quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Personificando hipóteses.

 

                                                     Image by Stefan Keller from Pixabay. 



 Personificando hipóteses.



Que tal? Um novo ano, e nada além do mesmo. Milhares de pessoas nas praias, bebidas aos montes, paixões sem consistência, frivolidades e falsidades servidas sem parcimônia. Mas e a crise? Onde foi parar o caminho para o abismo? Calma, um gigante não cai assim, os mais frágeis sentirão primeiro o apertar do laço, alimento básico três vezes mais caro não atinge a camada social que aluga apartamento para temporada ou tem casa ou apartamento em balneário turístico. Nosso país além do tamanho tem uma classe média alta bem grande, e até que essa gente sinta de fato a necessidade de cortar custos e despesas, o dito proletariado defendido em prosa e verso pelos antigos socialistas hoje progressistas estarão em situação crítica de sobrevivência. E dentro desses milhões de supostos cidadãos existe uma nítida disparidade de capacidade cognitiva e profissional. Em tempos de crise, a inteligência gera versatilidade para sobreviver, a velha seleção natural. Para quem entende, o cenário não é bom, voracidade na carga tributária, falta de investimentos governamentais reais, despesas desnecessárias para quitar débitos políticos assumidos com quem facilitou com apoio a vitória do atual governo, um dinheiro que não volta mais, porque é aplicado sempre no que não dá retorno. E claro, toda despesa com o luxo dos novos-ricos que não sabem viver com comedimento, pois acesso irrestrito ao dinheiro dos outros é uma delícia. Escândalos se sucedem, mas como a mídia mainstream nada divulga, o povão mesmo, o que realmente tinha a necessidade de realmente saber, não sabe de nada. A presepada mais recente revelada foi o infortúnio do suicídio de uma jovem devido a pressão em redes sociais por meio de importunação sistemática de uma rede de impulsionamento de interesses ligados ao atual governo. Na atual situação, nada acontecerá com os responsáveis, ou talvez, quem sabe, joguem um boi de piranha no rio para dar alguma satisfação a sociedade. Mas até isso acho pouco provável, a ausência de riscos políticos garantem a ousadia desenfreada. Temos também nossa característica particular, o ano no Brasil só começa de fato depois do carnaval. Até lá o país que tem posses se diverte e consome, porque pode. E reparem bem, o início do ano é cruel com os compromissos a pagar. Escola para os filhos, lista de material escolar, IPTU, anuidade de associação profissional e IPVA para muitos. Mas como eu disse anteriormente, essa grande camada social com mais posses absorve tranquilamente tudo isso e vai para a praia. Um camarão empanado uma picanha na pedra, picanha mesmo, maturada e não coxão mole como vendem para os menos favorecidos. Não se preocupem, para esse grupo, não haverá padrão Venezuela ou Cuba tão cedo. Mas não quer dizer que essa condição nunca chegará.


Por que estamos nessa situação peculiar? Apenas por recrudescimento de características que o brasileiro possui de longa data. Em 42 anos de trabalho e quase 67 de vida o que vi de desídia, desonestidade, perfídia, e traição foge-me da conta. Hoje eu entendo, o tal do QI baixo transforma o perfil de quem o possui em algo muito desleal para conseguir um melhor cargo, uma posição profissional mais vantajosa financeiramente, um salto na carreira mesmo não tendo capacidade para tal, não enxerga limites éticos. O recurso mais óbvio é a bajulação, depois o alcaguetamento mentiroso e mais a frente é a tradicional associação em grupos de efluência e suposta amizade, a tradicional “panela”, onde a força do grupo proporciona proteção e ascensão de seus membros, não por qualidade, mas por tática lobista setorizada para favorecer um desses membros do grupo, mas jamais será por mérito, competência e qualidade. Acredito que muitos de vocês tenham passado por situação semelhante. Qual futuro terá um país com gente assim, sem ética, sem valores, que vê a trapaça como algo bom? O tradicional, levei vantagem? E ainda assim tem lugares piores. Hoje sabemos que o Grande irmão do Norte é povoado por pedófilos, lá não só comunistas comem criancinhas, como se costumava dizer nos anos 70, mas o mundo artístico de lá principalmente, também. Aqui o fetiche, a tara principal é tomar conta da vida dos outros, e o formato ideal é o programa de grande sucesso, o tal de Big Brother. E isto não quer dizer que não existam pervertidos aqui por estas bandas também. Quero me desculpar por utilizar um linguajar um tanto diferente para mim, costumo escrever em outro estilo, e não nesse estilo frio, jornalístico, informativo, mas são tantos eventos onde a infâmia transborda que procurei ser mais direto. Menos cronista e mais objetivo, sem traço poético ou palavras que sei, estão em desuso. Então, retornando aos nossos problemas internos, como já citei, uma rede enorme de perfis de Twitter/X trabalhavam em bloco para difamação ou impulsionamento de medíocres ao sucesso. Imagine uma máquina dessas, com essa estrutura toda divulgando a verdadeira cultura? Mas como o objetivo é político, toda estrutura trabalhava para difamação principalmente, chantagem em segundo plano, e nivelamento por baixo do conteúdo de informação e entretenimento, pois os organizadores, como profissionais que são, conhecem muito bem o nível intelectual do povo, quem ama o impertinente voyeurismo de Big Brother, ama fofoca, então, sendo assim, se oferece fofoca aos borbotões. E empanturrados de futilidades, felizes e sem se darem conta da própria miséria curtem música sexualizada de péssima qualidade, consomem bebidas e drogas, para não perceberem a própria miséria e no fim, votam naqueles que os manterão mergulhados neste mesmo ambiente, sem expectativa de alguma melhora e sem futuro definido.


Porém é assim, e nada se pode fazer nessas agruras, onde toda adversidade faz parte da composição do tempo onde nos situamos e vivemos. Claro, meus amigos, de espaço específico nessa estrutura existencial que nos abriga, minha natureza me impele para diferenciação e não poderia deixá-los sem algo que instigue o pensamento e enriqueça a cultura. Um diálogo com Sancho Pança em Dom Quixote de Cervantes: “e não ocupa mais pés de terra o corpo do papa que o do sacristão, mesmo sendo um deles mais alto que o outro, pois, ao entrar na cova, todos nos ajustamos e encolhemos, ou nos obrigam a ajustar e encolher, por mal que nos pese e bem que nos custe”. Sendo assim, fortunas vêm e vão, o orgulho retinto não protegerá da degradação certa, mesmo daqueles que se consideraram tudo em suas capas pretas e suas fardas vistosas. Quando a hora chega, para o corpo, não adianta ter bebido os melhores vinhos e comido nos melhores banquetes, o nobre, ou o que restou dele terá o mesmo destino, e de acordo com Cervantes: “De acordo com isso, muita razão tem esse senhor em dizer que prefere ser lavrador do que rei, se for ser comido por sevandijas”. E em tudo isso nem se abordou o preço que a alma soberba irá prontamente pagar.




Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ.


OBS: sevandijas: vermes.



Citação: Dom Quixote, Miguel de Cervantes. Editora Garnier.


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