domingo, 16 de julho de 2023

O sucesso do fracasso.


                                                  Image by Gordon Johnson from Pixabay.




O sucesso do fracasso.



Como chegamos aqui? Nesse momento prosaico da existência onde a inadequação comportamental e cultural prospera e se expande a ponto de pôr em risco toda a sociedade e sua estrutura de vida? Eu já fiz essa abordagem em outras crônicas, mas talvez seja conveniente reforçar este entendimento, porque futuramente, se na verdade o futuro existir haverá necessidade de rastreamento de responsabilidades, do mapeamento de quais personagens contribuíram de fato para o desastre social que se avizinha sem ainda ser percebido. Não teremos sucesso porque investimos maciçamente no fracasso nas bancas escolares e universitárias, e não digam que ninguém viu. Com as inevitáveis lágrimas de uma percepção momentânea desse destino cruel nos reconhecemos no cerne do desastre cognitivo total. E neste lapso temporal untado circunstancialmente de desleixo encontramos o nosso fracasso civilizatório ao produzir a geração intelectualmente mais vagabunda que poderia existir, e estamos nas mãos deles. Extasiados por oportunidades, prosperidade, e liberdade aos borbotões, nos esquecemos do futuro, e nesse intervalo o futuro sorrateiramente chegou, ele sempre chega, com os frutos que foram semeados. Onde foram parar a ética, o respeito, os bons valores, a alta cultura o bom procedimento? Permitimos com a nossa negligência a favelização do mundo, onde uma ignominia aflora sem nenhum constrangimento dentro de sua estrutura infame de ser. Como o estoquista negligente, abandonamos o nosso armazém de possibilidades aos ratos e estes trabalharam com afinco para que não tivéssemos um amanhã. E ainda não acabou de piorar, a nova geração, os hoje universitários, conseguem ultrapassar qualquer conceito de vulgaridade no campo da massificação predatória de comportamento. Dentro de uma peculiar estrutura baldia de entendimento nossa atual juventude trafega em ordem unida ao som do flautista Hamelin para o abismo construído por seus encantadores. Absortos que estão, presos na abjeta gordura ideológica onde foram confinados, como um produto em conserva, não se dão conta do futuro. E aí de você se tentar lhes proporcionar um alerta, A alienação plena só se cura com o desastre completo. A ignorância é a companheira inevitável da tragédia. Mas é lógico, lhes tiraram algo básico, o conceito da Individuação da psicologia Junguiana – ele é bem extenso – não confundir com individualismo. Nos sermões aos mortos está especificado: “Morremos, portanto, na medida em que não nos diferenciamos. Daí o empenho natural da criatura em orientar-se para a diferenciação, em lutar contra o antigo e perigoso estado de igualdade. A isto se dá o nome de PRINCIPIUM INDIVIDUATIONIS. Este princípio é a essência da criatura”.


