domingo, 30 de junho de 2024

Desvio de percepção.

 

                                                      Image by Artista Digital from Pixabay. 


Desvio de percepção.



E aqui estamos, nesse período da civilização onde todos os valores derretem e escorrem pelo ralo preponderante que ocupa todo espaço cognitivo de um tempo. Como dizia uma velha canção, os anos dourados não oferecem mais seus beijos e a densidade da realidade não possui mais a consistência óbvia para se sustentar como algo plausível que permita existir sem sofrer. A maioria ainda leva uma vida alienada, aproveitando os vestígios de uma normalidade que hoje está rarefeita e pronta para deixar de existir, os mais humildes já sofrem restrições, mas a totalidade social será alcançada. Enfim, o objetivo dos discípulos do marxismo alcançou seu objetivo, transformar o mundo em algo insalubre para existir e viver. O que nos leva a conclusão: Não existe ocultismo maior que o marxismo. Se tem algo no mundo com as digitais do demônio é essa ideologia. O mal está a um passo da vitória total. Com controle social completo, pautas woke, consumo de drogas permitido e incentivado, comportamentos limítrofes incentivados e exigidos, criminalidade sem punição, a corrupção dos valores de sustentabilidade da sociedade foi um sucesso. Uma sociedade pedante e submissa a pauta política degenerada acredita que tudo que se vê hoje não passa de evolução, eu chamaria pelo nome apropriado, degeneração, decomposição cadavérica acentuada e infame de costumes e padrões civilizatórios para a sustentação de vida em comunidade e grupos. Libertinagem não é liberdade e concessões ao inaceitável colapsam sociedades. Não sei se vivo o suficiente para ver essa degeneração completamente e implacavelmente implementada, mas lamento pela juventude, por esses que receberão o inferno como herança. Mas o mundo lá fora, e fora digo fora das redes sociais, onde de alguma forma a verdadeira informação e a troca de ideias entre pessoas preparadas ainda existe, ignora completamente a realidade. Se você parar de se informar em tempo real, o mundo, a população se comporta como se nada demais estivesse acontecendo. Transformar humanos em gado é muito fácil. O clube de Paintball aqui do lado está cheio de jovens brincando de combate, circulando pela cidade, dezenas de bares estão cheios de gente comendo e bebendo à vontade, os estádios de futebol prosseguem enchendo, apesar dos preços proibitivos. Não há nenhum problema! A ignorância é uma benção já disse alguém por ai. Dá até vontade de embarcar nessa, de se desconectar da realidade e mergulhar gostosamente na alienação compulsória de um tempo, sofrer pela possibilidade futura? Ah, que chato. Vamos beber, usufruir o que ainda resta, amanhã a gente resolve essa coisa que paira no horizonte, e quando chega o amanhã, se empurra o problema para mais distante. Procrastinação, essa coisa tão agradável, o brasileiro é um indivíduo postergado, ele nunca se levanta e enfrenta o problema de frente, em maioria, vive no limbo da decisão. E depois quando está arruinado, culpa todo mundo a sua volta pelo fracasso que o cerca de forma brutal. J. O. De Meira Penna disse certa vez que vivemos em ciclos aqui: “O que é notável nos célebres “ciclos” da história do Brasil é que a lição jamais é aprendida. Gostamos de ter tudo de graça. Sempre queremos colher a fruta antes de plantar a árvore. Assim foi o pau-brasil. Assim, o açúcar. Depois o ouro e os diamantes. O algodão. Mais tarde, a borracha, a laranja, o café. Boom e queda. Esperanças excessivas, lucros formidáveis, o luxo, o esbanjamento e depois a ruína e o desânimo. Sempre as mesmas causas e os mesmos resultados. Um eterno retorno”. Então, já tivemos oportunidades demais, e o desleixo com o futuro nos transportou até aqui, um período onde boçais nomeiam conservadores como fascistas, e beber um copo de leite virou simbologia oculta de culto ao extremismo, sim é muito tosco, foge da compreensão, mas protelar a necessidade do tempo provoca efeitos bizarros na construção da realidade. Funciona como uma profanação do método, e assim temos o inimaginável cenário habitado por estultices de varias formas possíveis. Se um desvio se apresenta e você não o corrige, ele vai se agregando a outras formas de realidade até atingir uma massa crítica que possibilite o desejo de ser completamente predominante no cotidiano de todos. Por acadelamento explicito, hoje corremos o risco de sermos completamente dominados por loucos. Mas como supracitei, a vida lá fora continua numa boa. Já se nota alguma reclamação quanto aos preços da alimentação, afinal, ao menos isso a turma tem de perceber. A esperança está no processo degenerativo presente na decomposição daquilo que apodrece, e como tudo que entra neste ciclo, acaba por si mesmo consumido em sua totalidade pelo processo em si da natureza. A decomposição inevitável da sociedade se apresentará como inexorável. E assim sendo os degenerados terão seu fim previsível dentro da realidade que eles mesmos estão construindo. Não é questão de hipótese mas de ciclo natural. Os detalhes da decomposição, embora a população se recuse a perceber, estão se evidenciando permanentemente.


Não sei se dessa vez será possível um retorno a alguma normalidade no futuro, não para essa geração corrompida. As proporções estão tão desestabilizadas que talvez um retorno a normalidade depois da fervura ideológica se consumir em suas platitudes, restará algo que se aproveite como material reciclável para uma reconstrução social. Estamos em cenário quase pronto para o famoso “Admirável mundo novo” de Aldous Huxley, com todas as barbaridades impensáveis dentro da surrealidade que ele contém. Meira Penna aborda o tema: “A imagem do Admirável Novo Mundo possui um sentido ao mesmo tempo de crítica e aviso. É válido para todos e especialmente para nós. O sentimento é, na verdade, a função menos bem-vinda nesta sociedade científica moderna que se transformou numa sociedade de consumo e abundância, desumana e mecanizada”. Todas as barbaridades contidas nessa estória futurista estão se realizando hoje. Uma sociedade impiedosa, dessensibilização explícita, sem misericórdia com o próximo e com a alma vendida a um totalitarismo esmagador de toda e qualquer vontade particular. Onde o preconceito com a diferenciação passa a ser a regra, e somente o que for estabelecido como padrão comportamental será permitido, mesmo que contrarie seus legítimos impulsos particulares. Objeto, é o que você é, e o que você, seus filhos e netos serão nessa sociedade, se é que no futuro laços familiares serão permitidos, a utopia prevê que não. Uma embalagem Tetra Pak não é irmã de outra, apesar de ser constituída de material similar e produzida na mesma fábrica. Se trata apenas de uma embalagem padronizada para um fim específico, servir de contentor para algum produto industrializado. No marasmo explícito da nossa brasileiríssima sociedade aguardamos o fim, a trilha sonora deveria ser a música de uma banda de rock do início dos anos setenta The Doors: The end. Ficaria perfeito, nos acordes sistemáticos e sorumbáticos de uma canção que antevê o terror, o presságio que chega com o odor da tragédia anunciada, imperceptível para uma sociedade que está condenada e ainda não se deu conta do seu cruel destino. O mal tem paciência, ele planeja enquanto todos se divertem na ocasionalidade louca de uma circunstância fortuita. Você está preparado para ser ceifado?




Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ




Citação: Psicologia do subdesenvolvimento. De José Osvaldo de Meira Penna. Vide Editorial.


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