidade, filosoficamente somos um acidente que pensa, estruturalmente a metafísica fez de nós a poeira do ultimo colapso estelar ocorrido em algum extremo da criação. Subliminarmente oculto debaixo de uma submissa atitude, se pode encontrar todo sentido para ser assim sem coerência e apreciar a ignorância como terreno fértil para sobreviver na amplitude estéril do desconhecido. Atribui-se apego a verdade científica e a respeito disso Mário Ferreira dos Santos tem algo interessante a dizer: “A verdade científica é relativa. Não porque renuncia a penetrar até a última ratio (razão) das coisas, mas também porque só se aplica à parte objetiva da realidade tempo espacial. As leis científicas não são imutáveis nem inderrogáveis, pois muitas delas conhecem hoje uma redução dos seus valores axiomáticos. Poderosas hipóteses tornam-se fracas e a ciência se vê forçada a constantes renovações que, de ano a ano, se tornam mais numerosas”. A ciência se atualiza constantemente nesse duelo infinito com a necessidade de progresso e de conhecimento conforme as incertezas desfilam desafiadoramente neste palco que nos encontramos, talvez para um lúdico jogo estatístico procedimental de algo ou alguém. A realidade se assume incólume nesse momento cartesiano do tempo que dentro de seu pragmatismo metódico influi no trajeto de acordo com sentenças pré estabelecidas como circunstâncias aleatórias que se oferecem no percurso de todas as ocasiões. Mário Ferreira dos Santos tem mais alguma coisa para dizer: “Não é missão da ciência penetrar nas entranhas da realidade, mas achar meios de ação positiva. No entanto, aquela, ao descobrir alguma coisa, descobre um novo enigma. A noção concreta precede a abstrata, a técnica precede a ciência. O homem antes de conhecer as leis da alavanca, conheceu a alavanca e a usou”. Ao acumular conhecimento científico, nos distanciamos de outros valores, e assim corremos o risco de desequilibrar a equação existencial que nos sustenta como seres humanos. A dessensibilização inerente ao avanço científico já pode claramente ser notado hoje, com o descuido com as novas gerações e sua evolução cultural como sociedade. Na busca constante nesse garimpo por respostas científicas, negligenciamos nossa própria natureza humana, não nos importamos mais com parâmetros civilizatórios e a manutenção da tradição, porque como uma febre do ouro que contagia garimpeiros, a ciência brutaliza o indivíduo, o absorvendo totalmente para uma nova forma de vida menos humana e mais artificial. A religião, seja ela qual for, passa a ser encarada como algo desnecessário e supérfluo dentro desse cenário científico e lógico, onde a transcendência filosófica e metafísica passa a ser apenas um jogo de palavras sem sentido para uma geração onde a tecnologia sempre prevalece como realidade única no contexto existencial das populações. E assim sendo temos a segregação populacional por capacidades, por potencial produtivo, por resposta possível dentro de uma análise mecanicista e fria de números que não possuem lastro axiomático para se realizar em plenitude no cenário contextual da realidade. A linearidade causal tem como propósito algo não humano, e deve por segurança sempre estar sob controle do conceito filosófico de quem a utilizar, ou se perde a humanidade como o perfil da criação. Este distanciamento inadequado deve ser submetido ao controle de quem venha a se propor ao gerenciamento de toda e qualquer ocasião onde se encontre um novo fluxo de propostas científicas plausíveis de se tornarem acervo útil de conhecimento. A abordagem humana não pode ser descartada ou atenuada em nenhum momento da evolução, ou deixaremos de ser o que hoje somos.


Então, vamos a mais um pouco de Mário Ferreira dos Santos, ah, você nunca ouviu falar dele? Lamento, sua bagagem cultural está vazia. Vamos lá: “quanto mais longe, mais coisas vemos; quanto mais alto, mais coisas abrangemos; mas, em compensação, menos vemos o individual e o singular. Aumenta a extensão, diminui o conteúdo, e perdemos os pormenores. Do alto de uma montanha, podemos ver um vasto panorama que abrangem muitas coisas, mas perdemos os pormenores das coisas que estão a distância”. São nestes pormenores que fogem da nossa visão ao mergulhar profundamente na ciência que representa a nossa humanidade, o nosso amor ao próximo, a necessidade de convivência social saudável e construtiva dentro de padrões culturais sempre acumulativos e em desenvolvimento. O amor a seu semelhante não se encontra na ciência, ele está no detalhe que ao expandir essas implacáveis lonjuras do conhecimento científico se perdeu na indefinição que a profundidade do espaço criado entre elas definiu na embriaguez das descobertas e do acúmulo de conhecimento a insensibilidade destrutiva dos melhores parâmetros de convivência e aceitação. Ver tudo isso perder a sua origem não é uma boa opção, As sinapses que nos conduziram da ferramenta de pedra até ao fogo reconfortante e útil. Um dia, essa sinapses, se isso continuar, podem ocupar algo muito diferente de nós. Onde existe a possibilidade de nos tornarmos prisioneiros como algo remanescente da humanidade, mas trancado em estrutura artificial do que criamos para nos servir e acabou nos absorvendo. Poderá a alma ser aprisionada? Como um gênio numa garrafa? Introjetados neste ambiente seremos capazes de amar, de sonhar, de mergulhar profundamente no nosso subconsciente e continuar a produzir arquétipos que irão nos representar a vida que um dia tivemos e uma vez já neste momento tecnológico não teremos mais? Nossa análise combinatória particular será capaz de produzir probabilidades aceitáveis para uma vida admissível dentro de tudo isso? A filosofia e a metafísica cuidam desses detalhes, é por isso jamais devem ser negligenciadas e postas de lado para viver apenas de ciência. Raciocinar, questionar, subverter a razão e aprimorar a percepção. A desconexão com a espiritualidade presente em nós delimita e decide o ponto de corte civilizatório, a partir desse ponto o colapso se torna uma realidade. Ao perder esse tênue vínculo com o que transcende não é mais possível ir além do que poderíamos ser. Mas também podemos considerar que hoje já somos prisioneiros de um revestimento biológico, frágil e limitado, então, se for assim, como será o novo ambiente de vida?




Gerson Ferreira Filho.


ADM 20 – 91992 CRA – RJ




Citação:


Filosofia e cosmovisão de Mário Ferreira dos Santos. Coleção Logos da É Realizações Editora.  



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