quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Axioma exógeno.

 

                                               Image by AstroGraphix Visuals from Pixabay.






Axioma exógeno.



Amigos, existe hoje uma necessidade lógica, apodítica, dentro de uma doxa epistêmica de estrutura lacônica porém desconfortável na estrutura da realidade, principalmente na administração das leis. Nada mais se move nesse complexo mundo empanado por pura retórica sem um confronto lisérgico com a tradição legal. Nessa sensação aflitiva de contaminação por um impertinente e ousado oxiúros jurídico habita uma eloquência pertinaz para que os caminhos permaneçam tortuosos e indefinidos, aqui temos os que sentem prazer com a coceira e não se importam mais com a normalidade do contexto, o desvio parece prazeroso e gratificante dentro dessa realidade de conceitos que se adéquam a cada momento a uma realidade favorável ao vaticínio apropriado para o momento. Confesso, me considero feliz por ter mudado de área, de Direito por Administração. Queiram me perdoar os tantos amigos, alguns pessoais do Direito, a profissão de vocês foi esculhambada, esse é o termo apropriado. A estrutura básica foi sabotada por ideologia e interesses políticos, e onde deveria existir apenas o caminho da lei, hoje se vê apenas o improviso que se adapta com a necessidade do momento. E como sugere o título desse trabalho, se a premissa provém de causas externas contaminadas, todo o corpo conceitual de tão importante segmento fica sem sentido e assim temos o risco evidente de que ilegalidades oportunistas venham a se instalar como arbítrio da estrutura social. Mas como eu citei anteriormente, a coceira ficou gostosa, e como um vício virou rotina aceitável transgredir a letra da lei mesmo que pareça estranho e desagradável. Afinal, é por um mundo melhor, Platão ficaria orgulhoso desse novo governo dos melhores, conforme seu pensamento, mesmo que os supostamente melhores, não sejam necessariamente isso, e sim escolhidos por influência e política. O conceito de democracia foi gradativamente expandido para mais participantes. O conceito original só permitia a manifestação e voto de uma elite social, não era para o populacho ignaro. Bom, através do tempo o povo ganhou o direito de participar, claro, a elite não gostou muito dessa ideia. E assim de adaptações em adaptações, chegamos novamente ao controle de poucos sobre muitos, esses muitos não possuem direito, apenas deveres, não há mais lei que os proteja. A ciência do Direito hoje passa a abrigar proteção a quem merece privilégio. Protegido por um complexo e peculiar jargão profissional, se torna possível adotar a decisão mais absurda porém, com revestimento semântico de uma metáfora para parecer adequado embora ilegal. Afinal, ao povo foi negado o ensino de melhor qualidade, e ninguém ou quase ninguém vai entender mesmo. O povo quer cerveja, futebol, praia e sexo. Podemos considerar que hoje a complexidade da vida intelectual verdadeira é para poucos, muito poucos, a população de inteligência limitada só se interessa por prazeres pessoais e vantagens oportunas, como isso será gerado? Ah, que se dane. Mas ao escolherem a mediocridade, também se tornam disponíveis para a eliminação do cenário, é disso que trata a elite mundial, despovoamento. A inteligência artificial está presente no nosso agora, para fazer todo trabalho que seria para os desqualificados e até para os pouco qualificados. Em breve ela também ocupará a vaga dos especialistas e por fim, o que fazer com tanta gente inútil? Adivinhem? Entenderam? Àquele mundo distópico que um dia talvez você tenha lido em alguma obra de um escritor famoso se torne a sua realidade. Bom, quem acompanha o que eu escrevo, tem um bom roteiro registrado de como chegamos a essa situação, eu procuro registrar nas minhas diversas crônicas e artigos essa sensação de fim de mundo se avolumando, enquanto a maioria gasta tempo com futilidades. Eu uso na maioria das vezes grandes autores, intelectuais de primeira para demonstrar que outro caminho existe, mas tenho a sensação de pregar no deserto. A lei, a corrupção dela foi o caminho adotado para gerar facilidades para esse desfecho que se avizinha. A humanidade de forma geral, inclusive os que a comandam perderam conteúdo filosófico, hoje tudo gira em torno de poder e prazeres, nesse mundo mentecapto apenas a insolência do absurdo se ocupa do cotidiano. A vantagem hipotética que pode se tornar plausível corresponde ao propósito de muitos e assim temos o berço do absurdo como aceitável e até relevante no processo de ascensão social.



E sendo assim, aqui estamos, nesse caldo que ousa ser literatura e que tenta ser apologético nesse texto ocasional de uma época destrambelhada e sem rumo certo. Claro, não pode passar sem registro a evidente desigualdade e desequilíbrio do processo de leis forjado para ser submisso ao que não se entende. Os que no futuro conseguirem ler esse registro saberão a respeito das obscenidades que foram praticadas para obter seja lá o resultado que conseguir ser produzido de uma época com aspecto encardido de atividades que não condizem com o bom propósito. Nós, aqui encarangados entre absurdos, prosseguimos na boa fé de que algo mude no cenário para proporcionar um equilibrismo de fato na estrutura psicológica de um tempo que parece condenado a mergulhar no erro que se tornou sistêmico. Amiúde, estamos sobrenadando em dejetos psicológicos de uma geração perdida, e nada indica que irão assim retroceder no planejamento, o desconhecimento e a falta de análise de impacto alimentam a ousadia, e se o resultado do desastre não os atinge, então, por que se preocupar. Não seria uma verminose no orifício corrugado da estrutura legal que seria o problema, transforme a coceira em prazer e encare como um bicho-de-pé circunstancial da estrutura jurídica. Ele está lá, mas coça gostoso. E assim citando Aristóteles: “A alma e a essência da alma são idênticas, mas o homem e a essência do homem não são idênticos, a menos que se venha a chamar a alma também de homem”. As combinações estruturais não são o que parecem ser no contexto da realidade. O que delimita o limite não é o limiar mas a ousadia intrínseca do ser que se constitui de ousadia. Mas essa conversa metafísica se torna inútil mediante o empobrecimento cultural e intelectual de uma era corrompida. Façamos então, da tenacidade nosso abrigo e que o improvável aconteça, uma aurora plena para assepsia com luz das densas trevas.



Gerson Ferreira Filho.



Citação:

Metafísica. Aristóteles, Edipro Editora.




A maioria dessas crônicas estão em áudio no meu canal do Telegram. Que se chama também Entretanto e pode ser acessado no link abaixo. Uma abordagem mais personalizada do texto na voz do autor. 

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