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Os registros diagonais.
E assim vamos, neste sábado fim de primavera já com hálito de verão entre surpresas ocasionais onde a excentricidade não pode ser vertical e nem horizontal, tudo que notamos se faz com saltos promíscuos de uma realidade atravessada e incoerente como histórico da boa conduta. O sentido está em não ter sentido, como uma flatulência desconfortável, as ocasiões deslizam de forma impertinente nas reentrâncias da realidade. O foco ou hiperfoco está concentrado em violar a lei e os direitos, e sem isso parece que a vida não tem sentido lógico, e as reminiscências de um passado correto servem de um balcão para suportar estupros legais e atitudes levianas para a satisfação social ousada de desejos perversos. Então, temos por convicção apenas recordações do que um dia fomos, ainda em registro nas páginas ignoradas de uma literatura mais qualificada. Não pense que o amanhã será construído de hipóteses perceptivelmente fáceis de lidar, a ilusão se encarregará de oferecer revestimento para a infâmia. Você será mais um marcado a ferro no rebanho e sorrirá disso, mas finais de ciclo existenciais são assim, são cheios de contradições de obscenidades estruturais e a verdade sucumbe e escorre para os ralos de descarte como chuva torrencial, borbulha nos bueiros das sarjetas da realidade. Como um efeito colateral de tudo isso, estamos reduzindo os nascimentos de novos candidatos à vida nesse lugar, Óbvio, onde o hedonismo se instala não há mais espaço para o nobre desgaste estafante de criar filhos, e muito menos para o casamento tradicional regrado por ética comportamental e sacrifícios evidentes, a suruba eterna é a meta a ser alcançada. Prazer carnal sem limites, genitálias privilegiadas como destaque oferecido, conforto máximo e saciedade para qualquer desejo, por mais bizarro que seja. Exibicionismo, vaidades, luxúria e usura máxima com relação ao seu etilo e propósito. Tudo isso vendido como independência individual de cada um, mas na verdade se trata de um a escravidão aos prazeres ilimitados, não há aqui filosofia, metafísica, ética ou padrão fora de um grande bacanal de sensações. Nossa realidade atual não possui longarinas que proporcionem segurança e estabilidade ao conjunto, vivemos em artificialidade explicita e em algo maleável que se desmancha como uma fruta podre. Claro, tudo isso já existia, não foi invenção dessa geração, mas era criteriosamente oculto conforme o decoro social pedia. Pervertidos e tarados cumpriam sua rotina como sempre porém sem explicitude como cães no cio que não se importam por motivo óbvio com plateia e publicidade. Não pensem que sou santo, mas no meu tempo de juventude sacanagem se fazia com recato e controle, afinal nãos somos cães sem dono. O ser humano está além da animalidade vários degraus acima, embora, haja hoje os que prefiram se animalizar e se comportar como irracionais. Já não há mais a criação de acordes clássicos, apenas atabaques, tambores e ruídos tribais que fazem homenagem a comportamentos animalizados e a crimes em série. Pois não existe mais lastro cultural para ir além disso. A perda de capacidade intelectual será o canto do cisne dessa civilização. Regrediremos, e por fim seremos extintos e substituídos. Enquanto já nascem menos pessoas, e nesse ritmo com o avanço da inteligência artificial e a robotização, em quarenta anos teremos idosos cuidados e assistidos apenas por máquinas. Assustador? Porém o itinerário da vida é esse no momento, em quarenta ou cinquenta anos não haverá quase nenhum humano com capacidade técnica em nenhuma área, tudo estará nas mãos da inteligência artificial. O ensino básico e universitário cada vez mais irrelevante, o conhecimento não estará mais conosco. Os poucos humanos que sobrarem com intelecto superior estarão em nichos específicos de sobrevivência para privilegiados, o cidadão comum? Extinto. Na verdade, essa aculturação foi proposital para esse resultado final, ao desqualificar a maioria, essa maioria se torna inútil e incapaz de produzir resultados dentro de um cenário cada vez mais exigente de especialização. As pessoas simplesmente nem saberão mais a sua origem familiar, todos os traços de nossa sociedade terão desaparecido ou apenas registradas em livros, cada vez mais difíceis de serem lidos por uma população que já terá perdido a capacidade de uma leitura mais complexa quanto a interpretação. Não basta ler, tem de entender o que se está lendo. Neste momento, neste agora já encontramos multidões com extrema dificuldade de interpretação de texto, imagine mais cinquenta anos para frente?
