terça-feira, 15 de agosto de 2023

Hipóteses exacerbadas.

 

                                                       Image by Gerd Altmann from Pixabay. 





Hipóteses exacerbadas.


Então, foi num dezesseis de agosto que cheguei aqui, não por desejo meu, com certeza, pois deveria nascer dia quinze mas fui retirado a fórceps às três horas da madrugada do dia dezesseis. Essas circunstâncias exóticas revestidas de significado me fizeram causar sofrimento a quem não deveria, mas foi assim, minhas sinceras desculpas para minha mãe, que procurei recompensar sendo um bom e ajuizado filho. E posso dizer por experiência própria que é muito difícil voltar a infância sendo uma alma muito velha, sim sempre me senti assim, há os que acreditam, outro não, mas tenho que colocar meu depoimento do que senti de fato. Independente de qual tipo de crença você que está lendo isso agora tenha. E possuo uma memória de profundidade abissal, anteontem voltei ao passado, sonhando com o bailinho no ginásio do bairro, da paróquia da igreja de Santo Antônio de Pádua. Dancei novamente com minhas primas, eu com 10 anos de idade, elas com 15 anos, no final do evento vespertino, meu pai veio me buscar para me levar para casa. São coisas armazenadas na tessitura do tempo, elas estão lá, existem ainda hoje, basta saber acessar o arquivo certo. A vida é assim, de acontecimentos fortuitos revestidos de significado, para trás ou para frente. Nossa existência é dinâmica, movimenta-se em fluxos e espasmos neste caleidoscópio infinito que nos abriga como uma ave protege seus filhotes sob suas asas. Podemos em circunstâncias específicas, dependendo da experiência que carregamos em nós, trilharmos um caminho correto, ou nos aprisionarmos a emoções fúteis e desagregadoras da vida. Eu, com uma alma velha, sempre fui o ajuizado do grupo, aquele que pegava o cubo mágico do destino e apesar de toda dificuldade presente em determinadas situações encontrava uma solução flutuando no oceano de possibilidades, umas soluções permanentes, outras para aquele momento, e claro, algumas erradas, o erro faz parte do jogo, apenas com ele se aprende a verdadeira estrutura do que é de fato, real. Hoje, situado na soleira desse episódio que fui forçado a vivenciar não sou ingrato com quem para cá me direcionou, vivi bons momentos, claro, com episódios desgastantes, e com um residual de ressentimento por ingratidão sofrida. O pior da vida é oferecer e não receber de volta ao menos um obrigado, mas atenuo essa parte com o conhecimento de que nem todo mundo possui a evolução cognitiva para entender o que acontece ao seu redor. E, portanto, não devemos sofrer por uma deficiência que não é nossa, é um problema da outra parte. Que tem objetivos limitados a sua capacidade de compreensão da realidade, e, enfim, ficar atrelado a um problema alheio não possui consistência lógica que pavimente um caminho seguro e sem variações exacerbadas do cotidiano. Para incentivar a loucura já nos basta o cenário político que nos circunda, povoado de idiotas empedernidos e envernizados no mais puro óleo insano de uma ideologia destrutiva.


Do alto da idade espiritual que percebo em mim, não há mais paciência para ver um erro recorrente se fortalecer novamente sem ter um desconforto, parece que assisto ao mesmo filme, várias vezes, porém com protagonistas diferentes, mas ainda que esse recurso cause uma adaptação de sentidos, o fim desastroso se materializa no horizonte como em outras ocasiões. É esquisito, eu concordo, causa estranheza, um enjoo marítimo de marinheiro de primeira viagem, mas a conclusão inevitável é de que nós como civilização apenas evoluímos tecnologicamente, em sentidos e paixões estamos ainda nos primórdios da humanidade, exatamente com os mesmos conflitos, desejos e vontades que animalizam nosso caminho dentro dessa realidade plausível. Se a hipótese de estarmos em aprendizado for correta, somos o rebotalho da criação, pois a nós foi dado a capacidade de evoluir, mas nos perdemos entre prazeres e satisfação de vontades momentâneas que apenas cuidam do agora quando na verdade somos feitos para o amanhã. Eu, pessoalmente não estou preocupado por mim, mas por aqueles que deixo nesse plano, e irão certamente sofrer essas tantas consequências nefastas da realidade que se constrói apoiada por uma utópica distopia de comportamento. Não tenho mais esperança de muito tempo aqui, estou enfraquecido, mas enquanto tiver energia para escrever, procurarei contribuir verdadeiramente para um cenário melhor. Estarei vivo, nos meus textos, e quem quiser conversar comigo, basta ler o que eu escrevi, coloco muito de mim em todos meus textos. Creio que todo escritor faça o mesmo, talvez seja essa nossa missão, o registro da ocasião, como fantasia, como crônica da realidade ou com o artigo envolvente e perspicaz da ocasião. Literatura, enfim, esse recurso da hipótese humana exacerbada que nós temos para armazenar experiências e assim fazer a roda do tempo girar mas deixar rastros perceptíveis para as novas gerações. Espero que de alguma forma a semeadura frutifique e que todos os que vierem desfrutem do Estado de Direito. Como Thomas Sowell definiu em seu livro A busca da justiça cósmica: “As leis não são meros decretos sustentados pelo poder de colocá-las em prática. Todas as sociedades proclamam deveres e proibições que estão preparadas para fazer cumprir, mas nem todas as sociedades se caracterizam pelo Estado de Direito. Nem a tirania individual de um déspota nem a tirania coletiva de um partido político totalitário sob o comunismo ou fascismo representam o Estado de Direito, embora possa haver muitas leis específicas nas duas formas de governo. O Estado de Direito – “um governo feito de leis, não de homens” – implica regras conhecidas a priori, aplicadas de maneira geral, e que restrinjam tanto governantes quanto governados. Liberdade implica isenções do poder dos governantes e uma correspondente limitação no escopo de todas as leis, mesmo as dos governantes democraticamente eleitos”. Conseguiram entender? Não estamos construindo um Estado de Direito legítimo, mas uma deformação jurídico ideológica danosa para a existência de todos, inclusive dos que a apoiam. Então a nós os escribas desse momento no tempo, temos que registrar para a posteridade todas essas ocorrências que irão perigosamente afetar o futuro.


Não o faço com prazer, gostaria de escrever poesia, me preocupar com a rima e a métrica das estrofes mordazes que aleatoriamente surgissem das brumas impelidas por Éolo nas coxas sedutoras de tantas musas. Mas o abismo está logo ali, e a humanidade dança freneticamente na sua margem voraz, atiçando de forma irresponsável o apetite das profundezas sombrias. Não sei se terei lugar no Elísio, essa memória precedente eu não tenho, e se certezas não possuo, apenas me resta flutuar na imensidão de hipóteses divinas e profanas que me restarem no tempo, este tempo que me trouxe e me levará ao desconhecido para outra missão talvez, Heráclito certa vez disse “na mudança encontramos o propósito”. E como ele também definiu: “o universo anda em um eterno fluir, com cada coisa sendo e não sendo ao mesmo tempo”. E também “ninguém entra no mesmo rio uma segunda vez, pois quando isso acontece já não se é o mesmo, assim como as águas que já serão outras”. Se eu sou e não sou neste espaço definido de circunstância aleatória, foi bom ter estado com todos vocês, quando o meu momento se esgotar, nessas letras permanecerei com a impertinência tenaz com a qual me construíram, e com toda paixão possível para o espaço que a todos abriga.




Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ.


Citação:


Thomas Sowell. A busca da justiça cósmica. Como a esquerda usa a justiça social para assolar a sociedade. LVM Editora.



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