E prossegue no raciocínio: “Em suma, o princípio de individuação define algo essencial a respeito dos ser humano. É um impulso absolutamente fundamental no sujeito humano para se diferenciar do que está ao redor”. Entenderam? Extirparam do psicológico dessa geração que hoje nos governa algo fundamental para que possamos nos considerar humanos. Não é inconsequência, se trata apenas de falta capacidade humana de reconhecer o mal que se faz ao mundo e a seus semelhantes. Coisificados na sua estrutura mental, estão impossibilitados de uma análise mais abrangente a respeito da realidade. E sendo assim, reorganizam o mundo dentro de seus parâmetros limitados, aleijados, sem a presença da subjetividade específica que lhes concederia um poder de avaliação proporcional à realidade. Tendo então, um parâmetro desestruturado e sem amplitude necessária, partem para correções absurdas e oblíquas com associações quiméricas de organização social. Estamos aqui nas mãos de incapacitados com poder, e nada mais vaidoso e temerário do que o poder total nas mãos de personalidades que não possuem a integridade cognitiva suficiente para comandar. Citarei aqui de forma bem superficial – recomento pesquisa a respeito – a Pulsão, de Sigmund Freud, onde ele desenvolve essa essencial característica humana. Acredito que essa característica psicológica humana também esteja desajustada ou seriamente danificada, pois ela repercute de dentro e não de algum processo externo ao indivíduo. E como define o autor, “como ela ataca de dentro, nenhuma fuga é eficaz contra ela”. Se manipulada ocasionalmente por especialistas, passa-se a ter características internas sem legitimidade organizacional e severamente destrutivas ao elemento da ocasionalidade específica. Freud explica: “Os estímulos pulsionais que surgem no interior do organismo não podem ser desfeitos por esse mecanismo – efeitos externos. Eles colocam, portanto, exigências muito mais elevadas ao sistema nervoso, induzem-no a atividades complicadas e intrincadas entre si, as quais modificam sobremaneira o mundo externo, que oferece satisfação a satisfação à fonte interna estimuladora, e, sobretudo, obrigam o sistema nervoso a abdicar de sua intenção ideal de conservar afastados os estímulos distantes, pois mantêm um inevitável e contínuo afluxo de estímulos. Poderíamos concluir, pois, que são as pulsões, e não os estímulos externos, os verdadeiros motores dos progressos que conduzem ao sistema nervoso, com sua infindável capacidade de realização, ao seu tão elevado patamar atual de desenvolvimento”.


Qual a necessidade dessa longa e complexa citação? O quanto de deformidade psicológica é possível conseguir interferindo em uma camada como a Individuação, sem atingir e danificar o restante do perfil de um subconsciente? Fazer do fracasso um sucesso está no nível da arte de estruturação comportamental, para que se obtenha a derrota completa da humanidade sem que essa humanidade perceba que esteja caminhando para ela. O trabalho tem tanta sofisticação que realmente deve ser obra do demônio, apenas algo transcendente teria tanta ousadia e pertinácia para tal planejamento. A vilania do projeto tem digitais específicas, mas contou com nossa desatenção. E no conforto de anos dourados, entorpecidos na embriagues sagaz servida a nós como canapés ardilosos de um ladino inimigo, negligenciamos a segurança que deveria ser propósito para nossa continuidade como civilização. A última lágrima do destino percorrerá rostos aturdidos, tentando entender o que na verdade ocorreu.



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ.



Citações:


Murray Stein. Jung e o caminho da individuação uma introdução concisa. Cultrix Editora 2020.


Sigmund Freud. As pulsões e seus destinos. Editora Autêntica.



Então, está aqui neste link para adquirir o livro. O conteúdo é conhecido por alguns que frequentam este blog. Economia, política, filosofia e comportamento. Uma narrativa baseada nos melhores autores e fora da margem esquerda do pensamento humano. Abordagem conservadora apoiada nos maiores nomes do ramo e que construíram um ocidente de sucesso. Exceto os últimos 53 textos todo restante está no livro. Estes outros ficam para o próximo se Deus quiser. 👇

Fragmentos do momento


https://editoradelicatta.com.br/produto/fragmentos-do-momento/



E agora também em formato E- Book.👇


https://a.co/d/g4U0hc4



Outros Livros em formato E-Book👇




Atualidades e análise de politicas de controle de massas.


https://www.amazon.com.br/Cr%C3%B4nica-B%C3%A1sica-do-%C3%A2mago-Subjetivo-ebook/dp/B08CS7L53N





Novela ambientada no centro do Rio de Janeiro nos anos 70 estruturada de forma bem simples para dar representatividade a uma região, uma comunidade e seus moradores. Incluso contos Contextos da usura do Norte Fluminense.



https://www.amazon.com.br/Nacos-Morma%C3%A7o-Gerson-Silva-Filho-ebook/dp/B087ND2F17



Ou em formato tradicional, o livro de papel na Editora Delicatta Ou no portal da livraria Loyola👇


https://www.livrarialoyola.com.br/produto/nacos-de-mormaco-5658




https://editoradelicatta.com.br/




Nenhum comentário:

Postar um comentário