terça-feira, 9 de abril de 2024

Coisas subliminares.

 

                                                      Image by Cigden Onur from Pixabay. 




Coisas subliminares.




E assim neste triste epílogo, onde a mixórdia entumecida por uma tenaz e obstinada confluência de ocasiões deletérias e destrutivas, nos encaminham para o silêncio da imposição infame que não se envergonha ou se constrange em eliminar a liberdade. Então, assim teremos que ser distância e nas distâncias estão incluídas todas as saudades, como letras absorvidas pela estrutura do papel que somos nós, criando a cumplicidade com esse tempo que são o óbvio acesso a nossa alma. E assim preenchidos de detalhes e ocasiões nos reservamos a existir como o repositório da história que teve seu tráfego no tempo com os momentos melhores e mais amigáveis. A atitude contemporânea precisa ter plasticidade e fluidez adaptativa para que possamos sobreviver a todo insulto ao normal e construtivo. Mas somos frágeis psicologicamente, em maioria o brasileiro é um órfão espiritual que está sempre a busca de um pai postiço no político mais próximo. E assim se torna presa fácil de todo tipo de espertalhão nessa área da atividade humana, O ser humano sabe ser cruel com seus pares de existência, Não há escrúpulos quanto a usar seus semelhantes como objetos descartáveis para alcançar algum objetivo que lhe dê a supremacia em alguma área. E se assim somos o papel que abriga o texto da história precisamos ter conhecimento disso, como disse anteriormente, o brasileiro é um órfão espiritual que está sempre a busca de um pai postiço no político mais próximo, E sempre se decepciona, mas antes passa por um doloroso processo de reconfiguração de sentimentos que muitas vezes o destrói por dentro. É perigoso ser carente político aqui, o Brasil é um bazar de obscenidades, tem para todo gosto. Onde pode ser adquirida uma indecenciazinha ou uma perversão contumaz. Nosso chipanzil é pitoresco sem ser bucólico. Do antigo pelego sindical ao militar miteiro mitológico e espertalhão que exibe uma performance infantilizada de herói de almanaque, não temos opções plausíveis por enquanto no cenário surreal do nosso cotidiano, todos, de certa forma são aproveitadores interesseiros querendo um lugar na folha de pagamento do governo, e os que estão lá não se prontificam a uma reação pois podem perder a boquinha, e se por acaso surgir alguém qualificado, o intenso vício do povo em consumir canalhas vai impedi-los de aceitar a honestidade como parâmetro de alguém que corre por fora. Funciona como dependência química, escraviza o homem. Enquanto isso no escurinho das reuniões secretas os dois lados da disputa se beijam e se acariciam em convescotes de pura cumplicidade enquanto centenas vão apodrecer na cadeia por apenas seguirem orientações de oportunistas, o boi de piranha humano, a isca oportuna que estava ali de bobeira com seus sonhos e valores para utilização no determinado momento onde se precisou gerar vítimas para um teatro de falsidades ocasionais para ganho político. O que importa é a intensidade do espetáculo circense, o impacto na plateia, se o leão come o domador não há problema, arruma-se outro otário mais adiante para domar a fera, que agora já sentiu o sabor da carne e não faltarão oportunidades para que mais uma vítima seja exposta ao sacrifício. O que escrevo se situa no tempo, e para os que acessarem este texto no futuro, eu descrevo o cenário político do ano de dois mil e vinte e quatro, no mês de Abril, é o pior possível e coisas inimagináveis acontecem no campo da justiça e da política, se existir futuro onde alguém possa ler este texto, só posso dizer que formam momentos de loucura e crueldade. Não há misericórdia na base das atitudes que são tomadas de acordo com a conveniência e não com a letra da lei e sua tradição. Enquanto isso pretextos parlamentares conduzem a viagens com o álibi nobre e proporcionando um delicioso turismo de oportunidade para políticos que nunca batem de frente realmente na defesa de seus eleitores, ser político aqui no Brasil é uma delícia! Esses mesmos que discursam contra os excessos do judiciário, são os mesmos que o afagam tentando impedir qualquer punição mais severa a um de seus membros, alegando, pasmem, que punir um só não resolve. O conceito de contágio psicológico por decisão foi abolido, os demais não se sentirão intimidados ao ver um dos seus ir para o sal? Duvido, o exemplo sempre marca o cenário de forma contundente, pois, se um foi, pode ir qualquer um.


