quarta-feira, 2 de agosto de 2023

O beneplácito das circunstâncias.

 

                                                     Image by Pete Linforth from Pixabay.




 O beneplácito das circunstâncias.



De vasta profundidade, a alma humana se organiza e reorganiza em tábuas de marés. Como uma sutileza proporcional a da influência lunar sobre suas minúcias que julgam ser secretas, mas extravasam no perfil comportamental da personalidade que se apresenta na película mais externa de maneirismos e posturas físicas do ser. Somos uma integração de convívios, um somatório de experiências circunstanciais que para nosso específico querer não foi necessariamente um produto da nossa vontade, mas sim, apenas uma imposição aleatória fora do nosso controle e da nossa especulação retórica proporcionada apenas por intelectualidade afetada. O que somos afinal? Um produto inacabado, que requer aperfeiçoamento constante de programação subjacente e portanto à revelia da nossa suposta vontade? Ou algo realmente relevante na criação que mereça atenção especial? Gostamos de nos sentir especiais, espelhados no Criador, consideramo-nos a cópia exata de algo ou alguém que criou um universo o qual não temos capacidade de enxergar o fim. Sendo que, a maioria esmagadora não sabe que dentro de si há outro universo de igual tamanho para ser explorado e na verdade, ele define o que você realmente é. Não se sintam diminuídos estamos e somos uma estrutura psíquica em sincronia com a eternidade queiram ou não. Nessa estrutura toda estamos compartimentados em EGO, exemplificando, o eu de cada um, nossa garrafa particular de confinamento onde convivemos de forma as vezes não harmoniosa com nosso companheiro instintivo o ID. Maior aprofundamento no tema recomendo pesquisa em psicanálise e psicologia. Mas a abordagem que faço aqui pretende chegar no mal que nos envolve na atualidade, de onde retiramos tanto mal, tanta injúria, tanta maledicência e infâmia comportamental? O Dr Murray Stein tem uma referência a respeito: “O mal se vale dos talentos do ego, de sua vontade e de seus poderes, para executar sua obra perniciosa. O ego racionaliza maravilhosa e, com efeito, infinitamente, convencido por seus próprios enganos e sua própria retórica. Quando o ego serve ao mal, cuja mão se mantém oculta, mesmo a “lei” , que fala ostensivamente em prol da verdade e da justiça, pode ser usada para subverter esses mesmos valores. O ego é inconscientemente cúmplice disso e propõe a lei para encobrir a obra do mal. Visto da perspectiva da psicologia profunda, é esse o problema do mal”. Nessas circunstâncias controversas particulares e muito aconchegantes da alma nos ocultamos no que Erich Neumann definiu com o efeito sombra: “ identificamo-nos conscientemente com o bem e permanecemos inconscientes do mal em nós”. Nos livramos da culpa não importa o tamanho da atrocidade que tenhamos cometido. Como o Dr Neumann definiu: “é preciso que nos livremos dessa sombra em nós”, a sociedade não terá a mínima chance de sobrevivência como grupo organizado enquanto não realizarmos essa catarse coletiva, e que assim haja uma reestruturação mental na alma da coletividade que foi corrompida por ideias perniciosas ao real bem comum.


A inconsciência a respeito do mal produz tragédias absurdas como já vimos em outros períodos da humanidade, Essa penumbra cognitiva que se desenvolve e se expande e se transforma como especialistas já definiram em um autêntico caso de “possessão” coletiva com catastróficas variações de tragédia social. Não existirá futuro, nem mesmo para os que se arvoram condutores da sociedade que possuímos hoje dentro dessa conduta social destrutiva e elitizante que desequilibrados resolveram criar para gerenciamento de mundo. A nossa força qualitativa está justamente na diversidade que desejam abolir com seus sonhos peculiares de aprimoramento e redução populacional. Estão manipulando algo que sequer entendem direito, possuídos por uma arrogância especulativa de degenerados mentais. Existem armadilhas mentais gigantescas e complexas neste cenário psicológico de profundezas abissais e precisamos tomar cuidado, ter cautela para não nos tornarmos prisioneiros , encurralados no nosso próprio modelo. O Dr Neumann ficou preso no seu momento místico ao considerar: “O mal é parte de Deus e, portanto, paradoxalmente, participando da história, ainda que fazer o mal seja parte dela, os seres humanos estão participando da vontade de Deus”. Ou então: “Preciso conformar-me com o único olho da Divindade e também viver a escuridão do abismo. Mas, então, o mal não é pecado, e sim parte do mundo que deve ser vivenciado”. Eu considero uma flutuação perigosa pois assim justificamos o mal e o tornamos necessário para um processo onde estaria absolvido de toda e qualquer monstruosidade praticada com o próximo. Neste aspecto de propósito, um genocida infame estaria apenas cumprindo um desígnio de Deus. Seria a senha para uma carnificina sem precedentes. Toda e qualquer covardia, imoralidade, traição e perfídia estaria justificada, abonada por ter origem em Deus. A tal hipótese extingue o mal como entidade autônoma, como circunstância que oferece o beneplácito de seu próprio poder independente e antagonista ao bem. Neste propósito saído das profundezas do inconsciente de um especialista percebe-se a intensidade ardilosa do próprio mal, onde se coloca como parte do divino para que assim possa ser recebido e percebido como algo irrelevante e com o qual não precisamos nos preocupar. Assim sendo, dentro dessa perspectiva, ele se dilui na necessidade de sofrimento redentor para algo nobre, a evolução da humanidade como espírito através da dor. Já temos como meta natural o sofrimento e a agonia proporcionada por nós mesmos, acredito que não precisamos de auxílio divino para nos matarmos, somos muito bons nisso, e não precisamos de assessoria técnica do inferno. Nós somos os demônios. Transportamos geneticamente a animalidade bruta de tempos imemoriais, como chimpanzés nos matamos ainda por território ou pela fêmea escolhida. A carne e seus desejos permanecem preponderantes na nossa atividade mental, e como tal nos rendemos aos seus desejos que lastreiam nosso cotidiano.


Mantendo Deus como atributo essencial, prosseguimos na nossa animalidade peculiar, onde nos perdemos e nos encontramos essencialmente físicos com uma imensidão particular de vontades e submissões a um inconsciente ainda desconhecido. Neste mar de plasticidade indefinida, perca-se e se encontre, procure conhecê-lo em sua estrutura básica, uma jornada em si mesmo se faz necessário para  encontrarmo-nos na fronteira do autoconhecimento. No aconchego de uma margem segura onde seja possível enfim, admirar o infinito oceano celestial na percepção possível de nossa própria evolução.



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ.




Citação: Murray Stein Livro: Sincronizando tempo e eternidade, ensaios sobre psicologia Junguiana. Editora Cultrix.



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