terça-feira, 17 de outubro de 2023

Violação de conduta.

 

                                                        Image by Colin Behrens from Pixabay.



 Violação de conduta.





Assim estamos, numa atualidade onde se navega neste oceano de iniquidades, ouvindo as tábuas do convés lamentarem em seu rangido característico pelo esforço fletor que o mar lhes proporciona, uma canção conhecida por velhos marujos, acostumados a conviver com a agonia da estrutura que luta com algo infinitamente maior e sobrevive. Precisamos ter essa tenacidade estrutural na alma para sobreviver psicologicamente ao grau de infâmia social que hoje nos abraça com a inconveniência dos ousados, com a impertinência dos desequilibrados, com a fúria dos degenerados. Existe muita tensão na atmosfera, encorpada como o desejo de um ágio especulativo insano que cobra sempre muito mais pelo aluguel da nossa existência efêmera. O penoso ato de existir ficou tão caro que fortuitamente avançou no direito de apenas ser. Não basta que desnudemo-nos empiricamente frente a olhos famélicos por novas vítimas, se faz necessário a obstinação resiliente da razão, para preservar nosso conteúdo nessa viagem. Onde os vagalhões da loucura nos acossarão impiedosamente em toda jornada. Ecoando em nós a poesia dolorosa do poeta que repercutiu a dor da jornada “Navegar é preciso, viver não é preciso”, expomo-nos a fúria boçal das circunstâncias para enfim, possuir um propósito, e se for isso, encarar a dicotomia maligna do bem e do mal, que cumpramos arrazoadamente nosso destino, quem aqui estiver enjoado, que se alivie no costado e se reúna aos seus para prosseguir na luta. Concentre-se no destino, no objetivo, no horizonte que talvez, e somete talvez oculte um porto amigável logo além do seu limite, nacos de esperança nutrem a alma nos momentos de crueldade. Nessa monotonia oceânica prosseguimos, impulsionados por mais que instinto mas também por fé, ao acreditar em transcendência metafórica da ocasião, onde mora a metafísica do momento e dá ao agora o revestimento da boa expectativa que vai além do que os olhos podem ver. Do lamento circunscrito ao madeirame que nos cerca, ao alívio de ser mais do que realmente somos, mesmo nos piores momentos. Existir é marcar presença na realidade, mesmo contra toda força em oposição, homens morrem, o nome sobrevive e a alma ocupa a eternidade. O oculto parâmetro do discernimento há de nos julgar pelo trajeto, mas nunca por ter abandonado o propósito, porque mesmo que o mundo vire do avesso, aqui estaremos, de velas ao vento, e remando para a história que há de nos abrigar com dignidade.


Entretendo, o adversário não se aquieta nem se apieda com intrusos, lutará com todas as forças da obscenidade para se impor. Porque a ignorância tem forma e peso específico, e ocupa espaços insidiosamente com infiltrações oportunistas na estrutura da alma, muitos se perderam nesse encontro. O cínico vício do mal se torna abrangente em quem se permite ser abordado por desejos obscuros. Não há retorno para essa gente, as profundezas obscuras os receberão com seu peso esmagador que concentrará seus desatinos. Reduzindo-os a insignificância impertinente que sempre exibiram entre todos os opróbrios merecidos, porém ignorados. Essa violação de conduta se aparta de sentido e se torna amiga da escuridão, onde no conjunto se alimenta em grupo com o demérito de não ser. Anulando-se progressivamente com conceitos desajustados que untam toda a estrutura da perversidade. O abismo sempre tem espaço para mais um. Um par de pernas pode levá-lo a diversos lugares, um cérebro correto o levará ao universo inteiro, onde as circunstâncias mais exóticas e contraditórias conversarão contigo quando você estiver realmente pronto para ouvir. A essência de tudo, os atributos de todo e qualquer conceito estarão disponíveis aos que em espírito se abrirem para a eternidade, e não para a efemeridade tortuosa das razões espúrias dos farsantes. Torne-se espectador desse teatro farsante onde a metonímia do absurdo faça apenas parte de um espetáculo mambembe com fins de entretenimento barato, sem nenhuma sofisticação estrutural. O mal é tosco em sua performance. Apenas se oculta em revestimento de requinte enganoso, superficial e sem substancial abrangência, mas, ainda assim, muito sedutor entre seus detalhes internos. Perceber o mal é fundamental sobreviver a ele se torna uma obrigação, mesmo nos momentos mais confusos e aleatórios da realidade. E para isto se torna necessário flexibilidade de raciocínio dentro de toda expansão de conceitos engessados em premissas supostamente corretas para outra definição e que ocasionalmente se parecem adequadas para um novo momento. Essa dissonância cognitiva acontece frequentemente em momentos de esteasse mental frente a algo tão abominável que ultrapassa qualquer sentido de análise equilibrada. Muitos não tinham percebido, mas temos dois tipos de seres humanos, os animalizados e os civilizados. O encontro dessas duas correntes costumam produzir tragédias inimagináveis. Traumas repentinos e absurdos consumam causar diretamente o que ficou conhecido como síndrome de Estocolmo, e indiretamente algo parecido como a situação real, mas aqui projetada mentalmente naqueles que tiveram conhecimento da barbaridade mas de alguma forma desenvolvem uma situação onde repercute um humanismo tardio e desconfortável com o agressor. Como se fosse possível nivelar atitudes e valores. Essas pessoas tentam sutilmente e outras vezes não, anular o potencial de resposta ao incivilizado com civilização demais, o que constrói uma situação onde o terrível agressor acaba impune por justamente não possuir ética nenhuma. Claro, lógico, o civilizado jamais responderá com a animalidade latente do adversário, terá cuidados com os inocentes, mas, ainda assim, a perversidade e a falta de ética do adversário causará danos colaterais significativos, afinal, eles usam suas crianças e mulheres como escudo. Deixamos os monstros impunes ou os castigamos? Nesta definição mora a sobrevivência do mundo ocidental. Parece apenas um detalhe de interpretação e procedimento mas é algo muito perigoso. Se não me engano, atribui-se a Victor Hugo a frase “Quem poupa o lobo, sacrifica a ovelha”.


A turbulência intempestiva de argumentos dilui a terrível verdade, não se pode tergiversar com o absurdo, ou as consequências serão mortais. Não se move carga em convés sem cálculo de momento fletor e seus impactos na estrutura. Ou a nau sucumbirá. Agora não mais com os gemidos das tábuas do convés, mas com o estalo mortal do colapso estrutural. O grito verdadeiro de uma morte previsível no contexto inadequado. Não se permita ser entorpecido pelo terror, este é o objetivo do mal, desorientação, uma vez atingido, conquista e eliminação. Hipóteses terríveis aguardam o pusilânime em cada intercessão de caminhos. E a coragem de resposta pertence a galeria dos bons atributos utilizáveis nos piores momentos. Reze. Ore para Deus mas seja digno dele lutando por valores que Deus lhe deu, ou pereça nas artimanhas do maligno que deseja sangue humano para saciar sua sede de vingança contra o que é belo e justo. Nenhuma elegia será pronunciada em honra aos covardes.



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ.



Referências: frase poética de Fernando Pessoa porém de origem romana dos navegadores daquele tempo.


Frase atribuída a Victor Hugo e sua obra literária.  



Este é o nono texto fora do meu mais recente projeto. Vestígios do cotidiano, que brevemente estará disponível para aquisição. Conterá 61 crônicas, desta vez maiores e mais encorpadas do que as do Fragmentos do momento, portanto o livro terá mais páginas. Este fica para o próximo livro se Deus quiser.



Enfim pronto!



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