Enquanto o sol brilha nesse momento, trazendo vida ao conjunto do que somos, um espectro de destruição se move sorrateiramente tentando nos destruir, ele foi construído por semelhantes. O que nos leva a conclusão, somos os agentes de nossa destruição. Por vaidade, poder, exclusividade absoluta, ou simplesmente para saciar perversões particulares, o homem como ser humano deu errado em maioria. O bom selvagem de Rousseau é apenas um ensaio delirante, por séculos civilizações provocaram matanças de semelhantes apenas para impor suas tradições particulares ao um povo diferente. Implementar seus costumes pela força, ao que julgam estranho, que para eles era presumidamente inferior. Houve escravidão, submissão e humilhação a milhares de seres humanos apenas por serem diferentes e indefesos, não somos bons por natureza. Existe uma necessidade do nosso lado animal em provocar sofrimento a semelhantes com características diferentes. A vida do próximo não tem valor nenhum em determinadas circunstâncias. E sendo assim, com a perda da cultura que trouxe a civilização, voltaremos a esse período bárbaro de relacionamento. Não espere misericórdia ou compaixão de selvagens. Apenas por flexibilização ideológica tivemos massacres de populações, milhões morreram apenas por convicções de poderosos em algum momento histórico que percorremos. E assim estamos nesse mundo, existindo por descuido da natureza pensando em livre arbítrio, algo hoje contestado por neurociência, o que provavelmente somos não passa de um compilado de informações biológicas acumuladas através da evolução, com instintos e respostas automáticas proporcionadas por informações ancestrais. Complexamente simples e decisivas quanto a respostas e resultados que se pode obter de algo vivo e que se reproduz, como uma bactéria. Não é poético? Lamento, parece que não somos o que acreditamos ser. Nossas reações particulares ao meio ambiente possuem similaridade com organismos simples, num processo repetitivo curioso, com descreve o Dr Robrt Sapolsky: “Quando você começa a se predispor contra um grupo externo só porque ele tem costumes diferentes dos seus, a biologia subjacente a sua mudança de comportamento é iguala de quando uma lesma-do-mar aprende a evitar um choque dado por um pesquisador. Sem dúvida a lesma-do-mar não está fazendo uma demonstração de livre arbítrio quando essa mudança ocorre”. Os momentos biológicos contidos em nós e nos outros organismos proporcionam uma independência ilusória. O indeterminismo no universo é a regra, esperar que nós decidamos o que será pode não ser exatamente o que desejamos e pensamos. O Dr Sapolsky também comenta: “A clássica imagem física de como o universo funciona sempre atribuída a Newton, desabou no começo do século XX com a revolução da indeterminação quântica e nada mais foi como antes”.
O assunto é bastante complexo e aconselho ler a respeito, principalmente este livro desse autor que cito, mas a verdade é que não decidimos nada, hoje nesse mundo da neurociência já se sabe que antes de qualquer escolha que se faça, numa fração mínima de segundo vem um pulso elétrico que define o que você vai escolher. Então, não é você que decide, você está apenas seguindo um planejamento, e um roteiro específico que definirá sua vida e desenhará seu propósito no espetáculo da vida. Vale lembrar que isso não o absolve da responsabilidade de suas decisões, pois se tiver capacidade cerebral de análise, mesmo com um impulso de escolha, você pode desistir de determinada ação ou sugestão. Pessoas menos cultas, com menor capacidade de avaliação se entregam ao que poderíamos dizer, impulsos primordiais. Nosso potencial de análise está diretamente ligado ao conteúdo que armazenamos em nós de boa informação. Quanto mais abrangente e diversificado forem seus arquivos mentais pessoais, maior seu impacto na análise da realidade. E assim subjetivar a percepção como experiência analítica do mundo onde você se encontra. As análises de momento serão mais lúcidas e assim teremos mais impacto na convivência social, quanto mais potência na máquina, mais desempenho, simples.
Gerson Ferreira Filho.
ADM 20 – 91992 CRA - RJ.
Citação:
Determinados. Robert M. Sapolsky. Editora Companhia das Letras.
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