Um perímetro para guarnecer.
E assim devemos por segurança estar aprovisionados em nosso espaço mental para suportar tanta surrealidade e ignorância que hoje a sociedade nos proporciona sem receio de ser invasiva e inconveniente. Naturalmente sempre existiu e vai existir uma cota determinada de estúpidos no mundo mas como agora ele adquiriram protagonismo e relevância passaram a transformar o mundo em algo surreal. E as esquinas do mundo são sinuosas e controversas, sempre com aquele olhar sedutor para lhe oferecer algo incorreto para o levar ao abismo. A vida é um oximoro pedante que sempre lhe oferece duas alternativas: uma errada e a outra incorreta, e dessa combinação inadequada se produz um futuro injusto e desajustado com o perfil de um mundo sadio. Viver no hospício não é fácil, mas é o que temos em um período onde a negligência revestiu a realidade com uma loucura contumaz. Portanto, se proteja dentro da cultura relevante, lendo bons autores e não apenas os da camada ideológica que são apenas serviçais fiéis dessa insanidade. Carlo M. Cipolla criou às leis fundamentais da estupidez humana e entre tantos comentários nos ofereceu: “É preciso ter em mente que, de acordo com a segunda lei fundamental, uma fração da população votante corresponde a pessoas estúpidas, e eleições oferecem a todas elas uma oportunidade magnífica de fazer o mal a todas as outras pessoas sem ganhar nada por sua ação”. E o que diz essa tal de segunda lei? Aqui está: “A probabilidade de determinada pessoa ser estúpida independe de qualquer outra característica dessa pessoa”. Então, eu comprovei isso pessoalmente gerenciando pessoas e me relacionando diretamente com profissionais de alto escalão, Profissionais, uns até com doutorado que exalavam estupidez e era necessário aparar arestas para que determinada ação ou tarefa não acabasse em desperdício, improdutividade em cronogramas altamente complexos de atividades rotineiramente especializadas. Normalmente um estúpido está sempre coberto de certezas e sempre procura seguir essas convicções errôneas que lhe dão lastro a sua peculiar arrogância que o define sem que ele se perceba como um idiota.
Na verdade, a estupidez estratifica o mundo em camadas de insanidade, aplica sempre o desejo vulgar de informações aleatórias e não fundamentadas na verdade. Para um estúpido reconhecer a verdade se faz necessário um forte trabalho de descontaminação criterioso e sensato quanto a lhe oferecer alternativas que pareçam ter saído da cabeça dele, é assim que se lida com deficientes mentais. A solução tem de ser semeada com cuidado na cabeça do necessitado para que ele aceite a mudança dentro dos paradigmas paradoxais que habitam uma mente conturbada. Cipolla também cita em referência: “A maioria das pessoas não age com consistência, sob determinadas circunstâncias, uma determinada pessoa age com inteligência e sob outras diferentes a mesma pessoa vai agir de forma vulnerável. A única exceção importante a essa regra é representada pela pessoa estúpida que normalmente demonstra um forte pendor na direção da consistência perfeita em todos os campos do empreendimento humano”. O estúpido sempre foge para seu nicho de entendimento particular, por isso há necessidade de que seja tutelado intelectualmente para não se perder em conjecturas infames de seu raciocínio limitado. Thomas Sowell apelidou essa turma de Os ungidos, um livro que recomendo, e eles hoje comandam o mundo. O resultado se torna evidente ,basta acompanhar o noticiário para entender que algo vai muito errado na governança geral. Para lidar com esse mundo complexo eu sugiro a aplicação da Navalha de Ockhan, não sabe o que é? Enquanto o estúpido complica, busque a simplificação. Essa abordagem filosófica vem do frade franciscano Guilherme de Ockhan, lá nas profundezas do século XIV. E é usada até hoje com um simplificador de procedimentos, alguma coisa muito complexa se resolve com a mais simples das abordagens. É mais ou menos isso: “A pluralidade não deve ser postulada sem necessidade ou é inútil fazer com mais aquilo que pode ser feito com menos”. E também o autor do livro a respeito dessa filosofia Johnjoe McFadden cita: “Em 1934, Albert Einstein insistiu que o grande objetivo de toda ciência é cobrir o maior número de fatos empíricos por dedução lógica a partir do menor número possível de hipóteses ou axiomas”. Um estúpido ou imbecil não possui capacidade de trabalhar filosoficamente assim pois estão imersos em convicções vadias e deturpadas na sua particular estrutura mental. A certeza é o abrigo do estúpido, e hoje temos muitos em função de comando, criando privilégios para si e os seus companheiros de insanidade. Por isso a necessidade de fortalecer o espaço mental vital para não ser tragado por esse oceano de dejetos mentais onde estamos por obrigação existencial mergulhados. Sem uma boa estrutura intelectual, privilegiada com bom conteúdo de conhecimento a respeito de filosofia, economia, psicologia, literatura e organização social com uma boa dose de administração de procedimentos estaremos expostos demais a atmosfera exterior que hoje não é saudável.
Guarnecidos em nosso espaço mental assistiremos essa tragédia patrocinada por ideólogos e agentes de desestruturação social que foram muito dedicados em pregar o erro como se fosse algo vantajoso e correto. Como artificialidades não se sustentam por muito tempo a tragédia virá, o colapso do sistema e de sua estrutura mental em algum momento entrará em conflito sistêmico e não poderá prosseguir pela simples falta de material humano de qualidade para dar prosseguimento no devaneio, pois até para sonhar corretamente se faz necessário qualidade de raciocínio. O desastre fareja a incompetência e sempre acha seu alvo, tudo é uma questão de tempo.
Gerson Ferreira Filho.
Citações:
As leis fundamentais da estupidez humana. Carlo M. Cippola. Editora Planeta.
A navalha de Ockham. Johnjoe McFadden. Editora Sextante.
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