Mas o critério está em que todos se salvem, sem riscos e incólumes apesar dos desmandos. É uma estrutura quase familiar, onde um ajuda o outro e dívidas de gratidão são assumidas como lei, e não o bem do país, apenas o grupo se beneficia dela. Alguém já deve ter notado o método em algum filme a respeito de máfia, não? São estabelecidas jurisdições de poder, e assim qualquer dificuldade um ajuda o outro, e beijos na face e afagos no rosto selam o compromisso e demonstram quem e o dono de quem. Sim, porque neste ambiente os valentes são de fato propriedade; e só agem sob comando do chefe da família. Ah e o país, as politicas sociais? Olha, só se der lucro para a fraternidade, caso contrário esquece. Sem constrangimento e sem escrúpulos tudo flui para os bolsos da firma, e lá o compartilhamento de recursos se faz com a naturalidade autêntica dos anjos do inferno. Nada que possa ser muito perceptível, tudo deve ser subliminar, subentendido em diálogos sorrateiros de estrutura camuflada, afinal o segredo é a alma do negócio e com certa vez disse o alquimista do diabo: “o silêncio vale ouro” e “a política é a arte do possível”. E assim em momentos conturbados vemos o sistema se proteger, quando algum membro sofrer algum tipo de pressão, todos se unem para conciliação, para o apaziguamento, pois se um perder, todos perdem, e depois recomeçam a peça teatral para enganar otário, fingindo um conflito que apenas existe para os bagrinhos que vão ao fogo depois de estripados como exemplo para os ousados que possam se aventurar a desafiar o grupo que sustenta a nossa oligarquia tropical. Pindorama é um espetáculo no consenso do absurdo, aqui a miséria popular serve de adereço para eleição de novos políticos, que em momentos específicos distribuirão promessas impossíveis, porque o povo gosta de ser enganado, o eteno pedinte popular que de dois em dois anos em eleições municipais e federais nutre uma esperança fantasiosa de que algo pode melhorar elege mentirosos e pilantras, para mais um ciclo de trapaças neste jogo de dados viciados e cartas marcadas onde o eleitor sempre perde. Está muito fácil, temos hoje uma juventude que se atrapalha ao interpretar um texto curto em rede social, imagine se lessem a Eneida de Públio Virgílio Maro? Saberiam ao menos quem foi Virgílio? E Don Quixote de Cervantes? Quem cerveja? Não! Cervantes, o livro de Alexandre Dumas O Conde de Monte Cristo iriam certamente confundir com o Morro do Santo Cristo no centro de Rio de janeiro, aos 15 anos já tinha lido todos eles e mais um monte de livros, e isto fez toda diferença. Numa decadência continuada, essa turma elegerá os próximos políticos e quem sabe, até serão um deles, que maravilha!


E assim caminhamos hoje nessa profícua banalização da burrice que há de envolver os poucos que sobrarem de humanos, talvez até gerenciados e manipulados por inteligência artificial, pois serão incapazes de um raciocínio mais complexo e multifacetado como tivemos em tempos anteriores. Algo como vislumbrou H.G Wells no seu romance A máquina do tempo, uma civilização residual onde humanos mansos como carneiros serviam de alimento para outra espécie de humanos predadora em algum futuro muito distante. Verdadeiramente uma tragédia em termos de civilização mas infelizmente estamos neste rumo horroroso. A ficção científica costuma ser uma janela premonitória de um futuro que ainda não se construiu. As capacidades cognitivas de forma geral estão sendo depredadas por políticas de ensino equivocadas e mal intencionadas, criando uma geração de incapazes e esses despreparados em algum momento herdarão o controle de tudo. Não vai dar certo é evidente! Mas com um pouco de futurologia podemos vislumbrar um futuro dominado por máquinas, essas sim inteligentes, tocando o mundo e o progresso, e o ser humano residual habitando zoológicos para curiosidade e entretenimento de algo que irá substituir nossa espécie. Nessa cápsula do tempo em forma de texto deixo aqui o meu registro desse tempo perverso, na esperança de que ele não se cumpra, mas afinal, minha pele se dedica a extensão do texto, sou papel e tinta nessa amplitude existencial a qual me dedico e sou o escriba das horas últimas na paixão sonora que se captura em forma de texto para registro ao amanhã.



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ.



A seguir os livros e os links para comprá-los  na Editora Delicatta.


https://editoradelicatta.com.br/?s=gerson&product_cat=0&post_type=product











Nenhum comentário:

Postar um comentário